sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Jorge Jesus de Ontem para Hoje

Não vou aos tempos do Amora recuperar o trio de centrais de Jorge Jesus, importa-me somente perceber o Benfica nas mãos de JJ.


Na sua primeira passagem pela Luz apresentou-se ao clube com a forte afirmação que a equipa consigo jogaria o dobro. Dito e feito. Nas mãos de Jorge Jesus a nossa equipa começou a jogar muito mais.

Agora no seu retorno foi ainda mais ambicioso. Assim que chegou afirmou que a equipa iria jogar o triplo e que nos ia oferecer espectáculo. Dito porém longe de ser feito. Este novo Benfica do Jorge Jesus tarda em carburar e tem reunido apáticas exibições atrás de enfadonhas exibições.

Verdade seja dita, o nome é o mesmo, o homem é o mesmo, mas o treinador está longe de o ser.

Jorge Jesus habituou-me a um futebol aberto, rápido e muito desequilibrado. Só quando a equipa estava muito bem trabalhada é que o dito desequilíbrio nos favorecia. Mas acima de tudo, Jorge Jesus habituou-me a uma equipa forte no jogo sem bola, expert na capacidade de defender com poucos e extremamente potenciadora da criatividade ofensiva.

Com o seu 4-2-4 fazia evoluir os seus centrais, elevava a estrelas os médios com que segurava o meio campo e espremia todo o talento dos criativos da frente, procurando um Benfica dinamizador e goleador.

Partir o jogo e lançar ataques rápidos sempre foi uma característica do futebol de Jorge Jesus. Isso não mudou. Desaproveitar a formação, casmurrar com certos jogadores por si escolhidos e arrogantizar por aí fora, também são características que se mantêm. Aliás, a arrogância é a sua característica mais visível e muitos dissabores nos tem dado, tanto por certos comportamentos quanto devido à cegueira que esta lhe causa na hora de mexer no jogo.

O problema é que o essencial que fazia de Jorge Jesus um potencial magnifico treinador parece estar desvanecer-se com o tempo.

- Extrair futebol de talentos.

- Defender bem com poucos.

- Atacar com criatividade.

A expectativa de ver certos jogadores nas mãos de Jorge Jesus tornou-se numa pura desilusão. Chiquinho, Pedrinho, Jota, Pizzi, Darwin, Waldschmidt, Everton, Krovinovic, Florentino e Gonçalo Ramos. Pouco se espremeu, muito pouco se lapidou.

A velocidade do Rafa, a qualidade de um jogador feito como é o João Mário e um super jogador como é o Weigl, têm sido o destaque individual deste Benfica.

Dedo do Jorge Jesus só mesmo em zonas mais recuadas do terreno. Viu-se logo uma forte melhoria no posicionamento do Rúben Dias e estamos a ver um Otamendi muito mais seguro do que aquele trapalhão que cá chegou.

Quanto ao processo defensivo ficou evidente o fracasso de Jorge Jesus na época passada. A equipa defendia mal e o treinador do Benfica para contrariar isso só teve uma solução: colocar mais um defesa em campo. Foi assim que passámos para os 3 centrais.

E nada tenho contra um sistema de três centrais. Contudo não gosto quando é usado por estes motivos e somente com o objectivo de tapar a baliza, de encher a área defensiva.

Por fim temos a pouca criatividade que o ataque do Benfica tem demonstrado nas mãos deste novo mais velho Jorge Jesus. Não é por acaso que praticamente todos os jogadores criativos têm falhado. Este treinador nunca valorizou a posse de bola mas também nunca descurou do ataque apoiado, mesmo jogando em transições rápidas.

Hoje vemos um Jorge Jesus a fazer das suas armas ofensivas a força e a velocidade – o ataque à bruta. Três homens na frente para correrem de frente à defesa adversária, chocando nela até a partirem.

Para mim assim se define o retrato deste Benfica. Ao menos finalmente temos uma equipa com uma identidade de jogo. Jorge Jesus encontrou o seu 11, finalmente encontrou o seu (novo) futebol. Funciona? É bonito? É prazeroso? É espectacular?

De forma muito simplificada podemos dizer que o 4-2-4 deu lugar lugar a um 3-4-3 - com 3 centrais a servir de tampão na área, com 3 atacantes a baterem-se com os defesas contrários e com 4 homens em compensações.

Os adversários com alguma facilidade conseguem criar várias aproximações à nossa área contudo são constantemente levados ao espaço nas alas tendo de recorrer a cruzamentos que facilmente os nossos 3 defesas conseguem limpar. Jogo partido e o tampão defensivo a funcionar.
Lá na frente é constante o ataque á profundidade e a velocidade vertical dos nossos 3 avançados coloca as defensivas adversárias em constantes sobressaltos. Colocamos igualdade numérica nos ataques e os adversários a correr atrás da bola mas depois falta-nos a criatividade, a técnica e os apoios – o Yaremchuk pode fazer este papel mas não é o seu futebol natural; o Darwin é feito para este jogo mas peca pela fraca qualidade técnica na recepção e condução da bola.

E com a criação desta identidade de jogo surge um problema de plantel. Não temos segundas escolhas. De 11 jogadores só 4 podem ser substituídos sem se mudar o estilo de jogo – Guarda-redes, um Central, Ala direito e o Ponta de Lança.

O Grimaldo, o João Mário e o Weigl simplesmente não têm substitutos. De resto todas as outras opções de ataque são jogadores de posse, de controlo da bola, de jogo interior e futebol entrelaçado – não encaixam nesta ideia.

Os últimos 6 jogos parecem-me bem ilustrativos disto que aqui tenho divagado.

Barcelona – O Benfica foi dono do jogo sempre que o partiu. A defesa esburacada deste Barcelona transmitia insegurança a todo o colectivo sempre que apanhava com os nossos avançados. Com os nossos 3 centrais o catalães simplesmente não tiveram futebol para furar. Só não foi assim quando após o primeiro golo a nossa equipa decidiu recuar, permitindo tempo e espaço para o Barcelona subir linhas, respirar e tentar construir – sem jogo partido ficámos a ver jogar um triste Barcelona.

Portimonense – Em 90 minutos de jogo só durante 20 é que fomos ofensivamente avassaladores. Perante os algarvios bem recuados faltou-nos criatividade no ataque para criar mais perigo durante quase 4/5 da partida.

Trofense – Uma excepção pelo contexto do jogo e do adversário. Não há muito a analisar numa equipa sem identidade. O 11 titular foi mal gerido pelo treinador e tal foi reconhecido quando para tentar segurar o 1-0 se viu obrigado a lançar os habituais titulares.

Bayern – O jogo do Benfica ficou em exposto aqui. Incapacidade de ataques apoiados resumiu a ofensiva encarnada a 3 jogadas de ataque resultantes de 3 cavalgadas individuais. E logo na primeira as carências técnicas do Darwin foram evidentes. Sem bola a equipa foi incapaz de impedir o Bayern de facilmente criar inúmeras jogadas de ataque. Depois perante jogadores deste calibre não é um tampão de 3 centrais que vai impedir incontáveis sustos na nossa baliza – vários bem antes de qualquer um dos quatro golos concedidos.

Vizela – O jogo que confirma as fragilidades desta forma de jogar (e treinar). O Vizela recusou-se a partir o jogo e com isso o Benfica não conseguiu lançar as cavalgadas ofensivas, o que banalizou os seus atacantes. Por outro lado com simples tabelas os jogadores da casa iam criando várias aproximações à nossa área. Porquê? Porque a preocupação dos nossos centrais em fechar a área aumenta o distanciamento para os nossos médios.

Vitória – Em Guimarães, com algumas alterações ao 11 titular, tivemos outras confirmações.
Alternativas como o Meitê são simples aberrações de águia ao peito – há jogadores que simplesmente não têm substitutos.
As nossas alternativas ofensivas trazem um outro futebol à equipa, quebrando-se a tal identidade de jogo. Com Pizzi e Everton a equipa tem um futebol mais rendilhado, mais pensado, mais técnico, mais interior e apoiado. Enquanto quisemos ter bola e jogar fizemos dos nossos melhores jogos da época. Depois foi o descalabro, o desmoronar de uma equipa sem identidade e jogar no medo com jogadores inconcebíveis.
Neste caso o Vitória aceitou partir o jogo, ganhou-nos o meio-campo, meteu mais homens juntos à nossa defesa e não se preocupou com os desequilíbrios defensivos pois desta vez o Benfica não tinha sido montado para os aproveitar.

Agora voltaremos ao 3-4-3, ou melhor ao 3-0-4-0-3. A questão será perceber se o Estoril aceitará ou não partir o jogo. Se não aceitar o Benfica dificilmente sofrerá golos mas também dificilmente marcará.





segunda-feira, 11 de outubro de 2021

E assim está encontrado o novo presidente do Sport Lisboa e Benfica.

 Rui Costa – 84,48%

Francisco Benitez – 12,24%

Pelas minhas expectativas não foi um mau resultado. Benitez conseguiu um apoio significativo perante o contexto actual e Rui Costa não conseguiu os tão profetizados mais de 90%.
Um bom resultado seria Benitez conseguir os merecidos 20% e Rui Costa ficar com uns amargos 75%. Com 84% há uma vitória clara mas longe do conforto da unanimidade que Rui Costa estaria confiante em obter.

Ao longo destes últimos 15 anos muito temos nós aqui, e outros por outros espaços, alertado e apontado aos atentados da direcção presidida por Luís Filipe Vieira.

São mais de 15 anos a chamar a atenção para:

- O Demagogo populista

- O Mentiroso compulsivo

- As envolvências estranhas e suspeitas

- Os jogos de bastidores

- A movimentação de ódios

- O à deriva da política desportiva do clube

- Os negócios duvidosos

- As ligações dúbias a agentes

- O comportamento aparentemente mafioso.

Mais de 15 anos e nós aqui a ver e a apontar. A justiça acabou por nos vir dar razão. A justiça acabou por vir comprovar que tínhamos motivos para questionar e suspeitar. A justiça “ainda” não provou os delitos mas já demonstrou haver actividades que merecem a maior atenção.

Mas enquanto nós aqui de fora fomos capazes de ver, todos lá dentro não foram. Rui Costa não viu nada, não soube de nada, não percebeu nada.

Sabemos que a grande maioria dos adeptos não olha para o clube. Foram ensinados pelo vieirismo que ser benfiquista é odiar os rivais, é atacar os rivais, é viver para bater nos rivais. Foram ensinados que um benfiquista olhar para dentro, preocupar-se com o seu clube, ter sentido critico e estar atento, é simplesmente dar armas ao rivais. Dar armas ao rivais, que cena idiota. Gente que vive o futebol, o desporto, pelos comentários televisivos e de Facebook e não pelo desporto em si.

