Este é o primeiro de uma série de posts em que se abordarão factos relativos à gestão do Benfica nos últimos anos. Os números apresentados serão essencialmente baseados nos Relatórios e Contas da SLB SAD, que estão disponíveis na internet para quem os quiser consultar.
O Balanço de uma sociedade é constituída por activos e passivos, sendo a diferença os capitais próprios da sociedade.
Os activos são os recursos que a sociedade controla, resultado da actividade passada e com os quais se espera que possam trazer benefícios económicos à sociedade.
Ao invés, os passivos são as obrigações com que a sociedade se comprometeu no passado e que terão que ser liquidadas.
Os capitais próprios de uma sociedade são o remanescente dos activos depois de deduzir todos os passivos, ou seja reflectem portanto a riqueza dessa mesma sociedade, quer a inicial* (capital social) quer a adquirida (reservas/resultados transitados).
Os activos são os recursos que a sociedade controla, resultado da actividade passada e com os quais se espera que possam trazer benefícios económicos à sociedade.
Ao invés, os passivos são as obrigações com que a sociedade se comprometeu no passado e que terão que ser liquidadas.
Os capitais próprios de uma sociedade são o remanescente dos activos depois de deduzir todos os passivos, ou seja reflectem portanto a riqueza dessa mesma sociedade, quer a inicial* (capital social) quer a adquirida (reservas/resultados transitados).
*-o capital social pode ser diferente da riqueza inicial se existirem operações de aumento ou de diminuição do capital social.
Estes valores referem-se unicamente à SLB SAD e não incluem os valores consolidados das outras empresas do Grupo Benfica. A opção de utilizar os valores individuais para o gráfico tem a ver com a coerência dos dados, visto não fazer sentido comparar realidades diferentes.
Os valores demonstram claramente uma subida de activos e passivos, mas em que os últimos têm crescido mais que os activos, o que originou a situação de capitais próprios negativos no final da época 2008-09 e novamente em 2011-12.
Os valores demonstram claramente uma subida de activos e passivos, mas em que os últimos têm crescido mais que os activos, o que originou a situação de capitais próprios negativos no final da época 2008-09 e novamente em 2011-12.
Perante esta situação, optou-se em 2009 pela reestruturação do grupo, com a integração da Benfica Estádio na Benfica SAD, o que implicou um aumento significativo do capital social (de 75 para 115 milhões de euros), dos activos e dos passivos da Benfica SAD, como se comprova no gráfico, voltando os captais próprios a serem positivos (apesar de ter sido mais um exercício com resultados líquidos negativos como adiante verificaremos).
Em termos de diferenças entre os valores consolidados e individuais da Benfica SAD, abaixo apresentamos a comparação da evolução dos activos, dos passivos e dos capitais próprios.
Conforme se pode verificar pela comparação no gráfico anterior, após a reestruturação do Grupo Benfica, os activos da Benfica SAD subiram de 167 milhões de euros em 2009 para 334 milhões de euros em 2010. Com a inclusão das outras empresas no perímetro de consolidação, devemos também olhar para o valor consolidado dos activos da Benfica SAD quando analisamos a realidade do Benfica.
À semelhança dos activos, também os passivos da Benfica SAD tiveram um aumento significativo de 179 milhões de euros em 2009 para 326 milhões de euros em 2010.
Aqui optou-se pela apresentação dos valores com 3 casas decimais para que se tivesse uma noção mais aproximada das variações. Conforme foi referido, após a reestruturação do Grupo Benfica, os capitais próprios saíram da situação negativa de quase 12 milhões de euros para uma situação positiva de quase 8 milhões de euros. No entanto e com o continuar da acumulação de resultados líquidos negativos, em 2012 os capitais próprios da SAD voltaram à situação negativa de 2009.
Quer isto dizer que a SAD voltou à situação de falência técnica? Sim e não. Sim porque em termos do Código das Sociedades Comerciais (artigo 35.º), quando os capitais próprios de uma sociedade são negativos esta está em falência técnica. No entanto, existe uma reserva de valor que não está reflectida nos activos da SAD.
Em termos de balanço, o plantel da Benfica SAD a 30-06-2012 estava avaliado em 92 milhões de euros, embora este valor não reflicta o valor total dado que algumas parcelas de passes estão alienadas ao Benfica Stars Fund (BSF). O BSF indica que o valor dos jogadores em carteira a essa data era de 16,8 milhões de euros, ou seja, em termos contabilísticos, o valor líquido do plantel do Benfica rondaria os 109 milhões de euros. Consultando sites internacionais sobre transferências de jogadores e avaliações de passes, facilmente obteríamos uma valorização do plantel superior a 200 milhões de euros a 30 de Junho de 2012, pelo que a situação de falência técnica na verdade era meramente teórica.
