Tinha 15 anos quando fiquei no Estádio da Luz à espera que a
equipa regressasse do Bessa. Voltei para casa quando já o dia se preparava para
nascer. Foi uma noite memorável no nosso estádio, as minhas primeiras memórias de
um título de campeão nacional. Assim terminou o campeonato de 2004/05.
Em 2010 vivi a euforia do título em pleno Estádio da Luz. Assim que os jogadores abandonaram
o relvado eu saí sem destino traçado. Em festa acabei por me dirigir a Alto dos
Moinhos. Experienciei a melhor viagem de metro da minha vida. Saí em São Sebastião onde
fiquei a saber que um amigo benfiquista ia jantar no Monumental do Saldanha. Em
festa fomos os vários que lá comeram e beberam e cantaram. Assim que saímos as
ruas estavam cheias. Pessoas e carros em fila em direcção ao Marquês de Pombal.
Uma festa tremenda pela Fontes Pereira de Melo abaixo. Indescritível. Cada vez
mais benfiquistas, cada vez mais alegria. Quando o autocarro apareceu foi a
loucura. Fui do Marquês até ao Rossio agarrado ao autocarro do Benfica. Até
hoje tenho aquela sensação que em 2010 festejei o 32 lado a lado com o Javi e o
Aimar.
O problema com as coisas boas é que perdem magia assim que
se tornam moda.
Os festejos benfiquistas no Marquês tornaram-se uma moda. Um título de campeão do Benfica obrigatoriamente significa que temos de encher o Marquês. Não ir ao Marquês é hoje impensável. É o duck face dos festejos.
Os festejos benfiquistas no Marquês tornaram-se uma moda. Um título de campeão do Benfica obrigatoriamente significa que temos de encher o Marquês. Não ir ao Marquês é hoje impensável. É o duck face dos festejos.
Em 2014 começámos a sentir isso.
Apareceram as grades a separar os adeptos dos jogadores e apareceu
a música de discoteca.
Lembro-me que chegado ao Marquês, na ânsia de reviver a
noite de 2010, fui procurar uns primos nas proximidades da estátua. Chegado a
essa zona dei por mim parado, com a cabeça a abanar, com a mão posicionada como
se segurasse um vodka limão e pronto para a rodinha das “danças” de grupo.
Estava de volta ao Loft.
Olhei em volta, não encontrei os meus primos e bazei dali a
correr sem qualquer intenção de voltar. A festa ao som de Benfica fazia-se mais
lá em cima.
Em 2015 surgiram mais grades, aumentou o volume das músicas descabidas,
criaram-se zonas Vip e ainda fomos brindados com um tremendo palco lá ao longe.
Uma festa artificial que rapidamente fez os vândalos esquecerem o Benfica e serem
o que são: criminosos.
Agora em 2016 estamos muito próximos do Tri. A festa já está a ser preparada e
pelo que ouvi cada adepto que se dirigir ao Marquês irá ser revistado.
Eu como aponto ao Penta começo já a pensar em 2016. Como será? Revista, consumo
mínimo obrigatório, grupos só de homens barrados, indumentária obrigatória e os
jogadores no terraço da EDP a acenar aos adeptos ao som de um “Ela parte-me o
pescoço”.
Em 2017 é tudo para o Urban com o tricampeão Taarabt a representar o resto do
plantel.
O festejo do título tem a sua essência na espontaneidade. A
modernidade veio arruinar esta festa que já só é mais uma moda.
Já não há espaço para um novo 2010. Os tempos mudaram. Hoje centenas de milhares esperam para ver os jogadores festejar. Naquela altura eram os jogadores que iam à procura da festa benfiquista, sendo arrastados por multidões e arrastando outros milhares.
Não conto ir ao Marquês. Não faço questão porque para mim já perdeu todo o sentido.
Já não há espaço para um novo 2010. Os tempos mudaram. Hoje centenas de milhares esperam para ver os jogadores festejar. Naquela altura eram os jogadores que iam à procura da festa benfiquista, sendo arrastados por multidões e arrastando outros milhares.
Não conto ir ao Marquês. Não faço questão porque para mim já perdeu todo o sentido.
O meu apelo aos benfiquistas é que não vão em modas. Festejem o
título por todo o país e onde vos apelar o muito benfiquismo.
Seja no Marquês, seja no Saldanha, seja na Defensor de Chaves, Seja nas
Laranjeiras, na Ramada, em
Santo António dos Cavaleiros, na Musgueira, em Moscavide, na
Bobadela, em Almada, Tojal ou na Moita. De Norte a Sul, seja onde for, vivam o
Benfica e desfrutem da felicidade de mais um campeonato.