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quarta-feira, 2 de julho de 2014

Os sócios do Benfica

O Cartão de Cidadão devia ter o nosso número de Sócio do Benfica. Altura, Nacionalidade, Data de Nascimento, Número de Identificação Civil, Data de Validade - nada disto interessa para nada; no verso: Número de Identificação Fiscal, Número de Segurança Social, Número de Utente de Saúde - três números que só justificam andarmos por aqui e fazermos parte de uma coisa qualquer que ainda ninguém percebeu muito bem o que é e que é suposto ser uma coisa séria.

E o Benfica, caralho? Por que filha da puta de razão não tenho o meu número de sócio do Benfica no meu Cartão de Cidadão? A gente chega à menina da caixa e mostra o cartão do Benfica, não porque seja preciso ou dê desconto mas porque é essencial comprar aquele pack de médias ou a garrafa de Bushmills ou o detergente para a loiça e levantar primeiro o bilhete mágico que nos sorri da carteira.

Às vezes, só por orgulho, ficamos 3 segundos mirando o cartão com o nosso símbolo, a nossa cara e o nome «Sport Lisboa e Benfica». E sorrimos. Primeiro para nós, depois para os outros. No fim, para a menina que vai passando as compras pelo bip-bip e tem aquele esgar empático de quem sabe que o cartão do Benfica devia dar para pagar todos os produtos que vão correndo a passadeira.

- Tem cartão?
- Tenho.
- Fundador?
- Não, Sócio Normal.
- Se tivesse Red Pass, tinha direito a dois golos do Cardozo.
- Não posso acumular?
- Pode, mas antes temos de ver o voo da Águia Vitória

e então ficamos todos a ver esvoaçar o animal aos círculos por entre atuns, queijos, esfregonas, comidas de gatos, legumes e merendinhas.

- Quanto é que ficou no cartão?
- Dois Estádios da Luz e cinco finais europeias.
- Contabilizou as cervejas das rulotes?
- Agora sim. Quer juntar as viagens ao Norte?
- Sim, por favor. Sem factura.

Vai a vida toda e mais um bocadinho. Os clientes esperam e olham-nos com algum enfado. Também querem ter o cartão. A menina da caixa aproveita e pergunta à senhora que religiosamente guarda na mão uma fiada de apliques para a casa-de-banho

- Quer ser sócia 0 euros?
- Quero, mas como é que isto funciona?
- Então... deve ir ver os jogos todos do Benfica na Luz e o máximo que conseguir nos outros estádios.
- É uma boa ideia mas não tenho cupões para isso.

A menina ri. E olha-me com aquele ar com que só os sócios do Benfica sabem olhar uns para os outros.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

5 passes curtos

1) Uma bonita festa que juntou quase 55.000 adeptos no Estádio da Luz para um jogo que já não contava para nenhuma das equipas envolvidas. Apenas a vontade de festejar e honrar aqueles jogadores e equipa técnica que merecem todos os elogios e mais alguns. Por outro lado, apetece-me elogiar e honrar os adeptos do Benfica e, sem entrar em grandes discursos sobre benfiquismo, prefiro apenas dizer que a minha palavra de apreço vai para nós, os que aguentam o frio, a chuva, os Outubros de dúvida, os Setembros de incerteza, os Novembros tristes ou os Janeiro e Dezembros que ainda nada prometem nem têm cheiro de festim. Os clássicos 30.000 da Luz ou os 5.000 dos vários estádios deste país. Que me perdoem os que descobriram o Sol e o Estádio da Luz no último mês, mas este Campeonato é de Jesus, é dos jogadores e é nosso.

2) Ontem levei um vitoriano à Luz - todo trajado de Vitória, como gosta de ir quando vai ao Bonfim - e a forma como foi recebido no estádio e nas rulotes só me faz ter muito orgulho neste clube e na maior parte dos benfiquistas. Se ainda há Benfica nos seus valores essenciais, ele está todo nos seus adeptos.

3) Na Quarta estaremos em Leiria para disputar a final de uma competição que, ao contrário de outros clubes bastante despeitados, sempre respeitámos e soubemos valorizar. Em 6 edições, vencemos 4. Porque eliminar o Porto é giro mas não dá títulos, só faz sentido chegar a Leiria e ganhar o 5º caneco para o Cosme Damião.

4) Esta época pode ser notável. Depois do Campeonato no bolso, estas três finais que nos fatam podem elevar a fasquia para um patamar histórico. Nunca vencemos 3 competições num ano; vencer 4 seria para lá de épico. Nós acarditamos.

