segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A melhor definição do Salvio tinha de vir de um escritor, nunca de um analista chato de transições e triângulos invertidos

«Fazer sentido

Uma vitória do Benfica em Alvalade até faz a segunda-feira parecer um sábado. Não que tenha sido exactamente um passeio, que a expulsão de Sidnei ainda nos fez sofrer um bocadito. De qualquer modo, isso só aumentou a alegria dos finalmentes. Dois golos que foram um consolo, dois chutos argentinos que nos fizeram esquecer o sem-sentido de tanta história que há para aí.

É um dos grandes mistérios mundiais, a Argentina. É um país, claro, está nos mapas, nos livros, tem uma bandeira, etc, mas é também um profundo mistério - um mistério límpido e infinito. O lugar de Borges e Maradona. E também de Gardel e Piazzolla, e dessa música que é, ao mesmo tempo, emoção carregada e puro movimento. Essa Argentina inexplicável é que explica o belo resultado de anteontem. Poderíamos desbobinar a conversa das tácticas, estratégias, psicologias, etc, poderíamos armar-nos em cientistas e recitar números, percentagens, estatísticas, etc, que não chegaríamos nem perto do ponto. Como é que se mede a garra? Como é que se avalia o espírito? Como é que se tabela a mística? A verdade desta gloriosa vitória contra o Sporting está nessas antiquadas e irredutíveis palavras - garra! espírito! mística! - e nas chuteiras argentinas dos nossos craques.

Salvio é um jogador inesperado, originalíssimo, e, no futebol formatado de hoje, isso é muito-muito. Um extremo que marca golos, um estilista que sabe passar a bola, um repentista que aguenta a carga. Quando pega na bola, o campo aumenta porque os adversários não conseguem defini-lo - isto é, dar-lhe um fim. Olham-no com a estranheza de quem se pergunta “mas de que cromo é que este tipo saiu ao certo?” e, de repente, já é tarde. Já a bola canta lá dentro, embrulhada nas redes. Foi assim em Alvalade. Os olhos postos no Cardozo famoso, e afinal, quem leva a bola é Salvio. Um toque, dois, já está.

Mas a estrela de segunda-feira foi - cantem comigo: Nico, Nico, Nico... Gaitán, Gaitán! Jogou como um bailarino erudito, como um verdadeiro argentino. As doses certas de cabeça e coração, impulso e calma, letra e metáfora. Por isso, aquele golo não foi sorte nenhuma. Ou antes, sim, mas a sorte justa. A verdade é um mistério e aquela bola tinha de entrar. Tabelando num defesa adversário, soprada pelos deuses, fosse lá como fosse. Tinha de entrar. Não para a história acabar bem, mas, muito mais importante, para a história fazer sentido.»

Jacinto Lucas Pires, no JN

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Hoje preciso de mim

Antes de lerem, vão ao fim do post e carreguem no play. Precisamos de drama. Um drama envolvente, que quase absolve tudo.

Estive nas bancadas da Luz mais uma vez de borla. Claro que não escolhi o Piso 1, estão doidos, vocês? Piso 3 e gin à mistura. Cheguei e a visão feliz: o estádio quase cheio. Benfica. 55.000 pessoas num jogo do campeonato em que estamos a 8 pontos do primeiro. Não vale sequer a pena fazer comentários sobre isto, é mais do que as palavras e é por isso que eu gosto de ver o jogo de cima. O amor é não haver Polícia, contam-me os amigos do final do post. Emociono-me. Lembro-me do Estádio da Luz (desculpem, mas não considero ainda este o Estádio da Luz) e das peregrinações. Até as pesssoas são diferentes, agora. São outras. Lembro aos amigos do lado o que era o Benfica, eles concordam. Eu concordo comigo próprio. Estou feliz. Depois começa o jogo. Depois acaba o jogo. Abracei umas quantas pessoas no meio, falei com outras, os cachecóis estiveram sempre ao rubro. Falta qualquer coisa a esta gente, não sei dizer, falta Benfica. Ou então era eu que era demasiado novo, antes.

Fora do estádio, tudo murcho, apesar de uma vitória (a 17ª, coisa pouca) no último minuto. Começo em cânticos, ponho dezenas, depois centenas, depois milhares, aos gritos pelo Benfica. O gin pôs milhares aos gritos e eu fui o seu intérprete. O gin e o Benfica. Não chega. Eu sinto falta do Estádio da Luz.


sábado, 26 de fevereiro de 2011

E Paulo Sérgio retorna a Estremoz...

Sacked!

Como uma má notícia nunca vem só, chega esse mago do treino e da táctica futebolísticos... José Couceiro! Que é simultaneamente Director-Geral e treinador.

Lembro-me dos meus anos no Benfica de Abrantes, em que o Sr. Virgílio, ilustre transmontano sediado no Ribatejo que, além das suas funções de Presidente do Clube, era também roupeiro, cozinheiro, contabilista e, durante os jogos, percorria a bancada central de três filas (nas quais os pais, tios, sobrinhos, primos e avós dos jogadores gritavam obscenidades) com o seu chapelinho na mão em busca de "patrocínios" para a causa.