No entanto e fazendo o paralelismo com o Sporting, quando uma SAD necessita de vender os seus activos para realizar dinheiro, os valores que obterá pelos passes de jogadores serão sempre abaixo dos valores de mercado, à semelhança de quem passa por dificuldades financeiras e precisa de vender parte do seu património com urgência para arranjar dinheiro também nunca conseguirá obter o justo valor pelo património vendido, dada a necessidade de liquidez.
Os valores das massas patrimoniais são valores acumulados; isto é, resultam dos resultados de todos os anos anteriores. Fazendo o paralelismo com o país, é o mesmo que estarmos a falar da dívida pública. Para chegar a estes valores devemos então perceber como têm sido os resultados anuais, resultados estes que em termos do país corresponderiam aos valores do défice.
Em termos de balanço, o plantel da Benfica SAD a 30-06-2012 estava avaliado em 92 milhões de euros, embora este valor não reflicta o valor total dado que algumas parcelas de passes estão alienadas ao Benfica Stars Fund (BSF). O BSF indica que o valor dos jogadores em carteira a essa data era de 16,8 milhões de euros, ou seja, em termos contabilísticos, o valor líquido do plantel do Benfica rondaria os 109 milhões de euros. Consultando sites internacionais sobre transferências de jogadores e avaliações de passes, facilmente obteríamos uma valorização do plantel superior a 200 milhões de euros a 30 de Junho de 2012, pelo que a situação de falência técnica na verdade era meramente teórica.
No entanto e fazendo o paralelismo com o Sporting, quando uma SAD necessita de vender os seus activos para realizar dinheiro, os valores que obterá pelos passes de jogadores serão sempre abaixo dos valores de mercado, à semelhança de quem passa por dificuldades financeiras e precisa de vender parte do seu património com urgência para arranjar dinheiro também nunca conseguirá obter o justo valor pelo património vendido, dada a necessidade de liquidez.
Os valores das massas patrimoniais são valores acumulados; isto é, resultam dos resultados de todos os anos anteriores. Fazendo o paralelismo com o país, é o mesmo que estarmos a falar da dívida pública. Para chegar a estes valores devemos então perceber como têm sido os resultados anuais, resultados estes que em termos do país corresponderiam aos valores do défice.
Durante um exercício há receitas e despesas que são classificados em proveitos e custos. Se os proveitos superarem os custos temos um resultado líquido positivo, ou seja a sociedade terá tido lucro; caso contrário, teremos um resultado líquido negativo, isto é, a sociedade durante um ano terá perdido parte da sua riqueza.
Conforme referido anteriormente as fontes dos dados são os Relatórios & Contas Anuais da SLB SAD. Os valores do quadro estão em milhares de euros; os do gráfico, como legendado, em milhões.
Os números dos três mandatos de LFV são inequívocos, nas primeiras três épocas, 2003-06, somou um prejuízo de 15 milhões de euros que foram compensados na época de 2006-07, em que o lucro atingiu os 15 milhões de euros. A seguir seguiu-se uma época relativamente equilibrada, 2007-08, onde apresentou um lucro residual e desde aí soma quatro épocas de prejuízos constantes, tendo ultrapassando os 73 milhões de euros de prejuízo acumulado nessas 4 épocas.
Estes 73 milhões de euros renderam 1 Campeonato e 4 Taças da Liga, enquanto os 15 milhões de euros de prejuízo entre 2003 e 2006 tinham rendido 1 Campeonato, 1 Taça de Portugal e 1 Supertaça mas na altura não existia a Taça da Liga.
Quais as causas para este acumular de prejuízos?
Um fenómeno que tem concorrido para este agravar de resultados são os custos financeiros originados por um passivo oneroso crescente, ou seja, o valor do conjunto de empréstimos bancários e obrigacionistas que a SLB SAD e restantes empresas do Grupo Benfica contraíram tem aumentado apesar do que foi afirmado em campanha pelo Administrador Financeiro.
Os números aqui apresentados reflectem unicamente os valores individuais da Benfica SAD e não os valores agregados do Grupo Benfica.
Na verdade, antes de Luis Filipe Vieira assumir a presidência do Benfica, o endividamento bancário, lato senso, rondava os 25 milhões de euros em 2003 e cresceu até aos 95 milhões de euros em 2007. Em Janeiro de 2008, com uma reestruturação do Project Finance do estádio, a Benfica SAD liquidou 48 milhões de euros à banca.