Vieira reuniu as armas – João Gabriel, Rui Gomes da Silva, Hugo Gil, Pedro Guerra, José Marinho, Calado, e outros pela BTV e redes sociais – e colocou-as a disparar ódios, a disparar mentiras, a disparar distracções, demagogias, insultos e a total depravação do que é e deve ser o Benfica. E assim um benfiquista que desmascare um José Marinho torna-se aos olhos dos outros benfiquistas um simples dragarto.

E qual a posição de Rui Costa perante tudo isto?

Vimos Vieira tornar o Benfica num entreposto de jogadores dominado pelos interesses de agentes. Dezenas de jogadores contratados para não jogarem. Dinheiro a sair por um lado, a entrar pelo outro e os agentes sempre a tirarem as suas comissões.
Vimos a Liga dos Campeões servir como montra para valorizar os miúdos do Seixal – tal e qual a estratégia de Vieira para os apartamentos em Alverca sobre os quais diz que basta colocar na montra que logo aparecem compradores.
Vimos Vieira passar de uma política de aposta na formação para não aposta na formação, de poupança para despesismo, e sempre sem uma justificação desportiva. Jorge Jesus sai porque não serve os interesses do Benfica mas depois volta porque o Benfica perdeu. Uma política desportiva à deriva, ao sabor de resultados, contestações e de luzes.

Onde andou a influência de Rui Costa nisto? O homem forte do futebol do Benfica como se posicionou perante esta realidade?

Vivemos um Benfica profundamente anti-democrático. Um Benfica com os seus canais de comunicação transformados em meios de propaganda e ataque a benfiquistas. Estatutos desrespeitados, sócios insultados e agredidos. Vimos Assembleias Gerais do clube a serem brindadas com o total desinteresse do presidente da direcção. Vimos um clube sem espaço para Democracia, um clube que passou a atacar (quase sempre com mentiras) qualquer adepto ou sócio que criticasse a actual direcção, qualquer sócio que sequer ousasse concorrer a eleições. Eleições sem debates, sem cobertura das campanhas eleitorais, um clube sem a preocupação em defender a integridade da votação dos seus associados.

Como se posicionou o Director Desportivo, o Administrador, o Vice-Presidente Rui Costa perante tudo isto?

“Ontem” em campanha eleitoral Rui Costa não se coibiu de afirmar que queria um Benfica mais democrático, mais transparente, mais organizado e responsável nas suas politicas desportivas e mais atento a quaisquer práticas menos recomendáveis.

Contudo onde esteve este Rui Costa nos últimos 15 anos? Não tinha ele responsabilidade e obrigação de estar no Benfica a lutar pelo Benfica? Não deveria Rui Costa ter lutado contra tudo o que discordava, ter feito valer o seu estatuto, as suas ideias, o seu Benfiquismo e honestidade?

Porque não o fez? Porque é que foi tudo feito ao contrário daquilo que ele agora defende? Porque é que ele não viu nada? Porque é que ele não percebeu nada?

Esteve Rui Costa estes 15 anos somente a auferir no Benfica de estatuto? Esteve somente a enfeitar totalmente desinteressado daquilo que se passava no clube? Se sim, como pode ser ele a pessoa para presidir o Benfica?

Ou será que Rui Costa viu, quis, falou mas ninguém lhe deu importância? Alguém incapaz de fazer valer as suas ideias e de lutar pelos seus ideais, de se fazer ouvir, é alguém com capacidade para presidir o Sport Lisboa e Benfica? E não sendo ouvido, não sendo valorizado e assistindo sem nada poder fazer a tanta coisa que discordava, ficou porquê?

Rui Costa nunca se irá livrar destes últimos 15 anos porque eles são a sua identidade enquanto dirigente do Sport Lisboa e Benfica. Nunca se livrará destas perguntas. Por mais que ele insista que só tem de ser avaliado pelos últimos 3 meses (a menos que estejamos a falar dos sucessos) ele será sempre julgado por todo o seu tempo no clube.

Até que ponto irá Rui Costa lutar pelos direitos dos sócios? Pela democracia do clube? Até que ponto irá Rui Costa impor uma política desportiva no clube? Até que ponto irá contribuir para o bem-estar no clube e no futebol nacional?
Arrisco-me a dizer que a sua luta já acabou, foi forçada em campanha eleitoral e foi terminada com o resultado final.

Rui Costa irá continuar a permitir que este seja o clube dos Guerras e Marinhos? Continuará a promover uma BTV em modo propaganda e fechada a toda e qualquer critica e discordância?

Uma coisa é certa, Rui Costa irá sim trazer uma maior competência ao clube em termos de pensar e viver o futebol do Sport Lisboa e Benfica. Rui Costa é um apaixonado pelo jogo e é um entendedor do mesmo. Rui Costa não viverá (porque não sabe como e talvez porque não queira) na mesma rede de agentes e interesses alheios ao Sport Lisboa e Benfica – pelo menos no que a contratações diz respeito. Rui Costa saberá perceber e planear o Futebol do clube com muito mais qualidade. Até porque Vieira além de nada disto perceber também não tinha assim tanto interesse.

Mas e quanto ao resto da vida do clube? O meu receio, a minha convicção, é que Rui Costa andará aos papéis, entregue às decisões e interesses dos dirigentes do costume. E tudo será feito com o seu aval mas desconhecimento, tudo será feito perante a sua passividade.

Rui Costa não conseguirá montar uma teia mafiosa como Vieira montou e irá deixar-se ser engolido pela mesma.

Apesar de tudo isto Rui Costa é o actual presidente do Sport Lisboa e Benfica. Mas não nos distraíamos. Olhemos para o Rui mas sem nunca tirar um olho do Luís.

Vieira quer e tem de voltar ao Benfica. E Vieira no dia das eleições já começou a preparar o seu regresso. Já anunciou que começará a estar mais presente, que vai lavar roupa suja e que irá impor-se. Isto nada mais é que uma declaração de guerra, uma guerra para a qual irá apontar os sócios contra inimigos internos para os tirar do seu caminho e voltar à sua teia. Vieira planeia colocar todas as desconfianças que há sobre si em outros, voltará a usar o Benfica como escudo e irá procurar popularidade suficiente para voltar.

A questão que fica é se Rui Costa será um obstáculo ou um facilitador. Aposto na segunda.



segunda-feira, 24 de maio de 2021

Final da Taça de Portugal _ Braga 2 – 0 Benfica

O jogo que não salvava a época mas que daria um pouco mais de animo para a preparação da próxima temporada. Além disso, a história do Sport Lisboa e Benfica também se fez muito com conquistas da Taça de Portugal.

Deu-se a derrota que esta época do Benfica merecia.

No jogo da Pedreira o Benfica entrou melhor, conseguiu a expulsão de um adversário e sentenciou o jogo. Ontem aconteceu o mesmo mas com o Braga como protagonista.

Jorge Jesus, depois do bluff durante a semana, optou por manter os 3 centrais. Não diria que foi a decisão mais acertada pois aquele trio – com o Morato incluído – não apareceu, nem podia aparecer, muito bem oleado nos seus movimentos e posicionamentos. E ainda tivemos um Vertonghen limitado e um Otamendi a jogar demasiado para a plateia – peço equilíbrio a um central e não que varie grandes cortes com entradas e corridas desenfreadas.

Olhamos para os primeiros 17 minutos e o que vemos é que, apesar de nenhuma equipa estar a dominar o jogo, o Braga estava mais confortável em campo e com uma melhor capacidade de ter bola. Vimos no Benfica aquele que normalmente é o problema das equipas de Jorge Jesus – fortes sem bola mas incapazes de controlar o jogo com a mesma. A equipa do Carvalhal entrou melhor, com um futebol mais fluído e com maior capacidade de criar jogo. Foi com esse Braga a assumir o jogo que surgiu a oportunidade que levou à expulsão do Helton Leite.

Fora de jogo inexistente. Toque parece-me haver. O jogador do Braga ia isolado só com o guarda-redes e sofre o toque quando fica sem ninguém entre ele e a baliza aberta. Sim, a bola vai na direcção da bandeirola de canto mas não, a bola não ia sair pela bandeirola de canto. O desenrolar normal do lance seria o avançado ter a bola dominada próximo da área e sem ninguém entre ele e a baliza.

Em termos teóricos o árbitro só poderia dar vermelho directo. De uma forma mais subjectiva poderia haver a nuance da importância do jogo, do minuto da falta e da deslocação da bola a fugir da baliza, para o árbitro tentar defender o jogo 11 para 11. Enquanto consumidor de futebol talvez considere que essa fosse a decisão mais positiva contudo nunca a mais acertada.

Para lançar o Odysseas o Jorge Jesus entre o Pizzi e o Taarabt escolheu retirar o 21 encarnado. Acabou por ser a opção mais acertada devido a uma maior capacidade do marroquino em rasgar e comer metros com bola. Mas esperava mais, de um grande treinador no Benfica esperava não só que lançasse o obrigatório guarda-redes como tivesse imediatamente iniciativa de construir a equipa para jogar com 10: Darwin para o lugar do Everton. Com menos jogadores ofensivos era importante ter um avançado que só por si conseguisse carregar a equipa para zonas de ataque, deixando a defesa do Braga sempre desconfortável.

Depois da expulsão começa o recital do Galeno pela esquerda. Sem muito perigo o Braga foi fazendo tremer a nossa defesa mas a equipa acabou por se equilibrar e terminar a primeira parte, ali os últimos 15 minutos, a dividir o jogo e até a chegar com bastante perigo à baliza do Matheus.

A bater o minuto 45 há trapalhada do Vlachodimos e o Vertonghen, que tinha de fazer melhor, acaba por ser traído pelo movimento do keeper e improvisa um corte que leva a uma excelente finalização do Piazón.

Pelo que foi exigido dele durante toda a primeira e por aquilo que conseguiu corresponder, diria que o Taarabt acabou por ser o mais preponderante jogador do Benfica nos primeiros 45 minutos.

A segunda parte foi do Braga. Em vantagem quiseram desde o inicio procurar o segundo golo e aproveitar o maior espaço que o Benfica ia dar por ter de procurar o empate.

O Jorge Jesus acabou por melhorar o jogo encarnado com as substituições perto do minuto 60. O Rafa e o Darwin trouxeram desconforto à organização do Braga. Esse desconforto foi acentuado quando o Carvalhal tem de tirar o Al-Musrati já depois de ter substituído o Castro.
Assim, mesmo sem muita cabeça, o Benfica foi conseguindo voltar ao jogo.
Já a entrada do Nuno Tavares foi somente uma desesperada opção táctica para anular o Galeno numa marcação homem a homem. Não resultou.

