Confesso.
Fui daqueles que muito elogiou a contratação do Seferovic.
Fui daqueles que muito elogiou as qualidades do suiço.
Confesso.
Sou ainda daqueles que acredita na qualidade deste avançado que fomos contratar no Verão passado.
Estamos a falar de um jogador de ataque alto e forte. Contudo não estamos a falar de um monstro de área, de um matador, de um pinheiro, de um ponta de lança.
Estamos a falar de um avançado que gosta de jogar em apoios, tabelar, pensar o jogo, participar na construção. Também marca mas acima de tudo integra o processo ofensivo de contrução do golo.
É alto mas tem técnica e procura a bola e a tabela em qualquer zona do campo.
Marca golos mas principalmente participa neles.
Não faz uma dupla tão compatível e mortífera com o Jonas como fazia o Mitroglou mas também fazia funcionar aquele 4-4-2 de inicio da época. A sua presença não só permitia maior liberdade de movimentos ao Jonas como este tem também a capacidade de respeitar e perceber as ingressões do génio brasileiro.
Um avançado forte de futebol apoiado, o contrário do avançado de futebol vertical e vertiginoso que é o Raúl Jimenez.
Depois de um bom arranque o suiço teve sentar. E a opção é mais que compreensível.
Naquele 4-4-2 a equipa defendia muito mal. Qualquer adversário facilmente quebrava o nosso meio-campo e criava desequilibrios na nossa defesa.
E o Rui Vitória conseguiu perceber que mudar os defesas não mudava isso. O problema era outro. Era a qualidade do jogo defensivo. Do processo. Do treino.
A solução foi reforçar o meio-campo com mais um jogador. Meter ali mais gente para tentar compensar o fraco processo defensivo.
Percebeu-se rapidamente que foi uma decisão de desespero e não algo previamente trabalhado. Tanto que andámos jogos nas experiências a tentar descobrir quem poderia ali encaixar. O primeiro que se afirmou foi um médio que pouco tinha jogado e que nem na lista da Champions tinha entrado. Com a sua lesão vieram outras experiência.
Acabou por se afirmar um extremo que passava muito do seu tempo pela bancada. E este afirmou-se não por aquilo que dava à coesão do meio-campo mas sim pelo que a sua qualidade individual dava ao jogo.
Sem bola as fragilidades mantiveram-se. Com bola o sérvio faz a diferença. É o talento natural dele.
Com o 4-3-3 foi só natural que o Seferovic tivesse sentado. O que não é compreensível é que tivesse sido queimado.
No plantel do Benfica é o substituto directo do Jonas e também a melhor opção para no decorrer de um jogo entrar para o lado deste.
Necessitando de marcar, jogando contra uma equipa muito fechada defensivamente, o suiço é o jogador ideal para regressarmos ao 4-4-2. É uma mudança táctica que coloca maior presença na área, que abre mais buracos na defesa adversária e que não altera o estilo de jogo da equipa. É a alteração mais coerente.
Mas não só o Seferovic deixou de ser a primeira opção para o 4-4-2 como também nunca foi visto como o substituto do Jonas (fosse para o 10 descansar ou fosse para aguentar a posição enquanto esse não regressasse da sua lesão).
A opção do Rui Vitória foi lógica com a forma como o treinador vê o futebol. Pontapé para a frente. Kick and Rush.
Com meia hora para jogar e a precisar de marcar, o professor sempre optou pela opção desesperada. Por quebrar a equipa e passar a jogar para o chuveirinho. Sempre optou por abdicar da fase de contrução e incentivar o Varela e defesas a bombear a bola para o ataque.
A ideia é meter o Raúl a correr feito louco, a ganhar bolas no ar e a criar desequilibrios na defesa adversária pela conquista de segundas bolas.
Se não resultasse então lá vinha o queimado - o Seferovic. Com 5 ou 10 minutos entrava para ser mais um a ganhar no jogo aéreo.
O Rui Vitória utiliza o suiço da mesma forma como utilizaria o Karadas. É alto? É forte? É avançado? Entra para a presença na área e jogo aéreo.
Contudo o futebol deste avançado não é compatível com essas ideias. Por isso é que andava andava pelas linhas a efectuar os cruzamento em vez de estar na área a recebê-los.
Assim se queima um jogador.
O Jonas é craque mas dá ao jogo do Benfica muito mais do que a sua capacidade técnica. A sua principal qualidade no nosso ataque é a de fazer a ligação com os variados sectores de ataque. Sem Jonas e com o Raúl muda-se dramaticamente o contexto de jogo. E é impensável que a lesão de um avançado mude tão drasticamente as ideias de jogo de uma equipa.
Um encurta linhas, outro estica o jogo. Um joga de costas e outro joga de frente para a baliza. Um progride em apoios e o outro em velocidade.
Daí a titularidade do suíço fazer muito mais sentido que a do mexicano. Não pela qualidade individual dos jogadores mas sim pelas suas caracteristicas.
Confesso.
Ainda espero ver mais jogos deste suiço.