Se olharmos aos números, o impacto da reestruturação do Grupo Benfica que ocorreu durante a época 2009-10 foi menor do que a decisão de endividamento para obter resultados desportivos que foi tomada na época anterior:
"Por último, há que referir que este aumento do endividamento está relacionado com a necessidade da Sociedade em investir com o intuito de obter resultados num futuro próximo, sendo de destacar que as instituições bancárias continuam a acreditar e a apoiar a estratégia da Benfica SAD através da criação de condições que têm permitido à Sociedade financiar a sua actividade." - in RELATÓRIO & CONTAS 2008/2009 - Benfica SAD
Se olharmos aos números, o impacto da reestruturação do Grupo Benfica que ocorreu durante a época 2009-10 foi menor do que a decisão de endividamento para obter resultados desportivos que foi tomada na época anterior:
"Por último, há que referir que este aumento do endividamento está relacionado com a necessidade da Sociedade em investir com o intuito de obter resultados num futuro próximo, sendo de destacar que as instituições bancárias continuam a acreditar e a apoiar a estratégia da Benfica SAD através da criação de condições que têm permitido à Sociedade financiar a sua actividade." - in RELATÓRIO & CONTAS 2008/2009 - Benfica SAD
Esta foi uma política seguida pela Benfica SAD não só na época 2008/09, mas também nas recentes épocas; caso contrário, o passivo "bancário" não teria crescido mais 62 milhões de euros entre 2010 e 2012.
Relativamente ao Centro de Estágio e apesar do empréstimo do mesmo estar incluído nas contas individuais da Benfica SAD, a verdade é que a dívida passou de 15,368 em 2009 para 11,307 milhões de euros em 2012. Já quanto à Benfica Estádio - onde se concentram os financiamentos -, o valor dos empréstimos desceu dos 78,937 milhões de euros em 2010 para os 69,031 milhões de euros em 2012.
Existe pois um endividamento que é explicado pelos investimentos anteriores em infra-estruturas físicas, Estádio e Centro de Estágio, mas não são estes que explicam o crescimento do endividamento bancário nos últimos anos, ao contrário da ideia que tem sido vendida, pois os seus valores estão a diminuir ao contrário do endividamento da SAD.
Quais as razões para este crescimento do endividamento? Há várias e pretendemos explorar nos próximos posts. No entanto, o essencial a realçar é que apesar de tudo o que tem sido dito e escrito, a gestão de Luís Filipe Vieira, em especial nos últimos 4 anos, somou prejuízos e aumentou o endividamento bancário sem que o mesmo tenha sido originado pelos investimentos nas infra-estruturas desportivas.
Relativamente ao Centro de Estágio e apesar do empréstimo do mesmo estar incluído nas contas individuais da Benfica SAD, a verdade é que a dívida passou de 15,368 em 2009 para 11,307 milhões de euros em 2012. Já quanto à Benfica Estádio - onde se concentram os financiamentos -, o valor dos empréstimos desceu dos 78,937 milhões de euros em 2010 para os 69,031 milhões de euros em 2012.
Existe pois um endividamento que é explicado pelos investimentos anteriores em infra-estruturas físicas, Estádio e Centro de Estágio, mas não são estes que explicam o crescimento do endividamento bancário nos últimos anos, ao contrário da ideia que tem sido vendida, pois os seus valores estão a diminuir ao contrário do endividamento da SAD.
Quais as razões para este crescimento do endividamento? Há várias e pretendemos explorar nos próximos posts. No entanto, o essencial a realçar é que apesar de tudo o que tem sido dito e escrito, a gestão de Luís Filipe Vieira, em especial nos últimos 4 anos, somou prejuízos e aumentou o endividamento bancário sem que o mesmo tenha sido originado pelos investimentos nas infra-estruturas desportivas.
41 comentários:
Que enorme trabalho.
Parabéns B Cool. Na net, não vejo ninguém igual para este tema.
Obrigado pelo Serviço Público.
Sempre em consideração!
Obrigado!
BCool, tiro o meu chapéu a um trabalho de grande qualidade. Parabéns pelas horas dedicadas à nossa causa, SLB.
Se é verdade que os activos na vertante jogadores estarão quase sempre sub-avaliados, e quanto aos restantes activos? Os estádios de futebol não são um bem facilmente transacionável e entre Estádio, pavilhões, etc estamos a falar de bens avaliados em 160 milhões de euros em 2011 (estou a falar de memória). Este item está sub ou sobre valorizado nos relatórios?
