quarta-feira, 29 de maio de 2019

E Zivkovic?


Zivkovic foi um dos jogadores mais subaproveitados durante o reinado de Rui Vitória no Benfica ainda que, em abono da verdade, tenha sido com o técnico Ribatejano que o jovem Sérvio melhor revelou o que pode dar, quando teve alguma continuidade enquanto escolha para o onze.

O ex-técnico Benfiquista nunca demonstrou saber entender o que de melhor Zivkovic tem para aportar ao jogo da sua equipa, tendo sido recorrentes as saídas do jogo ou das escolhas nos momentos em que mais se pedia a sua presença. Alturas em que a anarquia e correria tonta tomavam conta do colectivo, Zivkovic aparecia a ensinar a todos o melhor caminho a seguir, porém, foi nesses mesmos momentos em que Rui Vitória abdicou dele vezes sem fim, ora substituindo-o, ora deixando-o de fora das escolhas para o jogo ou a conserva-lo ao seu lado no banco de suplentes.

Sobre o jovem talento dos Balcãs, Rui Vitória chegou mesmo a afirmar faltar-lhe “rasgo”, signifique isso o que significar. Em boa verdade, a única coisa que faltava/falta a Zivkovic é… jogo! Apenas e só jogo! Jogar mais, mais e mais, porque tudo o resto o jovem Sérvio tem de sobra e a mais que a esmagadora maioria.

Com a chegada de Bruno Lage ao comando da equipa principal, ainda sem saber o que ele queria para o jogo, alimentei a esperança de ver, finalmente, Zivkovic jogar integrado numa ideia de jogo colectivo e com continuidade.

Porém, os jogos foram passando e os minutos de Zivkovic não foram aparecendo e o próprio jogador foi desaparecendo gradualmente das opções, dando a ideia de ter sido ultrapassado por tudo e todos dentro do plantel.

Percebendo que o sistema de jogo escolhido não é o que melhor pode explorar Zivkovic (sendo óptimo para Félix, por exemplo) e entendendo que Bruno Lage vê em Pizzi um jogador para o corredor direito e que pretende um homem no corredor esquerdo que seja capaz de provocar a profundidade constantemente, não sobram lugares no onze para o Sérvio, é uma verdade.

Ainda assim, e tendo em conta que Bruno Lage optou sempre por alguma rotatividade nas provas paralelas ao campeonato nacional, é-me difícil compreender que o Sérvio nunca tenha entrado verdadeiramente nas contas do técnico. Porque se é verdade que Zivkovic não é o homem certo para uma ideia de alguém que explore a profundidade com ropturas em movimento de forma consistente, também não deixa de ser verdade que me parece a melhor opção para, pelo menos, o segundo plano do homem que procura mais o jogo interior em apoio, sendo muitas vezes o 3º médio, isto é, se entendo que a rotatividade na posição de Rafa não passe por Zivkovic, não entendo que a mesma rotatividade de Pizzi não passe por ele.

Se há coisa que o Sérvio faz como ninguém, é mesmo o jogo associativo, criativo e com elevado recorte técnico associando-o a uma enorme qualidade de decisão. Ou seja, todos os critérios para se ter sucesso em terrenos interiores, onde o espaço escasseia e cada bola assume uma importância fulcral, estão reunidos em Zivkovic para que ele tenha impacto positivo no jogo colectivo e com isso aproxime a equipa do sucesso.

A juntar a isto, sobra ainda a ideia veiculada por Bruno Lage na entrevista dada no final da época a vários jornalistas, referindo que opta por dar liberdade de decisão aos jogadores, ficando para ele a definição de posicionamentos. Ora, dando liberdade de decisão, quanto a mim, faz ainda mais sentido que se opte por quem é capaz de tomar as melhores decisões e nisso não há como não destacar Zivkovic nos melhores do nosso campeonato.

Esta, quanto a mim, foi a única grande questão que ficou por responder na mesma entrevista. Numa segunda metade da época carregada de jogos, porque não foi Zivkovic utilizado com alguma continuidade? O que lhe falta? Em que lugar Bruno Lage o enquadraria e porquê?

Não sei por onde passará o futuro do Sérvio, mas seja por onde for, que tenha jogo, porque o Jogo precisa de Zivkovic.

domingo, 26 de maio de 2019

2018-19 - O Milagre do 37

Não foi tudo péssimo até Janeiro - foi quase tudo - nem foi tudo perfeito em 2019 - mas foi miraculoso.