Estará Paulinho em vias de ser despedido?

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Gaitan

E se eu disser que, agora, sem futurismos, gosto mais do Gaitan que do Di Maria!

Parece mal? Não percebo de bola?

Pois, eu sei, o outro está no Real e finta e marca golos e superou as expectativas de muita gente...

Pois, mas eu estou-me a cagar: gosto mais do Gaitan!

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Borrego à Pablo Aimar

Eu gosto tanto de Borrego. Como gosto de Cabrito, de Coelho, de Touro, de Vaca e de Porco.

Gosto de touradas, também.

Fica lógico, portanto, que a matança deste borrego foi qualquer coisa de sublime. E eu que, hoje, tentando fugir à carne, fiz um bacalhau com presunto e cogumelos. Mas a minha prioridade é esta: são duas: carne e Liga Europa.

O borrego estará em Dublin. Paz à sua alma. E, se não der, amamos-te o mesmo, Benfica. Desde que te perdí:




quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

A História saboreada de 3 em 3 dias

Talvez ainda nem todos se tenham apercebido, mas andamos por estes dias a saborear a História do Clube a cores, em directo e em Alta Definição. A saga vitoriosa do Benfica atinge patamares quase impossíveis de igualar numa actualidade futebolística que não é pródiga, ao contrário de outras décadas, em ciclos vitoriosos tão consistentes por parte de uma equipa de futebol ao mais alto nível. Desconheço se este registo épico já é o melhor de sempre mas, mesmo que no passado tenha havido algo semelhante, há que reconhecer que, além do brilhantismo dos resultados consecutivos, o feito é atingido em 2011, era substancialmente mais competitiva do que quaisquer outras em que tenhamos chegado perto destes números. Saboreamos a História jogo a jogo, vitória após vitória, sempre no limiar de uma linha que pode acabar mas que teimosamente insiste em prosseguir vitoriosa, até um dia. E, quando esse dia chegar - que pode já ser amanhã, desde que a eliminatória seja ultrapassada -, é bom que haja a noção de que assistimos a um dos momentos de maior glória desportiva da História do Benfica. E que, depois desse interregno, nos preparemos para inicar outro ciclo igual ou melhor. Porque somos Benfica. Porque o nosso destino foi, é e será sempre o de Vencer.

Com a vitória em Alvalade (0-2), o Benfica conquistou a 10ª vitória consecutiva para o Campeonato. Nessas 10 vitórias, marcámos 29 golos e sofremos apenas 5, sendo que desde 28 de Novembro (vitória por 1-3 em Aveiro) que não sofremos golos longe da Luz. Média de 3 golos marcados por jogo e de 0,5 sofridos.

Com a vitória em Alvalade, o Benfica conquistou a 18ª (!) vitória consecutiva em provas nacionais. Nessas 18 vitórias, marcámos 49 golos e sofremos apenas 7, sendo que não sofremos qualquer golo há 6 jogos consecutivos. Média de 2,7 golos marcados por jogo e de 0,38 sofridos.

Com a vitória em Alvalade, o Benfica conquistou a 15ª (!) vitória consecutiva em todas as competições. Nessas 15 vitórias, marcámos 42 golos e sofremos apenas 7, sendo que, dessas, em 11 deixámos o adversário em branco. Média de 2,8 golos marcados por jogo e de 0,5 sofridos.


Com este registo absolutamente notável, duas perguntas devem povoar o universo dos benfiquistas:

- A que estado chegou o futebol português para que uma equipa com esta qualidade exibicional e, acima de tudo, de resultados, esteja a 8 (!) pontos do primeiro classificado?

- Descontando os prejuízos arbitrais, outra, provavelmente mais importante e mais facilmente controlável, deve surgir como reflexão: que custo para a época teve a megalomania estupidificante e falta de humildade com que se abordou o início deste ano competitivo por parte de quem nos dirige e treina? 

Vencer uma vez não é difícil. Vencer muitas, consecutivamente, é. Para isso é preciso assimilar no Benfica algo que nos últimos anos, desde a derrocada ArturJorgiana, tem estado esquecido no clube: encarar o sucesso de forma natural. E, acrescento eu, sem bazófias nem prosápias de trazer por casa que mais não fazem do que condicionar uma época que tinha tudo para ser notável e de confirmação da hegemonia no futebol português da melhor equipa que esta década já viu.  