Uma coisa inteligente a fazer seria 'naming' do Estádio. Tal como o Braga fez, «hats off», e os grandes clubes por essa Europa fora. Seria um excelente activo.
Foda-se que trabalho do CARALHO... muito bom mesmo! PARABÉNS....
És o nosso Aimar das finanças.
Ainda vais ser convidado para Assessor do Sr Presidente.
Excelente trabalho, Bcool!
Este artigo é um exemplo de como tornar inteligivel um objecto de estudo cuja compreensão é reservada a uma elite. Obrigado Bcool!
Parabéns Bcool! Excelente post.
Já sei mais um que vou querer para meu assessor.
Enorme trabalho BC. Abraço.
Bom trabalho, B Cool!
Uma questão que se me pôs agora: nessa reestruturação de 2009, o que é que implicou ao certo a incorporação da Benfica Estadio (BE) na Benfica SAD? Na altura tinha ficado com a ideia de que iria haver uma fusão das duas empresas mas, pelos vistos, as duas empresas continuam a existir...
Agora a questão que realmente me preocupa: a Benfica SAD era detida (directa ou indirectamente) apenas a cerca de 60% pelo SLB, enquanto a BE era 100% do clube. Como é agora? A BE é 100% da SAD? Ou seja, apenas 60% do SLB?
Agradeço se me puderes esclarecer.
Louvo a simplicidade com que analisas estas coisas da economia que alguns traduzem para economês.
Claro que a gestão de uma SA...D tem particularidades que a distinguem da normalidade já que o futebol começou por ser uma paixão que cada vez mais se bem transformando em negócio que manterá sempre a sua singularidade porque os seus lucros são avaliados pelos titulos que se consquistam embora a mim me tenha sempre preocupado a estabilidade financeira.
Penso também que pela sua grandeza o Benfica poderia e deveria ser mais lucrativo em titulos e ao mesmo tempo ter uma situação economica mais equilibrada.
Acho uteis estas análises que vens fazendo pricipalmente porque procuras ser isento e por isso as aprecio porque também penso que todos os benfiquistas deveriam dispensar mais atenção ao assunto.
Os golos proporcionam-nos alegria alimentam a nossa paixão mas é bom que não descuremos a forma de os poder sustentar.
Mais uma vez louvo e agradeço a tua dedicação.
@jag,
a Benfica Estádio é detida a 100% pela Benfica SAD, no relatório de 2009/10 já assim aparecia, apenas a formalização estava dependente de aprovação, mas no relatório de 2010/11 já aparecia o seguinte:
Actualmente, o Grupo Benfica SAD engloba as seguintes entidades para além da Sport Lisboa e Benfica – Futebol, SAD:
Entidade Actividade Capital detido
Benfica Estádio, SA Gestão de estádios 100%
Clínica do SLB, Lda Saúde 50%Benfica TV, SATelevisão 49,998%Benfica Stars Fund Gestão de activos 15%
Benfica Seguros, Lda Seguros 2%
A Benfica Estádio – Construção e Gestão de Estádios, SA é uma sociedade anónima constituída em 15 de Outubro de 2001, tendo sido detida a 100% pelo Clube até Dezembro de 2009 e sendo actualmente detida pela Benfica SAD, e tem por objecto social a gestão, construção, organização, planeamento e exploração económica de infra-estruturas desportivas.
Obrigado a todos pelos elogios e espero que os próximos posts sejam igualmente do vosso agrado.
@Filipe,
os activos normalmente estão avaliados pelo valor de construção em termos brutos, acrescidos de trabalhos adicionais que sejam feitos e depois são amortizados em função do número anos de vida útil segundo as regras aceites fiscalmente.
Se estão sub ou sobrevalorizados, conforme disseste não há um mercado para compra e venda de estádios de futebol, pavilhões, piscinas, etc. e portanto torna-se difícil fazer a valorização sendo necessário recorrer a mecanismos alternativos.
Não te consigo dar uma resposta, pois não tenho elementos que me o permitam fazer, mas há quem na net defenda estarem muito sub-avaliados.
@Joel Rodrigues
essa é uma das questões a abordar no último dos posts desta série.
Primeiro, abordaremos o que foi/é, depois logo nos preocuparemos com o que deve ser.
@Conde
já o disse aqui antes, o que me liga ao Benfica é a paixão, que nasceu muito antes de saber o que eram custos ou proveiros, com as vitórias, os títulos, os jogos épicos, os ídolos do passado.