5) O Benfica iniciou uma excelente campanha de angariação de sócios, aproveitando a euforia generalizada com os resultados da equipa de futebol. Pede-se a quem dirige o clube que saiba compreender os adeptos benfiquistas; estão, portanto, de Parabéns aqueles que idealizaram esta iniciativa. Espera-se que depois saibam manter os novos associados e preservar os antigos. Só faz sentido ter muitos sócios se os soubermos cativar ao constante contacto com o clube.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Vieira não tem culpa

Há benfiquistas (sê-lo-ão?) que mereciam nunca mais entrar no Estádio da Luz, ter acesso à Benfica TV ou entrar em cafés que passem os jogos do Glorioso. A ingratidão que estes infiltrados (não acredito que sejam adeptos do nosso clube) têm para com aquele que salvou o Benfica de se arrastar vergonhosamente pelas pedras da calçada ou defecar sem direito a papel absorvente e higiénico é tal que já perderam toda a noção de decência.

Vejamos:

- Culpam o Presidente por o Benfica ter ganhado 2 campeonatos em 12 anos. Eu pergunto: é o Presidente quem dá pontapés na bola? Pronto, então estamos esclarecidos: Vieira não tem culpa.

- Culpam o Presidente por o Benfica ter um passivo galopante que obriga, ao contrário do que nos dizem, a vender jogadores para equilibrar as contas, mesmo quando vamos na liderança do campeonato em Janeiro. Eu pergunto: é o Presidente quem mente sobre as contas e vai pagar as facturas às empresas credoras? Pronto, então estamos esclarecidos: Vieira não tem culpa.

- Culpam o Presidente por o Benfica ter apoiado inequivocamente um corrupto do Apito Dourado para a Presidência da Federação Portuguesa de Futebol. Eu pergunto: foi o Presidente quem foi, em nome do Benfica, falar com Fernando Gomes para lhe dizer: "nós apoiamo-lo inequivocamente"? Pronto, então estamos esclarecidos: Vieira não tem culpa.

- Culpam o Presidente por a Benfica TV ser um órgão de comunicação que em vez de defender o clube defende o Presidente, tendo inclusivamente um seu comentador que telefona para os programas fingindo ser outro adepto do Benfica. Eu pergunto: foi o Presidente quem apontou uma arma a Pedro Guerra para ele fazer aquela figura degradante? Pronto, então estamos esclarecidos: Vieira não tem culpa.

- Culpam o Presidente por ter renovado com um treinador que em 4 anos ganhou 1 campeonato e foi o responsável por uma lista substancial de humilhações às mãos do Porto. Eu pergunto: foi o Presidente quem, apesar de ter renovado com Jesus, obrigou o treinador a cumprir o contrato em vez de se demitir por sua própria iniciativa? Pronto, então estamos esclarecidos: Vieira não tem culpa.

- Culpam o Presidente por ter enxovalhado a História do Benfica por ter antecipado eleições para evitar concorrência, evitar debates em eleições, mandar os sócios para o caralho, estar ao telefone o tempo todo nas Assembleias, aproveitar para mudar os estatutos para uns requisitos absurdos em época de histeria futebolística, haver um senhor na Mesa da Assembleia com um apito a interromper os sócios. Eu pergunto: como poderia ser o Presidente a fazer essas coisas todas ao mesmo tempo? Pronto, então estamos esclarecidos: Vieira não tem culpa.

- Culpam o Presidente por falsear os sócios, mentir aos sócios, enganar os sócios, prometer coisas que não cumpre, ser demagogo, populista, desrespeitador. Eu pergunto: foi o Presidente quem foi o responsável pela sua própria educação quando era jovem imberbe? Pronto, então estamos esclarecidos: Vieira não tem culpa.