O Braga fechou o jogo com o 2-0, foi um resultado justo de uma equipa que jogou melhor desde o primeiro minuto.

A verdade é que este Braga foi mais equipa que o Benfica, apresentou maior identidade de jogo, um colectivo mais oleado e muito mais conforto com a bola.

O Benfica, tanto com 10 como com 11, nunca mostrou dinâmicas colectivas, entrosamento entre os vários sectores nem jogadas de grande envolvência. Uma equipa mais trabalhada para jogar sem bola e que entrou a procurar pressionar alto de forma a condicionar a posse do adversário, foi assim dando espaços nas costas que o Braga nunca se importou de explorar.

Comportamento deplorável do Taarabt e do Eduardo no final do jogo. O Benfica vai perder o marroquino por vários jogos. Não percebi a expulsão do Piazón. Houve ali outros comportamentos que deviam ter sido analisados pelo árbitro e pelo VAR e que merecem ainda vir a ser escrutinados e punidos. Quis o Nuno Almeida tentar amenizar os estragos que estavam a ser criados numa Final que devia ser uma Festa.

Sintetizando:

Bom e competente jogo do Braga.

Medíocre e inseguro jogo do Benfica.

Arbitragem dentro da média, sem grande casos a assinalar e com um 3+ numa escala de 0 a 5.

Homem do jogo: Al-Musrati

Pior do jogo: Jorge Jesus, não só pelo pouco futebol da equipa como também pelas tristes declarações no pós-jogo.

PS: Uma nota para o Carlos Carvalhal. Ouvi-lo falar depois do jogo foi como ver uma criança toda feliz porque recebeu aquele brinquedo que sempre quis. Delicioso e muito mais disto no Futebol sff.



terça-feira, 11 de maio de 2021

Desconforto de Vieira em Falhada Tentativa de BTVizar a CPI

Ontem ficou compreendido o porquê de Luís Filipe Vieira ter tido a necessidade de não marcar presença no Clássico da passada Quinta-Feira. Isto apesar de ser um Benfica-Porto na reta final da época e com as dezenas de milhões da Champions em jogo.

É que pelas últimas comissões parlamentares de inquérito e pelos vários clips que andaram por aí a circular, a estratégia do “esquecimento” já estava a ser usada em excesso. Mais uma vez o Vieira saiu prejudicado.

Então não podendo aparecer em São Bento largando o trunfo do esquecimento para tudo e mais alguma coisa, Vieira teve de rever os seus planos e estratégias.

Pelo que vimos ontem, foi definido um Plano B e várias outras pequenas estratégias para o complementarem caso os deputados não estivessem lá para prestar vassalagem ao Rei-Sol.

Não estavam.

Então e no que consistia este Plano B?

- Comissão Parlamentar de Inquérito equals Entrevista BTV.

Portanto, Vieira chegava e lia uma autobiografia elogiosa à sua pessoa, todos batiam palmas, Vieira demonstrava disponibilidade para responder a todas as perguntas por escrito à posteriori, todos concordavam e por fim passavam ali umas agradáveis horitas onde Vieira contava umas histórias engraçadas, fazia uns desabafos, ninguém contestava, Vieira repetia as lengalengas do costume, ninguém averiguava nada e no final era coroado rei daquela porra toda. Pelo meio largava a sua versão mais agressiva e não havendo sócios disponíveis então insistiria no enforcamento de um Centeno desta vida. Caso estivesse presente era o momento alto para André Ventura.

Contudo o Plano B também não foi um sucesso. Não houve aplausos, não houve coroação, não houve Rei-Sol.

As perguntas eram mesmo para ser respondidas ali, naquele momento e por ele.

Qual o problema? Não dava para começar de novo, o plano já estava em marcha.

Assim lá tivemos várias vezes de ouvir o presidente daquela comissão de inquérito a pedir a Luis Filipe Vieira que:

- Respondesse às perguntas.

- Não lançasse insinuações sobre quem lhe fazia perguntas desconfortáveis.

- Que concretizasse as insinuações que deixava no ar sobre seres abstractos.

- Não estivesse tão “à vontadinha”.

Aquilo não era mesmo a BTV e por isso foram dando jeito as outras pequenas estratégias também preparadas:

- Apostar no esquecimento mas dos deputados.

- Alcochetear assuntos incómodos. “Suores frios e tremores” em cada negócio sem explicação.

- Redireccionar as perguntas incómodas para o sócio.

- Puxar pelos Gato Fedorento. Optou pelo “Falam falam”. O do “15 a 0” fica para quando finalmente nos der a prometida explicação sobre as vendas a 15 milhões.

- Inverter a situação. Não era o BES/Novo Banco que lhe faziam favores, ele é que fazia favores a estas instituições.

- Distribuir Kits Novo Sócio pelos deputados. Pelo menos pareceu-me que era isso que ele estava a fazer naquele breve intervalo.

De referir que o senhor que não se esquece, não foge nem se esconde, andou a adiar a sua presença em inquirições noutro processo e também nesta CPI devido a surtos de amnésia e consultas médicas.

As histórias da carochinha que Vieira conta para enganar tolos benfiquistas, não eram do interesse de ninguém daquela sala.
Contudo Vieira sabia que nunca estaria ali somente como presidente da Promovalor porque Vieira é presidente do Sport Lisboa e Benfica. Ele sabe isso, ele não poderia nunca esquecer-se disso e foi ele que constantemente sentiu necessidade de puxar o Benfica à equação. Os acontecimentos naquela sala iriam sempre ter impacto fora dela, a sua imagem perante os benfiquistas também estava em xeque. Depois (suponho) da família e saúde, a popularidade é o seu maior Bem. Vieira estava bem ciente que naquela CPI também iria estar a lutar pela segurança da sua posição no Sport Lisboa e Benfica.
Daí as muitas demagogias e histórias da carochinha. Não eram para o Fernando Negrão, nem para o João Paulo Correia e muito menos para a Mariana Mortágua ou para a Cecília Meireles. Eram para a comunicação social e especialmente para os sócios do Sport Lisboa e Benfica.

Para a posteridade ficarão os conceitos de Luís Filipe Vieira. Ao longo de todos estes anos sempre o ouvimos gabar que, ao contrário de outros, sempre pagou as suas dívidas e que nunca nada lhe foi perdoado.

Ontem ficámos a saber que para Vieira pagar as dívidas é pagar os 3% de juros e adiar indefinidamente o real pagamento do valor devido.

Ontem ficámos a saber que para Vieira constantes reduções das taxas de juro, constantes extensões de prazos e reestruturações constantes no seu vencimento, não é uma forma de perdão.

Ontem ficámos a saber que para Vieira só está em incumprimento quem pode cumprir. Quando alguém não paga mas é sabido que não tem como pagar, esse alguém não está a incumprir, está só a ser coerente.

Uma pessoa que fez toda a sua vida empresarial com base em endividamento sem se ter de preocupar em o pagar de volta, é normal que não esteja bem ciente do real conceito de “pagar dívidas”.

Felizmente o Benfica, apesar do Vieira, foi e é demasiado grande para cair perante endividamentos astronómicos.

Já o Alverca não teve a mesma sorte, não tinha mesma grandeza.

Vieira é só mais um ser vergonhoso que pulula por este país e que os benfiquistas continuam a optar por o deixarem também envergonhar o mais maravilhoso clube de Portugal.

Apesar de tudo isto, e muito mais, houve quem rapidamente viesse elogiar a prestação de Luís Luís Filipe Vieira. Aquela parte em que meio estupefacto e meio indignado refere que tinha de pagar aos seus colaboradores, foi certamente o que conquistou o seu não-opositor Bruno Costa Carvalho.




segunda-feira, 19 de abril de 2021

Exclusive Silly League (ESL)

 Uma competição que nasce somente da ganância, do sentimento de superioridade. Clubes – na maioria comprados por milionários de fora do contexto do futebol – decidem que são a elite deste Desporto e que merecem uma competição onde tenham de competir só entre si.

Querem fechar o Futebol neles, estagnar a dinâmica de crescimento de clubes menores e impedir a queda de clubes de renome – eles próprios. Encontraram um escape para os seus insucessos, para as suas más gestões. Não querem correr o risco da sua incompetência lhes custar lugares de destaque. Não querem correr o risco da sua incompetência os colocar abaixo de clubes com menores condições.

Pessoas fracas a fazer fracos fortes clubes.

O Futebol tem uma história e essa história é a base da sua paixão, da sua magia. O que move o Futebol não é dinheiro, é sentimento. Mas querem apagar esse sentimento. Querem colocar um ponto final na história deste Desporto e aproveitarem a posição onde agora estão – não por mérito de quem lá está mas de quem lá esteve e fez parte desta história.

Estes clubes tornaram-se uma vergonha para o Futebol.

Na sua arrogância elitista decidiram tentar criar um Futebol onde eles mandam em tudo. Sabiam como iam ser vistos mas não tiveram vergonha na cara. Criaram uma história da carochinha onde dizem que o facto de eles ficarem ainda mais milionários irá beneficiar o Futebol mundial porque vão ser muito solidários. Pó caralho.

Querem mandar no Futebol e com a sua “solidariedade” agirem como os Reis desta porra toda.

Todas as organizações avançaram com a sua posição – UEFA, FIFA, EFA e a Premier League, RFEF e a La Liga, FIGC e a Serie A.

Se estes clubes querem uma competição só deles, um Futebol só deles, então que o tenham. Que vão viver o seu elitismo e nos deixem a todos viver o nosso Desporto.

Fiquem com a sua ESL mas não metam o pé em nenhuma competição FIFA, em nenhuma competição UEFA e em nenhuma competição doméstica.

E os jogadores têm de optar pois não podem ter tudo. Terão de escolher em que Futebol irão querer jogar. No Futebol exclusivo ou no Futebol inclusivo – aquele onde ainda competem nas suas selecções.

Nos últimos anos muito temos falado de como a paixão no Futebol tem ficado dormente, escondida por baixo de toda a comunicação tóxica, de toda a propaganda e de todo o marketing.

Numa década onde entre milhões de jogadores só dois pareciam existir, tanto para a opinião pública como para as entidades regentes, é normal que estes “donos” achem que só os seus clubes existem.

Sim, a culpa também é da FIFA e da UEFA que foram alinhando nesta palhaçada do Marketing futebolístico que minou a magia do jogo em prol do impacto mediático. E sim também é nossa, de todos nós que alinhámos nisso.

Estes clubes já se envergonharam e já nos envergonharam. Que a mão pesada sirva para se redimirem ou para realmente partirem e nos deixarem reencontrar a verdadeira natureza do Beautiful Game.