A questão, é que cada vez mais, o futebl é uma indústria, que tem que ser bem gerida para que possam existir os meios para assegurar equipas que nos permitam novamente desfrutar das vitórias, dos títulos, das campanhas gloriosas, e a verdade é que em 9 anos de mandato, ganhámos 2 títulos, fomos 2 vezes ao Jamor mas só ganhámos 1 vez.
Claro que há quem fale na Supertaça, ou nas 4 Taças da Liga ou mesmo nas vitórias das modalidades. O que essas pessoas não vêem, é que se o futebol não criar recursos para poder libertar para o clube através de dividendos, dificilmente se poderá manter o ecletismo, pois esse tem sido mantido à conta do progressivo endivvidamento do clube à SAD e consequente alienação dos seus bens à mesma sad para pagar as dívidas - j
a foi a benfica estádio e a próxima é a benfica SGPS e vai ser mais cedo do que julgam.
O POC diz, e muito bem, que não há ninguém na blogosfera benfiquista que escreva de forma tão clara e tão bem sobre este assunto. Não há como negar, Bcool. Muito obrigado. Eu sou um atrasado mental nesta matéria e consegui compreender tudo o que aqui está - acho que todos os outros atrasados mentais como eu sentiram o mesmo. Passar do "economês" para uma linguagem directa de forma a que todos compreendam as contas do clube é um trabalho de um valor incalculável. Muito orgulho em ter-te connosco.
As minha suspeitas de atrasado mental encontram justificação nos teus posts: a estratégia tem tido muitas falhas, com consequências nefastas para o futuro do clube se não se fizer uma viragem radical. Como sabes, não acredito nela e custa-me muito observar que quem é o responsável máximo por estes assuntos continue a mentir aos benfiquistas sob a arrogância de achar que ninguém compreende o que está a ser dito. Até por isso o teu trabalho é fabuloso: no fundo, estás a dotar os benfiquistas de cultura financeira e capacidade para entender e problematizar estas questões.
Rosário com toda a certeza não se esquecerá de ti, na devida altura.
Excelente trabalho! Ainda esta semana também vais receber um convite para um cargo na estrutura do Benfica (como o outro!xD) para não andares aqui a dar a conhecer estas coisas!
Continua assim!
Faço parte de um novo blog sobre futebol! Passem lá para dar uma vista de olhos quando puderem, acho que, no geral, vão gostar: http://patadasnoborges.blogspot.pt/
Saudações Benfiquistas
Bcool
Todos nós nos dizemos do Sport Lisboa e Benfica.
No entanto pelo que me é dado conhecer o Clube tem activos de 15M€ e um passivo superior a 100M€.
Será isto sustentável?????
Como pode o Clube ser representativo de quase 70% do capital da SAD quando os seus activos são aqueles?????
@Ricardo, touché. E apesar de eu não fazer parte, também tenho muito orgulho em ter alguém com o B Cool por aqui. É uma mais valia enorme, pela temática diferenciada e estudiosa que nos traz.
Abraço.
@Conde,
Não sendo tão simplista como o Pragal Colaço que se limitou a provar que era zero, o que não é verdade, os 100 milhões também não correspondem à realidade, pois algum desse valor são provisões originadas pela perda de valor quer da Benfica SAD quer da Benfica SGPS.
Não tenho de cabeça o relatório do Sport Lisboa e Benfica, mas preocupam-me que as dívidas do Sport Lisboa e Benfica e da Benfica SGPS estejam a vencer juros de 6,3%, sem que tenham grandes fontes de receita, ainda para mais quando o reembolso do empréstimo está próximo e não sei com que fundos irá ser efectuado.
Só espero que não preparem mais uma "incorporação" com as consequentes dações de acções.
Aliás, uma reavaliação de activos, faria aumentar substancialmente os capitais prórpios (o lado negativo seriam os impostos a pagar-IRC) e com uma sad com capitais próprios bem positivos, parte dessas provisões deixariam de ter razão para estarem no balanço do clube.
Outra solução passaria por algo semelhante ao que o Sporting fez, alterando o valor das quotas que vão para a SAD, visto que os descontos para os sócios nos bilhetes não justificam um valor tão quotização dado. Ao alterar a percentagem, já aumentaríamos as receitas do Sport Lisboa e Benfica.
Parabéns pelo artigo. Simples, fácil, o complexo desmontado. Não é fácil fazer simples...dá muito trabalho...requer muito estudo...
