sábado, 20 de fevereiro de 2021

Jorge Jesus e o Jogo sem Bola

 

Esta sempre foi uma das principais características do treino de Jorge Jesus. Foi na qualidade do jogo sem bola, tão mal trabalhado no Brasil, que Jorge Jesus se começou a destacar no Rio de Janeiro. Foi a qualidade do jogo sem bola que tanto marcou o Benfica de Jorge Jesus de outros tempos.

Equipa sem bola - capacidade de pressionar com as linhas mais próximas e principalmente qualidade de posicionamento.
Na sua primeira passagem pelo Benfica uma das marcas de Jorge Jesus era defender bem com poucos. Isto acontecia porque todos os jogadores sabiam como se posicionar tanto no momento ofensivo como no momento defensivo. Havia um conhecimento colectivo de como cada um se devia posicionar e movimentar nas mais variadas fases do jogo e com isso surgiam sempre compensações tacticamente perfeitas entre os vários jogadores.
A equipa jogava equilibrada mesmo no próprio desequilíbrio do seu jogo.

Este jogo sem bola e este aprimorado posicionamento defensivo é algo que tem faltado ao Futebol do Benfica desde Julho de 2015. Esta era a primeira e principal evolução que esperava ver neste novo Benfica de Jorge Jesus. E durante meses andei bastante decepcionado.

Se recuarmos até Agosto Iremos deparar-nos com alguns sinais positivos.
Depois de todos aqueles jogos-treino longe do olhar dos adeptos, de onde nos chegavam vários relatos sobre uma quase violenta pressão sobre os posicionamentos de Rúben Dias, vieram os amigáveis na Luz contra o Bournemouth, Braga e Rennes.

Nessa altura fiquei com excelentes perspetivas para esta época do Benfica. A espaços foi possível ver uma boa pressão sobre o adversário, uma defesa sempre bem posicionada com a linha de fora-de-jogo controlada e uma equipa totalmente equilibrada a jogar com 10. Eram sinais já de grandes melhorias face ao que tinha ocorrido nas temporadas anteriores.

Mas a verdade é que este momento de maior esperança não teve grande seguimento. Durante toda a primeira metade da época não voltámos a ser uma equipa bem posicionada defensivamente e nem forte no jogo sem bola.

É preciso aqui realçar o duro golpe que foi a saída do Rúben Dias. O central era já a voz de comando daquela defesa, foi o principal foco de evolução na pré-época com o Jorge Jesus e quando saiu chegou um Otamendi trapalhão e completamente alheio ao processo defensivo.

Qual é a boa noticia no meio disto tudo? Qual a boa noticia mesmo em jogos menos conseguidos e em resultados menos satisfatórios como foram o de Moreira de Cónegos e o de Roma (contra o Arsenal)? A equipa defensivamente está muito mais compacta do que estava até ao inicio deste mês.

Isto reflecte-se na subida de rendimento tanto do Otamendi como do Verthongen. Reflecte-se na exibição de Moreira de Cónegos onde durante quase 70 minutos a equipa jogou em total equilíbrio não dando espaço ao Moreirense para atacar. Reflecte-se na exibição com o Arsenal onde quase todo o jogo a equipa esteve sempre muito activa na limitação do espaço onde o adversário poderia progredir e criar.

A equipa continua muito limitada na qualidade com bola, no processo ofensivo e capacidade de criar desequilíbrios nas defesas adversárias.
Mas nota-se uma clara evolução defensiva no nosso processo de jogo.

Infelizmente em Moreira de Cónegos esta evolução exigiu um maior condicionamento dos movimentos dos laterais, o que nos roubou (na primeira parte) capacidade de dar profundidade aos corredores. Além disso a saída do Weigl acabou com todo o equilíbrio da equipa.
E infelizmente em Roma esse equilíbrio exigiu uma adaptação táctica para 3 centrais e também a um quase abdicar de atacar.

(Nada contra a jogar com 3 centrais, contudo na Liga Europa foi uma excepção de cariz unicamente defensivo)

Há uma evolução na equipa. Espero vê-la ainda mais consistente agora no jogo com o Farense e acompanhada por uma melhor capacidade da equipa em ter bola e criar jogadas de perigo ofensivo.



1 comentário:

Influência Arbitral disse...

Já se despediu o Bruno Lage e passados vários meses agora ainda há que pensa que o problema que o Benfica se resolve despedindo o Jorge Jesus (e olhe estamos a falar do treinador mais titulado do Benfica). É ridículo alguém acreditar que um treinador consegue ultrapassar o rival com uma desvantagem de 19 penaltis em relação ao principal rival! 19 penaltis de diferença não acontecem nem entre o 1º e o 10º classificado, de nenhum campeonato no mundo, em condições arbitrais normais.

Só para perceberem que o problema do Benfica, não se resolve com a mudança de treinador, precisas saber que desde a 27ª jornada de 2019/2020 até a 20ª jornada de 2020/21, decorreram 28 jornadas e o único penalti favorável ao Benfica, foi contra o já despromovido Ave, quando já estava a vencer um jogo que terminou 4-0. E se acrescentarmos o jogo da supertaça a 23/12/2020, em que mais uma vez, com o jogo empatado o F. C. Porto usufruiu de mais 1 penalti e o Benfica sofreu mais 1 penalti desfavorável, temos então uma vantagem de 19 penaltis para o F. C. Porto nos últimos 29 jogos em Portugal.
A 27ª jornada o Benfica partilhava a liderança com o F. C. Porto, ambas as equipas com 64 pontos, com uma ligeira vantagem de 5 golos do Benfica em relação ao F. C. Porto. Como um plantel, que em 27 jogos só consegue ter uma vantagem de 5 golos sobre o seu principal rival, conseguirá anular uma desvantagem 19 penaltis nos 29 jogos seguintes? Quando encontrares no mundo inteiro um treinador que já tenha conseguido ultrapassar na classificação um rival que usufruiu de mais 19 penaltis, então sim, podes indicar esse treinador para substituir o Jorge Jesus. Conheces alguém que já venceu em condições arbitrais tão adversas, então diz lá o nome desse génio da tática?

Podes ver os dados detalhados em https://influenciaarbitral.blogspot.com/2021/02/a-maior-diferenca-de-penaltis-entre-o-f.html