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quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Auto-reflexão

Antes de se sentarem confortavelmente a ler o próximo comunicado ou notícia encomendada pelo hábil departamento de comunicação gerido e pensado por homens como Luís Bernardo e com a colaboração de José Marinho, antes mesmo de se submeterem a essa tentativa de lavagem cerebral, gostaria de propor a seguinte reflexão.

Nenhuma equipa ganha sempre. Nem que faça tudo sistematicamente bem, com o maior rigor, seriedade e profissionalismo possível. Não é o caso do Benfica. Naquilo que parece ser o epílogo do tetracampeonato, o Benfica não parece ter sido, nas várias esferas do clube, suficientemente competente a preparar a época de ataque ao penta.

As saídas de Ederson, Semedo e Lindelof não parecem ter sido devidamente colmatadas. A direcção não acautelou devidamente as saídas que já se adivinhavam desde Janeiro e acumulou um sem-número de erros na gestão dos reforços para essas posições. Se compararmos individualmente os jogadores que compõem a linha mais recuada dos três grandes, fica a clara sensação de que o Benfica está uns bons furos abaixo de FC Porto e Sporting. Cento e vinte milhões de euros feitos na pré-época e apresentar jogadores como Varela, Almeida, Luisão (a caminho dos 37 anos) e Lisandro na defesa é um insulto à inteligência dos adeptos. Parece que a estrutura que proclama estar dez anos à frente das restantes não percebeu que no futebol, além de meio-campo e ataque, também são precisos defesas.

E quando há uma clara diminuição da qualidade individual, a qualidade colectiva ressente-se. O Benfica é hoje, enquanto colectivo, muito menos equipa que o que era há cinco meses. Se perante a inépcia do treinador as individualidades ainda resolviam, quando se diminui o número de individualidades capazes de desequilibrar não se pode esperar muito. Mais: os poucos jogadores de qualidade acima da média que têm representado o Benfica nesta temporada precisam de colegas à sua altura. No meio de um colectivo recheado de estrelas, todos brilham. No meio de um colectivo onde há demasiados jogadores banais, até os melhores passam por medíocres. 

Ma não podemos atirar as culpas exclusivamente para as individualidades que a estrutura nos deixou. Os processos e a ideia de jogo do Benfica de Rui Vitória são confragedores. Paupérrimos. Acredito que não se pode exigir mundos e fundos a um plantel desta qualidade, mas também não podemos apresentar um futebol tão desprovido de rasgo, tão estático, tão desligado entre sectores. A condição física não ajuda, é um facto. E não falo só da preparação física dos jogadores lesionados (14 desde o início da temporada). Já se perguntaram por que é que Pizzi e Jonas, ontem, pareciam esgotados como se estivessem no final de uma época com 60 jogos nas pernas?

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Arranque 2014-15 – Até agora (1/2)

Após uma pré-época mal preparada, após uma quase revolução no plantel, após a saída de jogadores essenciais, após a aquisição de atletas de qualidade duvidosa e após amigáveis carregados de incertezas e maus presságios, finalmente começou a época.

O Benfica arrancou com um ponto a seu favor: o trabalho táctico feito ao longo de 5 anos. Essas rotinas foram cruciais para minimizar o impacto da redução na qualidade do plantel. Foram muitas as saídas mas a época arrancou com 9 titulares que já faziam parte das contas na época transacta.

Já todos sabemos que as equipas do Jorge Jesus têm uma tendência para começar mal, crescerem e depois claudicarem no final. Essa tendência foi um pouco ultrapassada nestes últimos 4 meses de competição. Se os últimos dois da época passada trouxeram 3 conquistas, já os primeiros dois desta trouxeram uma resposta positiva da equipa (pelo menos em termos de resultados nacionais).

Esta equipa, ainda numa fase muito frágil e inconsistente, tem conseguido juntar às más exibições, as vitórias que tanto interessam. Claro está que ganhar a jogar mal só é possível em consumo interno.

O Benfica à sétima jornada já conquistou uma Supertaça e está na liderança do campeonato com mais 4pts que o Porto e mais 6pts que o Sporting.

Não nos podemos é iludir. Há muito por onde melhorar mas também os rivais têm potencial para fazer melhor. Não há nada pior do que descansarmos na sombra das vitórias, principalmente quando estas são construídas sob exibições tão pobres e com um calendário tão favorável.

O Benfica tem uma competição ganha e também seis vitórias e zero derrotas em sete jogos do campeonato.
Contudo, também temos uma vitória só nos penalties contra o Rio Ave; um arranque na Luz contra um mediano Paços que ainda assustou; uma pobre exibição no Bessa perante um Boavista de segunda divisão e que se pode queixar de um lance mal invalidado perto do fim da partida; um empate na Luz contra um Sporting que terminou o jogo por cima; uma péssima exibição na Luz frente a um Moreirense que foi superior e esteve em vantagem até passar a jogar com 10; uma exibição passiva no Estoril onde deixámos que chegassem merecidamente ao empate depois de termos arrancado com um 2-0 e onde mais uma vez só contra 10 conseguimos a vitória; e ainda mais uma péssima exibição na Luz, desta vez contra o Arouca, e onde o Artur era herói ao intervalo e só aos 75 minutos nos superiorizámos e chegámos às redes do adversário.

Não desvalorizo as vitórias mas também não ignoro os desempenhos.

O pior destes arranques de baixa qualidade é o facto de ficarmos sempre arredados de outras lutas na Liga dos Campeões.
Sou um acérrimo defensor de que o Benfica é clube de Liga dos Campeões e que deve sempre almejar objectivos além da fase de grupos. É com bons desempenhos nesta competição que vamos recuperar o prestígio europeu há muito perdido, e não com grandes prestações em divisões muito inferiores.

Mas será o Jorge Jesus o treinador indicado para um Benfica vencedor na Liga dos Campeões?
Não acredito que o seja e por vários motivos:

• Frequentes maus arranques
• Desconhecimento da génese benfiquista
• Repetida desvalorização da competição
• Insistência numa postura derrotista na antevisão dos jogos
• Incompreensão das necessidades tácticas que esta competição exige.

Claro que o desconhecimento sobre o adepto benfiquista por parte de vários profissionais do clube também não ajuda.
O que pode ser pior do que pegar numa manifestação de amor ao clube cantada por milhares de adeptos e transformá-la numa jogada de marketing, usá-la para tapar a derrota caseira e transfigurá-la para uma “ovação de pé” aos jogadores e staff? Transformar tamanho amor em uma baboseira mediática também não ajudou ao realismo da equipa e a superficialidade com que se abordou e jogou na Alemanha foi bem demonstrativa da fictícia falta de exigência que tanto marketing criou.
 
Seria interessante se todos estes gestores que querem destruir o clube e implementar uma empresa, um dia se dedicassem a conhecer o benfiquismo vivido no meio daqueles que mais o sentem.

(Alguém reparou naquele vídeo onde num agradecimento aos adeptos pelo apoio prestado após a derrota caseira, praticamente só aparecem imagens de festejos efusivos e que nada têm a ver com o momento em questão?)

 
O Benfica 2014-15 parece simplesmente talhado para consumo interno. E é com esse foco que pode surgir aqui algum optimismo. A equipa tem potencial para melhorar, Jorge Jesus costuma evoluir ao longo do campeonato e as más exibições da equipa têm sido compensadas com vitórias atrás de vitórias.

Chegámos agora a uma paragem do campeonato. Veio em boa altura.