Agora os verdadeiros protagonistas têm a palavra:

Ronaldo Nazário, Totti, Zidane, Maldini, Raúl, Ryan Giggs, Xavi, Cannavaro, Rio Ferdinand, Henry, Iniesta, Figo, entre tantos outros.

E chamo especialmente aqui à atenção destes nomes para que se cheguem à frente e recusem esta farsa:

Zlatan Ibrahimovic, Alessio Romagnoli, Antonio Conte, Aleksandar Kolarov, Chistian Eriksen, Ivan Perisic, Romelu Lukaku, Mikel Arteta, David Luiz, Granit Xhaka, Alexandre Lacazette, Pierre-Emerick Aubameyang, Pep Guardiola, Kevin de Bruyne, Bernardo Silva, Ilkay Gundongan, Raheem Sertling, Ole Gunnar Solskjær, David de Gea, Harry Maguire, Paul Pogba, Bruno Fernandes, Edinson Cavani, Jurgen Klopp, Virgil van Dijk, James Milner, Sadio Mané, Mohamed Salah, Roberto Firmino, José Mourinho, Hugo Lloris, Toby Alderweireld, Gareth Bale, Heung-min Son, Harry Kane, Diego Simeone, Koke, Saúl Níguez, Luis Suárez, Andrea Pirlo, Gianluigi Buffon, Leonardo Bonucci, Giorgio Chiellini, Cristiano Ronaldo, Thomas Tuchel, Thiago Silva, César Azpilicueta, Timo Werner, Zinédine Zidane, Thibaut Courtois, Raphael Varane, Sérgio Ramos, Toni Kroos, Luka Modric, Karim Benzema, Ronald Koeman, Marc-André ter Stegen, Gerad Piqué, Jordi Alba, Sergio Busquets, Antoine Griezmann e Lionel Messi.

Destaco o papel que devem ter o Zlatan, o Guardiola, o Maguire, o Mourinho, o Klopp, o Simeone, o Tuchel, o Buffon, Chiellini e Cristiano Ronaldo, o Zidane e o Ramos, o Koeman, Piqué e o Messi.

Não esperaria nunca esta postura por parte de um clube como o Barcelona, é essencial que Lionel Messi seja a principal voz da revolta e da recusa.

Entretanto silêncio por parte do Sport Lisboa e Benfica. Sabemos como funcionam estas pessoas. Andaram desejosos de serem incluídos. São parte do problema. São parte activa desta visão empresarial do Futebol. Estão ali caladinhos a ver se conseguem ainda ser chamados enquanto vão sentindo o pulso à opinião pública.

Varandas e Pinto da Costa já se posicionaram contra isto. O Benfica limitou-se a remeter a Lusa a declarações feitas em Novembro pelo Domingos Soares de Oliveira onde afirma que mesmo discordando dificilmente não aceitaria o convite de integrar a ESL.

Do Benfica de Vieira era exactamente isto que esperava. Mas ao contrário do que tanto tem desejado o ex-candidato Bruno Carvalho na sua cruzada por colocar o Benfica nesta vergonha, o que eu esperaria do Sport Lisboa e Benfica é que estivesse desde ontem a liderar a revolta e a luta contra estes elitistas.

Neste momento um clube como o Sport Lisboa e Benfica deveria estar lado a lado com o Bayern, o Dortmund, o Marselha, Sevilha, Roma, Lazio, até o PSG, o Lyon, o Ajax, o Slavia, o Dynamo, o Celtic, o Estrela Vermelha, o Anderlecht, o Sparta, o CSKA, o Galatasaray, entre outros, na defesa do Futebol, da continuidade de um Futebol mágico, competitivo, inclusivo e sonhador.

Real Madrid, Barcelona, Atlético de Madrid, Inter de Milão, AC Milan, Juventus, Tottenham, Liverpool, Arsenal, Mancester City, Chelsea e Manchester United:

Vocês estão fora destes relvados. Peguem na vossa bola milionária e vão jogar para outros campos. Por cá continuaremos com a nossa bola de couro, a verdadeira bola de futebol.




sábado, 13 de março de 2021

O EFEITO ILUSÓRIO DA FORMAÇÃO

Nesta semana que passou, tivemos a agradável surpresa de ver que o nosso Henrique Araújo foi considerado pelo Sindicato de Jogadores o Melhor Jovem da Segunda Liga no mês de Fevereiro. Um prémio que lhe assenta bem, não só pelos golos e assistências, mas principalmente pela evolução que tem tido ao longo desta temporada, onde tem acumulado tempo de jogo e experiência que lhe permitiram dar um bom salto qualitativo. Um salto que se pedia, pois quem acompanhava de forma assídua os escalões de Formação percebia que faltava algo ao jogo do Henrique.

Para ser um bom ponta-de-lança, o jovem madeirense não podia apenas aparecer quando a bola lhe chegava nas zonas de finalização; precisava de se associar mais, de ser mais pró-activo fora da sua zona de conforto. O Henrique beneficiou claramente da subida do Gonçalo Ramos à equipa principal, pois abriu-se ali um espaço que ele não tinha tido até então – o da titularidade. Mas, por outro lado, o próprio Gonçalo não beneficiou em nada desta subida.
Ao contrário do seu colega, perdeu tempo de jogo. Tempo de jogo que seria fulcral para a sua evolução e para se desenvolver nas áreas onde ainda precisa. Ora, não é no banco ou na bancada que ele irá ter esse espaço de evolução, mas também não consideramos que o Gonçalo Ramos estivesse totalmente preparado para subir à equipa principal e agarrar a titularidade. Se já poderia ter mais minutos? Isso sim, consideramos que deveria ter. Mas também não acreditamos que fosse o tempo de jogo suficiente para proporcionar tamanha evolução.
O título deste texto não serve para descredibilizar a nossa Formação, nem apontar lanças a um projecto de desenvolvimento de jovens. Há coisas a serem bem feitas dentro do Seixal, mas há outras que começam a preocupar aqueles que estão mais atentos. Neste momento, temos jovens da Formação a chegar demasiado cedo à equipa principal e a prejudicar o seu desenvolvimento, temos jovens que já não cabem no contexto da equipa B mas que também não sobem nem são emprestados e temos jovens que simplesmente não têm qualidade para representar o Benfica e continuam a tapar o caminho a outros que são mais talentosos do que eles, ainda que mais novos.
Em relação aos que não têm qualidade, não existem grandes sugestões que possamos dar, porque das duas, uma: ou estamos perante uma incapacidade gritante na avaliação daqueles que merecem ser jogadores profissionais do Benfica ou então a permanência destes com a Águia ao peito interessa mais a alguém dentro do Seixal. Nós cá acreditamos muito nas pessoas que trabalham e avaliam os nossos jovens talentos, por isso o problema só pode estar em quem gere e autentica essas avaliações...
Mas, para além destes jovens cujo futuro dificilmente passará pelo mais alto nível do futebol Glorioso, existem ainda os outros que têm talento. E o que fazer com estes quando o espaço competitivo da equipa B já é curto para eles, mas ainda não estão 100% preparados para a realidade da equipa principal? Um empréstimo a equipas competitivas da nossa Liga seria uma boa opção, mas gostaríamos de ver algo mais. A nossa sugestão passaria por incorporar no Benfica algo que já se faz nos campeonatos mais desenvolvidos ou nos grandes grupos mais mediáticos, como o City Group ou o universo da Red Bull. Já que gostamos tanto de falar na internacionalização da marca “Benfica”, porque não começar por aqui?
A absorção estratégica de uma ou duas equipas em competições como a Liga Belga, a Liga Austríaca ou até mesmo a Segunda Liga Holandesa poderia oferecer aos nossos jovens o tal patamar competitivo que necessitam antes de chegarem à equipa principal. Este seria um excelente contexto para que continuassem a potenciar as suas características, ao mesmo tempo que desenvolveriam/acrescentariam novas capacidades ao seu jogo. Obrigá-los a jogar fora da sua zona de conforto, num tipo de futebol diferente, debaixo de condições climatéricas diferentes, num país com uma língua completamente diferente. Dar-lhes mundo num contexto mais exigente que o da equipa B, mas não tão sujeito à pressão como a mediática equipa principal.
Seria um excelente passo a tomar, até mesmo para incorporar jovens talentos que o nosso Scouting detectasse em mercados mais alternativos, como o norte-americano, o asiático ou até mesmo o africano, onde se encontram alguns bons talentos com uma óptima margem de progressão, e a trazê-los para o universo Benfica sem que tivessem obrigatoriamente de vir logo para Portugal. Numa fase mais adiantada – e à imagem do City Group –, poderíamos expandir a nossa rede para outros continentes e absorver equipas de outros campeonatos, de maneira a aumentar a visibilidade da nossa marca e a possibilidade de chegarmos aos talentos locais de forma mais célere.
Estas são ideias que não acreditamos que nunca tenham passado pela cabeça de quem gere os destinos do nosso clube. No entanto, com estas ideias a serem colocadas em prática, ter-se-ia de abdicar de muita da promiscuidade que vemos entre o Benfica e alguns “players” do mercado futebolístico. Infelizmente, pelo meio vão-se perdendo oportunidades de desenvolvimento e modernização.
Em suma, o efeito da Formação é ilusório porque foi-nos passada a mensagem que todos os jovens fabricados no Seixal são Bernardos e Félixes, o que não é de todo verdade. Não, não é possível lutar pelo campeonato com 11 jogadores saídos recentemente da Formação. Há uma parte de jogadores geniais que atingem a sua maturidade futebolística mais cedo e, esses sim, merecem dar o salto mais rapidamente, uma vez que são sobredotados. E mesmo a esses há que juntar alguma experiência. Mas há outra parte (a grande maioria) que precisa de fazer o seu caminho. Sem pressas, sem pressões e, acima de tudo, sem exageros, principalmente no que toca à gestão das (suas e nossas) expectativas. E tudo o que servir para os ajudar no seu desenvolvimento e beneficiar o clube será sempre bem-vindo.



terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Capristanos – Do Lado do Poder, Nunca do Lado do Benfica

Domingo ao final do dia resolvi ouvir o programa da CMTV denominado “Crise no Benfica”.

Lá estavam Vasco Mendonça, João Malheiro, Diamantino Miranda, José Manuel Capristano e António Salvador, a falar sobre o momento actual que se vive no clube. Isto ainda antes do jogo com o Farense.

Tinha de escrever sobre isto mas havendo jogo do Benfica respirei fundo e decidi só abordar este assunto no dia seguinte – Ontem. Mas lá veio o empate em Faro e tive de respirar fundo durante mais 24 horas.

