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sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Foi um sonho bom



Desde sempre, e não me perguntem porquê, fui um defensor da formação do Benfica. Desde pequeno que espero por ver mais um Rui Costa surgir no Benfica. Não, não procuro clones técnicos, antes desejo ver nascer e crescer um novo jogador que se possa dizer, “este é dos nossos, é benfiquista até às entranhas”. Acreditem, adoraria voltar a ver “um dos nossos” a alcançar o topo do clube e do futebol internacional. Ver “um dos nossos” ser idolatrado e ser referência para tantos miúdos como Rui Costa havia sido para mim. Ver “um dos nossos” ajudar a criar Benfiquistas como Toni e Rui Costa fizeram comigo.

Já foram muitos os “meninos” de quem esperei ver encarnado (em todas as vertentes) o tal. Mas de tantos, foram outras tantas desilusões.

Primeiro foi Moreira (que até era José e gr como eu): Fiquei triste quando Enke decidiu deixar o clube. Era um gr enorme, com tudo para ser um ídolo da nação Gloriosa, mas o Barcelona e a falta de qualidade de quem o acompanhava fê-lo trocar um papel de “deus” num clube por um subalterno noutro. Mas a sua saída deu oportunidade a Moreira. Com uma equipa toda ela fraquinha, mais uma vez, era o gr que sobressaia. Tão jovem e tão valoroso, pensei eu. “É este, este é um dos nossos” sorria. Mas o encanto foi-se dissipando à medida que mediocridade que o acompanhava nos sucessivos planteis foi diminuindo. Afinal não era assim tão fantástico. Afinal não era o Casillas do Benfica. Afinal não ia ser o novo Rui Costa.

De seguida, ainda que com um espaço de tempo considerável de intervalo, surgiram João Pereira e Manuel Fernandes. Do primeiro, sou sincero, nunca esperei muito. Tinha aquela garra que tanto gostamos de ver da bancada, mas pouca temperança e ainda menos entendimento colectivo do jogo. Não obstante fiquei triste quando saiu, até porque o que veio não lhe era superior. Do segundo sim, de Manuel Fernandes esperava muito, esperava tudo. E não há quem me convença do contrário, fosse ele mais paciente, fosse o Benfica mais organizado, e podíamos ter, depois de Rui Costa, o primeiro jogador formado no Benfica a jogar ao mais alto nível internacional. Mas foi mais um que se perdeu não se sabe bem onde ou porquê.

Miguel Vitor. Sim, este também foi um de quem esperei algo. Não, não acreditava que pudesse atingir o patamar mais alto do futebol internacional, mas lá está, “era um dos nossos” e tinha caracter de capitão. Não, nunca foi o melhor central dos planteis de que fez parte, mas também nunca foi o pior. Vi nele sempre uma hipótese para 3º central do plantel e, com o tempo, poderia tornar-se uma referência para os miúdos que fossem chegando ao patamar sénior do clube. Mas JJ lá achou que ele nem para 10º central do clube servia e que Jardel, ou até mesmo Sidnei, eram melhores… Enfim, mais um que acabou.

Veio Miguel Rosa. Numa altura em que não tinha acesso aos jogos das camadas jovens do clube, nem haviam transmissões regulares dos jogos da 2ª liga, ia lendo nos jornais que Miguel Rosa era, de longe, o melhor jogador daquele escalão. “Será este?” Perguntei a mim mesmo. Vivi algum tempo com essa esperança… até ao dia em que me foi possível vê-lo jogar com regularidade. “Não, ainda não é este” desabafei. Miguel Rosa estava longe de ter a classe do tal “novo Rui Costa” que eu esperava. Mas “era outro dos nossos”. Lutava até não poder mais e, embora não tivesse a tal classe dos maiores, era dotado tecnicamente. Muitas vezes dei por mim a descreve-lo, a quem não o conhecia, como o “Nolito da formação”. E até por aqui pensei que Jorge Jesus lhe reservasse um lugar na primeira equipa ou, pelo menos, lhe fosse dando uma ou outra oportunidade. Mas nada. Depressa percebi que ver Miguel Rosa de vermelho e branco vestido e Jorge Jesus no seu comando era coisa impossível.

