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domingo, 20 de agosto de 2017

JVP, Aimar, Jonas

O futebol, enquanto desporto colectivo, é composto por jogadores com características muito diferentes. Há craques, matadores, caceteiros, jogadores de equipa, úteis polivalentes, vertiginosos, aceleras, patrões, enfim um sem-número de adjectivos. Pese embora a qualidade de jogadores como Simão, Di Maria, Gaitán e tantos outros cujos nomes ocupariam quase uma página inteira, ao longo dos últimos 25 anos lembro-me de ver apenas três jogadores que aliavam a toda a sua qualidade um toque de futebol refinado e de classe que os tornaram diferentes e especiais. Não se trata dos que mais deram o Benfica, dos que mais conquistaram, dos melhores nem sequer dos que mais gostei de ver jogar. São apenas os três que me lembro de ver que tinham um toque de bola, uma leitura de jogo e um brilho, enfim, uma classe que os colocou noutro patamar. João Pinto, Pablo Aimar e Jonas foram os três semi-deuses que envergaram a camisola do Benfica nos últimos 25 anos.

João Pinto chegou menino e viveu os melhores anos da sua carreira no período mais negro da História do Benfica. No pós-94, viu-se ano após ano rodeado por um elenco que não lhe permitiu brilhar em todo o seu esplendor de águia ao peito. Ainda assim, pelo repentismo, pelos argumentos técnicos que não se limitavam ao toque de bola e aos slaloms geniais (foi dele o melhor golo que não chegou a ser, contra a Alemanha), pelos voos de cabeça imortais, marcou uma geração de benfiquistas e fez com que muitos dos nascidos no final da década de 80 e início da década de 90 se tornassem benfiquistas por sua culpa, apesar da escassez de títulos. João Vieira Pinto, um imortal da História do Benfica.

Pablo Aimar chegou já um jogador feito. Envolto num clima de desconfiança pelo fraco rendimento desportivo nos anos que antecederam a sua chegada, além das lesões e tempos de paragem prolongados, após a libertação do futebol enfadonho de Quique Flores foi com Jorge Jesus que mais brilhou ao longo de três das épocas que passou na Luz. O que mais impressionava em Aimar, além da visão e da facilidade e simplicidade com que encarava o jogo, era a forma como orquestrava e dirigia uma equipa recheada de estrelas. Entre Di Maria, Ramires, Saviola, Cardozo, Witsel, Javi, Gaitán e Salvio, era ele que coordenava e corria o espectáculo. Provavelmente a melhor definição de classe que passou pela Luz nestes 25 anos.

Jonas. Custa crer que um dia venceu o prémio de pior avançado do mundo. Custa acreditar que foi dispensado pelo Valencia com apenas 30 anos depois de 48 golos em três temporadas em Espanha. Jonas foi absolutamente decisivo na História recente do Benfica ao ser o grande responsável pela conquista de dois campeonatos que, sem ele, muito provavelmente teriam ido para outras paragens. Técnica de remate muito acima do normal, descongestiona jogo com passes longos de primeira ao alcance de poucos e tem ainda uma qualidade que muito aprecio: tem uma vontade de ganhar muito superior à da maioria dos colegas de profissão.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Entrevista a Pablo Aimar

Muito boa, a entrevista a Pablo Aimar. É um ser inteligente, educado, simples, directo. Sabe falar das suas paixões com sentimento e sabe contornar as questões que poderiam exigir palavras menos simpáticas. Até nisso, Pablito revela-se um verdadeiro «10». 

Destaques da entrevista:

«Não quero ter um cargo só por ter jogado no Benfica (...) Quero voltar ao Benfica mas para ser útil.»

«[Jorge Jesus] ensina muito os jogadores, consegue valorizá-los e porque consegue dar uma identidade à equipa. Nunca abdica dela. Tenta sempre que a sua equipa seja protagonista, que leve o jogo às costas, que não tenha medo de assumir. Isso é a grande qualidade dele.»

«Gostaria de ter ganho um título europeu com o Benfica. Foi o que faltou.»