Não irei falar sobre os novos defensores do #VieiraRua. Não irei falar do “boletim informativo” que o Vasco Mendonça dizia não receber. Irei sim ter obrigatoriamente de falar do José Manuel Capristano.

Este senhor é o mais perfeito exemplo do tipo de pessoa que está sempre do lado do poder, que defende sempre o status quo e que não tem em si uma pontinha de massa critica. Este é o benfiquista que não merece representar o clube, seja como dirigente ou como “comentador desportivo”. É o dirigente do Vale Azevedismo e um comentador fruto da Vieira TV. Sim, estes dois mundos vivem lado a lado de mãos fortemente dadas.

Vamos então escrutinar a participação deste Capristano. Pode ser cansativo pela falta de conteúdo e atropelos lógicos que a cabeça dele apresenta.

- Jornalista “José Manuel Capristano concorda que o maior responsável desta crise de resultados do Benfica é Luís Filipe Vieira?”

- José Manuel Capristano “Obviamente que não. O senhor que o disse parece estar em campanha eleitoral. Os senhores que perderam as eleições há 4 meses parecem não aceitar a derrota. Todos os candidatos na altura disseram que manteriam o treinador logo o treinador foi consensual a todos e então agora que as coisas não correm bem é o presidente, é a direcção, disparam em todas a direcções."

Começa bem. Quem critica a direcção está em campanha eleitoral. É assim que funciona este ser acrítico ao poder.
De seguida atropela-se. Caro Capristano, os candidatos não disseram que eram a favor da contratação do Jorge Jesus. O que disseram foi que já que estava contratado não o iam despedir em Outubro só porque ganhavam as eleições. Percebe a diferença?
E já agora, lá porque “foram consensuais” quanto ao treinador então não podem disparar ao presidente e a direcção? Querer defender o indefensável dá nisto.

- “Às vezes faz-me confusão as pessoas não pensarem que os benfiquistas têm muito mais coisas que os une do que coisas que nos desune. Os nossos adversários não podem estar dentro do clube, devem estar em outras áreas: no Sporting, no Porto, no Braga...”

Pois não podem. Mas estão. E se o Capristano gastasse mais tempo a olhar para dentro do seu clube e menos para fora já o teria percebido.

- Jornalista “Para si se não é de Vieira de quem é a culpa?”

- JMC “Olhe ainda hoje li aqui coisas sobre o Covid. O elemento fundamental do Jorge Jesus é o treino e ele não treina. Ele agora tem 3 centrais, podia treinar os 3 centrais noutro sistema táctico mas não tem tempo para treinar. Repare bem, o Benfica jogou Quinta-Feira em Roma, chegaram a Lisboa na madrugada de Sexta, Sábado partem para Faro para jogar no Domingo. Esta calendarização está correcta? Árbitros? Querem que diga os árbitros? Mas isto é que são coisas que os benfiquistas deviam com veemência protestar.
E estes senhores não veem isto que a gente vê? É atacar o Benfica atacar o Benfica? Isto é que é ser benfiquista?”

Cá está. Se o Benfica está bem é o presidente que tem uns grandes tomates. Se o Benfica está mal a culpa é das arbitragens, da calendarização, do Covid, do azar e dos astros. O trabalho de quem dirige o clube é sempre espectacular.
E quando o Capristano diz que é sobre estas coisas que os benfiquistas deviam protestar com veemência faz-me logo lembrar os outros da BTV. Mesmo discurso.

Portanto a culpa é do Covid. Porque sim, faltou sustentar. Porque não tem sustento.
A culpa é da calendarização que não permite ao Jorge Jesus treinar uma táctica com 3 centrais. Pois bem, o Jorge Jesus não tem só 3 centrais agora. Se o Jorge Jesus quisesse treinar uma táctica com 3 centrais já o podia estar a fazer desde Julho. Se era tão crucial mais um central porque esperar pelo dia 31 de Janeiro? E o mercado de Verão? E se o treinador não tem tempo para treinar este esquema táctico como o usou contra o Arsenal? E se quer usar este esquema táctico como base, porque não o usou com o Farense? Onde está a sua lógica Sr. José Manuel Capristano?
E já que é para bater na calendarização tão absurda e incorrecta, saberá o Sr. Capristano que o Benfica não jogou em Roma sozinho? Que o seu adversário também se deslocou a Roma? Que o seu adversário também jogou Domingo mas 4 horas antes do Benfica? E que jogou não contra um Farense a lutar pela manutenção mas sim contra um City dominador no 1º lugar?

Mas lá está Sr. Capristano. É falar por falar. É fazer barulho para branquear. É nunca sustentar porque não há qualquer sustento.

 - Jornalista “ José Manuel Capristano como é que entende o facto de Vieira ainda não ter vindo dar uma explicação sobre estes maus resultados?”

- JMC “Então se o Rui Costa que é vice-presidente há 2 semanas fez declarações públicas então passado 8 dias vai o presidente falar por cima do Rui Costa? Não faz sentido”

Só para ser um pouco picuinhas, vou lembrar que nem 2 semanas são 8 dias nem o Rui Costa tinha falado há 2 semanas mas sim quase há 3.
E para descascar esta lógica da batata basta dizer que o presidente, o líder, é o Vieira e não o Rui Costa. Os vices é que não têm de falar por cima do presidente. Portanto o Vieira tinha obrigação de não andar escondido, de já ter falado fosse antes do Rui Costa, no lugar do Rui Costa ou já depois do Rui Costa.

 - JMC “Eu só chamo a atenção que está-se a pôr tudo em causa por estarmos mal no futebol. Mas eu pergunto, o Real Madrid está bem? O Barcelona está bem? Há lá convulsões como aqui? O Liverpool foi campeão o ano passado está bem? Ainda hoje perdeu 2-0 com Everton. Por amor de Deus, põe-se tudo em causa.”

Debitar cartilhas sem sequer se pensar no que se diz dá nisto.
Primeiro esta ideia de que o facto de um grande clube europeu não estar bem relativiza um mau momento do Benfica. Tudo serve para se ser acritico. Não importam contextos, não importam motivos e nem sequer importa a realidade. Importa desculpabilizar.
O Real Madrid está bem? Não. Mas não está a 15 pontos (na altura 13 pontos) da liderança. O Barcelona está bem? Está péssimo. Mas sim, há convulsões como aqui. Maiores até. Não basta falar de cor Sr. Capristano.
Sim o campeão Liverpool não está bem. Mas vamos ter em conta a razia de lesões que desde o inicio da época têm arrasado a defesa da equipa? Ou vamos só dizer que não está bem? Vamos sublinhar o facto de serem os campeões em título ou vamos ignorar isso? É que a comparação sai ao lado quando diz que o Liverpool é campeão pois o Benfica não é. Há 2 anos o Liverpool foi campeão europeu e no ano passado foi campeão inglês depois de um jejum de 29 anos. Ia o clube estar em convulsões por este ano o campeonato não estar a correr bem?

- JMC “Por isso é que sou grato, eu sei como é que o Benfica estava quando o Luís Filipe Vieira lá chegou e sei como é que o Benfica está.”

Vou só corrigir um pouco esta afirmação. O senhor não sabe como o Benfica está nem sabe como o Benfica estava quando lá chegou o Vieira, o que o senhor realmente sabe é como entregou o clube ao Vilarinho – isto sim o senhor Capristano sabe.

- JMC “Vejam o que acontece nos grandes clubes europeus, não é só no Benfica. E agora eu pergunto, o Sporting há 19 anos não ganha nada. Já tinham morrido todos. Com esta filosofia que o Benfica está mal, o Sporting esteve mal 19 anos então já tinham desparecido. Aí estão eles na ribalta agora. Tenhamos paciência, sejamos sensatos. O Benfica não pode ganhar sempre. Mesmo assim nos últimos 10 campeonatos o Benfica ganhou 5 e o Porto outros 5. Isto é muito mau? Por amor de Deus.”

Respirar mais um pouco...

Este senhor realmente recorreu ao Sporting para banalizar os nossos insucessos? Este senhor realmente usou o exemplo do Sporting que ficou 19 anos sem ganhar nada para dizer aos benfiquistas que também devem ter paciência. Eu acho que ele não faz ideia sequer daquilo que diz.
Acho não. Sei que não faz. Alguém diga a este senhor que o Dias da Cunha já não é o presidente do Sporting. Alguém o informe quantos presidentes, dirigentes e treinadores caíram naquele clube nos últimos 19 anos. Alguém lhe diga que a contestação a Vieira é uma brincadeira quando comparada com aquela que o actual presidente do Sporting – Frederico Varandas – sofreu nos seus 2 anos e meio de mandato.

Pelas palavras de Capristano ficamos também a saber que a bitola deste Benfica super consolidado é dividir a meio os campeonatos com um Porto falido e intervencionado pela Uefa.

- JMC “Só para dizer o seguinte. O outsider é o Sporting. Se o Sporting tem feito a campanha do costume estaria em 4º lugar. O Benfica está a 3pts do Porto e a 2pts do Braga”.

Não diz uma coisa inteligente. Não diz uma coisa com conteúdo. Não diz uma coisa que engrandeça o Benfica.

Ficamos então a saber que o Benfica estar 3pts do Porto e a 2pts do Braga é algo com que este senhor vive bem. Mas mais engraçado é fazerem-se estas contas ao campeonato tirando pontos a quem o lidera. O Sporting não devia contar para esta discussão porque está a fazer demasiados pontos. Não é que o Benfica devesse fazer muitos mais pontos, os pontos do líder do campeonato é que não deviam ser considerados.

- Vasco Mendonça “Eu tenho a sensação que se ficarmos aqui mais 2 ou 3 horas com o Sr. Capristano nós vamos descobrir que também perdemos o Penta por causa da Covid-19, eventualmente vamos descobrir que a primeira variante do vírus não apareceu na China mas em Portugal aqui há uns anos. Ou que se calhar foi por isso que fizemos repetidamente figuras tristes contra o FC Porto nos últimos anos.”

- Jornalista “Quer responder a Vasco Mendonça?”

- JMC “Não vale a pena. Ele acusa as pessoas inclusivamente está-me a chamar atrasado mental. Quando diz que eu penso que a Covid não vem da China e que começou em Portugal... Não vale a pena. O sr. Vasco Mendonça defende a sua dama e eu tenho o direito de defender outra dama.”

E agora vem a vitimização. O usual também. A parva da vitimização.

Mas só quero lembrar ao sr. Capristano que não é suposto andarem a defender damas mas sim o Sport Lisboa e Benfica. O suposto não é benfiquistas andarem a defender os seus presidentes mas sim o seu clube. Mas o Sr. Capristano não sabe fazer essa distinção.