- Culpam o Presidente por ser um péssimo Presidente, que destruiu os valores do benfiquismo, que levou o Benfica a um estado financeiro calamitoso, que construiu um Benfica desportivamente ridículo, que se regozija por um Quase Benfica, que instalou uma guerra civil no clube, insultando e ameaçando todos os que o criticam. Eu pergunto: o Presidente foi o único a votar nele próprio? Pronto, então estamos esclarecidos: Vieira não tem culpa.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

O caminho faz-se caminhando

A campa estava aberta, a terra remexida e as pegadas, de pé descalço, bem marcadas no solo. Havia sinais de luta, como se o corpo se quisesse libertar do fundo da terra. Chovia em Lisboa. O caminho que ligava o cemitério dos Prazeres, por estes dias de verão deserto, até nossa casa era longo e tortuoso, mas o caminho faz-se caminhando. O defunto não reconhecia coisa nenhuma. A paisagem que muitos anos antes era campo, hoje estava rasgada por edifícios altos de onde os homens podiam tocar o céu. Os automóveis eram diferentes e mesmo as pessoas não pareciam as mesmas, falando para estranhos objectos pequenos que levavam à orelha. No meio de toda esta selva, um único pensamento atravessava a mente deste homem que vagabundeava pela rua: chegar ao Campo Grande. Mas a idade era avançada e a paisagem estava tão diferente que, ou isso ou o instinto, o destino, ou o que queiramos chamar, acabou por guiá-lo ao bairro de Benfica. Mal chegou, aqueles gigantes arcos triunfais, onde corria o sangue da raça e da glória, tal como Fialho Gouveia os imortalizara aquando da inauguração, prenderam-lhe a atenção. Qual Campo Grande, ele sentiu que pertencia ali. Era vermelho, era em Benfica e sentia-se em casa. Seria o trajecto natural, depois das Amoreiras e do Campo Grande, regressar ao bairro que lhe dera o nome.

Andou, caminhou, percorreu quilómetros e ali estava, na Luz. Entrou e contemplou o estádio: enorme, gigante de betão com arcos vermelhos triunfais, mas escondido por trás de pavilhões e de lojas de electrodomésticos. Tudo era estranho à sua volta. Passou a ponte do Alto dos Moinhos, olhou para a direita e viu um pequeno campo onde umas crianças jogavam à bola. Sentou-se perto de um jovem. O contraste entre ambos era por demais evidente. O respeitoso bigode na face pálida do senhor com o pijama às riscas contrapunha-se à face rosada, ainda com algumas borbulhas, do jovem de t-shirt encarnada. A medo, o sexagenário iniciou a conversa:

- Então... o Benfica de hoje é isto.
- Isto? Como assim? - retorquiu o jovem.
- Isto...
- [silêncio]
- O que se passou nos últimos anos com o nosso Benfica?
- Quantos anos?
- Pois, não sei... em que ano estamos?
- 2013 - respondeu o rapaz a medo. - Não sabe em que ano estamos?
- Não me lembrava, digamos que a memória nunca foi o meu forte. Mas então, o que se passou nos últimos 65 anos?
- 65? Bom... muita coisa - começou por responder o rapaz, atrapalhado. - Eu só tenho 19 anos, só me lembro de ver o Benfica nos últimos 11 anos, mas sei a História do clube de trás para a frente.
- Óptimo.
- Nos anos 50 começámos por destronar o domínio do Sporting, vencemos a Taça Latina e inaugurámos o velhinho Estádio da Luz, que foi a nossa casa até 2003...
- O que eu perdi - suspirou.
- Mas ainda há mais e melhor. Nos anos 60 foi o domínio completo: com a chegada do profissionalismo, o Benfica ganhou duas Taças dos Campeões Europeus, foi à final de mais três, conquistou sete campeonatos e quatro Taças de Portugal.
- Taça dos Campeões Europeus? Uma prova que reúne os vencedores dos campeonatos dos diferentes países europeus? - questionou.
- Sim... - respondeu o jovem, com a voz ainda trémula. - Mas o sucesso continuou. Nos anos 70 foram mais seis campeonatos e na década de 80 mais cinco, com duas presenças em finais da Taça dos Campeões Europeus.

O idoso parecia atordoado. Não esperava que o clube tivesse atingido tamanhos êxitos. O profissionalismo, contra o qual ele batalhara, acabara por dar frutos. O Benfica já era o maior clube nacional aquando da sua morte, mas nunca esperou que atingisse tanto sucesso fora de portas.

- João, já tenho as bifanas! – gritou alguém, de longe.
- É o meu pai - atalhou o rapaz – viemos hoje ver o meu irmão mais novo a jogar. Tem 10 anitos. Está ali, com a camisola 10. Chama-se Pedro.
- Cá está a tua bifana, campeão!
- Obrigado, pai.
- Ah... bifana à Benfica – regozijou o pai – era mesmo disto que eu estava a precisar. O senhor sabe, este jovem aqui, o João, tem tudo para ser um futuro craque do Benfica!
- Ai sim? – inquiriu o homem de bigode respeitável.
- É... mas o Benfica dispensou-o no final da época passada. Disseram que nunca iria chegar longe. Veja lá, ele até era capitão dos juniores, marcou alguns golos e chegou a falar com o Rui Costa. Mas não, em vez de lhe darem uma oportunidade, preferiram dispensá-lo para contratar uns sérvios. Mas pronto, é a vida, agora há que ter fé no Pedrito!