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Lazar

O futebol, apesar de dito colectivo, vive de jogadores, de homens singulares. Homens que, por actos ou palavras, ganham o direito à memória, a um lugar especial na memória colectiva do clube, no coração de todos nós. As horas que mediaram o Benfica-Guimarães e a notícia da morte do grande Coluna são disso exemplo capaz.
Primeiro foi Matic, regressado a Lisboa por breves horas para receber um merecido prémio, para coroando o belo ano que havia de lhe escancarar as portas dos corações Benfiquistas. Mas eis que, quando parecia ser impossível fortalecer essa relação que a distância parecia condenar, o bom Sérvio abre o livro aos microfones da TSF num comovente Português, citando Aimar como o melhor jogador com quem alguma vez jogou. Ou jogará, acrescento eu, porque virtuosos daquela estirpe não abundam, camisolas 10 com aquela magia contam-se pelos dedos de uma mão. Foi belo o momento, Matic em Lisboa, venerando Aimar, mesmo a tempo de assistir in loco à magia de Markovic. Dúvidas houvesse e aquele golo, culminando uma exibição empolgante, seria prova bastante de que é um fora-de-série, aquele que usa o nº50. Aquele golo seria bastante para que tudo parasse por momentos, para que a terra interrompesse por breves instantes, senão a sua translação, pelo menos a sua rotação, tempo suficiente para ver aquela obra-prima feita futebol. Que a terra parasse de rodar, adiando a inevitável partida do grande Mário Coluna, imorredouro Capitão desse Benfica de feitos míticos, dessa equipa lendária que havia de elevar a águia a um patamar nunca antes sonhado, que havia de levar o nome, o nosso nome, a todos os cantos do planeta, agora parado como que por artes mágicas. Pelas artes mágicas de Lazar que, esperando ressuscitar Coluna, havia de fazer a terra voltar um pouco atrás, permitindo que o golo, que aquele golo acontecesse novamente. Para que todos nós, mas especialmente para que o Capitão o pudesse ver novamente.
A terra roda outra vez, seguindo o seu destino imparável. E o Senhor Coluna, paternalista como sempre, conta finalmente a Eusébio o golo, aquele golo que tinha visto na Luz. “Havias de ver, rapaz, havias de ver…”


domingo, 8 de setembro de 2013

Dentro e fora de campo, Aimar sabe tudo sobre futebol

Há espaço no futebol moderno para o número dez puro? Um dez como Aimar?

Tem de haver. O Barcelona joga com três números dez, no mínimo. Iniesta, Xavi e Messi são verdadeiros números dez, adaptados a funções diferentes. São jogadores que em qualquer outra equipa do mundo seriam um puro dez. Sabem, muito claramente, o que têm de fazer com e sem a bola. Inteligentíssimos.

Nos últimos anos apaixonou-se pelo futebol de alguma equipa?

Sim, pelo Barcelona de Pep Guardiola. Sobretudo por ter demonstrado ao mundo o prazer que é possível ter com uma bola nos pés. Se tivermos a bola, o adversário não a tem. E não só por isso. Se perdem a posse, recuperam na perfeição a posição defensiva e recuperam a bola com facilidade. Além do Barcelona, tenho de elogiar o Borussia Dortmund. Seja como for, nos últimos anos todas as equipas ficaram muito longe desse Barcelona.

Os adeptos puristas do futebol querem mais equipas como esse Barcelona? Ou, se preferir, quem gosta de futebol gosta desse Barça?

Eu creio que sim, mas todas as opiniões são válidas. Por um simples motivo: o futebol não é uma ciência exata e está aberto às mais variadas influências. Tudo é aceitável. Do meu ponto de vista, não há dúvidas: o Barcelona é a melhor equipa da última década.

Qual foi o treinador que melhor entendeu o futebol de Pablo Aimar?

O melhor treinador que tive foi Marcelo Bielsa. Ramón Diaz, no River, até Jorge Jesus, no Benfica, também me aproveitaram bem e entenderam o meu futebol.

E no futebol atual, qual é o treinador que mais admira?

Vejo o Bayern Munique a jogar e percebo que o Guardiola conseguiu impor muito rapidamente o que pretende: ter bola, pressionar, reduzir o espaço do campo. E fazer isto numa cultura radicalmente distinta não é para qualquer um. Para mim, Guardiola é o melhor treinador do mundo.

sábado, 29 de junho de 2013

Os Magos não se medem aos palmos.