- JMC “Deviam dizer é aquilo que eu digo. Cuidado com as arbitragens, estamos a ser roubados”.

- VM “Esses boletins informativos do Carlos Janela epa tenha paciência. Eu conheço isso tudo de uma ponta à outra. Recebi o boletim informativo semanalmente”.

Aqui esperei ver o Capristano negar a existência da cartilha, desmentir que a segue. Mas não. Não o fez. Deixou passar.

E o José Manuel Capristano termina a sua participação a dizer ao João Malheiro:

“Não recebo lições de benfiquismo do senhor.”

Pois não sei se recebe ou não lições de benfiquismo do João Malheiro. Mas talvez devesse. Do João Malheiro ou de qualquer outro benfiquista. É que lhe falta muito benfiquismo na palavra, no pensamento, na preocupação e no comportamento.

Mas percebo. Quem andou a defender o Vale e Azevedo até este cair, fará o mesmo com o actual presidente enquanto este lhe der guarida. É que não é o benfiquismo que o move, é a atracção pelo poder instaurado.

E sendo o Capristano um perfeito exemplo do que o Vieirismo alberga, já passou da hora dos benfiquistas se questionarem se quem nos dirige se preocupa com o clube ou somente com os seus compadrios.

É que apesar de este Capristano ser único, há dezenas e dezenas de outros Capristanos por aí.




Agora Sobre Faro

 Mais uma desilusão a juntar a tantas outras. Não é que o Benfica tenha sido inferior ao Farense (nem nunca poderia ser), não é que não tivéssemos tido oportunidades para vencer o jogo. Não conseguimos simplesmente é ser de tal forma superiores que não só vencemos o jogo como o vencemos sem contestação possível.


Por vezes ganham-se jogos jogando-se ligeiramente mais que o adversário. Por vezes ganham-se jogas jogando-se menos que o adversário. Mas sequências vitórias não se conseguem nesse limiar. Campeonatos não se ganham se não formos consecutivamente muito superiores aos adversários.

E assim saímos de Faro com um 0-0. Um jogo onde fomos melhores e podíamos ter vencido. Um jogo onde não fomos claramente superiores e poderíamos ter perdido.

Com bola este é um Benfica completamente sem identidade, sem criatividade ou imaginação. Continua a ser. Jogadores como o Pizzi, o Waldschmidt,o Pedrinho e o Chiquinho, continuam sem grande espaço nesta equipa. Logo os homens do espaço – aqueles que o criam, exploram e o fazem render.
Ao invés disso o Benfica faz depender todo o seu jogo ofensivo da individualidade de Taarabt e Rafa. O marroquino desgastado – física e mentalmente – pelas suas tarefas defensivas, vê-se obrigado a ser a mente esclarecedora para conduzir bola até ao ataque e definir o último passe. O português entre os piques defensivos, tem a responsabilidade de sozinho guiar a bola até à zona de finalização, falhando constantemente na finalização e acabando sempre por desaparecer do jogo com o passar dos minutos.
Jorge Jesus insiste no Everton, um talento que o treinador não está a saber rentabilizar, um jogador presentemente com pouca produção e claramente a movimentar-se por terrenos que o afastam do seu melhor.
Jorge Jesus insiste na dupla de pontas de lança Seferovic/Darwin. Não funciona, não traz qualidade ao jogo da equipa e é facilmente controlada. Darwin continua em sub-rendimento e também aqui Jorge Jesus está a falhar no treino e compreensão do jogador.

Mas o que mais me desiludiu em Faro foi mesmo o jogo sem bola da equipa.

Num texto publicado no dia 20 de Fevereiro elogiei a evolução que se via no jogo colectivo da equipa em termos defensivos. Notava-se um melhor posicionamento dos jogadores quando a equipa actuava sem bola, surgindo um colectivo mais equilibrado.

https://www.facebook.com/OntemViTeNoEstadioDaLuz/posts/3680806155321194

Isso não se viu neste jogo. A alteração de laterais – logo quebra do processo – não ajudou. Mas principalmente o que ficou evidente foi o quanto o equilíbrio da equipa neste momento está dependente da presença e posicionamento do alemão Julian Weigl.

Sem ele em Moreira de Cónegos a equipa esteve mais perto de perder do que de vencer. Sem ele em Faro o meio-campo esteve em constante desequilíbrio e os jogadores do Farense foram diversas vezes encontrando o espaço que procuravam para tentarem criar jogadas de ataque.

Weigl foi durante largos meses contestado. Basicamente todo o ano de 2020. Era ele a causa de o Benfica ter perdido o título 2019/20. Era ele um dos principais nomes para se vender em Janeiro deste ano.

Se hoje algo de positivo temos no nosso Futebol é a afirmação de Weigl.

De incompreendido passou a crucial. Um dos grandes problemas do planeamento desta época está mesmo no facto de não haver cobertura ao alemão – por onde andais Florentino?

Contudo, supostamente “Se o Matic não jogar... joga o Manel”.
E por isso também me desilude Jorge Jesus - sabe e é capaz de fazer muito melhor.

Jorge Jesus tem de provar já o seu valor. Com olho no Rúben Amorim tem de se manter na luta com o Sérgio Conceição e o Carlos Carvalhal. Caso contrário o seu arrasar será somente uma disputa com o Pepa.



sábado, 20 de fevereiro de 2021

Jorge Jesus e o Jogo sem Bola

 

Esta sempre foi uma das principais características do treino de Jorge Jesus. Foi na qualidade do jogo sem bola, tão mal trabalhado no Brasil, que Jorge Jesus se começou a destacar no Rio de Janeiro. Foi a qualidade do jogo sem bola que tanto marcou o Benfica de Jorge Jesus de outros tempos.

Equipa sem bola - capacidade de pressionar com as linhas mais próximas e principalmente qualidade de posicionamento.
Na sua primeira passagem pelo Benfica uma das marcas de Jorge Jesus era defender bem com poucos. Isto acontecia porque todos os jogadores sabiam como se posicionar tanto no momento ofensivo como no momento defensivo. Havia um conhecimento colectivo de como cada um se devia posicionar e movimentar nas mais variadas fases do jogo e com isso surgiam sempre compensações tacticamente perfeitas entre os vários jogadores.
A equipa jogava equilibrada mesmo no próprio desequilíbrio do seu jogo.

Este jogo sem bola e este aprimorado posicionamento defensivo é algo que tem faltado ao Futebol do Benfica desde Julho de 2015. Esta era a primeira e principal evolução que esperava ver neste novo Benfica de Jorge Jesus. E durante meses andei bastante decepcionado.

Se recuarmos até Agosto Iremos deparar-nos com alguns sinais positivos.
Depois de todos aqueles jogos-treino longe do olhar dos adeptos, de onde nos chegavam vários relatos sobre uma quase violenta pressão sobre os posicionamentos de Rúben Dias, vieram os amigáveis na Luz contra o Bournemouth, Braga e Rennes.

Nessa altura fiquei com excelentes perspetivas para esta época do Benfica. A espaços foi possível ver uma boa pressão sobre o adversário, uma defesa sempre bem posicionada com a linha de fora-de-jogo controlada e uma equipa totalmente equilibrada a jogar com 10. Eram sinais já de grandes melhorias face ao que tinha ocorrido nas temporadas anteriores.

Mas a verdade é que este momento de maior esperança não teve grande seguimento. Durante toda a primeira metade da época não voltámos a ser uma equipa bem posicionada defensivamente e nem forte no jogo sem bola.

É preciso aqui realçar o duro golpe que foi a saída do Rúben Dias. O central era já a voz de comando daquela defesa, foi o principal foco de evolução na pré-época com o Jorge Jesus e quando saiu chegou um Otamendi trapalhão e completamente alheio ao processo defensivo.

Qual é a boa noticia no meio disto tudo? Qual a boa noticia mesmo em jogos menos conseguidos e em resultados menos satisfatórios como foram o de Moreira de Cónegos e o de Roma (contra o Arsenal)? A equipa defensivamente está muito mais compacta do que estava até ao inicio deste mês.

Isto reflecte-se na subida de rendimento tanto do Otamendi como do Verthongen. Reflecte-se na exibição de Moreira de Cónegos onde durante quase 70 minutos a equipa jogou em total equilíbrio não dando espaço ao Moreirense para atacar. Reflecte-se na exibição com o Arsenal onde quase todo o jogo a equipa esteve sempre muito activa na limitação do espaço onde o adversário poderia progredir e criar.

A equipa continua muito limitada na qualidade com bola, no processo ofensivo e capacidade de criar desequilíbrios nas defesas adversárias.
Mas nota-se uma clara evolução defensiva no nosso processo de jogo.

Infelizmente em Moreira de Cónegos esta evolução exigiu um maior condicionamento dos movimentos dos laterais, o que nos roubou (na primeira parte) capacidade de dar profundidade aos corredores. Além disso a saída do Weigl acabou com todo o equilíbrio da equipa.
E infelizmente em Roma esse equilíbrio exigiu uma adaptação táctica para 3 centrais e também a um quase abdicar de atacar.

(Nada contra a jogar com 3 centrais, contudo na Liga Europa foi uma excepção de cariz unicamente defensivo)

Há uma evolução na equipa. Espero vê-la ainda mais consistente agora no jogo com o Farense e acompanhada por uma melhor capacidade da equipa em ter bola e criar jogadas de perigo ofensivo.



quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Desconecta BTV

 

Ontem de madrugada acordei meio atordoado. Alheio às horas liguei a televisão sem saber bem com que intenção.

Não eram ainda 4 da manhã e o Benfica tinha jogado com o Famalicão no inicio da noite do dia anterior. A verdade é que aquela segunda parte deixou-me deprimido e assim que acabou o jogo afundei-me no Youtube até adormecer.

Por isso quando ligo a televisão esta encandeia-me com BTV. Estava a dar o programa Chama Imensa.

Apesar da vitória o Benfica vinha de uma sequência de maus resultados, pouco futebol, eliminação da Taça da Liga e com uma desvantagem de 11pts para a liderança do campeonato. Apesar da vitória frente ao Famalicão, este foi mais um jogo pouco conseguido: bom arranque com dois golos logo a abrir, depois 30 minutos a controlar os espaços e por fim 45 minutos a ver jogar.

Assim deixei-me a ouvir o que na BTV, perante o contexto actual do nosso futebol, se estaria a dizer.

No momento deu-me um impulso imenso de vir aqui desabafar mas... 4 da manhã. E apesar das 36 horas já passadas, não tenho como não soltar aquela experiência aqui em palavras.

Apanhei o finalzinho da intervenção de um João Diogo onde falou do Porto, de arbitragens e de penalties. Deu-me logo um nó.