Duas sugestões: não resulta claro, para mim, a soma que se faz do valor dos jogadores no fundo com o valor contabilizado na SAD. Segunda, os activos valorizam...ou desvalorizam....seria interessante um pequeno exercício sobre as desvalorizações ímplícitas nos imóveis estádio, piscinas, e outros...
Gosto das métricas comparativas para tentar perceber os valores dos passes dos jogadores, mas não me parece líquido que o valor a corrigir seja em alta...
Meras sugestões, sempre aberto a ajudar se necessário. Mais uma vez parabéns!
B, sou outra "atrasada mental" como o Ricardo nesta linguagem de economês e financês. Além de não perceber detesto!
Ao longo dos anos fui apanhando alguns conceitos porque trabalho na banca portanto, acabei por perceber que com um bocadinho de esforço e mesmo não gostando ía chegando onde interessava.
Não trabalho nem nunca trabalhei com Empresas (médias e grandes empresas), sobretudo por esta aversão. Não tenho nada a vêr com números destes, tão crus chamemos-lhe assim.
Talvez se a linguagem utilizada na escola e mesmo pelos meus colegas ligados a esta área, sobretudo a empresarial, fossem a tua eu pudesse ter chegado a CEO......
É que a probabilidade de gostar, pelo facto de perceber, de facto existiria!
Na parte do bancarês propriamente dito, sem análise de contabilidades, já falo a tua lingua.
Referes no texto, e muito bem, que os activos relacionados com infra estruturas estão avaliados pelo valor de construção. Para além da questão de não se comprarem/venderem estádios e pavilhões aos pontapés, existe o factor da desvalorização do mercado face à realidade que vigorava à data destas construções. E é muita, daí talvez falar-se na tal "sub avaliação".
Não sei como terão sido negociadas as garantias de financiamentos mas o rácio desta relação poderá actualmente estar seriamente diminuído. Consequências: agravamento de juro e dificuldade em manter a facilidade de crédito que o Benfica vinha tendo.
Tal como o País, esta é uma bola de neve muito perigosa..
Não é que já não tenhas tido muitos mas ainda não tiveste os meus: parabéns e agradecimentos pelo teu fantástico trabalho e dedicação.
Grande Marta.
E valeu também por essa explicação no final. Dá que pensar.
@Marta,
obrigado pelas palavras.
As garantias estão bem sólidas, nem é por aí, num project-finance são as receitas que geram o prórpio bem que são a garantia do financiamento e se há coisa que tem crescido são as receitas do estádio. No entanto, quando houve a renegociação do project-finance, houve outras garantias prestadas.
Na verdade, as taxas de juro do financiamento do estádio são exremamente reduzidas, quando comparadas com as que se pagam para financiar a actividade corrente, seja as pagas em empréstimos obrigacionistas - 6%, sejam as pagas através dos factorings associados ao desconto da venda de jogadores 10%.
Volto a reforçar, o investimento em infra-estruturas e os custos do financiamento das mesmas não são o que estão na origem dos elevados custos financeiros.
Obrigada POC!
B, os empréstimos obrigacionistas estão num patamar de taxa quase incomparável.. Veremos quando chegarem à data do reembolso se não veremos este mesmo patamar "batido"..
Muito trabalho, sim. Quem corre por gosto não cansa. Mas que diz muito pouco.
Isto fazia eu a brincar com o Excel da altura, o Lotus123, quando andava a estudar gestão. Só que mostra uma parte muito pequena do que é a gestão de uma empresa. É a gestão vista do departamento de contabilidade, com a ajuda do Excel.
Não se pode de gerir uma empresa apenas com esta informação que conta apenas uma pequena parte da realidade. Seria como conduzir um carro a partir do assento de trás olhando pelo espelho retrovisor.
@Paulo Marcos,
"não resulta claro, para mim, a soma que se faz do valor dos jogadores no fundo com o valor contabilizado na SAD"
Eu compreendo e até aceito a crítica, pois o que deveria ter feito era ter calculado o valor do percentual dos passes cedidos ao BSF com base nos valores líquidos no balanço.
Mas não há dados desagregados quanto aos valores líquidos de cada passe e não tenho inside information, por isso optei por valorizar o valor da carteira de jogadores do BSF, visto que também amortizam os passes e somá-lo com os valores do Balanço para ter uma ordem de grandeza que se comparasse com as avaliações internacionais.
Considero que é uma boa aproximação, e dá-nos uma noção do diferencial entre o valor de mercado e o valor de balanço, ou seja o valor oculto que corresponde à efectiva sub-valorização dos passes dos jogadores.