          Como será fácil e de deduzir, proponho-me escrever uma pequena divagação por aquilo que foi Pablo Aimar no Benfica e, de facto, que melhor tema para me estrear na escrita no grande “ontem vi-te no estádio da luz” que o pequeno grande Pablito Aimar?
O grande génio do Benfica deixa no clube, nos adeptos, no país um rasto perfumado pelo melhor futebol que passou por cá a que juntou a grandeza de espirito e cognitiva que só os grandes, só os maiores podem ter. El Mago junta numa só pessoa um dos jogadores mais geniais da história do Benfica, não tenho grandes dúvidas, e um dos melhores homens
extrafutebol que vi na história recente da modalidade. Como não acredito que alguém consiga fingir durante 5 anos, durante 20 anos, afirmo-o com toda a certeza, Pablo Aimar revelou-se tão genial em campo quanto discreto fora dele, nunca levantou “ondas” nos seus momentos menos positivos, nem mesmo no mais negativo de todos, ou seja, a ultima época e a forma como se despediu do clube, fez com que o Argentino entrasse por caminhos mais tortuosos e críticos em relação ao treinador, bem pelo contrario, ainda hoje na entrevista publicada na edição de “A Bola” El Mago revela alguma magoa pela forma como não se conseguiu despedir dos adeptos, mas jamais ataca ou responsabiliza Jorge Jesus. Não se demonstra “eufórico” (bajulador) com a figura do treinador do Benfica, mas em momento algum coloca em causa as suas opções, optando até por as compreender.

Com a bola nos pés e um brilho infantil no olhar, vi serem escritos dos mais belos poemas jamais experimentados por alguém com uma bola nos pés, com a inteligência, a perspicácia, o souplesse dos génios e o sorriso fácil dos ingénuos. Assim vi e vejo Aimar, assim me dói a alma por Aimar.

E esta é a imagem que guardo e guardarei de mais um genial camisa 10 do Sport Lisboa e Benfica, isto é, um artista que fala com a bola nos pés e um senhor na postura quotidiana. Idolatrado por milhões, até por um dos maiores da história do jogo (Léo Messi), Pablito soube sempre ser homem antes de vedeta, soube sempre o lugar que ocupam os grandes. Aimar foi feito a partir de um molde raro, de uma massa em extinção, ganhando por isso direito a figurar nas mais belas páginas de um clube grandioso como o Benfica, porque soube sempre ser da dimensão que um clube como este merece e exige. Por tudo isto e muito, mas mesmo muito mais, obrigado Pablo César Aimar Giordano!

sexta-feira, 7 de junho de 2013

O Bosão de Aimar

Enquanto o champanhe inundava os óculos de cientistas meticulosamente geniais num lugar distante, a mãe de Pablo sorria em frente a um álbum de fotografias que abria com os olhos grandes e as mãos como pinças, não fosse sujar aquele ouro das memórias. Estava descoberto e comprovado e analisado e festejado o Bosão de Higgs - massa-matéria que vinha corroborar o que a mãe de Pablo já conhecia: o universo fazia algum sentido. 

 Pablo em cima de uma bicicleta, Pablo com perna estendida e uma bola no ar, Pablo a sorrir, o sinal de Pablo, o cabelo desgrenhado de Pablo e Pablo feliz, com amigos. A vizinha que tinha vindo aos soluços pela rua, com cuidado para não ferir mais aquela dor das costas que a lançava no desvario das noites em claro, chegando à casa da mãe de Pablo pediu pimentos e, se possível - não fosse o exagero -, algumas batatas para o almoço, cinco dedos de conversa e alhos e algum conforto - um "está bem? tenha cuidado com essa dor", algo que a apaziguasse e a enchesse de um sentimento de não andar no mundo sem explicação nem gente que se lembrasse das suas insónias. 

 A mãe de Pablo tinha uma panela fumegante ao lume, esquecida, crematória, quando abriu a porta e disse para a vizinha entrar. O álbum de Pablo aberto e virado ao contrário sobre uma mesa - os dentes de Pablo contra uma mesa de madeira, um sorriso estancado no vapor dos legumes. A mãe chamou a vizinha para um descanso, pôs-lhe a mão nos joelhos macerados e disse-lhe: "este é Pablo, há muitos anos". E mostrou-lhe Pablo com perna estendida e uma bola no ar, Pablo a sorrir, o sinal de Pablo, Pablo em cima de uma bicicleta, e sorriu e gargalhou da mesma forma com que tinha gargalhado e sorrido cinco minutos antes, na altura em que os dentes de Pablito não estavam assim, daquela forma quase violenta, contra um muro de madeira, à espera que a sopa e a vizinha se alargassem para o mundo. 