De seguida o jornalista da BTV passa a palavra para um tal de António Bernardo, perguntando-lhe se sobre o Porto e a arbitragem tinha algo a dizer. Depois de nos fazer saber que também o António Rola já tinha estado minuciosamente a falar do Porto e de arbitragens e que concorda totalmente tanto com o Rola como com o João Diogo, o António Bernardo afirma que quer falar de “outras coisas que eu acho que posso acrescentar... E posso já relembrar aqui 3 ou 4 situações que me andam a preocupar”.

Pensei eu, ingénuo, que estando o assunto arbitragem arrumado, agora iriam falar sobre os jogos do Benfica, as dificuldades que temos tido, as melhores e/ou piores exibições de alguns jogadores, sistemas tácticos, reforços... algo assim.

Não. Começou a falar do Pedro Mantorras. Sim. “Relativamente ao Porto tenho uma coisa a dizer, eu estava no Benfica em 2002-03 quando o Pedro Mantorras era um mártir a levar pancada”. Epa o que esta malta faz para não ter de falar de Futebol.

Portanto as 4 coisas a que este António Bernardo andavam a preocupar eram:

1 – Arbitragens
2 – Imprensa toda dominada pelo Porto e pelo Sporting
3 – Unilabs, se mudaram de laboratório e se é verdade que os jogadores do Benfica tiveram mesmo Covid.
4 – “Caso” Palhinha e ter juízes amigos.

E termina a dizer “Isto é que são coisas importantes a debater no Futebol e no Desporto em termos gerais”.

Exacto. São estas merdas de novelinhas e de choros que é crucial debater no Desporto.

Já estava eu meio em dúvida se estaria mesmo acordado quando aparece o José Marinho a falar. Questionado sobre esta época atípica onde o Paços de Ferreira surgia com tão bom desempenho, o José Marinho entra, como sempre, naquele seu mundinho onde é rei mas de coisa alguma. Fala e fala e fala, com grande autoridade, mas depois quando se espreme percebe-se que não faz ideia sobre o que diz.

O inicio da sua intervenção dava um bom número de comédia. Começou a criticar aqueles que tanto falam da importância de se ter uma boa estrutura nos clubes e a meio desta palermice lá se lembrou que é no Benfica que mais se fala nisso. Enrolou-se. Inverteu a coisa e começou a elogiar a Estrutura do Benfica.

Assunto estrutura rebobinado lá começou a falar do sucesso do Paços de Ferreira. Então salientou que aquele clube tem um sucesso constante e que isso se deve por sempre ou quase sempre escolherem acertadamente tanto os treinadores como os jogadores. E enquanto o Marinho debitava eu juro que pensei que ele estava era a falar do Rio Ave.

Então avança relembrando que a actual posição do Paços de Ferreira não é surpreendente porque “por exemplo” há uns anos com o Paulo Fonseca tinham conseguido apurar-se para uma pré-eliminatória da Liga Europa. Insiste que para o Paços esta não está a ser uma época atípica porque nos últimos anos têm-nos habituado a andar lá em cima e sempre com boas equipas. É o que dar falar de cor caro José Marinho.

Para começar é esquecer o “por exemplo” porque a referida época é uma exepção e não somente um dos possíveis exemplos. E depois é elucidar que o apuramento foi mesmo para o Play-Off da Liga dos Campeões.

Sim, em 2012-2013 o Paulo Fonseca conduziu o Paços de Ferreira a um excelente 3º lugar.
Desde então disputaram-se mais 7 campeonatos o Paços classificou-se em:

16º


13º
17º - Despromoção
1º - Promoção
13º

E atenção, todo o respeito pelo Paços de Ferreira. Contudo dizer que nos últimos anos estar em 5º lugar não é atípico para o Paços quando nos últimos 7 anos só duas vezes ficou no Top-10 tendo mesmo sido despromovido em 2018 e tendo disputado a segunda liga em 2019...

Tão sobranceiro falou o José Marinho sobre o Paços de Ferreira conseguindo confundi-lo com o Rio Ave e mostrando deste somente saber que há uns anos era treinado pelo Paulo Fonseca e que ficou num lugar Europeu (qual não sabe) e que esta época é treinado pelo Pepa.
De resto não refere nada em especifico sobre este clube – nem treinadores, nem jogadores, nem modelo de jogo – e o que tenta falar sai tudo ao lado.

Que fraude é este José Marinho.

E que tristeza de canal tornam a BTV.

Depois desta intervenção do Marinho desliguei a televisão. Não dava para mais. A curiosidade matou mesmo gato.



domingo, 7 de fevereiro de 2021

Dupla Darwin/Seferovic, Porquê?

 

Dia 05/02/2021 o Benfica recebe o Vitória de Guimarães na Luz. O jogo vai empatado a zero para o intervalo. Deus por indicação de Jesus retira Everton do jogo e lança Darwin para atacar os últimos 45 minutos.

E eu pergunto “Porquê?”

A época de 2009/10 foi o ano de grande afirmação de Jorge Jesus. É um ano que está marcado para sempre no Benfiquismo.

Desde a adaptação de categórica do Fábio Coentrão a lateral esquerdo à explosão de Di Maria como um mágico de classe mundial. Desde a afirmação do miúdo David Luiz ao lado do Luisão até à detonação de golos do pé esquerdo de Tacuara Cardozo.
E também trouxe ao nosso dialecto a posição 9,5 – um jogador de ataque que ocuparia o espaço entre o ponta de lança e o médio criativo. Esse ano era Javier Saviola que brilhava com essa camisola – entre o “9” de Cardozo e o 10 de Aimar.

Assim Jorge Jesus brilhava com um ataque construído por um ponta de lança e um atacante mais solto em terrenos interiores na procura do espaço.

Posteriormente as duas duplas de ataque que mais sucesso tiveram com Jorge Jesus foram:

2013/14 – Rodrigo e Lima

2014/15 – Jonas e Lima

É perceptivel que nenhuma destas duplas apresenta um ponta de lança. Jogadores de ataque mais móveis, de futebol de apoios e combinações.

No primeiro caso temos Rodrigo a explorar mais a profundidade e Lima a procurar os espaços para jogar e fazer jogar.
No segundo caso voltamos a ter Lima mas desta vez apoiado por Jonas que junta a sua veia goleadora ao seu posicionamento como 10 enquanto o cérebro do ataque encarnado.

Mais recentemente temos o grande sucesso de Jorge Jesus no Flamengo. Brilhando na América do Sul com um médio de maior contenção, um 8 com mais chegada à área, dois médios ofensivos com maior jogo interior e no ataque um extremo bem aberto à esquerda a dar aceleração aos ataques e um avançado a descair na direita.

Neste Flamengo Jorge Jesus actuava só com um avançado, um avançado móvel a explorar o corredor direito e a abrir espaço para a progressão dos médios.

Na presente temporada desde cedo se percebeu que Jorge Jesus iria querer actuar com um ponta de lança. Não contando com Vinícius – que parecia desligado do futebol que Jorge Jesus pretendia para a equipa – Seferovic apareceu como a solução até ser contratado um novo avançado para o plantel. Veio Darwin, um avançado poderoso, com boa presença na área e capaz de procurar a profundidade do ataque. Apesar do uruguaio não ser um atacante de associação, tem um fantástico sentido colectivo.

Por tudo o que foi visto na pré-temporada e no arranque da época, uma bela discussão no seio benfiquista era sobre quem seria o 9,5 de Jorge Jesus, qual seria o jogador que iria apoiar Darwin alternando entre a ocupação dos espaços entre os médios e o atacante com as chegadas à zona de finalização. Havia o recém-contractado Luca Waldschmidt que cedo mostrou uma incrível ligação com o uruguaio, mas também a possibilidade de Rafa, Pizzi e do Pedrinho.

E daí o meu “Porquê?”

Na Grécia jogámos com Seferovic apoiado por Pedrinho. Dominámos o primeiro tempo com um grande preenchimento do espaço interior faltando só um melhor entendimento – primeiro jogo da época – entre os jogadores para se criarem mais oportunidades de golo. Na segunda-parte o PAOK procurou adaptar-se melhor, equilibrou o jogo e com 30 minutos para jogar os gregos chegarem ao golo. Um bom Benfica com 30 minutos para fazer o empate e Jorge Jesus decidiu quebrar a identidade da equipa. Sai Pedrinho e entra Darwin. Nasce a dupla de ataque Seferovic/Darwin e o futebol da equipa morreu ali.

Assim nasceu o meu primeiro “Porquê?”

Temos uma primeira metade de época na qual o arranque deixou vários sinais prometedores mas que se foram dissipando ao longo dos jogos, ficando a ideia que perante um insucesso Jorge Jesus abdicava da identidade de jogo que andava a ser construída.

O arranque da dupla Luca/Darwin foi fortíssimo. Com algumas exepções onde o JJ tentou ganhar os jogos retirando o 9,5 e lançando outro 9, foi esta dupla que foi dando frutos no ataque do Benfica. Mas quando a coisa descambou no Bessa, pareceu cada vez mais evaporar-se – para Jorge Jesus – a importância do avançado do jogo entre-linhas. Cada vez mais Jorge Jesus começou a optar pelo ataque à bruta em prol do ataque em classe.

Após a derrota na Supertaça a aposta de Jorge Jesus na dupla Darwin/Seferovic intensificou-se, fosse de inicio ou fosse para inverter resultados. Uma mudança no seu futebol e sinceramente um jogo muito menos atractivo por parte do Benfica.

Isto traz-nos ao jogo da última Sexta-Feira, na Luz, com o Vitória de Guimarães.

O Benfica começa com um ataque formado por Seferovic e Pizzi. Weigl no equilíbrio do meio-campo, Taarabt na condução pelo centro, Everton e Cervi em rotação ocupando mais os espaços interiores, Seferovic como referência ofensiva apoiado por Pizzi que ia procurando o jogo entre-linhas para abrir a defesa e o jogo. Algo muito mais parecido com aquilo que vimos Jorge Jesus a trabalhar no inicio da época.

Sim explorámos demasiado as laterais e os cruzamentos para o meu gosto e sim o trio de médios do Vitória actuou mais na contenção tentando somente retirar espaço aos 4 médios criadores do Benfica -  – Weigl, Taarabt, Everton e Pizzi. Mas depois do descalabro dos últimos jogos, soube bem ver o Benfica a surgir dominador, com boas dinâmicas, a preencher os espaços, a retirar possibilidade ao adversário de jogar e a criar várias oportunidades de golo.

Apesar do 0-0 ao intervalo não havia qualquer dúvida que aquela era a fórmula para marcar um, dois ou três golos no segundo tempo.

