domingo, 22 de março de 2015

Tiros nos pés


Diz-se que cada jogo fora da Luz é, para este Benfica, sinónimo de sofrimento. E é verdade. Mas sem motivo aparente. As cadeiras verdes da bancada central do estádio dos Arcos pintaram-se do mais lindo dos encarnados, de um vermelho-Benfica que transformou aquele terreno de jogo num mini Estádio da Luz. O Benfica jogou fora? O Benfica raramente joga fora. Não há desculpas.

A forma como o Benfica perdeu este jogo deveria entrar para os compêndios da gestão de uma equipa superior durante os 90 minutos de um jogo. O encontro dividiu-se em dois momentos: o primeiro, até ao golo do empate do Rio Ave, em que o Benfica tinha de ganhar o jogo; e um segundo momento, após a expulsão de Luisão, em que era fundamental não perder. Pelo meio, um limbo de incerteza em que era possível ganhar, não seria dramático empatar e era fundamental não perder. E, pasme-se caro adepto do Benfica, mas a verdade é que não soubemos gerir nenhum dos momentos do jogo. Fomos absolutamente incompetentes na tarefa de matar o jogo quando o Rio Ave se encontrava encostado às cordas e sucumbimos à pressão de não poder perder a partida nos minutos finais. O Benfica, desta vez, não mostrou estofo de campeão.

Mais que a forma como perdeu, preocupa-me a forma como o Benfica não conseguiu ganhar o jogo. Desde o começo do segundo tempo até ao golo do Rio Ave, o Benfica teve os vila-condenses encostados às cordas. Mesmo não fazendo uma pressão avassaladora (nem perto, aliás, jogámos 90 minutos a passo) era evidente que o Benfica estava por cima e ficava no ar a ideia de que se o Benfica quisesse colocar o pé no acelerador o jogo ficaria rapidamente resolvido. Mas o Benfica não quis (ou não soube) e para grande espanto meu, este Benfica a jogar a passo, sem provas europeias a meio da semana para desgastar fisicamente os jogadores, viu-se fisicamente nas lonas a partir de pouco mais de meio da segunda parte. Incompreensível.

Mais incompreensível se torna a incapacidade de Jorge Jesus em ler o jogo. O Rio Ave esgota as substituições antes dos 60 minutos (!), altura em que o Benfica ainda tinha três alterações por fazer. Jesus podia ter mexido na equipa de modo a tentar matar o jogo. Podia ter reforçado o meio-campo na altura em que o Rio Ave mostrava sinais de crescimento (nomeadamente após a entrada de Diego Lopes em campo). Podia ter substituído alguns jogadores em claro subrendimento físico, com dificuldades em acompanhar o ritmo de jogo (nomeadamente os inenarráveis Eliseu e Samaris). Mas não. Deixou andar, andar, andar até acontecer aquilo que não queríamos que acontecesse. Jesus foi incapaz de antecipar aquilo que parecia cada vez mais provável com o adiantar o relógio: o golo do Rio Ave. E só fez a primeira alteração a 15 minutos do fim, já depois do primeiro golo vila-condense. O Benfica perdeu por incompetência própria, ponto final. Jogadores incapazes de matar o jogo e treinador incompetente ao ponto de não saber ler a partida.

De Vila do Conde sobram sinais de preocupação em excesso. A defesa tremeu que nem varas verdes tanto em lances de bola parada como em situações de bola corrida. Jardel e Luisão viram-se em trabalhos perante uma frente ofensiva que nem sequer precisou de ser muito competente ou de estar particularmente inspirada. Eliseu mostrou neste jogo praticamente todos os defeitos que lhe vêm sendo apontados desde o início da época. Samaris, como de costume, errou dezenas de passes, fossem eles curtos ou longos, fáceis ou difíceis, estando constantemente mal posicionado e distribuindo cacetada a torto e a direito sem qualquer critério. Lima e Jonas enganaram-se e compareceram na Póvoa de Varzim uma vez que em Vila do Conde não foram vistos (mentira, Lima foi visto ao minuto 80, quando a 4 metros da baliza não conseguiu acertar num rectângulo que mede 7,32 metros de comprimento). E Jesus, claro, a brindar-nos com um chorrilho de disparates numa conferência de imprensa digna para quem gosta de comer gelados com a testa (e temos adeptos que os comem assim).

