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quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Momento Futebolistico na Luz



Vem aí o jogo com o Belenenses, a estreia na Champions e a deslocação ao Dragão.

A paragem para as selecções veio no momento certo para a equipa de Rui Vitória (ou da super-estrutura, ainda estou para perceber). Esta paragem no campeonato não pode nunca ter significado descanso, muito pelo contrário.

A pré-época foi um desastre. Já é comum. Antes era assim porque tínhamos um treinador que precisava de 5 meses e agora é devido ao desastroso planeamento do mês de Julho e Agosto.
Neste contexto esta paragem no campeonato surge como uma oportunidade para o treinador e jogadores recuperarem muito do tempo perdido.

Vimos de duas derrotas em 4 jogos. Vimos de 4 exibições pouco convincentes. Vimos de dois jogos na Luz onde trememos contra o Moreirense e demorámos 70 minutos para nos conseguirmos superiorizar ao Estoril.
Mas pior que isto tudo é olhar para o futebol desligado da equipa. Os sectores estão desligados. Os jogadores estão desligados entre si. A equipa está desligada das ideias do treinador. As contratações não fazem sentido com as ideias do treinador. E o próprio treinador está desligado das suas próprias ideias.

Falhas defensivas, um meio-campo permeável e um ataque sem ideias.

O reforço do plantel foi feito à medida do antigo treinador, baseado em jogadores de ataque para um futebol de transição e não de construção.
O próprio treinador tenta não alterar muito o trabalho feito nos últimos anos. O problema é esse ser um trabalho que ele não compreende, que ele não sabe interpretar e é principalmente um trabalho que não é seu.
Rui Vitória usa o mesmo sistema táctico, com todas as suas fragilidades e permeabilidades, e tenta incutir nele uma filosofia de posse de bola e de construção de jogo. Não resulta.
A equipa tenta construir jogo a partir da defesa mas pressionada tem graves problemas em fazer circular a bola sem a perder. Mesmo não pressionada fica sem ideias a partir do meio-campo, recorrendo constantemente aos cruzamentos para a área.

Neste momento já nem me importa se a filosofias futebolística de Rui Vitória tem qualidade ou não. Neste momento quero é ver o treinador do Benfica livre de amarras a trabalhar uma equipa para ter a sua identidade. Quero ver as ideias de Rui Vitória no campo. Quero poder julgar o treinador Rui Vitória pelo seu trabalho e não pelos seus receios.
Chega de ceder às pressões da super-estrutura.

O futebol do Benfica neste momento não é carne nem peixe, não é Vitória nem Jorge Jesus.

Eu gosto de um futebol de construção e de equilíbrios. Contudo é essencial ter os intérpretes certos nos lugares certos para tal futebol não se tornar passivo, inofensivo e desinspirado.

Nesta altura o futebol do Benfica resume-se a Júlio César a safar na defesa e à dupla Nico-Jonas a fazer a diferença no ataque.

Algo que não percebi neste mercado de transferências foi a inexistência de um reforço tanto para substituir o Maxi como para substituir o Eliseu (problema vindo da época transacta)
Foi renovado o empréstimo ao Sílvio, que parece pronto para mais uma época só de Seixal, e contratou-se o Marçal que por esta altura já anda pela Turquia.

No centro da defesa o grande problema reside no péssimo momento exibicional do Luisão. Inicio de época muito fraco, à imagem do que aconteceu em 2013-2014. As exibições do capitão podem estar também a ser prejudicadas pelo seu desconforto neste Benfica (mais ou menos) de Rui Vitória.

O meio-campo é a base da filosofia do nosso treinador, o qual optou pelo caminho mais fácil: apostar na dupla da época passada. Não está a funcionar.
Defensivamente o Samaris deixa muito a desejar. Ofensivamente o Pizzi está muito limitado pelo seu posicionamento e só parece conseguir fazer a diferença quando recorre aos remates a meia-distância.
Com Fejsa, Djuricic e Cristante no plantel, não se justifica esta dupla. Aqui o Rui Vitória pode e deve fazer muito melhor.

Nas alas temos o Nico (continuo a achar que seria melhor aproveitado no centro) e a lesão do Salvio. Não consigo entender a saída do Sulejmani.
Esperava um reforço de peso para substituir o Toto mas tal não aconteceu.
Neste momento, tirando o Nico, temos para as alas o Guedes, o Victor Andrade e o Carcela. Muito curto.
Depois desta pausa no campeonato está na hora do Carcela começar a justificar a sua contratação.
Para a posição do Salvio também temos jogadores como o Djuricic, Pizzi e Taarabat (outro que tem de ter aproveitado esta pausa para recuperar a forma física). Aliás, acho que faria mais sentido utilizar o sérvio ou Pizzi em vez do Victor Andrade.

No ataque há Jonas. Só Jonas ou Jonas mais um ou Jonas mais dois.
Sempre pensei que o Rui Vitória iria jogar só com um avançado. A contratação do Mitroglou e do Jimenez têm de contrariar essa possibilidade.
Jogando com 2 fica a questão de qual fica no banco. O grego? O avançado 18M? Ou o Jonas?

Uma situação com a qual não concordo é a utilização à força do Mitroglou neste início de época. Notou-se que nestes primeiros jogos andou perdido em campo, um corpo estranho ao nosso futebol e campeonato. Não se sei isto mostra o desespero do treinador ou a falta de soluções que dispõe.

As expectativas estão em baixo neste arranque de campeonato mas nem tudo é mau.

O Júlio César está num excelente momento de forma.
O Nico e o Jonas continuam no plantel.
O Lisandro parece começar a assumir-se no centro da defesa.
O Nélson Semedo, apesar de normais carências defensivas, parece poder começar a ganhar um lugar de destaque na equipa. Ofensivamente é muito bom.
No jogo com o Estoril o Rui Vitória mostrou ter uma excelente capacidade de leitura do jogo. Pena parecer ter estagnado nesse momento.

Exige-se uma prestação convincente com o Belenenses e com o Astana na Luz.
Quero ver mais Rui Vitória em campo, mais fluidez, mais Luisão, mais Djuricic e mais Cristante.
 
A super-estrutura já perdeu este campeonato mas o treinador Rui Vitória ainda o pode ganhar.


Se o Rui Vitória não começar já a apostar nas melhores opções irá chegar a altura em que será tarde demais para o fazer (rotinas e ritmo competitivo).

Meu 11 para o Belenenses:

Júlio; Nélson; Luisão; Lisandro; Almeida; Fejsa; Cristante; Djuricic; Nico; Jonas; Mitroglou. Deixo a dúvida entre o grego e o Carcela.