Mundial sub20 e aparece Nelson Oliveira. Já sabia dele e já o acompanhava na medida que me era possível. Mas nunca o tinha visto como naquela competição. Forte fisicamente, rápido, bom tecnicamente, remate fácil com ambos os pés e… Golo! “Sim, vai ser este”. No mesmo torneio havia Rodrigo, que também acompanhei, mas o Nelson foi-lhe muito superior. Sim, não havia engano, o Nelson vai ser “o gajo”. Ambos ficaram no plantel. Ambos se estrearam no mesmo dia, mas só um marcou nesse jogo… Rodrigo. Temi que aquele golo fosse factor decisivo para a preferência de Jorge Jesus. Não, não foi. Ambos foram jogando ao longo da época, sendo que Rodrigo mais e com maior sucesso. Ficava triste por ver demorar a explosão do Nelson (sim, às vezes tenho demasiada pressa). Até que surge o jogo com o Zenit, na Luz e a contar para os 1/8 de final da Liga dos Campeões: Bola nas costas do central, Nelson surge em diagonal e… GOLO! GOLO! GOLO! Do miúdo! “Sim, é desta. É desta que aparece um dos nossos”. Sol de pouca dura. Fase seguinte da mesma prova. Jogo em Londres. O Benfica precisa de um golo e Nelson Oliveira, qual ponta-de-lança, prefere o remate em vez da assistência e… falha. Resultado: desaparece das opções do treinador e acaba sucessivamente emprestado.

Nelson tinha, ou melhor, tem qualidades inegáveis, quem não o reconhecer ou não sabe ver futebol ou nunca o viu jogar. Sempre se disse nas conversas de café que “tinha a mania que era estrela” e que assim JJ não apostava nele. Pois, não sei. Seja por isso ou pelo lance em Londres, sei é que não será ele o “novo Rui Costa”, apesar de já terem passado pelo clube tantos com tão menos talento como Jara, Funes Mori, Rodrigo Mora, Eder Luís e tantos outros.

Num destes últimos verões, em que o futebol quase desaparece, soube da participação da selecção sub19 de então no Europeu da categoria. Sem muito para fazer naquele meu período de férias, fui espreitar os jogos.

“Quem é aquele?”, “Deve ser do Sporting”. Quando o jornalista da Eurosport diz “André Gomes, jogador do Benfica”, confesso, apaixonei-me. “Sim, pode ser este”. Até na mesma posição do Maestro jogava. Que classe, que toque, que qualidade de passe. “Sim, vai ser este”. Puro erro. Primeiro porque não era “um dos nossos”. Portista de criação e formação primeira, chegou ao Benfica já em fase final de formação. “Não, não é um dos nossos, mas joga tanto”. Sim, desde sempre lhe notei a tal falta de intensidade que todos lhe apontam, é um facto. Mas também sempre achei que Jorge Jesus seria capaz de dar a volta a isso, caso tivesse… vontade. Ainda em choque com as saídas de Witsel e Javi, pensei “agora não há desculpa, vai ter mesmo de colocar o miúdo a jogar”. E assim foi. E que bem respondeu. Sim, muitos erros em zonas que não os podia cometer, mas era/é um jovem, ainda estava/está a aprender. Sempre fiquei com a ideia que JJ não gostava de André Gomes. Também era daqueles que nos cafés se dizia ter “a mania da estrela”, que “a fama lhe subira à cabeça”. Talvez, não sei. Não tenho esse grau de proximidade com a intimidade do clube.

Em Janeiro é noticiada a venda do seu passe, juntamente com o de Rodrigo, por 45M€, estando o seu avaliado em 15M€. Sim, financeiramente era/é um negócio das arábias, mas a imponência dos valores não me conseguiram convencer. Esperava vê-lo titular do Benfica antes de rumar a outras paragens, mas não ia ser assim. Quando ele faz aquele golo ao FCP… Foi indiscritível o que senti. Imaginem: Sentado no meu café habitual em Marco de Canaveses. Eu, e outra miúda, eramos uma ilha rodeados de portistas por todos os lados. Foi naquele mesmo local, rodeado daquelas mesmas pessoas que vi o golo desse predestinado da bola que é o Kelvin, e André Gomes (o menino de quem eu gostava, e gosto, tanto) decide pegar na bola e fazer… aquilo! Fiquei sem voz.

Ao mesmo tempo, ia surgindo um tal de Bernardo Tsubasa Silva. “Sim, era este!”. Não havia erro, tinha/tem magia naquele pé esquerdo e não era apenas “um dos nossos”, mas sim “um dos melhores dos nossos” e tinha o que tanto diziam faltar a Nelson Oliveira e André Gomes: humildade, pés no chão. Em campo corria como um 6, fintava como um extremo, decidia como um 10 e marcava como um 9. “Sim, era este!”. Tinha tudo, não havia como Jorge Jesus dispensar este talento.