Não há dúvidas que a mudança de treinador é o momento da época. Não é o simples trocar por um treinador melhor pois só isso não faria diferença nem seria recomendável. Foi o retirar de alguém inapropriado para o cargo abrindo assim espaço para que um treinador de grande competência o agarrasse.

Portanto o momento da época foi sem dúvidas a chicotada psicológica, a saída de Rui Vitória e a afirmação de Bruno Lage.

E a figura da época?

Temos entre os jogadores vários potenciais "vencedores". Do divino Jonas ao puto João Maravilha Félix. Da revelação Ferro ao desequilibrador Rafa. Do capitão Samaris ao bota de prata Seferovic. Do cerebral Pizzi ao criativo Grimaldo.

Mas a figura da época terá de ser Bruno Lage. Mudou tudo. Mudou os sentimentos nas bancadas, mudou a mente dos jogadores, mudou a qualidade dos treinos, mudou o modo de estar em campo e de tratar a bola, mudou a táctica, mudou as opções. Mudou toda a gestão do plantel e a filosofia de jogo. Mudou o discurso. Com Lage o Benfica renasceu da apatia em que se encontrava. O Benfica jogadores, o Benfica adeptos, o Benfica sensações.

Foi tudo perfeito com Bruno Lage? Não. Houve jogos - Sporting e Frankfurt por exemplo - onde estivemos abaixo de medíocres. O final de época foi menos afirmativo, em vários jogos a equipa penou até a bola começar a entrar. Há muito trabalho pela frente mas agora também há toda uma pré-temporada para aproveitar.

Já o destaque negativo desta época só poderá ser de um homem: Luís Filipe Vieira.

O actual presidente do Sport Lisboa e Benfica depois de ter desistido do Penta optou por também abdicar da Reconquista. Manteve o treinador que já tinha provado não ser minimamente adequado ao cargo, reforçou o plantel com jogadores de menor qualidade e sem ter em conta as lacunas da equipa técnica, continuou a alimentar certos pardais tachistas que por aí vão voando e cagando o símbolo do Sport Lisboa e Benfica e nem sequer soube reconhecer os seus erros.

Foi forçado pelos resultados e pelos adeptos a despedir o Rui Vitória, contra tudo e contra todos resolveu voltar atrás nessa decisão afirmando que este ficaria até pelo menos o final da época e depois ao primeiro mau resultado lá o voltou a despedir.

E enquanto os benfiquistas desesperavam com o decorrer da época e com a escolha de um novo treinador, o presidente do clube foi jogar cartas para o programa da Cristina Ferreira. E aí, perante as câmaras e olhares de todos nós, deixou claro que Lage era só um interino, que o seu grande desejo era José Mourinho e que todos iriamos ter saudades de Rui Vitória.

Com negas vindas das arábias, da ucrânia, do principado e até de Setúbal, e perante os bons resultados que Lage estava a conseguir, mais uma vez teve de se contorcer todo e o interino passou a treinador principal.

E Bruno Lage resultou. E o Benfica é campeão. O que resta a este presidente? Arranjar todos os esquemas possíveis para limpar a cara e puxar a si os méritos de uma reconquista que ele próprio sabotou. Politiquices com as emoções dos adeptos.

Já tem peões a divulgar a mirabolante história que Lage era a sua primeira escolha e que o adiamento do despedimento de Rui Vitória se deveu ao facto de Bruno Lage estar naquele momento incapaz de treinar uma equipa da primeira liga. E incapaz porquê? Porque estava de muletas.

Mas ainda pior foi o que se viu na noite da festa do título. Mais uma vez foi contratado o Nuno Luz para promover a figura deste presidente no momento dos festejos, da consagração benfiquista. Desta vez a necessidade de enganar os benfiquistas foi bem mais urgente que em anos transactos.

E assim o presidente do Benfica "viveu" o festejo do milagre de Lage: Com uma câmara na cara a registar cada representação teatral que preparou e com dois jornalistas atrás de si a ajudarem na promoção da sua imagem.

Sim são precisos uns grandes tomates para realizar aquele triste episódio no balneário da equipa. Uns grandes tomates de plasticina. "Oh Nuno estás a filmar? Olha eu aqui a brilhar com o duplicar dos prêmios e os jogadores todos a cantar por mim".

Milagroso Treinador Bruno Lage. Maravilhosos Craques do Relvado. Vergonhoso presidente.