Independentemente de quem favoreceu o resultado, do
pragmatismo e da objectividade, este foi um péssimo 0-0.
Um 0-0 não tem sempre de ser tão sem interesse e bastava termos acompanhado o
jogo que começou uma hora antes na BTV para confirmarmos isso.
Não houve qualidade com bola no pé, não houve rasgos de magia e não houve
qualquer espectáculo naquele relvado.
O interesse do jogo foi construído e limitado a tudo o que aconteceu até chegada a hora do apito inicial, à situação pontual do campeonato e à presença de dois clubes tão rivais no relvado. O jogo jogado teve pouco interesse, foi pobre e deu o espectáculo que esperamos ver em divisões regionais, nunca num relvado com os melhores artistas em solo português.
O interesse do jogo foi construído e limitado a tudo o que aconteceu até chegada a hora do apito inicial, à situação pontual do campeonato e à presença de dois clubes tão rivais no relvado. O jogo jogado teve pouco interesse, foi pobre e deu o espectáculo que esperamos ver em divisões regionais, nunca num relvado com os melhores artistas em solo português.
Não podemos andar a criticar os derbies italianos e a adjectivá-los
negativamente para depois, perante o Clássico de ontem, virmos falar em grande
exibição táctica, pragmatismo, inteligência e tudo mais.
Não dá para vender o futebol português quando após aquele descalabro do Porto
em Munique, no jogo mais esperado do campeonato português e que contava com
milhares e milhares de a acompanhá-lo, oferecemos um futebol tão pobre.
O 0-0 foi o resultado justo e este empate foi muito positivo
para as aspirações do Benfica. Não foi decisivo mas quase.
Enquanto benfiquista este resultado só me vale pelo que aconteceu há uns meses
no Dragão. Qualquer alegria minha com este 0-0 é ainda direccionada para o 0-2.
No estádio o Jonas foi eleito o melhor em campo e na TSF foi o Samaris. Para mim
teria de ter sido o Lima por ter bisado.
Saí do estádio com uma mistura de sensações. Por um lado
aliviado e confiante pois conseguimos um resultado muito positivo para o nosso
objectivo da época, por outro lado desiludido e chateado, tanto com o futebol
que tinha acabado de assistir como com a ausente ambição de vitória que
apresentámos em nossa casa contra o Porto.
Olhando para o Porto.
Esperava o 11 do costume e uma equipa em velocidade e pressão alta. Foi quase o
oposto. As consequências de Munique podem em parte explicar as mudanças na
equipa portista mas não explicam tudo.
A titularidade do Helton foi uma boa, mas tardia, cartada do
técnico espanhol. Mais qualidade na baliza, liderança no relvado e identidade
na equipa.
As restantes mudanças interpreto-as como uma opção táctica
extremamente cautelosa, num jogo em que só a vitória interessava.
Contudo, percebo e até aplaudo o pensamento inicial do Lopetegui: O jogo tem 90 minutos e o Porto não tinha de o ganhar logo nos primeiros 20; O Benfica jogava em casa onde normalmente entra muito pressionante, ia ser empurrado por 60 mil apaixonados e estava mais descansado.
Assim o Lopetegui optou por um Porto mais cauteloso, a fechar os espaços ao Benfica, com capacidade de anular a iniciativa e empolgação benfiquista e que fosse crescendo ofensivamente com o decorrer do jogo. Na minha opinião o espanhol acabou por abusar da cautela e podia ter feito a mesma abordagem com o Quintero no lugar do R.Neves.
Contudo, percebo e até aplaudo o pensamento inicial do Lopetegui: O jogo tem 90 minutos e o Porto não tinha de o ganhar logo nos primeiros 20; O Benfica jogava em casa onde normalmente entra muito pressionante, ia ser empurrado por 60 mil apaixonados e estava mais descansado.
Assim o Lopetegui optou por um Porto mais cauteloso, a fechar os espaços ao Benfica, com capacidade de anular a iniciativa e empolgação benfiquista e que fosse crescendo ofensivamente com o decorrer do jogo. Na minha opinião o espanhol acabou por abusar da cautela e podia ter feito a mesma abordagem com o Quintero no lugar do R.Neves.
Ao longo da primeira parte o Porto foi crescendo e cada vez
mais conseguiu abafar o futebol do Benfica e aproximar-se da área do J.César.