"Gosto das métricas comparativas para tentar perceber os valores dos passes dos jogadores, mas não me parece líquido que o valor a corrigir seja em alta..." - os valores que eu consultei para o actual plantel principal (só o plantel pricipal, não os mais de 80 jogadores) ultrapassam os 175 milhões de euros.
Mesmo descontando as percentagens que o Benfica alienou ao BSF, fiz agora umas contas rápidas e estão avaliados em 147 milhões de euros, só os do plantel principal não contando com o Júlio César, o Mika ou o Kardec.
Tenho a certeza absoluta que os 92 milhões de euros estão muito abaixo dos valores de mercado.
"Segunda, os activos valorizam...ou desvalorizam....seria interessante um pequeno exercício sobre as desvalorizações ímplícitas nos imóveis estádio, piscinas, e outros..." - estamos perfeitamente receptivos a receber quaisquer trabalhos que sejam efectuados nessa área e a publicá-los com os devidos créditos.
Mas os empréstimos obrigacionistas não foram efectuados para pagar o investimento em infra-estruturas, mas antes para pagar os investimentos na equipa de futebol e a actividade corrente, e esse é o meu ponto, acabar com o mito que os investimentos no estádio e no centro de estágios desviam muitos recursos e são os responsáveis pelos elevados custos financeiros.
@anónimo,
Tenho pena que não use um nick, pois gostava de um diálogo com alguém que se registasse para poder ir olhando aos comentários aos diferentes posts que vão ser publicados em vez de fazer esse tipo de comentários destrutivos.
Os gráficos pretendem ajudar à visibilidade dos números, pois os relatórios & contas estão disponíveis para todas as pessoas consultarem e não é por isso que se tornam mais inteligíveis.
Quanto ao ser o ponto de vista da contabilidade, é verdade, mas tínhamos de partir por algum lado para analisar a gestão e que melhor lado para começar para perceber se a SAD tem ganho ou perdido dinheiro ?
É que a mim que me preocupa o SLB, mas do que a SLB SAD, preocupa-me que esta sociedade onde o SLB é detentor da maioria do capital esteja constantemente a perder dinheiro e com isso a causar perdas de valor no balanço do SLB, em vez de ganhar dinheiro e distribuir pelos seus accionistas.
Sim B, eu percebi.
A nota foi no sentido do tal "escalar", a eventual oferta que se segue no caso de vir a ser contraído mais um empréstimo obrigacionista..
Mas é inevitável Marta, tendo em conta que em Dezembro se venceu o empréstimo obrigacionista de 50 milhões de euros e em Abril se vence o outro de 40 sem contar outros empréstimos cujas amortizações intermédias tiveram que ser efectuadas.
Dá um gosto danado ler tudo isto. pela elevação e qualidade dos comentários. Fantástico!
Preocupam-me as taxas de juro que serão aplicadas à medida que linhas de crédito/financiamentos actuais de curto prazo vencerem.
Apesar de a taxa de referência do BCE estar em baixa, a necessidade de liquidez por parte da banca é muito grande.
Há muitas empresas cotadas que já são obrigadas a procurar outros meios de financiamento lá fora, pois a sua capacidade de endividamento na banca nacional está esgotada.
Isso preocupa-me, pois dificilmente será conseguido sem o Benfica entregar outro tipo de contrapartidas.
Preocupa-me quais serão essas contrapartidas.
A questão essencial é que com Sporting a pagar 9,25 pelas obrigações e o Porto 8,5, deverá ser difícil que o Benfica monte um empréstimo obrigacionista para substituir parte dos valores reembolsados que seja com taxa inferior a 8%, mas estamos cá para ver.
Segundo está no R&C, os spreads dos empréstimos não têm subido porque o Benfica tem cumprido escrupulosamente os prazos de pagamento. Na verdade, a maioria dos empréstimos da Benfica SAD foram concedidos a taxa fixa e para os que estão indexados à Euribor foram criados Swaps para prevenir subidas da taxa de juro.
O problema não são os empréstimos existentes, o problema são os instrumentos usados para antecipar pagamentos relativos às transferências, visto que os factorings foram subscritos a taxas muito elevadas.
Preocupa-me que tendo em conta a necessidade de tesouraria originada pelo reembolso dos empréstimos obrigacionistas o Benfica opte por descontos de outras transferências, ou empréstimos ou equivalentes para suprir necessidades de tesouraria que sejam contratados a elevadas taxas, além de que com toda a certeza que nos empréstimos obrigacionstas, não conseguiremos emitir novos a 6%.