 A mãe fazia comentários sobre as fotografias do filho. Contava histórias, lembrava-se de outras que não estavam naquelas imagens paradas, punha vezes sem conta a mão nos joelhos e nas mãos da vizinha e ninguém - nem os cientistas que bebiam champanhe de óculos embaciados - podia adivinhar o aperto que lhe subia ao coração e à boca, à garganta, o orgulho misturado com sede de tempo. Comentava: "está em Portugal, tenho aqui um vídeo" e a vizinha forçada a permanecer de joelhos sem pimentos nem batatas e o marido à espera ali a três ou quatro casas destas imagens: 




 A mãe apertava as pernas da vizinha enquanto cantava "Pablo, Pablito Aimar..." e a vizinha fechava-se numa dor que estava quase a rebentar os joelhos para um respeito sem mácula, devoção, pedaços de imagens de Pablo a fazer aquilo nas ruas, em casa, na cozinha com e sem pimentos, batatas que tinham servido há muitos almoços e jantares atrás para uma sopa que esperou Pablo aos chutões tempo demasiado e arrefeceu. Que batatas e pimentos eram aqueles? O que seria feito deles, desceram pelos corpos e saíram do outro lado da horta e voltaram a crescer e a ser pimentos e batatas e sopas atrás de sopas, todos à espera de mais um golo de Pablo numas balizas de mochilas da escola? 

 A mãe de Pablo desconhece o Bosão de Higgs. Se lhe falassem disso, enrolaria os olhos, diria que trabalha desde criança e que essas coisas são feitas para os homens do mundo. A vizinha inventaria algo e até arriscaria uma muito pertinente questão: esses bosões dão para meter no tacho? e depois iria à sua vida, de joelhos cheios de dores e um saco de pimentos e batatas que a mãe de Pablo lhe oferecera enquanto via o sinal na cara do filho e pensava sobre essas coisas profundas de levarmos na cara e no corpo e no coração marcas iguais de criança a homem, de menino a estrela. Sinais de deus.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Voo rasante de Pablo Pablito

O João Trindade é uma excelente pessoa que tem também a qualidade de ser um excelente fotógrafo. Deverão ser milhares e milhares de fotos que tem tirado ao longo dos anos a jogos do Benfica. Hoje, uma em especial comoveu-me. Por isso aqui fica e ficará como imagem do blogue por uns tempos. Pode ter sido o último jogo do nosso Mago no Estádio da Luz.


segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

A cozinhar, vendo o jogo por mensagens.

Não pude ver o jogo - o sofrimento que é não poder ver o Benfica devia ser estudado e posto num museu para as próximas gerações conhecerem o amor que os antigos adeptos tinham pelo clube. 

Fui recebendo boas mensagens por parte de amigos. Primeiro, uma quantidade delas a anunciar um golão do Gaitán num canto marcado pelo Cardozo - aqui é preciso explicar que eu estava bezano e passei algum tempo a olhar para o monitor a tentar perceber se eu estava a imaginar coisas ou se era mesmo aquilo que estava escrito. Era mesmo, canto marcado pelo Cardozo. Bom, tendo em conta a ineficácia na marcação de bolas paradas, não me parece nada mal pensado aproveitar aquele pezinho de ouro para marcar cantos, até porque ele não é especialmente forte a concretizar nestes lances. Pode ser, Jesus, aceito - pelo menos tentas e mudas o que está mal, mesmo que tardiamente. Depois recebi a do Lima e descansei. Quando veio o «Salvio à trave e depois golo» já eu estava com o meu coração pronto a dedicar toda a noite à minha donzela.

Não posso falar do jogo porque não o vi. Destaco, portanto, o que vi e sei: 

- o fabuloso golo de Gaitán - de uma beleza, criatividade, imaginação e brilhantismo ao alcance de muito poucos. Quando vejo Gaitán marcar golos destes, além de outras façanhas que de tempos a tempos vai fazendo, mais pena tenho de o ver desperdiçar o enorme talento que tem. Vai tendo laivos e é só. Joga quando está para isso. E isso, naturalmente, não serve para o clube. Mesmo que um maravilhoso golo como este nos faça querer tê-lo por muitos anos a fazer isto no Benfica.