Esta melhoria foi é insuficiente para uma equipa que tinha
de ganhar. O que se esperar quando um treinador abdica de um dos pontos fortes
da sua equipa – profundidade lateral – e joga com os 2 laterais recolhidos, 2
trincos, 3 médios interiores e um avançado abandonado no meio de 2 centrais?
Com o Quintero mantinha-se a cautela mas a equipa teria
melhor qualidade na saída com a bola e maior aproximação ao Jackson.
O início do segundo tempo fez-me temer pelo resultado pois pensei ver um
Lopetegui a ler e a mexer bem no jogo. Percebi que estava enganado quando vi
que era o Brahimi que ia dar o lugar ao Quaresma. O argelino não estava a fazer
um bom jogo mas esta substituição ia manter a pouca profundidade e criatividade
ofensiva no Porto. E até poderia melhor com o espaço que a entrada do Quaresma
iria trazer ao jogo.
O Porto mudou mas não o suficiente.
Só com a entrada do Hernâni o Porto se apresentou para vencer, contudo já foi
tarde a más horas. Quando os extremos entraram no ritmo do jogo a profundidade
e velocidade que trouxeram já foram contrariadas pelo desespero portista. Além
disso, o Lopetegui queimou uma alteração ao não trocar o Evandro pelo Quaresma
e assim não teve possibilidade de mais tarde povoar mais o ataque, ou com o
Aboubakar ou com o Hernâni.
Para quem só a vitória interessava, o Porto pouco fez. Subiu
de rendimento no final da primeira parte mas no segundo tempo não fez o
suficiente. O Lopetegui sobrevalorizou o Benfica e foi excessivamente
cauteloso.
A nível individual os melhores foram os centrais,
principalmente o Maicon. O Quaresma entrou mal, ao contrário do Hernâni. O
Brahimi não esteve bem e não teve espaço para jogar. O Jackson abandonado trabalhou
muito mas produziu pouco.
O Benfica apresentou o 11 previsível e foi muito afectado
pela indisponibilidade do Salvio. Para Jorge Jesus a opção seria entre o Ola ou
o Talisca e acho que escolheu mal. Eu teria apostado no Pizzi na linha com o
Amorim no meio.
Na abordagem da equipa ao jogo confirmaram-se as fragilidades tácticas e
individuais perante um adversário que quer e sabe ter bola, que tem a
iniciativa de jogo e não se limita a defender. Também se percebeu que a equipa
entrou mentalizada para o empate e sem chama imensa para tentar a vitória.
Há uma grande distância entre atacar à maluca e resignar-se com o empate e este
Benfica apareceu resignado com o 0-0.
O ambiente fora do relvado foi fantástico e o mosaico que
recebeu os jogadores ficará na memória. Este mosaico apelava à vitória, dizia
“Vence por nós” e não “Não percas por nós”.
Na primeira parte o Benfica foi insuficiente. Não houve Salvio nem profundidade
pois tanto o Nico como o Talisca tendem a vir para meio. Assim o jogo do
Benfica foi demasiadamente interior o que facilitou defensivamente mas
complicou ofensivamente. Para o Samaris foi positivo mas para o Pizzi, Nico,
Talisca, Lima e Jonas não, com o português sem espaço para ter bola e os
restantes mais na luta que na construção.
A segunda parte começou com um Benfica mais ofensivo e com
maior vontade. Soube também aproveitar os espaços que o Porto começava a ter de
dar. Apesar da produção quase nula este foi o momento em que jogámos melhor.
Acredito que a melhor entrada encarnada tenha quebrado a estratégia e a
confiança portista.
Depois de uma péssima primeira parte, conseguimos uma
segunda mais adequada. Mesmo assim queria um Benfica mais arrojado, mais forte
e com a cabeça na vitória pelo menos até 15/20 minutos do final. Por isso não
gostei da entrada do Fejsa para o lugar do Talisca. A saída do brasileiro foi
tardia mas pedia a entrada do Ola ou pelo menos do Amorim. Que jeito teria dado
o Guedes nesta substituição…
O melhor momento do Jorge Jesus foi nos últimos minutos. Com
o 0-0 e o Porto virado para o ataque, o técnico encarnado soube ler o jogo,
soube reconhecer a altura de não perder o empate e soube fazê-lo. Desta vez as
suas acções não contrariam as suas palavras, como aconteceu em Vila do Conde e
Paços de Ferreira.
Passou a mensagem certa para o relvado, manteve o meio-campo fechado com o Fejsa e Samaris e com a entrada do Almeida anulou o Hernâni e evitou a expulsão do Eliseu.