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

PAI

Tenho orgulho na minha equipa. A minha equipa sou eu, o meu Pai e tudo o que vem atrás. Expulsaram-nos um menino? Siga, ganhamos à mesma. O Gaitán remata, bate num gajo e é golo do Benfica! Gosto tanto do Benfica. Sóbrio, gosto; Bezano, gosto o mesmo mas tem a memória no meio. O Benfica é o maior! Que baile! Pai, amo-te, só penso em ti. Tu és o BENFICA.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Confutatis, maledictis

Nunca mais volto ao Piso 1. Eu, como sou pobre, sou mais da zona Piso 3 mas ontem, porque o Benfica decidiu oferecer-me bilhetes por eu ser um belíssimo exemplar de débito directo, tive privilégios e honrarias. Fui exigente. Piso 1 e não se fala mais nisso. Tanto que passei pela porta 17 com uma garrafa de água cheia de vodka na mão (sem tampa, que o steward zela pelo bem-estar dos espectadores), galguei metros, passeI por uma porta envidraçada com letras bonitas a dizer "VIP" e cheguei à... 19. Onde estaria a 18, que era a minha? Julguei estar bêbedo, e estava, e voltei atrás. Não, confirmava-se, antes da 19, só a VIP e antes a 17. Como não sou parvo, embora pareça, juntei os cordelinhos na cabeça e constatei, qual génio, que eu era VIP. As coisas que fazem de nós.
Fui muito bem recebido, vi o José Augusto, vi gente ilustre e sentei-me. A cadeira era aquecida e almofadada, atrás de mim ginásios luxuriantes com vista para o relvado, gente bonita, limpa, asseada, com o cabelo arranjado, o próprio café tinha outro aspecto, as coisas brilhavam mais. Onde estariam os benfiquistas?
Como fui sozinho à bola, não pude compartilhar a experiência esóterica que me estava a acontecer mas pude, por outro lado, observar com mais atenção tudo aquilo: um luxo. E enquanto a vodka ia descendo na garrafa e o Sidnei lembrava-me as saudades do David Luiz, procurava por sinais de benfiquismo. Em vão. Sentados, calados, ensimesmados, engravatados, aqueles adeptos pareciam bonecos postos ali para, qual José de Alvalade, fazerem o efeito "estádio cheio". Cheguei a passar um pionés na nuca do boneco à minha frente e ele saiu em balão "pfiiiiiiiiiiiiiii" pelo ar. As coisas que o Benfica faz à gente.
Lá em baixo, o Salvio parecia o Gaitán e o Jara não parecia o Saviola. O Aimar parecia o Menezes e o Coentrão parecia o Coentrão.
No intervalo, experimentei o urinol feérico iluminado da casa-de-banho VIP e assisti a um engravatado lavar as mãos como eu nunca tinha visto. O senhor passava água, depois produto, secava as mãos, voltava a passar água, depois produto, depois secava as mãos. Fez isto três vezes. Findo o processo, ajeitou a gravata, passou a mão brilhantemente asseada pela melena grisalha e saiu pela porta. Eu olhava-me ao espelho, sem saber se devia ir ver a segunda parte ou partir a cabeça contra o vidro. Não estou, é óbvio, habituado a estas coisas.
Onde estaria o magote de gente em fila pirilau atrás dos urinóis; que fizeram deles? Que saudades dos lavatórios sujos e sem espelhos, dos pais agarrados aos filhos à espera atrás de uma porta enquanto, na sanita, benfiquistas se peidam e gritam coisas obscenas e dizem mal do árbitro. Saudades dos sotaques na casa-de-banho, gente do Minho, do Alentejo, "da" França, gente gorda, cara ruborescida do vinho. Até o mijo me soube pior sem aquela pressão adicional de ter de executar rapidamente para dar, democraticamente, lugar a outro. Tudo tão fácil, tão certinho, tão inquietantemente lúcido e civilizado. A custo, voltei ao meu lugar.
Jogo melhorzinho, mais Benfica até que... GOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOLO! Levanto-me, salto, grito, GOLO, CARALHO!, procuro alguém para abraçar ou, ao menos, olhar daquela forma cúmplice que só o futebol consegue dar entre perfeitos desconhecidos. Mas nada! Num raio de 5 metros, os 30 bonecos sentados batem palmas, com as mãozinhas delicadas umas contra as outras, num gesto de donzelas românticas, e eu a olhá-los e eles a rirem para mim, quase envergonhados. Senti-me o Tom Hulce, no "Amadeus", no final daquele riso monumental, em que o riso histérico se torna em soluços como que a perguntar, a pedir a absolvição de quem ouve e vê. Ter-me-ia dado jeito um Kappelmeister Bonno, para acompanhar a minha sinfonia de riso.
Volto a afundar-me na cadeira - dá sono aquela cadeira almofadada - e bebo o último trago de vodka. Bola no poste, entra não entra, Cardozo. Gooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooolo!!!!! Foda-se, vamos lá, Benfica, Benfica, Benfica, Benfica, Benfica!!!
Já não me volto para trás, não vale a pena, vejo o Roberto pensar que está no Saragoça e apito final. Saio rapidamente para junto dos meus e só quando chego ao túnel é que me sinto em casa, encostado contra milhares de benfiquistas, a passo de caracol. A procissão faz-me feliz. E uma certeza: nunca mais volto a sentar o meu cu numa cadeira do Piso 1.


quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

You´re lost, little girl, you´re lost

O Sporting está mesmo a sair da equação. Dei por mim a pensar no próximo jogo do campeonato e lembrei-me, quase de enfado, enquanto abria a boca de sono, "ah é verdade, é em Alvalade", assim como podia ter pensado que era em Coimbra, em Aveiro ou em Paços de Ferreira.
Não nasceu aquele nervoso miudinho que antes nascia, sempre que pensava num Benfica-Sporting, em que passava a semana toda a fazer jogos no pátio e em que cada jogo dava um resultado diferente - depois decidia que o resultado que acontecesse em mais jogos seria o resultado verdadeiro. Escusado será dizer que eu era os onze do Benfica e onze do Sporting, logo o resultado não estava assim tão sujeito à ordem aleatória das coisas, mas do meu pé direito em slice para dentro do espaço entre dois potes de barro, quando o rematador era o Magnusson, e um remate ridículo de trivela, que fazia a bola sair pela lateral (que era uma valeta funda em que a bola galgava metros e metros e era uma chatice para a ir recuperar), quando fazia de Paulinho Cascavel.
Depois disso, já sem bolas no pátio e menos fulgor imaginativo, eu continuava a imaginar resultados na semana antes do jogo. Ou sonhava com eles ou ficava, ali naqueles instantezinhos antes do sono, a fazer equipas e a inventar formas de golos do Benfica. E o jogo chegava e era uma nervoseira, e era uma emoção.
Agora, não. Penso no jogo e nada em mim se distingue, nada sobressai por entre o pensamento. É mais um jogo. Para ganhar. Mas esta falta de coração deixa-me preocupado. Quero que os jogadores do Benfica encarem o dérbi como um jogo de grande componente emocional e não apenas como um jogo igual aos outros.
É que, do outro lado, o sentimento é precisamente o contrário: à quase indiferença que o Benfica sente neste momento em relação a este jogo, do Sporting está a visão da salvação de uma época, de um momento glorioso que os faça sair do pântano em que têm estado metidos.
Por isso, meus caros, vamos a eles como fomos aos vitorianos: massacre. Massacre mas massacre vindo da humildade, do trabalho, do saber que, se lutarmos o mesmo, ganhamos porque somos melhores. O resto do trabalho deixem comigo. Hoje à noite tenho planeado deitar-me e imaginar três golos de bandeira, dois mais fracos (para os árbitros anularem), e uma choradeira épica em Alvalade, com lenços de papel incorporados nas cadeiras castanhas e laranjas e um vale-euforia a ser entregue a todos os sportinguistas no final do jogo, como forma de compensação, que poderá ser usado na casa do Bettencourt, entre maracas, danças africanas e um conjunto extraordinário "bondage" de umas coleiras giríssimas azuis e brancas para os leões porem ao pescoço.



You're lost little girl
You're lost little girl
You're lost
Tell me who
Are you?


I think that you know what to do
Impossible? Yes, but it's true
I think that you know what to do, yeah
I'm sure that you know what to do


You're lost little girl
You're lost little girl
You're lost
Tell me who
Are you?


I think that you know what to do
Impossible? Yes, but it's true
I think that you know what to do, girl
I'm sure that you know what to do


You're lost little girl
You're lost little girl
You're lost


You´re lost little girl - Doors

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Notas sobre um recital

- Em bolas de frente, o Roberto é um GR extraordinário.

- O Sidnei tem feito esquecer, e de que forma!, David Luiz. Seguro, com classe, goleador, até dá golos a marcar. Que não nos lembremos do jogador do Chelsea nos jogos difíceis que teremos até final. Por ora, fantástico.

- O que dizer do aniversariante? Um muro. É tudo dele.

- Jogo a 1000 à hora de Maxi Pereira. Bem na defesa, avassalador nos rasgos ofensivos, a criar desequilíbrios. Ia marcando e seria merecido.

- O golo do Aimar é para ver e rever e rever. Passe perfeito do Sidnei, finalização sem mácula. Mas foi na recepção, amortecendo a bola com mel, que o destino foi traçado. Além disto, jogo fantástico a todos os níveis. Especialmente na forma como pressiona, por antecipação, os adversários. Às vezes ainda não acredito que o Aimar joga neste campeonato ranhoso. Só mesmo o Benfica para o merecer.

- Está na altura de mudar o marcador de penalties. Ou o Cardozo começa a marcá-los em força, que foi sempre a forma como elas entravam, ou passem a bola ao Saviola.

- Anularam um golo ao Saviola. Ninguém sabe porquê. Já a semana passada ninguém soube porquê no golo do Javi. Assim se fazem campeões mentirosos e melhores ataques.

- Passa-se algo com Carlos Martins. Depois de não ter sido escolhido nem para o banco num dos jogos anteriores, ontem marcou um golo fenomenal e não comemorou. Desde que a tua raiva seja direccionada para fazer aquilo, estás à vontade, Carlos. 

- O que dizer do recital a que assistimos? Orgulho de pertencer a este clube. Por aquilo que a equipa pratica e por ganhar 16 jogos consecutivos, muitos deles contra homens do apito que teimosamente nos prejudicam. Orgulho, muito. Ninguém joga assim em Portugal. Mas vai fazer falta ao Benfica outro tipo de estratégia nos jogos difíceis que se avizinham. Este futebol é avassalador, certo, mas convém ao Benfica saber pausar o jogo e nem sempre ir com tanta fome à baliza adversária. Principalmente em jogos europeus. Espero que o Jesus saiba acalmar aqueles cavalos de crina brilhante e sedosa.