João estava de cabeça baixa, meio triste pela dispensa do clube que amava desde que se lembrava ser gente, meio acabrunhado pela forma como o pai falava das suas esperanças no irmão mais novo. Não que o talento faltasse nos pés daqueles miúdos, mas sabiam que não chegariam longe no clube do coração.

- A propósito – lembrou o pai – ainda não fomos ver o novo Museu Cosme Damião!
- Museu Cosme Damião?! – exclamou em sobressalto o defunto.
- Sim, é verdade. Temos um museu novo, homem! Por onde tem andado? Museu novo e canal do clube, Benfica TV, um sucesso por estes dias. E a renovação das casas do Benfica, a Fundação, as modalidades, a piscina, os pavilhões, o centro de estágios, o estádio. O Benfica está moderno, está virado para o século XXI, o Benfica está forte, o Benfica...
- O Benfica não ganha porra nenhuma, pai! – exclamou o miúdo, visivelmente agastado pelo discurso do progenitor. – O Benfica está há 20 anos nesta desgraça, o Benfica vai para 20 anos dirigido por vaidosos, aldrabões, enganadores e charlatães – prosseguiu. – O Benfica ganhou tantos campeonatos desde que eu nasci como o Porto ganhou nos últimos três anos, ou seja, três!
- Mas então o que se passou? – perguntou o defunto, num misto de preocupação com o estado do clube e com o avolumar da discussão entre pai e filho.
- Sabe... – começou por responder o rapaz – nasci a 14 de Maio de 1994, no dia de uma das mais retumbantes vitórias sobre o Sporting, o famoso 3-6 em Alvalade. O Benfica foi campeão nesse ano pela última vez num longo período de tempo. Cresci no meio da festa de sportinguistas e, sobretudo, portistas, pelos campeonatos ganhos e pelas idas a finais europeias. O Benfica, depois de senhores como Borges Coutinho, Ferreira Queimado, Fernando Martins, João Santos e Jorge de Brito, passou a ser dirigido por um bando de vaidosos, oportunistas, aldrabões e charlatães como Damásio, Vale, Vilarinho e Vieira. Perdemos troféus, perdemos credibilidade, fizemos e fazemos negociatas obscuras, e, pior que tudo, roubaram-nas a militância.

O pai do João saíra. Não gostava deste espírito revolucionário do seu “mais velho”.  Não gostava que falassem mal de Vieira, homem pelo qual nutria uma profunda admiração que o tinha levado, inclusivamente, a mandar fazer um retrato do querido líder para colocar numa das paredes da sala, ideia prontamente vetada pela sua esposa, que ainda não tinha perdido o juízo e a sensatez. Esta era, aliás, uma forma comum de terminar as discussões sobre o actual presidente: quando os argumentos se esgotavam, batia em retirada. Os árbitros e a construção do novo Estádio da Luz, para o qual, diga-se, o papel de Vieira foi praticamente nulo, eram os seus argumentos favoritos, mas ele próprio já os sentia gastos de tanta utilização. Afinal de contas, dez anos de desculpas esfarrapadas fazem-se notar até mesmo no mais ceguinho dos seguidores.

- Mas então, o que ganhou o Benfica desde 1994?
- Três campeonatos, duas Taças de Portugal e uma Supertaça. Ah, e quatro Taças da Liga, uma competição nova que se criou entretanto.
- É manifestamente pouco – afirmou o defunto, baixando a cabeça em sinal de desilusão.
- Mas há mais. Mais e pior. O que me faz confusão não são as derrotas. Ou por outra, também fazem, mas há pior. O Benfica perdeu o associativismo. Ganhou um exponencial número de sócios mas perdeu militância. Perdeu massa crítica e perdeu o espírito que o caracterizava, espírito esse que infelizmente não cheguei a viver. Passámos de assembleias-gerais cheias, com mais de 4000 sócios, para meia-dúzia de gatos pingados que abanam a cabeça positivamente a tudo o que a Direcção lhes propõe. A grande verdade é que passámos de um clube de vencedores a um clube de perdedores inconformados, depois perdedores conformados e agora perdedores orgulhosos. E quem não concorda com o actual estado de coisas é apelidado de papagaio, abutre ou garotão.
- Garotão? Garotão era eu quando aos 18 anos tive aquela ideia em Belém. Nem eu próprio fui unânime entre os benfiquistas. Até eu fui derrotado em eleições. Até eu tive propostas minhas rejeitadas e votadas contra. Ninguém deveria estar acima do Benfica. Nem mesmo o seu presidente.