Passou a mensagem certa para o relvado, manteve o meio-campo fechado com o Fejsa e Samaris e com a entrada do Almeida anulou o Hernâni e evitou a expulsão do Eliseu.
“Se não podes vencer também não podes perder”. Esta é uma expressão que tem
sido muito repetida nos últimos tempos e que muitos querem aplicá-la à exibição
do Benfica.
O problema é que esta expressão é só referente ao final dos jogos, não à sua totalidade. A menos que acreditem que na Luz o Benfica não tinha como vencer o Porto com 90, 70, 50 e 30 minutos por jogar.
O problema é que esta expressão é só referente ao final dos jogos, não à sua totalidade. A menos que acreditem que na Luz o Benfica não tinha como vencer o Porto com 90, 70, 50 e 30 minutos por jogar.
Acho impensável a exibição do Benfica e notaram-se várias fragilidades na
equipa contudo é preciso fazer o elogio aos últimos 15 minutos.
Estou convencido que tal elogio também só é possível por
demérito do Lopetegui, pois se a equipa portista não tivesse tanto tempo a
assumir só lhe interessava a vitória, é provável que no final do jogo em fez de
gelo estivéssemos a colocar desespero no relvado.
Os centrais do Benfica estiveram muito bem apesar do
trabalho facilitado. O Jardel está muito mais maduro mas ainda foi a tempo de
um descuido que isolou o Jackson e que podia ter tido outro final se não fosse
o acertado bom senso do Jorge Sousa.
O Samaris esteve muito bem ao contrário do Pizzi que, expectavelmente, não entrou no jogo.
O Nico foi uma sombra de si mesmo.
O Fejsa entrou bem mas acusou falta de ritmo e arriscou um desnecessário segundo amarelo.
O Eliseu e o Talisca fizeram um péssimo jogo, também sem surpresa. A este nível o Eliseu é uma banalidade a atacar e péssimo a defender. A este nível o Talisca está fora do seu campeonato. Tem toque de bola e jogando numa zona interior de frente para a defesa e com liberdade pode ser útil, não mais que isso.
O Samaris esteve muito bem ao contrário do Pizzi que, expectavelmente, não entrou no jogo.
O Nico foi uma sombra de si mesmo.
O Fejsa entrou bem mas acusou falta de ritmo e arriscou um desnecessário segundo amarelo.
O Eliseu e o Talisca fizeram um péssimo jogo, também sem surpresa. A este nível o Eliseu é uma banalidade a atacar e péssimo a defender. A este nível o Talisca está fora do seu campeonato. Tem toque de bola e jogando numa zona interior de frente para a defesa e com liberdade pode ser útil, não mais que isso.
Agora é vencer em Barcelos e sem volta olímpica nem bailinho da Madeira no
relvado. Para mim isso é o suficiente para, eu que só sou sócio, dizer que
somos campeões.
4 comentários:
O Jesus tinha que mexer numa posição e optou pelo Talisca...
A tua opção era mexer em duas posições e estragar uma posição na qual está bem servido para ficar com 2 posições deficitárias...
Acho que, mesmo tendo ficado 0-0, gosto mais da opção do Jesus...
Já que estamos em teorias, acho que seria preferível meter o Amorim à direita e deixar o Pizzi na posição onde já está a jogar bem...
Caro Daniel Oliveira,
Excelente (e completa) leitura do jogo. Nada ficou por dizer e nada há a acrescentar.
Gostei bastante.
Grato,
Isaías
pv,
Acho que fica claro no texto que o Jorge Jesus teve melhor que o Lopetegui.
A minha opção seria sim mexer nas duas posições mas isso, ao contrário do que diz, não significa que ficariamos com duas posições deficitárias. Se defendo esta opção é porque considero que ficariamos com essas duas posições mais bem servidas, mais equilibradas, menos deficitárias.
Sempre gostei do Pizzi mas não como médio com tanta responsabilidade defensiva. É um bom jogador de ataque. Por algum motivo nos jogos fora e no jogo como o Porto, o Pizzi não tem convencido. Era de esperar que neste Domingo ele não iria conseguir estar bem e acredito que a prestação dele teria sido melhor na linha.
O Ruben Amorim, neste momento e vindo da longa lesão, não tem ritmo nem rotação para fazer o meio campo como o Jesus quer (e que tão bons resultados tem dado), durante mais que 10 ou 15 minutos.
Enviar um comentário