- Dito tudo isto, um alerta: tenho notado o princípio do regresso de um discurso menos humilde. Erro crasso. Há que manter a lucidez e, sobretudo, não entrar em euforias. Pés assentes no chão, confiança nas nossas qualidades mas menos prosápia. Não se esqueçam que foi também por isso que a época começou como começou. Começando já nos jogos contra o Sporting, que serão muito difíceis - é preciso ter em conta que a única forma de os leões salvarem (ou, vá, atenuarem) a época é cumprindo o objectivo principal: ganhar ao Benfica. Se se mantiverem os níveis de lucidez e humildade, o Benfica ganhará. Porque é melhor. É simples.

- O vintém diz que as 3 equipas que estiveram em campo cumpriram. Os vinténs, quando levam massacres e banhos de bola, metamorfoseiam-se em cretinos.

- Que uma equipa com esta qualidade esteja impossibilitada de lutar pelo título, diz muito, diz tudo, do futebol português. Para quando a extinção destes parolos corruptos e provincianos que há 30 anos mandam e desmandam sem punição neste futebolzinho pequenino deste país pequenino? Este campeonato é uma mentira.

No Estádio da Luz, ontem, the grass was greener:


Beyond the horizon of the place we lived when we were young

In a world of magnets and miracles

Our thoughts strayed constantly and without boundary

The ringing of the division bell had begun



Along the Long Road and on down the Causeway

Do they still meet there by the Cut



There was a ragged band that followed in our footsteps

Running before time took our dreams away

Leaving the myriad small creatures trying to tie us to the ground

To a life consumed by slow decay



The grass was greener

The light was brighter

With friends surrounded

The nights of wonder



Looking beyond the embers of bridges glowing behind us

To a glimpse of how green it was on the other side

Steps taken forwards but sleepwalking back again

Dragged by the force of some inner tide



At a higher altitude with flag unfurled

We reached the dizzy heights of that dreamed of world



Encumbered forever by desire and ambition

There's a hunger still unsatisfied

Our weary eyes still stray to the horizon

Though down this road we've been so many times



The grass was greener

The light was brighter

The taste was sweeter

The nights of wonder

With friends surrounded

The dawn mist glowing

The water flowing

The endless river


Forever and ever



High Hopes - Pink Floyd

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

O pequeno genial (e o genial bigode)

A mulher do Chalana andou com o meu Pai no liceu. Parece que não era conhecida por ser adepta da monogamia; nem disso nem das pernas tapadas. Tinha outros interesses, que extravasavam a lida doméstica ou o leve e tranquilo passar das horas à lareira a fazer rendas de bilros.
Havia referências pontuais a esse facto, lá por casa. Mas eu só retinha a palavra "Chalana" nas várias conversas que se mantinham sobre o assunto. Era como naquele anúncio dos Whiskas para gatos. Eles falavam, dissertavam sobre conhecidas exibições de Anabela à janela, vendo os transeuntes enquanto se formavam filas de homens na sua rectaguarda mas o que eu ouvia era "bla bla bla Chalana bla bla bla Chalana".  
É que eu tinha uma camisola do Chalana. Acho que cheguei a fazer um bigode farfalhudo e a colá-lo com UHU à cara e saí pelo pátio a fintar franceses imaginários. Quando os adversários eram reais, jogava num ringue da minha rua, que era o sítio de eleição para se jogar futebol em Abrantes e que era um autêntico luxo: balizas presas ao chão, redes (redes!), marcações bem delineadas a tinta, bancadas, balneários e laranjeiras no terceiro anel para quando desse a fome e a sede ao mesmo tempo.
Nesse campo, os mais velhos contaram-me mais sobre Chalana. Falavam-me que, de férias, em vez de ir passear a mulher - que provavelmente estaria em horas extraordinárias, mas não propriamente em labutas de ofício -, Chalana esfalfava-se por esses ringues, apesar de as indicações do Benfica serem na exacta direcção contrária (diz que os músculos não se dão muito bem com misturadas entre relva, pelado e cimento durinho). Mas o bigode do pequeno genial não era de virar a cara a uma boa peladinha e vai daí fintava, sem discriminação, gordos, velhos, coxos, donas de casa, padeiros e até há relatos de uma vez em que Chalana, farto de fintar adversários no campo, começou a galgar degraus de bancada com a bola sempre colada aos pés.
Isto faz parte de um imaginário muito meu, que provavelmente foi invadido e conspurcado ao longo dos anos por esses grãos de areia que as horas têm e que nos fazem ter da vida, como diz o Marquez, não a ideia do que ela foi mas do que nos lembramos dela. E eu lembro-me de Chalana. No campo. No relvado da Luz, entre outros 21 que tinham a óbvia vantagem de assistirem àquilo de perto e não sentados junto ao placard gigante do terceiro anel.
Como dizer? O homem não era humano. Tinha coisas de louco, acreditava em impossíveis galgadas campo acima e elas aconteciam. Os jogadores pareciam aqueles modelos que fazem anúncios futebolísticos, afastando-se do protagonista para realçar e focar a luz no herói. Só que não eram modelos e não se afastavam do protagonista; eram simplesmente afastados por uma anca que mentia e um pé que falava.
Devia haver uma cláusula em qualquer jogador que assinasse com o Benfica: usar bigode farfalhudo em honra de Chalana. Quem não aceitasse, podia ir para a janela observar os transeuntes.