- a imagem que vi agora mesmo e me emocionou. Espero que venhas para ficar por muito tempo, Pablito.


sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Telegrama ao Sr Presidente

Senhor Presidente

Para quando o anuncio da renovação do Óscar Cardozo e do Pablo Aimar?
Não quero que o Cardozo saia do Benfica, muito menos por meia dúzia de "quinhentinhos" ou até a custo zero.
Em relação ao Pablo Aimar, não quero que ele saia do Benfica. Nunca.
É tudo e Obrigado.

PS: Não se esqueça, sff, de votar no melhor blogue benfiquista.

sábado, 22 de dezembro de 2012

À atenção da prospecção do Benfica

Este miúdo argentino é um médio com um talento enorme, está no River Plate e custa cerca de 25 milhões de euros. Vão buscá-lo já e façam um contrato vitalício com o puto. Acreditem que é uma pechincha.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Mais um tiro nos pés?

Após o péssimo planeamento da época, deixando o plantel sem um único médio - Matic e Pérez são adaptações -, abdicar de Pablo Aimar em Janeiro será uma definitiva machadada nas já mirradas probabilidades de podermos ser campeões.

Se querem cortar no custo com pessoal, comecem por não contratar camionetas de jogadores que nunca jogarão pelo clube ou negoceiem rescisões de alguns dos 80 e tal atletas que têm contratos.

Não se abdica, a meio da época, de um jogador que pode fazer a diferença entre conseguir a custo vencer o campeonato ou perdê-lo por erros estúpidos.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Pedimo-vos a vossa história sobre Pablo Pablito


Lembram-se da ideia do Diego que passava por pedir a todos os benfiquistas um texto (pequeno,curto, como quiserem) sobre o nosso mago e a forma como o vêem? Pois é, o tempo passou, alguns aceitaram o desafio, outros prometeram que pensariam no assunto e provavelmente houve malta que nem soube disto.
 
Passaram-se alguns meses e, apesar de já termos uma boa colheita (obrigado a todos os que participaram), ainda estamos longe, muito longe, do objectivo. Portanto vamos puxar por vós – anónimos e ilustres projectos de escritores ainda no ventre da mãe – com umas eliminatórias de textos, pode ser?
 
Todos os que quiserem participar deverão enviar os vossos tratados sentimentalões (mas sem lamechices escusadas, se fazem favor) para: pablopablitoaimar10@gmail.com

Consoante o número de textos recebidos, logo escolheremos a fase em que se iniciará a competição: dezasseis-avos, oitavos ou quartos.
 
Os textos serão todos publicados neste blogue e no do Diego e ficarão sujeitos à votação dos leitores. O vencedor há-de ganhar qualquer coisa que ainda não está decidida mas, mais do que isso, terá o orgulho de vencer a competição que escolhe o melhor texto sobre o nosso Pablito (o que chega e sobra, não é?). 
 
TODOS os textos que garantirem um mínimo de qualidade (que será observada pelos leitores e também por um júri constituído por uns quantos de nós, bloggers do mais alto quilate benfiquista) serão levados ao produto final: um livro a ser entregue em mãos ao Pablo Pablito. 
 
Vamos lá, rapaziada, inspirem-se. E procurem novas formas de explorar o sentimento. Claro que podem fazer uma biografia do Mago, mas não é bem isso que queremos de vós.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Bosão de Aimar

Enquanto o champanhe inundava os óculos de cientistas meticulosamente geniais num lugar distante, a mãe de Pablo sorria em frente a um álbum de fotografias que abria com os olhos grandes e as mãos como pinças, não fosse sujar aquele ouro das memórias. Estava descoberto e comprovado e analisado e festejado o Bosão de Higgs - massa-matéria que vinha corroborar o que a mãe de Pablo já conhecia: o universo fazia algum sentido. 

Pablo em cima de uma bicicleta, Pablo com perna estendida e uma bola no ar, Pablo a sorrir, o sinal de Pablo, o cabelo desgrenhado de Pablo e Pablo feliz, com amigos. A vizinha que tinha vindo aos soluços pela rua, com cuidado para não ferir mais aquela dor das costas que a lançava no desvario das noites em claro, chegando à casa da mãe de Pablo pediu pimentos e, se possível - não fosse o exagero -, algumas batatas para o almoço, cinco dedos de conversa e alhos e algum conforto - um "está bem? tenha cuidado com essa dor", algo que a apaziguasse e a enchesse de um sentimento de não andar no mundo sem explicação nem gente que se lembrasse das suas insónias.

