quinta-feira, 15 de maio de 2014

Depois da ressaca e ainda com os olhos em Turim

O jogo de ontem foi muito equilibrado e o Sevilha pelo que fez nos penalties mereceu a vitória.
Não se pode dizer que tenha sido um grande jogo de futebol. Foi sim um jogo típico de uma final. Momentos de desespero contrastados com momento de receio. Jogadas de perigo finalizadas pelo nervoso de um troféu na periferia do olhar.
Transitámos de momentos em que parecia nada se passar para momentos de jogo partido e correrias desenfreadas.
No final pagámos caro o preço de uma ansiedade que nos asseguraram ter ficado em Amesterdão. Durante 120 minutos toda a equipa ansiou e no fim foram Cardozo e Rodrigo que deram o nome a tal desinspiração miudinha.

Não concordo com as vozes que dizem que o Benfica foi superior e mais perigoso. Foi certamente mais rematador mas só isso.
Durante todo o jogo vi um Benfica muito partido e sem ideias enquanto o Sevilha, apesar de mais fraco, aparecia com maior sentido de jogo e consciente táctica e colectivamente.
A nossa equipa teve momentos de grande pressão, momentos em que sufocou o Sevilha na sua área, momentos em que podia e devia ter marcado. Mas não passou disso, momentos. Aconteceu na compensação da primeira parte, no arranque da segunda e nos últimos 10 minutos dos 90 e tal jogados.
Se durante praticamente todo o primeiro tempo vi um Sevilha a ganhar o meio-campo e com isso a conseguir construir melhor as jogadas que o nosso Benfica, entre os 50 e os 82 vi um Sevilha com menos mas melhor iniciativa, conseguindo criar vários momentos de ataque que ainda nos fizeram engolir em seco.
A equipa espanhola tinha os seus trunfos nas alas mas era no meio que estava o seu principal craque, o seu criador de jogo. Rakitic era a maior arma deste Sevilha e perdendo nós a luta no meio campo, demos imenso espaço para o craque croata dirigir o jogo sevilhano.

Nos penalties venceu a equipa mais confiante e concentrada.

Ficou um penalty sobre o Lima por assinalar. Todos os GKs avançam antes do tempo mas no penalty do Cardozo o Beto excedeu-se e o árbitro deveria ter mandado repetir.

Perdemos e houve erros e situações estranhas da nossa equipa. Contudo não é isso que fica. Os jogadores lutaram e o treinador tentou o melhor que conseguiu.
Saíram todos derrotados mas de cabeça levantada.
Os aspectos que destaco agora não são criticas mas sim desabafos, desabafos de quem gosta de discutir o jogo e não consegue passar uma vitória ou derrota sem o fazer.

Quando soube o 11 não tive nenhuma surpresa. Claro que talvez achasse mais natural a equipa jogar com o Almeida no lugar do Fejsa e o Amorim no lugar do Enzo mas não era por aqui que havia algo a apontar ao treinador.
A primeira situação que me deixou de pé atrás foi a resposta do JJ à lesão do Sulejmani. Não tenho dúvida que o mais lógico seria colocar o Cavaleiro e manter a identidade e colectivo da equipa. Outra opção poderia passar pelo Djuricic, colocado tanto deslocado para a linha como encostando o Rodrigo e colocando o sérvio entre a dupla do meio campo e o Lima. Jorge Jesus optou por colocar o A.Almeida. Achei arriscado, pois apesar de defender o 4-3-3 não me parecia ser o mais adequado para o final de uma época onde tanto se insistiu no 4-2-4 até finalmente se o aperfeiçoar. Contudo tendo em conta que estávamos a perder o meio-campo achei que poderia resultar. A verdade é que presenciámos uma típica invenção do JJ, desta vez colocando o Maxi a extremo e baralhando todas as rotinas de jogo da equipa. Aquela ala direita foi uma confusão.
Por fim, também não consegui ainda entender a substituição do Nico pelo Cavaleiro, já com o árbitro prestes a apitar para os penalties. Como prescindir para os penalties do nosso especialista de bolas paradas e jogador mais técnico do plantel em prol de um jovem da formação acabado de chegar ao plante principal e que foi escassamente utilizado toda a época?
O Cardozo voltou a jogar e voltou a claudicar. Só apareceu para falhar mais um penalty decisivo. A discussão sobre o Tacuara fica para outra altura.

Não é por estes aspectos que quero justificar a derrota de ontem. Longe disso. Não vou nem posso nem quero apontar o dedo a ninguém, a nenhum destes campeões.
É que por falar em campeões é sempre importante lembrar as restrições que tivemos com a ausência do Fejsa, Enzo, Salvio, Sílvio, Markovic e depois até do Sulejmani.

O Maxi foi um autêntico lutador, o Siqueira foi dos melhores, o A.Gomes ainda procura o seu espaço e jogo enquanto sénior e o Rodrigo foi dos que mais cedeu à pressão desta final.

Custou perder. Custou voltar a perder. Fica a dúvida se nos próximos anos voltaremos a ter estas hipóteses (até porque o meu desejo é ver o Benfica regularmente nos oitavos da Champions e não na Liga Europa).
Ansiava por disputar a Supertaça Europeia.

Que no Jamor conquistemos o triplete.


Por toda a terra portuguesa, se ouvem unidas numa voz, milhões de chamas bem acesas, cantando à vitória a tua história somos nós

3 comentários:

CristiMAN disse...

Só um reparo à tua análise. O porco do boi de preto devia ter expulso o animal que fez uma entrada assassina no Sulejmani. A jogar com 10 tão cedo no jogo qual seria a história desta final? Para além do Lima tb a florzinha do Carriço meteu a pata na bola, mas dou de barato que nenhum dos 20 árbitros tenham visto. E nos penaltis o Beto fez o que os bois de preto deixaram... Muita azia, sim, mas muitas razões de queixa da equipa de arbitragem. Ninguem do Benfica disse nada muito provavelmente por causa da final da champions na Luz. Mas deviam dar os parabéns a uma equipa de arbitragem que depois da palhaçada com a Juventus (permitiram a saida de Enzo, Sávio e Markovic da final) conseguiram tb hoje cortar as perninhas do Benfica. Ser gamado contra a Juventus era de esperar, mas contra o Sevilha? Mau demais...

António disse...

Primeira análise do jogo que li e com a qual concordo a 100%. Boa malha!

Marcos Goncalves disse...

Finalmente alguém com eles no sitio para dizer o que de facto se passou nesta final. Nós benfiquistas que tanto olhamos de cima a criticar o SCP pelos choradinhos desta época, agora caimos no ridiculo de justificar o banho de bola que levámos em 80min dos 122min com a arbitragem. Parabéns pela análise.