sábado, 5 de fevereiro de 2011

Um post sobre o Sporting

De onde eu venho, não é incomum vermos benfiquistas e sportinguistas no mesmo café a ver jogos de futebol. Aliás, a infância e adolescência foram passadas nessa mistura leonino-aquilina em que uns e outros se debatiam em grandes discussões para aferir da superioridade de um clube sobre o outro. Obviamente, por questões que pertencem ao divino, a discussão era inútil, não por não podermos chegar a alguma conclusão mas porque a conclusão era em si demasiadamente evidente para que restassem quaisquer dúvidas: o Benfica é o Benfica e tudo o resto vem atrás.
Mas havia quem persistisse, quem não se resignasse a esta verdade cósmica e, de tempos a tempos, sempre que o seu clube tinha um feito mais relevante - como ficar em segundo lugar, ganhar uma Taça de Portugal ou ter um Presidente com dois t´s no nome -, lá tínhamos de começar tudo do início, explicando devagarinho, com factos e com alguma paciência as razões pelas quais a superioridade do Benfica sobre o Sporting não podia sofrer qualquer tipo de contestação.
Mas eram teimosos, os leoninos! Umas vezes, mais criançolas, diziam-me que o avô deles tinha visto o Peyroteo jogar e que aquilo é que era, roupa engomada, palácio em Oeiras, dentes sempre branquinhos, tapeçarias belgas e loiças orientais; outras, mais borbulhentos, falavam-me, verdadeiramente emocionados, no Damas e nas aulas de etiqueta que tinha às Quartas-feiras no Salão de Beleza ali para os lados do Lumiar ou na sessões de dança clássica que frequentava nos Alunos de Apolo.
Ora, isto para um miúdo como eu, confundia e causava estranheza, habituado que estava a falar em futebol sem mencionar coisas mundanas. No máximo, podia retorquir com as idas ao Bairro Alto do Eusébio e do Simões ou as almoçaradas em Cacilhas do Bento e do Carlos Manuel. Tudo o resto soava a parvo e portanto voltava à minha argumentação básica: "Nós temos mais campeonatos, mais Taças, 9 finais europeias, 3 conquistadas", dizia, como se fosse preciso dizer alguma coisa. E eles respondiam: "mas nós sabemos falar francês, compramos a roupa à medida e somos todos filhos de um visconde". Isto para mim era ultrajante porque não estava habituado a ver descendentes de nobres calçados com ténis ritex sport a mascar gorilas de laranja. 
Mas houve um dia que mudou a minha vida: estava eu e outros 4 ou 5 benfiquistas na tasca a ver o Benfica, quando aparece um bezano aos soluços, agarrado às paredes, olhos semi-cerrados, e senta-se ao pé de nós. Encosta a cabeça no tampo de mármore, dormita uns 10 minutos e, quando acorda, grita: "Juskowiaaaaaaaaaaak". Seria possível? Um sportinguista de tão parca dignidade? Não falo do anacronismo óbvio (estávamos em 2004), difícil de ser explicado à luz da coerência, mas das vestes, do hálito, da falta de preparação educacional, da pouco cuidada higiene dentária, do cabelo mal amanhado, da falta de pose de um dos filhos do Visconde. Se era para isto que o Visconde tinha filhos, pensei, mais valia tê-los entregue directamente à Santa Casa da Misericórdia que eles rapidamente o transformariam em benfiquista! Um dos nossos, mais um, e aquele tinha tudo, mas mesmo tudo, para servir a causa.
Escusado será dizer que passou o tempo todo a dizer mal do Benfica, do árbitro, dos jogadores do Benfica, remetendo o discurso invariavelmente para uma fusão estranha no tempo em que comparava o Juskowiaaaaaaaaaaaaaaak com o Eusébio numa mescla de épocas, vinho e sodomia e concluia, com a cabeça enfiada no tampo (mas de forma nobre!), que nunca o Benfica tinha tido um jogador da classe do polaco - a que ele chamava de "polainano", palavra bem complexa de ser dita por um bezano mas isso os desígnios da capacidade alcoólica para procurar caminhos mais profundos deixemos para outras análises que esta já nos basta e já vai longa.
De modo que, desde esse dia, eu percebi que ao filho de Visconde não basta sê-lo, tem de parecê-lo. E é por isso que o Paulo Sérgio tem, mais coisa menos coisa, uma semana para voltar a Estremoz.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