Inicia-se a época 2014/2015 e acontece a debandada que se adivinhava e conhece. A juntar a isto, os que entram são… fracotes. “Sim, desta não passa”. Não havia como Jorge Jesus dizer “não” a Bernardo Silva.

07/08/2014 – Bernardo Silva é emprestado… ao Mónaco. Se nem numa época em que o talento é tão escasso há vontade de dar uma oportunidade a quem tem tanto para dar… Sim acabou o sonho.

Sinceramente, gostaria quem alguém me explicasse o porquê desta dificuldade toda em dar oportunidade a quem as merece, seja por talento, por esforço ou por ambos os predicados juntos como é o caso de Bernardo Silva. E porque não Bernardo Silva, o maior talento saído em largos anos da nossa formação? É por ser um jogador da posição 10 e JJ não jogar assim? É por ser baixo? A sorte que tiveram o Xavi, Iniesta, Moutinho, Scholes ou Messi de não serem treinados pelo mestre.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Futebol sem bola

Com decepção, tenho ouvido Pedro Ribeiro comentar os jogos do Euro. Não sei muito bem se foi ele que mudou ou se fui eu, mas houve um tempo em que não desgostava dos seus comentários aos jogos ingleses na Sport TV. Hoje noto que a questão central da minha admiração passava pelas horas e dias em que os jogos davam: geralmente de manhã ou início da tarde, aos Sábados e Domingos, horas que estão cientificamente patenteadas como veículos progressivos de uma cura de ressaca. Pode ser que a cabeça me latejasse em demasia, pode ser, e que tudo me parecesse de uma qualidade que não tinha.

Ontem foi quase insuportável ter de ouvir tanto disparate. Desde as infinitas loas a Ronaldo passando pelo desprezo a vários outros jogadores, foi um bocadinho repugnante. No golo da Holanda, no entanto, não se abordou o jogador Ronaldo, vá lá saber-se porquê. E no golo de Portugal, o primeiro, demorou-se algum tempo a compreender o passe fantástico de João Pereira. E mesmo quando se lhe reconheceu a mestria, foi com frases descabidas pelo meio, tanto que na segunda parte, quando o jovem Pereira avançou destemido pela área holandesa, surgiu a pérola: "bem, se ele assiste e marca neste jogo é o fim do mundo!".

Ora bem, João Pereira é um jogador medíocre - penso que é consensual. Mas é-o, acima de tudo, por não saber defender. A atacar, tem qualidades que extravasam em muito a média geral do campeonato português e até - imagine-se - de alguns chamados génios e fenómenos da natureza. Aquele passe, por exemplo, não é raro em João Pereira - e aquele passe demonstra muitas coisas. 

Coisas que Ronaldo, nosso líder, herói e capitão, raramente faz. Quantas vezes vimos Cristiano rasgar uma defesa com um passe daqueles? É que por mais que se treine e se crie uma máquina de jogar (e Ronaldo é uma máquina incrível), há lados do cérebro, da imaginação e da visão espacial que o madeirense não tem. Há coisas que não se treinam. Se se treinassem, Ronaldo seria uma besta extraordinária, o melhor de todos os tempos. Assim, é um jogador fabuloso, por aquilo que une características físicas e técnicas. Mas não mentais. E é por isso que Iniesta é o melhor de todos os tempos.

Mas a histeria de Ribeiro em relação a uns e o desprezo por outros, no caso do jogo de Portugal, não se aceitando, compreende-se. Falava o coração, além de outras coisas. Já o abordado no jogo da Espanha não deixa grandes dúvidas sobre a incompreensão que persiste sobre o Barcelona e sua forma de jogar. O lance era este: Piqué entra no meio-campo, avança uns metros, tem Xavi à direita, Iniesta em frente e Silva bem aberto junto à linha lateral. Toda a equipa da Espanha se condensava em poucos metros, excluindo Silva que abria o espaço e criava uma falsa ideia de passe óbvio. Ribeiro exalta-se: "já devia ter passado!". Mas Piquet não passou. Manteve-se no jogo interior, a bola rodou entre vários jogadores no meio e acabou numa jogada qualquer de que já nem sequer me lembro bem. Mas o mal estava feito. 

Piquet não "devia ter passado" coisa nenhuma. Não devia porque não era a melhor opção - passando, deixava Silva entregue a si próprio, sem apoios nem possibilidade de progressão -, e muito menos devia só porque era o gajo que estava sozinho. Mas o maior problema disto tudo é vermos um comentador - a quem já ouvi enormes elogios ao Barcelona (como não?) - dizer isto e não entender que afinal o que ele gosta no jogo da equipa catalã não é aquilo que a distingue de todas as outras. E isso, não sendo raro (quase todos os que comentam o demonstram), é bastante triste.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

O ruído dá garantias

Provado que está o silêncio (ensurdecedor) dos apoiantes de Vieira, voltemo-nos para o ruído da semana: as declarações do atrasado mental do Alan.