O rapaz empalideceu. Um arrepio atravessou-lhe a espinha, sentia as mãos a tremer. Ganhou coragem e tentou preparar a voz, mas esta saiu-lhe trémula:

- O senhor é Cosme Damião?
- Cosme Damião está morto – disse o defunto.

Não era bem isto que ele estava à espera de ver, sessenta e seis anos depois de ter partido. Desiludido, voltou costas e seguiu viagem novamente até ao cemitério dos Prazeres, onde se deitou no leito que deixara horas antes.

domingo, 30 de junho de 2013

A medida certa

Já sabemos o preço que custará ter Benfica TV em casa: 9,99 euros/mês. Confesso que esperava (não desejava) que o clube decidisse avançar para uma mensalidade superior como forma de compensar um primeiro período de adaptação que será natural e compreensivelmente moroso - mesmo que haja uma campanha forte de divulgação/publicitação, a ideia ser nova e única, haver concorrência com conteúdos de qualidade e o facto de os benfiquistas mais activos costumarem ir a quase todos ou todos os jogos em casa (logo, haverá muita gente deste grupo que não quererá usufruir do serviço) farão com que não haja, logo de início, a obtenção de receitas que, a médio/longo prazo, poderemos atingir, assim que o projecto se solidificar e os benfiquistas entenderem que ele só será um sucesso se houver uma união e uma generalizada adesão a esta nova estratégia de independência comunicacional, política e desportiva. Porque é isso que esta acção engloba: a libertação necessária das redes com que o Benfica esteve preso muito, demasiado, tempo. 

 É por isso uma boa surpresa e um sinal claro de que ainda há quem (Moniz?) compreenda como aproximar-se dos sócios e adeptos com o intuito de gerar riqueza e fomentar a ligação entre os benfiquistas e o clube. De forma simples: valem mais 500.000 subscritores a 10 euros do que 100.000 a 50. A receita é a mesma; a propagação da Marca e a fundamental relação umbilical com os adeptos é radicalmente diferente. Que o exemplo sirva para a bilhética, já agora. 

 Daria apenas uma sugestão adicional: um desconto (mesmo que a 5 ou 10 por cento) para os sócios do clube. É fomentando a constante valorização do estatuto de sócio que se defende, primeiro, os que são uma fonte de riqueza (clubística e financeira) e se propaga a ideia de que, para os que podem, é interessante e benéfico ser sócio do Benfica, aumentando receitas e continuando a fazer evoluir o clube.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Rumo ao milhão de fãs no Facebook

Não é costume receber emails do Benfica - exceptuando os momentos em que me vêm informar de que retiraram dinheiro do meu cofre forte. Não recebo convites para apresentações de camisolas, descontos especiais ou outros quaisquer regalos e atenções. É compreensível: as ditaduras não sobrevivem pelo convívio com ideias diferentes. 

No entanto, há cerca de duas semanas, o Senhor António Elias, do Departamento de Multimédia, decidiu incorporar este tasco na lista de blogues aos quais pede a divulgação desse objectivo facebookiano: chegar ao milhão de fãs. Não tenho nada contra; pelo contrário, apoio e divulgo sem pedir nada em troca. Mesmo que o desiderato viesse a ser atingido, com ou sem António Elias e seus apelos. 

E gosto que no Benfica se comece a dar importância a áreas essenciais na divulgação e discussão do benfiquismo, embora tenha de deixar o reparo: os sócios do Benfica não têm só "deveres". Convém relembrar os nossos direitos, na próxima vez que se lembrarem, de, por exemplo, oferecer bilhetes como pãezinhos quentes a quem não cumpre os requisitos essenciais de associado. Fica a ideia.


Como curiosidade, ficam os números de fãs dos três grandes:

BENFICA - 826.059
Porto - 420.202
Sporting - 222.368

Vai aqui, jovem.