Então porquê?

Porque é que ao intervalo se muda totalmente a dinâmica ofensiva da equipa? Porque é que se retira um dos médios ofensivos criativos e se coloca mais um ponta de lança? Porque é que o Benfica abdica do preenchimento do jogo entre-linhas? Porque é que opta por ter mais presença na área em prejuízo da zona de criação?
O Benfica continuou superior ao Vitória? Sem dúvidas. Mas ao contrário do primeiro tempo já houve Vitória com bola e a criar algum perigo, ao contrário da primeira parte já não houve um Benfica tão dominador com bola e tão capaz de criar jogadas de finalização.

Porque é que um treinador com o histórico de Jorge Jesus anda agora a recorrer tão frequentemente a um futebol com um duplo pivôt ofensivo?

Com o Vitória, tal como na Grécia, esta substituição matou a reacção do Benfica a um resultado menos favorável.

Por isso pergunto... Porquê?




terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

Balanço (muito resumido) da Época

 A arrancar o mês de Fevereiro é esta a nossa situação:


Eliminados na 3ª pré-eliminatória da Liga dos Campeões pelo PAOK.

Medíocre fase de grupos na Liga Europa num grupo bastante acessível onde não conseguimos melhor que um 2º lugar.
Para uma espécie de redenção europeia só nos resta eliminar o Arsenal nos 16 avos-de-final.

Na supertaça fomos eliminados pelo Porto. Eliminados e inferiorizados.

Na Taça da Liga fomos eliminados nas meias-finais. Na Luz tivemos de ir às grandes penalidades para eliminarmos o Vitória e depois perdemos com o Braga em terreno neutro.

Na Taça de Portugal estamos nas meias-finais. Todo o nosso percurso foi um reflexo de muito felizes sorteios. Agora só serve ao Benfica eliminar o Estoril e conquistar a competição. Não vencer a final é um falhanço mas se nem lá chegarmos aí já será humilhação.

Na Liga Portuguesa, com 16 jornadas disputadas, temos 3 derrotas e 3 empates. Nos jogos grandes perdemos na Luz com o Braga e em Alvalade com o Sporting. Derrota com o Braga na Luz e derrota em Alvalade. O ponto alto até agora foi a vitória na jornada inaugural em Famalicão e o desempenho no Dragão que (só) nos valeu o empate.
O Porto já está a 5 pontos e o Sporting a 9.
Começa a parecer que lá para Abril vamos andar somente numa luta aguerrida com o Braga e o Vitória pelo acesso à 3ª pré-eliminatória da Liga dos Campeões.

Os 8 jogos grandes até hoje resultaram em 3 empates e 5 derrotas.

PAOK (f) 2-1
Rangers (c) 3-3
Braga (c) 2-3
Rangers (f) 2-2
Porto (n) 2-0
Porto (f) 1-1
Braga (n) 2-1
Sporting (f) 1-0

Isto tem de fazer envergonhar qualquer que esteja no nosso clube. E hoje o Rui Costa terá de estar severamente envergonhado com este registo patético.

A toda esta questão mais resultadista junta-se um conjunto vasto de exibições colectivas muito pobres. A equipa joga muito pouco e os jogadores andam a exibir-se muito aquém do seu potencial.

Não me importa a fanfarronice de Jorge Jesus – neste momento isso é-me totalmente indiferente. Jogar o triplo? Arrasar? Abafo ao Porto? É-me indiferente.
Importa-me o rendimento da equipa. E eu, mesmo eu que sempre tive um pé atrás com JJ e que não desejava o seu regresso, esperava – acreditava – em desempenhos colectivos e individuais muito melhores.
Jorge Jesus é melhor que isto e sabe fazer muito melhor que isto. Até agora uma profunda desilusão.

Mas há algo que nunca poderemos esquecer: o regresso de Jorge Jesus foi somente o confirmar do término do “projecto” de Luís Filipe Vieira.

Quando Vieira decidiu voltar a contractar Jorge Jesus foi o seu reconhecer daquilo que já todos sabemos há muito: Vieira não faz ideia como gerir o Futebol do Sport Lisboa e Benfica. Este presidente já está fora-de-prazo e a continuidade da sua Direcção é um crescente bolor e podridão no nosso clube.

Faltam 3 dias para o próximo jogo – recepção ao Vitória. Terei tempo para ir aqui partilhando com mais detalhe a minha visão de  tudo o que tem sido esta época até ao momento.

(E se uma imagem vale mais que mil palavras então cá segue esta – Vieira apoiado a Jorge Jesus na esperança que este o salve e lá atrás o Benfica de luto)



sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Franco Cervi

Chegou ao Benfica no Verão de 2016 para substituir Nico Gaitán e trazia no seu pé esquerdo esperanças benfiquistas de muita fantasia.


Com a alcunha de Chucky e com a facilidade com que enfrentava os adversários Cervi apresentava-se como um extremo repentista capaz de barafustar a ala direita de qualquer defesa.

Este puro extremo infelizmente rapidamente perdeu a sua magia. Jogo após jogo, época após época, Cervi foi-se tornando cada vez menos fantasista. Por quebra de confiança, por perda de habilidade ou até por culpa dos seus treinadores, a verdade é que num instante se percebeu não ser o extremo que o Benfica precisava.

Mas houve algo que Franco nunca perdeu – a garra, a vontade, a determinação e a capacidade de trabalho. São aquelas características que conquistam os adeptos e que lhe abrem espaço no plantel.

Cervi não pode ser o extremo do Benfica porque simplesmente perdeu o seu ímpeto ofensivo. Incapaz de ir no um para um, Cervi banalizou o seu jogo.

Isto juntamente com a sua postura aguerrida fizeram dele uma opção mais defensiva para os treinadores – até como extremo é utilizado numa visão mais de retranca, de cobertura ao lateral.

Assim começamos a descobrir o Cervi lateral. Mas sejamos honestos, o argentino não é forte defensivamente. Ter garra, correr muito e lutar intensivamente, não é saber defender. Tem maus posicionamentos, más abordagens e a maioria das vezes simplesmente corre atrás dos atacantes.

Cervi não só não é o extremo que o Benfica precisa como também não é o lateral que o clube necessita.

E por isto sempre tenho defendido que não tem lugar no 11 do Benfica.
E por isto tanto tenho defendido a sua venda.

Mas há contextos e contextos. E hoje o Benfica precisa de Cervi.

No início da época deveria ter saído pois não contava – Havia Nuno Tavares para cobrir Grimaldo e principalmente a possibilidade do clube se reforçar. Mas agora, a fechar Janeiro, não faz qualquer sentido a saída do argentino.

- Grimaldo vive a inconstância das lesões.

- Nuno Tavares já demonstrou não ter qualidade para jogar no Benfica.

- Jorge Jesus parece começar a apostar na possibilidade de uma táctica com 3 centrais, criando-se assim a posição de Ala esquerdo no 11 titular.

Sem que o clube tenha recorrido ao Mercado de Inverno para reforçar a lateral esquerda, com as actuais necessidades do plantel, a possível alteração táctica e a entrega do jogador apesar de mal ser opção, deixar sair Cervi é só mais uma falha estratégica desta direcção.

Só um desespero financeiro é que o pode explicar. Isto e uma contínua cegueira de quem nos dirige.

Cervi que saia mas só no final da época.



quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Oposição Credível Tem de Ser para o Presente e o Futuro

O ano de 2020 trouxe-nos eleições no Sport Lisboa e Benfica. Umas eleições especiais visto que foram de longe as mais participadas na história do clube e também aquelas onde Luís Filipe Vieira conseguir menor percentagem de aprovação.

Estas eleições trouxeram-nos também João Noronha Lopes.

Durante anos e anos ouvimos os benfiquistas queixarem-se dos atropelos de Vieira enquanto acrescentavam sempre um “mas”  - mas não existe oposição credível.

Pois bem, Noronha Lopes trouxe ao universo benfiquista a dita oposição credível. E esta é uma oposição que não poderá desvanecer-se. O Benfica precisa dela presente, atenta e exigente.

A oposição liderada por João Noronha Lopes conseguiu na sua primeira aparição, em um par de meses, chamar a si quase 38% dos votantes. Esta oposição fez Vieira ter menos de 60% de votantes. Esta oposição aniquilou por completo a figura que é Rui Gomes da Silva. Esta oposição motivou os sócios a movimentarem-se para tornarem estas eleições as mais participadas de sempre.

Noronha Lopes conseguiu reunir à sua volta excelentes benfiquistas e excelentes profissionais. Soube dar voz ao benfiquismo de Paneira. Soube recusar os aliciamentos que a direçcão de Vieira lhe acenava. Soube distanciar-se de Rui Gomes da Silva e soube reconhecer o valor do Movimento Servir o Benfica e chamar para junto de si o Francisco Benitez. Soube chegar aos benfiquistas e até soube perder.

Esta oposição credível conseguiu tudo isto mesmo sem debates, mesmo sem a cobertura da BTV, mesmo sem os votos das casas e afiliações e mesmo sem os votos dos vários colaboradores e funcionários do Sport Lisboa e Benfica.

E portanto com ou sem Noronha Lopes, com ou sem a liderança de Noronha Lopes, esta oposição não se pode retirar do dia a dia do clube. Nós sócios temos de a manter viva e activa.

O futebol cria uma sombra enorme e essa sombra é amplificada quando figuras mediáticas são as caras do que se passa neste desporto.
Para o arranque deste novo mandato Vieira contratou Jorge Jesus, deu maior palco a Rui Costa e até colocou Luisão mais próximo da equipa. São três figuras fortes e mediáticas e a centrarem as atenções de todos – benfiquistas e não só. Além disso, Rui Costa tornou-se pela primeira vez vice-presidente e assim sucessor natural do actual presidente. Se juntarmos a tudo isto os vários problemas que Vieira tem tido com a justiça e também as várias saídas do clube de figuras do seu círculo próximo, não me admiraria nada que de repente, pela sombra, Vieira se retirasse por “motivos de doença”.
E é a tudo isto que se tem passado nos bastidores, a tudo isto que está a acontecer na enorme sombra do mediatismo de Jorge Jesus, Luisão e do novo Rui Costa, que a oposição – aquela oposição credível – deve também estar atenta. Esta sombra deve ser iluminada pela Luz do benfiquismo.

Liderada ou não por Noronha Lopes, com ou sem Noronha Lopes, este novo movimento que se criou no Benfica na época eleitoral não se pode perder, não pode ser desperdiçado.

Passaram mais de 2 meses desde as eleições. Já deu para lamber as feridas. Agora é para construir sobre tudo o que foi conquistado.