O que aqui está escrito, com fundamento e muita competência, e que não contesto porque me parece muito bem elaborado, apenas comprova boa parte das razões que me levaram a enveredar por uma luta de opinião contra o Sr.º Vieira.
Ele é o verdadeiro aldrabão que passou pelo Benfica, e não o que, com a sua peculariedade e muitas dificuldades para vencer, foi presidente entre 97 e 2000.
Não era muito difícil chegar a esta conclusão. Uma pessoa que vive de prometer títulos, apesar de sietemáticamente os falhar, e continuar a prometer mais e mais conquistas, apesar de continuar a falhar em toda a linha dos pormenores, uma pessoa assim só pode ser rotulada de mentirosa. Compulsiva.
Mas a máquina da opinião, paga ou influenciada pelos lobbies do futebol (BES, Joaquim Oliveira, PT, etc). faz dele o salvador. Compreende-se: nunca esses grupos ganharam tanto dinheiro com o Benfica, como agora. Aliás será que havia alguma outra finalidade na lista que ganhou em 2000, que não fosse trazer esses interesses para o Benfica?
Depois há a máquina dos notáveis. Que não passam de uma cambada de nababos, ex-ministros ou não, ex-políticos ou não, que lhes interessa este Benfica domesticado e que ganha quando o outro perde.
Por isso entreguei o cartão de sócio. 18 anos pelo cano. Mas prevalece a verdade. Não me revejo nisto, nesta aldrabice continuada.
Recordo que o financiamento AUTORIZADO pela AG que aprovou a construção do novo estádio, foi de 40 milhões. Pelos vistos já foram 79 e agora são 60 e tal milhões. Mas sim, o aldrabão era o outro.
Também recordo que o Sr.º Vieira entrou com 4,25 milhões no capital social da SAD do Benfica. Em 2001 contudo conduzia ele próprio o seu Mercedes. Hoje tem motorista. Então não tinha dinheiro para o motorista antes, mas teve 4,25 milhões para gastar em acções que toda a gente sabe que desvalorizam de imediato mais de 30/40%?
Ou será que o BES entrou com esse dinheiro como contra partida do plano que fizeram para tomar de assalto, por via democrática mas à custa de aldrabices, e sendo assim uma forma de Vieira continuar ligado ao processo?
Como é que Vieira ganha dinheiro, se são os Bancos que têm levado a parte de "leão" que causa os prejuízos líquidos anuais? Uma forma pode ser encontrada nas contas da Olivesdesportos. Porque quem deu, quase dado, 12 anos de contrato ao Sr.º Joaquim, por 8 milhões, 3 anos depois do tal "aldrabão" ter conseguido rentabilizar esses mesmos direitos em 6,125 milhões, ou é tolo ou recebe por fora. Vou pela 2ª hipótese.
Depois temos os empresários. Entreguei o cartão porque LFV contratou o Sálvio e o FCP recebeu do Atlético no dia seguinte ao Benfica ter pago a sua tranche. Ora, os valores veiculados nos "midia" foram que o Benfica não dava mais de 5 milhões, e o Atlético não cedia por menos de 8 milhões. Entrou o Jorge Mendes no negócio, e o Benfica pagou mais de 11 milhões. Alguém pode garantir que o Sr.º Vieira não recebeu uma parte desse quinhão que tocou a Jorge Mendes?
E assim vamos andando, esperando que a equipa de futebol faça milagres para depois LFV recolher os "louros". O papel dos sócios neste novo Benfica é PAGAR e não "bufar". E quanto mais mente LFV mais parece ter clientela no Benfica... Uma tristeza de adeptos ...
@eagle01, infelizmente a maioria é tapada por discursos populistas. E mais não quero dizer.
@Eagle,
Não sendo eu um defensor da gestão de LFV, é o único presidente/presidente do conselho de administrador da SAD cujas contas apareceram na CMVM.
Por muita pena minha, nem as contas relativas ao tempo do Vilarinho ou do Vale e Azevedo, aparecem na CMVM e portanto não é possível estabelecer grandes termos de comparação.
A única informação que aparece é o ponto de partida, 2002-03, o ano anterior à gestão de LFV como presidente do Benfica, porque o primeiro relatório anual já é da gestão de LFV e inclui o ano anterior para se estabelecerem comparações.
Quanto aos títulos, é indiscutível, que apesar de mirabolantes promessas pouco foi conseguido nestes 9 anos, mas é verdade que os treinadores Quique Flores e em especial Jorge Jesus têm disposto de valores de investimento incomparáveis na história do Benfica.
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