A mãe de Pablo tinha uma panela fumegante ao lume, esquecida, crematória, quando abriu a porta e disse para a vizinha entrar. O álbum de Pablo aberto e virado ao contrário sobre uma mesa - os dentes de Pablo contra uma mesa de madeira, um sorriso estancado no vapor dos legumes. A mãe chamou a vizinha para um descanso, pôs-lhe a mão nos joelhos macerados e disse-lhe: "este é Pablo, há muitos anos". E mostrou-lhe Pablo com perna estendida e uma bola no ar, Pablo a sorrir, o sinal de Pablo, Pablo em cima de uma bicicleta, e sorriu e gargalhou da mesma forma com que tinha gargalhado e sorrido cinco minutos antes, na altura em que os dentes de Pablito não estavam assim, daquela forma quase violenta, contra um muro de madeira, à espera que a sopa e a vizinha se alargassem para o mundo. 

A mãe fazia comentários sobre as fotografias do filho. Contava histórias, lembrava-se de outras que não estavam naquelas imagens paradas, punha vezes sem conta a mão nos joelhos e nas mãos da vizinha e ninguém - nem os cientistas que bebiam champanhe de óculos embaciados - podia adivinhar o aperto que lhe subia ao coração e à boca, à garganta, o orgulho misturado com sede de tempo. Comentava: "está em Portugal, tenho aqui um vídeo" e a vizinha forçada a permanecer de joelhos sem pimentos nem batatas e o marido à espera ali a três ou quatro casas destas imagens:






A mãe apertava as pernas da vizinha enquanto cantava "Pablo, Pablito Aimar..." e a vizinha fechava-se numa dor que estava quase a rebentar os joelhos para um respeito sem mácula, devoção, pedaços de imagens de Pablo a fazer aquilo nas ruas, em casa, na cozinha com e sem pimentos, batatas que tinham servido há muitos almoços e jantares atrás para uma sopa que esperou Pablo aos chutões tempo demasiado e arrefeceu. Que batatas e pimentos eram aqueles? O que seria feito deles, desceram pelos corpos e saíram do outro lado da horta e voltaram a crescer e a ser pimentos e batatas e sopas atrás de sopas, todos à espera de mais um golo de Pablo numas balizas de mochilas da escola?

A mãe de Pablo desconhece o Bosão de Higgs. Se lhe falassem disso, enrolaria os olhos, diria que trabalha desde criança e que essas coisas são feitas para os homens do mundo. A vizinha inventaria algo e até arriscaria uma muito pertinente questão: esses bosões dão para meter no tacho? e depois iria à sua vida, de joelhos cheios de dores e um saco de pimentos e batatas que a mãe de Pablo lhe oferecera enquanto via o sinal na cara do filho e pensava sobre essas coisas profundas de levarmos na cara e no corpo e no coração marcas iguais de criança a homem, de menino a estrela. Sinais de deus.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Vieira apoia inequivocamente a candidatura de Pablo Aimar à bancada vip do Estádio de Alvalade

A 4 de Outubro de 2011, o jornal "A BOLA" versava assim:
 
«O presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, confirmou, esta terça-feira, que o clube encarnado apoia «inequivocamente» a candidatura de Fernando Gomes à presidência da Federação portuguesa de futebol (FPF).

«Fernando Gomes vai aproximar o futebol amador do profissional. Vai realizar uma reestruturação muito importante, traz uma nova mentalidade e acrescenta em termos de capital humano», defendeu Luís Filipe Vieira.

Fernando Gomes ocupa actualmente e liderança da Liga, que vai perder o dirigente, mas o presidente do Benfica defende que é o candidato ideal para a cadeira da FPF: «O futebol português está em mudança e neste momento é preciso um gestor profissional para o gerir».
»


Há dois dias, enquanto o senhor Vieira aproveitava a derrota polémica em Stamford Bridge para garantir, através de uma demagogia fácil e barata - que poderá vir a ter consequências nefastas para o clube -, mais apoio que o leve a mais três anos de incompetência à frente do Benfica, em Portugal decidia-se que Pablo Aimar merecia ficar de fora de um dos jogos mais importantes da época.