90+4 minutos à Benfica

Para além da escolha táctica acertada de Jorge Jesus, das exibições individuais de grande qualidade, o que verdadeiramente ganhou o jogo de ontem foi o que anteriormente tínhamos abordado: a superação, a transcendência, o deixar cair o trauma profundo de jogar no Porto e aproveitar toda a energia resultante daquele ambiente de fanáticos violentos a nosso favor.
O Benfica entrou, ao contrário dos dois últimos confrontos com o adversário, de forma humilde, sabendo que só mantendo uma intensidade de jogo fortíssima podia, primeiro, aniquilar o adversário, e depois dar o golpe final. Há quem fale de demérito portista. Nada mais errado. A forma como a equipa do Benfica funcionou em bloco, pressionando logo à saída de bola do Porto, sufocando as opções de passe e criando condições para a recuperação e transição rápidas foi, a todos os níveis, brilhante. O Porto assustou-se, enervou-se, não tinha forma de sair a jogar - começaram os passes longos para as alas, ficando os médios a ver bolas passarem por cima deles sem que tocassem na redonda. Mas chegada a bola aos extremos, estavam logo dois do Benfica em cima dela, com os médios interiores (Peixoto esteve exemplar, tal como Javi)  a apoiarem os laterais. A famosa basculação foi feita de forma cirúrgica, sem erros, perfeita, um harmónio de 10 homens numa sinfonia irrepreensível. Não, o Porto não teve demérito. Não podia fazer mais do que aquilo que fez, tendo em conta a qualidade de pressão, de posse, de organização, de rasgo, de capacidade para sair rápido em transição que os jogadores do Benfica revelavam.
Na componente táctica, Jesus não teve medo e escolheu bem. E decidiu optar por um mal-amado que já por várias vezes demonstrou ser muito útil nestes grandes jogos, mas que ou por ignorância ou má-fé as pessoas tendem a desprezar. O César Peixoto fez um jogo fantástico, numa missão que era espinhosa: só um jogador tacticamente inteligente consegue fazer o que Peixoto fez. Repare-se: ele não estava colocado exactamente a meio, com Javi. Estava entre a zona central e a ala esquerda, tanto servia de tampão no centro a Belluschi e Moutinho como descaía na ala para ajudar Coentrão, deixando Gaitán (outro que fez um jogaço!) mais livre. No fundo, aquilo que vimos pedindo aqui há algum tempo: dar mais liberdade a Gaitán para os momentos decisivos, colocando, nestes jogos mais difíceis, um jogador que assegure os tais equilíbrios de que a equipa precisa. Com Amorim lesionado, sem outro médio com essas características, é em Peixoto que reside a opção para determinados jogos. Jesus, que percebe mais disto do que os imbecis que decidem ir assobiar o rapaz para o Estádio, fê-lo sabendo que corria riscos de ser comido vivo caso as coisas não corressem bem e ganhou. Em todas as frentes, ganhou.

Haveria muita gente a destacar no jogo de ontem. Prefiro não. Ontem ganhou o colectivo. Assim mesmo, com frase feita e tudo.

E pluribus unum.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Para quando um Presidente que seja do Benfica?

“Não sai ninguém, nem Coentrão. Nenhum daqueles jogadores que são cobiçados no mercado internacional sairá esta época" - Vieira, a 7 de Outubro de 2010

"A Sport Lisboa e Benfica – Futebol, SAD, informa que chegou esta segunda-feira a acordo com o Chelsea para a alienação a título definitivo dos direitos económicos e desportivos do central David Luiz. O internacional brasileiro, de 23 anos, foi transferido por vinte e cinco milhões de euros.
O referido acordo prevê ainda a cedência a título definitivo da totalidade dos direitos económicos e desportivos do atleta internacional sérvio Nemanja Matic.
Referir que Matic, de 22 anos, joga na posição de médio." - Site oficial do Clube, a 31 de Janeiro de 2011

A saga continua. A saga da mentira e do desrespeito total pelos adeptos do Benfica por parte do Presidente do clube.

Este negócio é, de qualquer ângulo que se queira olhar, ruinoso.
Em termos financeiros, é vendido um jogador com um potencial como poucos no Mundo por metade da cláusula de rescisão a um clube que desesperadamente necessitava de um central.
Fazer-nos crer que o negócio só seria viável em Janeiro e não em Junho é enganar-nos da forma mais reles possível - no fim da época, David Luiz teria o mesmo ou, caso o Benfica fizesse uma boa prestação europeia, mais mercado do que o que tem agora. 25 milhões de euros (dos quais o clube só receberá 18.750) é, por isso, um valor anedótico que só é possível por ser a consequência de mais uma mentira que nos é dita vezes sem conta: o Benfica precisa urgentemente de dinheiro. Dizem-nos, do alto da arrogância, que o clube está de tal forma bem gerido que não necessita de fazer mais-valias a todo o momento. É mentira. E este negócio, e a forma como a negociação se fez (primeiro a birrinha, depois o anúncio à CMVM que não vendia e finalmente o desfecho pelos valores que se conhecem e que eram os iniciais), prova isso de forma irrefutável.
E é caso para perguntar: se não há dinheiro para manter os nossos melhores activos pelo menos até ao final da época, como é que há dinheiro para dar 8,5 milhões por um guarda-redes banal, igual ou pior aos que já tínhamos? Sim, se não há dinheiro para guardarmos os nossos melhores jogadores, como é que há dinheiro para dar 11 milhões de euros por dois júniores do Real Madrid? E depois o absurdo: destes 25 milhões de euros, 5 são para receber em... 2015. Fantástico. Não havia vagas para receber o dinheiro só em 2020? Ou 2050, por exemplo? Seria uma fantástica medida a longo prazo, garantindo que a Direcção em 2050 recebesse dinheiro para poder comprar uma sanita nova para os balneários.

