Ao ler a blogosfera benfiquista, percebi que existiam festejos generalizados acerca da comunicada desistência portista do campeonato nacional de Basquetebol. Há razão/razões para festejar ?
A principal razão apontada é a justificação principal dos portistas, ou seja, as dificuldades económicas deles deram origem a este acto de gestão. Antecipam pois a queda do império com base no declínio económico e financeiro que ditou esta opção. Aliás, esse declínio já havia sido visível durante a época com os atrasos sucessivos nos salários dos atletas das modalidades e mesmo nos subsídios de natal e prémios da equipa de futebol.
Outra razão para os festejos é considerarem que a modalidade irá ficar mais limpa sem a presença de uma cultura do ódio e da batota. O exemplo do quinto jogo da final do campeonato é o mais demonstrativo da forma de estar de presidente e adeptos. Não que o nosso treinador tenha ficado bem na fotografia, mas ao pé de tais comportamentos passa por menino de coro.
Finalmente antecipam a possibilidade de o Benfica estabelecer um domínio duradouro sem adversários à altura, somando campeonatos, taças, supertaças e demais competições nacionais que existam.
Sinceramente acho que estão enganados. O Porto, como o Benfica e o Sporting atravessam períodos conturbados no que às finanças diz respeito com origem na gestão irresponsável e deficiente de recursos humanos.
No Porto sempre se maquilhou esta gestão pelos sucessos futebolísticos e pelas transferências mirabolantes que época após época se sucediam. A verdade é que, à semelhança dos rivais, progressivamente iam erodindo os seus capitais próprios. A banca fechou a torneira e obrigou-os a reduzir o passivo bancário dado receberem valores significativos pelas transferências realizadas e isso afectou todo o plano de tesouraria existente. Claro que as loucuras com Danilo, Alex Sandro e Defour, contratados somente para fazer pirraça a LFV ajudaram ao rombo na tesouraria.
A questão é que ao abandonar o basquetebol, modalidade deficitária, o Porto libertará recursos para a sua actividade principal, o futebol e isso são tudo menos boas notícias.
Mas mais, ao abandonar o basquetebol e sem aparecer adversário à altura, há um incentivo claro para o Benfica também desinvestir. Quero relembrar que o Benfica nesta temporada que passou além do título de seniores conquistou também os títulos em sub-20, sub-18 e sub-16, pelo que mais do que desinvestir sem sentido, dever-se-á aproveitar os jogadores da formação para as equipas futuras, mas devemos pensar em jogar competições europeias.
A falta de adversários no campeonato português, e isso foi mais que evidente durante a fase regular, dá origem à estagnação e mesmo à perda de capacidade competitiva. Sem novos desafios dificilmente poderemos evoluir e a modalidade corre um grande risco.
As dificuldades financeiras limitaram significativamente duas das equipas mais fortes na época passada, Guimarães e CAB, que curiosamente ou não defrontaram, ou não, o Porto nos play-offs. O Guimarães está em contenção de custos no futebol pelo que dificilmente não o fará no basquetebol e o CAB à semelhança dos outros clubes/SADs madeirenses levou um corte no financiamento regional, pelo que a situação destes dois emblemas não será a melhor.
Mas acima de tudo, não se pense que são favas contadas. O voleibol mostra bem que uma equipa que na fase regular é muito mais fraca que a outra, pode superar-se em jogos a eliminar. Se não querem o voleibol como exemplo olhem para os Leões de Porto Salvo no futsal que nos deram água pela barba com um orçamento "n" vezes menor que o nosso.
Sinceramente não vejo razão para festejar, até porque gosto mais quando o Benfica conquista títulos defrontando o Sporting e o Porto de quando defronta clubes regionais sem a expressão destes. Pior ainda é quando perde, como foi o caso com o Fonte Bastardo e o Espinho.
No entanto tenho que dar razão aos que dizem que parece que o Porto do Pinto da Costa é um clube que se move apenas pelo ódio ao Benfica, à semelhança do Sporting dos roquetistas, pelo que perante as derrotas opta por abandonar em vez de lutar. Enquanto estas personagens pulularem no desporto português dificilmente poderão os seus emblemas ser considerados e respeitados.