É bom relembrar: dos 22 casos de expulsão por "jogo violento" que ocorreram esta época na Liga Portuguesa, só 2 originaram um castigo de 2 jogos. Mais: o outro caso, de Abdullaye, deveu-se ao facto de o jogador da Académica ser reincidente, o que faz de Pablo Aimar - esse conhecido demónio da carnificina - o ÚNICO, sem antecedentes, a ficar 2 jogos de fora por castigo. 

O caso é de tal excepção que mesmo o adepto menos crente em bizarrias, bruxarias e conspirações há-de perguntar-se a razão para tamanha diferença no julgamento destes lances. Eu, que me mantenho moderadamente afastado das teorias mais profundas sobre desigualdade de critérios e prejuízo constante ao Benfica, tirei a minha fácil e óbvia conclusão: há, na Federação Portuguesa, quem não queira Pablo Aimar no jogo contra o Sporting. 

É, aliás, a única forma de ler este castigo ao argentino. O que diz muito tanto de quem gere os destinos do Conselho de Justiça da Federação como de quem apoiou "inequivocamente" esta canalha para a Presidência. 

Em vez de o senhor Vieira andar a comprar votos com frases ridículas sobre Platini e seus apaniguados - não por serem mentira no seu conteúdo, mas pela parca consequência que terão a nosso favor e que poderão, em sentido contrário, gerar um castigo pesado ao clube - talvez fosse caso para pedir ao Presidente do Benfica explicações sobre que espécie de "apoio inequívoco" foi este a um corrupto que, após ter sido responsável pelas facturas a putas e árbitros, se passeia agora pela gestão do futebol português tomando medidas como esta.

A não ser que o extraordinário e vil pontapé de Aimar tenha sido uma acção incrivelmente atípica e merecedora da diferente conclusão disciplinar, não vejo em que é que os homens liderados por esse corrupto apoiado pelo nosso Presidente se fundamentam para deixar um dos melhores 3 jogadores do campeonato fora de um jogo fundamental para o desfecho do mesmo. 

E o senhor Vieira, sempre tão solícito na arte da demagogia, talvez fizesse melhor se falasse nestes casos e se deixasse de tanto boçal populismo. Talvez tivesse feito bem melhor se, em vez de ir abrir a boca para a televisão pública quando o Benfica ganhava, demonstrasse, nos vários jogos em que o clube saiu prejudicado (mesmo ganhando), indignação e revolta e não, como fez, quando o mal já estava feito e a equipa tinha perdido pontos à custa dos agentes que ele inequivocamente patrocinou. 

Agora quem sofre é Pablo Aimar e quem sofre é o adepto. E quem sofre é a verdade desportiva, essa que tantas e tantas vezes o senhor Vieira defende de boca cheia mas que, pelas suas acções, acaba a morrer, como o peixe.

Um leitor - ex-membro deste blogue - perguntava-me há dias quais as medidas estratégicas fundamentais para o Benfica acabar com estas alimárias que dominam o futebol português. Antes de acções sólidas e estruturais, começaria por uma: não apoiar "inequivocamente" corruptos para a Presidência da Federação. Se calhar, ajudava. Digo eu, que sou mau benfiquista.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

E se Rodrigo fossem dois?

A 4 jogos (3 deles fora - todos, por razões diferentes, de dificuldade média-alta) de receber o Porto na Luz e de reiniciar a campanha na Champions, o Benfica debate-se com alguns dilemas do ponto de vista estratégico. Deixo de lado, porque essa é outra discussão, o assunto Emerson e a imperiosa necessidade de ir ao mercado de Janeiro como forma de evitar surpresas desagradáveis - ficará para outras núpcias. Importa-me aqui reflectir sobre a abordagem em termos tácticos que Jesus usará para chegar - como queremos e devemos - ao clássico em vantagem pontual. O mesmo é dizer: como abordar estes 4 jogos para que deles saiamos com 12 pontos?

Na Luz, está mais do que visto: aproximação ao 442 do ano passado, com um médio defensivo, outro de construção, dois jogadores nas alas e dois avançados. A diferença mais óbvia entre a equipa deste ano para a caótica equipa do ano passado passa pelo movimento dos alas: não tão amarrados à ideia de ganhar profundidade, antes em movimentações para o interior, participando mais na construção. Em teoria, resulta. Principalmente, com equipas mais frágeis e de organização débil: Rio Ave e Setúbal foram bons exemplos de adversários que, na Luz, podem ser encarados desta forma. 