Sobram 8 jornadas nesta medíocre Liga NOS. Cinco delas serão disputadas em casa, quatro das quais contra equipas que estão na segunda metade da tabela. Fora, o Benfica joga contra Belenenses, Gil Vicente (seguramente ambos os jogos "em casa" dado o massivo apoio da onda vermelha) e Guimarães (em jornada que pode dar o título). Não há desculpas. Não queiram ficar conhecidos como a equipa que à partida para a segunda volta poderia ter cavado um fosso pontual de 9 pontos para o FC Porto e que não o fez por incompetência própria.

8 comentários:

Eurico Ricardo disse...

Campo claramente inclinado na segunda parte tambem por merito do artista Marco Ferreira. Segundo golo do Rio Ave claramente irregular. A pressao Lopetego deu os seus frutos.

Nota: Eles também nada fizeram para ganhar o seu jogo.

moreira disse...

O JJ ao longo destas, quase, 6 épocas,tem sido useiro e vezeiro, na prática de atitudes, que nos dão derrotas e roubam títulos, mas,usando da sua esperteza, bota uns elogios, quando ganha, aos adeptos, e, estes ficam embevecidos e tudo lhe perdoam.
Abram os olhos.
Benfica sempre

Anónimo disse...

Grande texto! Parabens! Mas o autor vai ser apelidado de anti-benfiquista: O grande problema do Benfica, é que muitos adeptos ficam satisfeitos com umas vitoriazitas de quando em vez, pensam nos adeversários como se fossem da mesma dimensão e colocam o Benfica ao nivel de um Leiria, Guimarães ou Farense que tem que discutir o resultado e o terreno ao metro. Ou seja, inferiorizam o Benfica!! Actualmente, falta-nos Raça, Querer e Ambição! Especialmente esta ultima...

José Rama disse...

Tamos muita fortes. Só nos conseguem parar com faltas para vermelho.
Hoje podia ser fala do treinador do Rio Ave. Eu trocava já de treinador e até da maioria dos jogadores. Não conheço o presidente deles mas até arriscava trocar o presimente!

Red Army Officer disse...

È inacreditável e indigno haver gente a culpar o árbitro!

Águia Eterna disse...

Caros Eurico Ricardo e Moreira, vocês estão ambos carregados de razão.
Não vou dizer mais nada sobre o jogo em que a equipa por LAXISMO se DERROTOU A SI PRÓPRIA. Digo apenas isto: Se a Maioria dos BENFIQUISTAS tivessem "dois olhos" e "TOMATES", este 4 milhões anuais FALSO COMPETENTE já tinha sido ESCORRAÇADO do Estádio da Luz e do Nosso BENFICA.

BENFICA BENFICA BENFICAAAAAAAAAAAA O MAIOR E O MELHOR SEMRPEEE

O BENFICA É UMA CIVILIZAÇÃO. Eterna

VC disse...

Muito provavelmente o "nosso" Jesus pró ano vai fazer uma equipa toda ela de adaptados. Só compram guarda-redes e o JJ (a ganhar 4 milhões por ano) vai adaptar cada um deles à posição que mais lhe agradar. Isto é o Benfica. Eu sei que a minha primeira frase é um disparate. Mas este Benfica também o é. Mesmo que ganhemos o campeonato ficará na história como o campeonato oferecido pelo Lopequalquercoisa. O que é um coisa muito triste.

joão carlos disse...

ao contrario do que muitos diziam e tentavam desculpar o deficit físico que os jogadores começam a apresentar todos os anos por esta altura não tem a ver com o numero de jogos disputados mas sim com a forma como este treinador prepara e gere as equipas durante a época, alias é uma coisa que já vem dos outros clubes anteriormente treinados por ele.