A nível desportivo, que parece ser uma questão secundária para quem dirige o nosso clube, a opção é absolutamente inconcebível. Perdemos o nosso melhor central, com as consequências que daí advirão: sem um único central no plantel rodado o suficiente para entrar de caras, sem risco, na titularidade e, tendo em conta as características do jogo do Benfica (bloco mais alto, pressionante, porque a velocidade do David Luiz permitia e potenciava esse modelo), podemos afirmar, com tristeza, que os objectivos para esta época estão, com esta venda, postos definitivamente em causa.
E isto não é - NEM PODE SER, CARALHO! - de somenos importância. Alienar uma época por uma necessidade premente de fazer uma mais-valia (que apenas acontece por no passado terem sido feitas opções deploráveis), tornando-nos num clube-empresa que põe para segundo plano os objectivos desportivos, é alienar o Benfica e o que ele defende e representa. É ser anti-Benfica. É ser mentiroso, baixo, ignorante, desrespeitador das ambições dos adeptos.
Mas esta sopa tem mais ingredientes azedos: com uma necessidade óbvia de comprarmos um médio para o plantel (que, sem ele, passaremos os próximos meses, nos jogos importantes, sérios riscos de derrotas), o que é que os geniais dirigentes do Benfica fazem? Pedem ao Chelsea um médio mas só para a próxima época!

Vão para o caralho! Estes merdas não sabem o que é o Benfica. Não querem saber. São uns mercenários, mentirosos e hipócritas, que não pensam no Benfica como um clube para atingir o sucesso, mas numa empresa para valorizar jogadores e dar comissões.

Filhos da puta. Parabéns, a época acabou.





Adenda: Repare-se na forma enganadora como o negócio é proclamado, bem na tradição vieirista de atirar areia para os olhos dos adeptos:

- O passe do jogador Matic é avaliado em 5 milhões de euros

O jogador foi comprado há dois anos pelo Chelsea por 1,7 milhões de euros, tendo passado uma época sem jogar e outra, a actual, no Vitesse. A Transfermakt avalia o jogador em 2.250 milhões. Em que é que o Benfica se baseia para dizer esta mentira? Em que números, bases de fundamentação, factos, dados fidedignos suporta uma informação que faz passar aos seus adeptos? Em nada. Em areia. Em mentira. Em engano. Em Vieirada.

- Fica agendado um jogo com o Chelsea que é avaliado em 1,5 milhões de euros

Esta então é de rir. Quer dizer: os adeptos é que pagam parte da venda do David Luiz? Se não fosse imbecil, tinha graça. E seria assim tão difícil agendar um jogo com o Chelsea na pré-época ou na Eusébio Cup? Até parece que não o fizemos já. A sério, alguém lê isto e come esta merda pelos olhos?

- O Benfica receberá 3,5 milhões de euros se se cumprirem certos objectivos

Quais? Quando? Como? Não sabemos. Não interessa. É tipo 6 milhões + 5 de objectivos do Di Maria. Quais? Não sabemos. Não interessa. Curiosamente, ao mesmo tempo que era dito aos sócios que o Benfica receberia 6 milhões + 5 comprávamos o Rodrigo e o Alípio, esses jogadores altamente avaliados. Por quanto? Imaginem: 6 milhões + 5. Coincidência, de certo. Passemos pela Tranfermarkt para aferirmos da avaliação às nossas portentosas compras: Rodrigo avaliado em 4 milhões (isto depois de obviamente ter visto o seu passe valorizar por jogar esta época na Premier League) e Alípio avaliado em... "unknown" (provavelmente valerá tanto que houve algum pudor em disponibilizar o valor). Mas dizem-nos que ainda vêm a caminho 3,5 milhões de euros pelo David Luiz. Hey, quem somos nós para duvidar?

Feitas as contas dá nisto: recebemos 18,750 milhões de euros (75% dos 25), sendo que a pronto vêm 13.750 e ficam 5 para receber em 2015 (quando o David Luiz tiver farfalheira grisalha e o nosso Alzheimer já se tiver esquecido de receber o dinheiro). 18.750 milhões de euros por um internacional brasileiro de 23 anos, com a qualidade que todos sabemos ter e a Copa América disputada em Julho, abdicando de um titularíssimo a meio de uma época em que estamos em 4 provas.


Recorro ao vocabulário do nosso Jesus: Ganda negócio!