Sobre o assunto propriamente dito, tenho pouco a dizer do ponto de vista da discussão objectiva. O palhaço do Alan foi mandatado a dizer alarvidades pela marionete do seu Presidente que, por sua vez, tinha no cu um dedo enfiado do pintinho. É tão evidente que não merece que passemos mais tempo a discutir se o Alan é um filho da puta, se o Salvador é um cobarde ou se o pintinho é um corrupto. São factos provados e comprovados, deixemos a nojeira emporcalhar-se a si própria - se até o nosso líder parece satisfeito com tais actos, quem somos nós, meros "abutres", para botar faladura?

No entanto, as baboseiras do macaco Alan (que não é bem preto, é mesclado de preto com imbecil, que, esta sim, é a grande característica que o molda como ser humano) trouxeram - aos interessados, leia-se: portistas, braguistas, sportinguistas, enfim, todos os anti-benfiquistas, no fundo - o ruído necessário que era o intento primordial de toda esta palhaçada. 

Enquanto a comunicação social, e seus derivados, passou a semana a alimentar a novela do mentecapto Alan, aumentando o volume do ruído, o essencial - o fundamental - passou mais uma vez para secundário, nalguns casos, e, noutros, para a gaveta do esquecimento conveniente. A saber:

-  Em 8 anos de Estádio AXA, os apagões aconteceram "coincidentemente" num jogo contra o Benfica; isto após os anos anteriores em que, desde manobras dentro de túneis, arremesso de bolas de golfe, ambiente extremamente violento contra a equipa e adeptos benfiquistas e arbitragens nojentas patrocinadas por actos anti-desportivos, como a simulação do néscio Alan. Acaso, acidente, coincidência? Não cremos, mas aceitamos abrir a porta ao paranormal. Desde que a Liga e seu líder Gomes - amigo, já se sabe, do nosso Presidente - abram um inquérito profissional e responsável sobre as incidências do jogo do passado fim-de-semana. Até agora, falaram-nos em falha nas caldeiras. O ruído dá garantias.

- O Benfica saiu de Braga altamente prejudicado pela arbitragem. A comunicação social, sempre solícita a escancarar as vias da amnésia conivente, não abordou o assunto. A nossa Direcção não abordou o assunto. E assim ficaram dois pontos no Estádio AXA, sem que ninguém queira abordar o assunto. O ruído dá garantias.

- O "nosso" Presidente foi visto, enquanto o interruptor do Estádio fazia curtos-circuitos "acidentais", em alegre cavaqueira com personagens ilustres do nosso futebol: Mesquita Machado, Joaquim Oliveira, Fernando Gomes e António Salvador. Os jogadores não tomaram banho quente depois do jogo, porque as caldeiras estavam com problemas? Assunto menor, quando comparado com a necessidade diplomática de conviver com outras instituições de nobreza assinalável. O ruído dá garantias.

- Antes do jogo, Vieira abriu a boca. Como é hábito, entrou mosca e saiu merda. Veio avisar-nos - atenção que este era o mandato desportivo! -, assim de mansinho, que o que interessa é a credibilidade. A competitividade, logo se vê; se der, tudo bem; se não der, paciência, que isto com o Vale e Azevedo era mau e nós não temos a culpa. Ninguém leu bem a coisa, tão distraídos andavam todos com os banquetes de chouriças minhotas e couves tronchudas. O ruído dá garantias.

- João Pereira - esse ser que um dia foi odiado por todos os sportinguistas, vivos e falecidos, mas que hoje é capitão dos lagartos, numa comédia já habitual para aquelas bandas - pisou ostensivamente um jogador leiriense. Não viu amarelo, logo... está (estaria?) sob alçada da Liga e deve (devia?) levar sumaríssimo, o que o impossibilitará de jogar contra o Benfica, no próximo jogo. A comunicação social susurrou o assunto, muito baixinho para ninguém saber, a Direcção do Benfica, politicamente sempre tão abençoada pelo gesto carinhoso, nada disse nem mandou dizer e o Cajuda foi o único que abordou o assunto: o Sporting foi, tal como na jornada anterior contra o Feirense, claramente beneficiado. Desta vez, não ouvimos os histéricos comentadores sportinguistas falarem em pontos ganhos ilegalmente. Ninguém sabe de nada, não se passou. O ruído dá garantias.