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domingo, 10 de setembro de 2017

Caiu a meia-noite



Os últimos dois jogos trouxeram à comunidade Benfiquista uma agitação inesperada, sobretudo para quem vem de um tetra campeonato e parte em busca de um penta. Os sinais de alarme tocam a rebate, não tanto pelos resultados, mas sim pelas respectivas exibições e o que elas podem indiciar.

O facto – inegável – é que a qualidade exibicional dos últimos dois jogos foi incomparavelmente inferior aos resultados obtidos nos mesmos, ainda que os resultados tenham sido, no mínimo, pífios. 

Como sempre, seja nas vitórias, seja nas derrotas/empates, as explicações surgem de todos os lados e para todos os gostos, mas seja nas vitórias, seja nas derrotas, há um traço que me parece imutável: A ideia de jogo de Rui Vitória é o saco de plástico largado na rua, isto é, vai para onde o vento o levar. A ideia de jogo de Rui Vitória é o que os jogadores querem que seja – este “querer” não é no sentido literal, mas sim, no sentido do que as características individuais de cada um quer.

E se dúvidas houvesse (vão existir sempre para alguns), estes dois jogos são absolutamente reveladores. Sem a qualidade individual tida desde a baliza, tudo o que, para alguns, parecia colectivo e trabalhado, desapareceu como desapareceu a carruagem de sonho da Cinderela ao passar da meia-noite, ficando apenas a abóbora tosca, baça e deselegante.

Rui Vitória, no final do jogo passado, quando instado a explicar a saída de Lisandro ao intervalo e a adaptação de Samaris ao papel de central, disse qualquer coisa como isto: “Foi uma decisão técnica, nada de errado se passa com a condição física de Lisandro, pois entendi quem precisávamos de melhor saída de bola”. Ou seja, o treinador não substitui o jogador por achar que ele não está a cumprir com os preceitos colectivos na saída de bola, fá-lo porque procura melhorar a saída de bola no individual, colocando um outro que, no seu entender, tem mais capacidade para o fazer no individual.

O problema é que, chame-se ele Lisandro, Jardel ou Manuel, a qualidade de saída de bola vai estar sempre dependente única e exclusivamente do que cada um valer, porque não existem soluções colectivas que ajudem cada um a esconder defeitos e expor virtudes; O problema é que o Benfica precisa de saída de bola em TODOS os jogos, não só em alguns e Rui Vitória só agora parece ter percebido que a actual linha defensiva está longe de ter a qualidade da anterior; O problema é que, precisando de saída de bola, Kalaica – de longe o nosso melhor central neste parâmetro – foi o central menos utilizado na pré-época – altura onde correspondeu e deveria ser testado ao limite - e hoje em dia faz jogos pela B, isto apesar de NENHUM dos centrais já utilizados ter sequer metade da qualidade do croata.

Se à falta de qualidade nos processo colectivos juntarmos inabilidade nas escolhas individuais, a coisa vai correr mal. Rui Vitória ainda pode entrar na máquina do tempo e atrasar a chegada da meia-noite, mas o encanto está prestes a desfazer-se. 

terça-feira, 24 de março de 2015

A substituição na derrota de Vila do Conde



Muito tenho ouvido sobre a ambição demonstrada pelo treinador do Benfica no final do jogo contra o Rio Ave.

O Benfica estava com 10 jogadores, o jogo estava empatado e próximo do fim e o adversário estava a jogar de forma organizada e a muito bom nível.

Dizem que no Benfica se joga sempre para ganhar. Dizem que o Benfica tem e tinha de procurar a vitória. Concordo, apesar de isso até ir contra as palavras de Jorge Jesus após o jogo com o Paços.

O que não entendo é a justificação para, naquelas condições, se jogar com 4 defesas, 4 atacantes e somente um médio que ainda por cima está agora a voltar à competição depois de uma longa paragem. Desde quando é que a melhor maneira de procurar o golo é encher o ataque com avançados? Desde quando é que a melhor forma de conseguir vencer o jogo é abdicar de defesas e/ou de médios em prol de ter mais avançados?

Claro que é importante ter gente na área para o último passe e para a finalização. Mas é menos importante ter gente que permita à equipa conseguir ter a bola? Mas é menos importante ter gente que consiga construir as jogadas?

Querem-me convencer que tirar o Pizzi para colocar o Lisandro, deixando a equipa só com o Amorim no meio-campo, dois extremos abertos e dois avançados, era a substituição óbvia de uma equipa quer queria ganhar.

Não conseguem. Via a equipa com maior capacidade de vencer o jogo, e ainda com diminuição de risco de sofrer o segundo golo, mantendo o Pizzi com o Ruben no meio campo e retirando um dos avançados para a entrada do Lisandro.

Aliás, até acharia melhor uma situação alternativa de três defesas, mantendo os 4 atacantes. Saindo o Eliseu, que estava já há muito a implorar para sair, entrando o Lisandro e ficando o Maxi ou o Ruben mais próximos dos centrais.

Abdicar do meio-campo para mim nunca é solução. Esta época tem sido uma constante para Jorge Jesus e só resultou uma vez, na Luz com o Mónaco, jogo em que o treinador encarnado optou por partir o jogo e ganhou aquela equipa que teve melhores executantes no ataque.