Já quando nos aparece uma equipa a controlar com qualidade tanto a nossa saída de bola como os homens responsáveis pelo "esticar" do jogo a meio-campo (o Gil foi um bom exemplo), parece-me uma estratégia que sofre de alguns dos males da época passada: uma saída sem soluções, lenta a mastigar o jogo entre os centrais e os laterais, pouco clarividente na forma como deve sair da pressão adversária e ficando com os alas demasiado distantes para oferecem soluções ao portador. Isto porque Javi vive essencialmente naquele espaço em frente aos defesas (baixando aquando da saída de bola), deixando Witsel numa ilha em que, não raras vezes, sobrevive sozinho num diâmetro de 20 metros, ficando logo à partida condicionado e forçado a uma circulação que não promove a progressão em combinações com os avançados e, especialmente, com os alas. A equipa asfixia e tem de recuar. 

A isto junte-se-lhe a enorme incapacidade de Emerson em largar o seu cubículo no relvado (porque não sabe mais) e um Maxi que, logo na saída de bola, procura muitas vezes o desequilíbrio em profundidade, e temos um jogo mastigado, lento e previsível que pode prolongar-se minutos a mais para aquela que deve ser a atitude do Benfica: entrar para marcar o mais cedo possível e depois, então, controlar o ritmo e a intensidade dos encontros.

O dilema, portanto, existe e é compreensível que Jesus hesite entre querer dois avançados na frente e a busca por um meio-campo que privilegie a circulação e progressão mais eficaz. Por mim, se não houvesse Rodrigo, optaria por um 433, só com Cardozo na frente, entregando as alas a Nolito e César e o miolo a Javi, Witsel e Aimar. A equipa não só se torna muito mais equilibrada como, podendo parecer paradoxal, atinge uma imprevisibilidade para os adversários que, com dois homens mais adiantados, não consegue. A razão disto é óbvia: em 433 promove melhor a qualidade e inteligência dos jogadores que tem, favorece as combinações rápidas e as desmarcações, no espaço lateral ou em movimentos interiores, surgem naturalmente. Porque há mais cérebro. Há Witsel que, ao contrário de quando jogamos em 442, tem ali por perto Aimar e não a 30 metros de distância. Tem os alas mais aptos e disponíveis a diagonais e a uma maior circulação entre eles, porque há mais gente e mais competente a compensar as movimentações uns dos outros. A equipa, no fundo, joga toda mais compacta num primeiro momento para depois soltar-se e desenvolver o jogo sem ficar presa a um único plano de saída. 

Mas há Rodrigo e um Rodrigo num crescendo de forma que tem de ser aproveitado. Pelo talento que tem, pelo jogador que hoje é e não era há meses atrás, pelo entendimento do jogo que começa a ter. E, claro, pelo rasgo. O potencial de desequilíbrio que Rodrigo traz ao jogo "obriga" Jesus a uma possível nova abordagem ao sistema de jogo, embora mantendo no essencial as características que a equipa desenvolve quando em 433. Chamemos-lhe um híbrido: jogar com Rodrigo numa ala, após a perda e, em posse, soltá-lo para mais perto de Cardozo. Um contínuo balancear entre alargar em 442 ofensivo - com Witsel a procurar espaços mais próximos de Maxi - ou condensar defensivamente em 433, juntando-se o belga a Javi e baixando Rodrigo para perto do uruguaio. 

Feirense, Vitória e Académica, fora; Nacional, em casa. Tudo jogos em que este híbrido poderia fazer sentido, numa busca pela segurança e simultaneamente maior capacidade de gerar situações de golo. Os adversários são perfeitos: são organizados mas não têm, do ponto de vista da reacção e intensidade no momento da recuperação, tanta qualidade que nos fizesse temer jogar com Rodrigo numa ala em momento defensivo. 
 
Faça Jesus o que fizer, o que devemos ou queremos pedir é simples: não voltar a jogar com a equipa tão distante e pouco apta a gerir a construção de jogo, como neste último jogo se viu. Se, na cabeça do treinador do Benfica, só vivem duas formas de encarar os desafios, então pedimos aqui encarecidamente que opte pelo 433. É que, se é para jogar com Gaitán e Emerson (valha-nos deus!), há que ter gente inteligente no miolo a compensar as desmioladas e consecutivas acções do nosso Maradona dos Moinhos da Funcheira. Há que ter Pablito com a bola no pé.