Tentando pensar que há uma estratégia coerente e lúcida na forma como o Benfica planeia o plantel para a época (sonhemos um pouco): a contratação do Fariña faz sentido se, por exemplo, Gaitán estiver de saída - relembro que o Jesus na época passada finalmente começou a utilizá-lo em zonas mais interiores, mesmo que não propriamente a 10, mas num falso segundo avançado em apoio a Cardozo.
Pelas características de Fariña julgá-lo uma solução a Enzo parece-me forçado, até porque teria de ser adaptado e nesse caso passaríamos por mais um processo de evolução e aprendizagem em competição; já chega as várias que temos tido e teremos. Já como opção para ser o médio ofensivo num 4231, titular ou suplente de Djuricic, faz sentido, até porque, além do sérvio, não temos mais ninguém que seja claramente um jogador talhado para a posição 10 - isto num 4231; num 4132 as diferenças, mesmo que com os mesmos princípios de jogo, são substanciais. Não só de posicionamento mas sobretudo de saída de bola: não é igual, por mais que tentem vender a ideia, que um jogador venha iniciar o processo de construção a zonas mais recuadas ou que esteja mais colado ao primeiro avançado, à espera de bolas entre-linhas e desmarcações no espaço. Sobretudo não é igual a forma como o jogo é pensado. Com um 10, a equipa respira de uma forma; sem um 10, corre de outra. Dizer que é só substituir jogadores e que a dinâmica se mantém é, no mínimo, duvidoso.
Aceitando que é esta a ideia de Jesus - Fariña para médio ofensivo -, resta saber que outras opções haverá para o meio-campo. Para a posição 8, há Enzo - com alternativas como Amorim e Gomes. Para 6, há Matic (que deverá sair), Almeida (que tem estado a ser preparado para a lateral) e Amorim (que não considero que traga benefícios claros jogando como pivot). Se Matic não sair, precisamos de um médio defensivo; se sair, precisamos de dois.
Nas laterais continua o problema na esquerda. Cortez, opinião pessoalíssima, não serve. Para jogar Cortez, joga Melgarejo. O que devia ter acontecido, e não aconteceu, era a contratação de um jogador capaz de entrar de caras e não, como dizem muitos adeptos, um jogador de 26 anos que nas mãos de Jesus deverá apreender conceitos básicos que qualquer puto com talento e escola conhece desde cedo. Confesso: acho Cortez fraco, demasiado fraco. Só espero que, à semelhança de Emerson, não jogue um ano inteiro a titular para provar que não serve. A teimosia tem limites. Ou não.
Falta ainda um central, se Garay sair. A dupla titular seria Luisão/Lisandro e nenhum dos outros do plantel tem qualidade suficiente para ser uma primeira opção que garanta um rendimento sustentado, sem oscilações.
Na frente, saindo Cardozo, precisamos de alguém com as mesmas características. Quase impossível. Mantenham Cardozo, promovam um jantar entre ele e o Jesus e deixem-se de merdas.
(Abriu sondagem ali à direita sobre o Cortez. Se estiverem para isso, avancem)