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terça-feira, 24 de junho de 2014

A selecção segundo Jorge Mendes



Ao longo da carreira de Paulo Bento, quer enquanto jogador, quer enquanto treinador, aprendi sempre a admirar o homem que se escondia por de trás do profissional de futebol. Podia gostar e/ou concordar mais ou menos com as suas decisões, mas sempre tive em Paulo Bento uma figura séria e pouco influenciável.

Desde que assumiu a função de seleccionador nacional tenho lido e ouvido demasiadas vezes a critica de que Paulo Bento não passa de um fantoche, de um testa de ferro e defensor dos interesses de Jorge Mendes que, segundo as mesmas vozes, é quem comanda os destinos de toda a FPF. Desde seleccionados a mais utilizados ou até a escolhas para o 11 inicial.

Por me fartar de ouvir este tipo de afirmações sobre alguém de quem prezo muito a postura (competência ou incompetência é uma outra questão), decidi navegar um pouco pela net e analisar os empresários de cada um dos 23 seleccionados e das alternativas mais credíveis para cada sector:

1 – 12 dos 23 eleitos para este Campeonato do Mundo são agenciados por Jorge Mendes, sendo que dos restantes 11 não me foi possível apurar com exactidão o agenciamento de 3. A saber: Ricardo Costa, Ruben Amorim e Vieirinha.

2 – Considerando o seguinte 11 como a equipa mais utilizada ao longo do reinado de Paulo Bento: Rui Patrício, João Pereira, Pepe, Bruno Alves, Fábio Coentrão, Miguel Veloso, Meireles, Moutinho, Nani, Ronaldo e Postiga, podemos verificar que destes apenas Raul Meireles não é agenciado por Jorge Mendes. Agora pergunto, quais as alternativas a este 11? Os restantes guarda-redes não são agenciados por Jorge Mendes, mas não é líquido que sejam melhores que Rui Patrício. No sector defensivo verificamos que talvez haja apenas alternativas credíveis em Ricardo Costa e Neto, sendo que ambos não pertencem à Gestifute. Considerando José Fonte, Antunes, Cédric e Rolando como principais alternativas aos convocados, de facto, nenhum deles é agenciado por Jorge Mendes. Avançando no terreno para os médios convocados podemos verificar que William Carvalho (principal alternativa aos titulares) é agenciado por Jorge Medes e que uma das principais “teimosias” de Paulo Bento durante este Mundial tem sido Raúl Meireles que não tem em Jorge Mendes o seu agente. Ou seja, não seria lógico que Jorge Mendes fizesse um 11 sem Meireles quando W. Carvalho está tão bem? Para lá dos médios convocados considero 3 alternativas: Adrien, André Gomes e João Mário. Todos estes são agenciados por Jorge Mendes, logo, ficamos a saber que a não convocação de Adrien não foi ordem de Jorge Mendes. No ataque podemos verificar que Rafa, Varela, Eder e Vieirinha não pertencem à Gestifute, ou seja, os elementos mais “questionáveis” não pertencem à empresa de Jorge Mendes, sendo que todos os jogadores tidos por alternativas pertencem ao bem-sucedido empresário Português – Danny, Nelson Oliveira, Quaresma, Bebe e Ivan Cavaleiro.

3 – Nos 23 eleitos, podemos considerar como elementos mais questionáveis: André Almeida, Eder, Rafa e Vieirinha. Destes, nenhum é agenciado por Jorge Mendes, havendo jogadores para as mesmas posições que são agenciados por ele e que ficaram de fora.

Perante isto podemos concluir que a esmagadora maioria dos melhores jogadores Portugueses da actualidade são agenciados por Jorge Mendes, logo, seja Paulo Bento ou qualquer outro seleccionador, dificilmente conseguirá não ter um grupo de seleccionáveis esmagadoramente agenciado por Jorge Mendes. Podemos ainda concluir que não foi por falta de empresário que Adrien, injustamente, nunca teve uma oportunidade na selecção. E posso ainda perguntar que, caso fosse Jorge Mendes quem escolhesse os convocados, não seria presumível que Nelson Oliveira ou Danny não tivessem sido “riscados” dos convocados? Não seria lógico que Bebe, tendo feito uma boa temporada e que se encontra a precisar de novo clube, fosse escolhido em detrimento de Eder, Varela, Rafa ou Vieirinha? Não seria certo que Quaresma regressasse aos eleitos para o lugar de qualquer outro que não seja agenciado por Jorge Mendes?

Ainda assim, lanço um desafio a quem esteja disposto a isso: Imaginem-se na posição de Paulo Bento e escolham 23 e um 11 que saia fora da esfera dos jogadores agenciados por Jorge Mendes. Se conseguirem, mantendo a qualidade, dou-vos os parabéns.

Quero eu dizer que não existe um qualquer lobby na FPF comandado por Jorge Mendes? Não, muito menos num país com a nossa cultura. O que quero dizer é que se existe esse lobby, não é pelas convocatórias de Paulo Bento que ele será demonstrado.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Os resultados são as consequências, não as razões.


Há muito a tendência de analisar equipas, jogos e performances olhando para os resultados e não para o jogo, desempenho, desenvolvimento e processos.

É compreensível. Para a história ficam os resultados e os vencedores. Na memória a complexidade do jogo desvanece e resta-nos os números e os nomes.

Como é que uma Holanda que deu 5-1 à Espanha teve tanta dificuldade com a Austrália?
E não falo da dificuldade de um resultado com a vantagem mínima (3-2) mas sim da dificuldade de uma equipa em se sobrepor à outra durante os 90 minutos.

Sim no Euro-2012 chegámos às meias-finais. O resultado na competição até é bom. E o desempenho? Com quem jogámos? Como jogámos? Como foi o jogo com a Dinamarca? Como se desenvolveu a vitória com a Holanda? Como foi o jogo com a República Checa?



O bom trabalho resultará em bons resultados com muito mais frequência do que o mau trabalho.
É porque um resultado foi negativo que o trabalho está a ser mal feito? É porque o resultado foi positivo que o trabalho está a ser bem feito?
Com qualidade e competência mais possivelmente conseguimos bons jogos e resultados. Nem sempre irão aparecer, contudo as probabilidades de aparecerem são muito maiores do que sem qualidade e com incompetência.

Portanto prefiro fiar-me no bom trabalho do que em resultados pouco sustentados.
Hoje nem quero saber sobre o que se fez nos amigáveis, sobre os treinos no Brasil, sobre o hotel, temperatura ou corridas nas saunas. Hoje não quero saber de penteados nem que sejam todos Meireles. Hoje não quero saber quantas meninas chamaram pelo Cristiano, quantos sacos de gelo ele equilibrou no joelho nem quantas garrafas de água bebeu. Hoje não quero saber das selfies presidenciais nem das conferências de imprensa surreais.

Portugal entra no Mundial a pensar que está num jogo entre amigos de férias no Brasil. É atropelado pela Alemanha, não entra no jogo e vê dois titulares saírem lesionados e outro acabar do mesmo modo.

Chega o segundo jogo e os jogadores portugueses entram cheios de vontade de limpar a triste imagem, desta vez frente a uma selecção americana expectante e demasiadamente respeitadora.
Portugal faz 10 minutos de força. Consegue chegar à vantagem numa jogada fortuita finalizada com qualidade pelo Nani.
A partir daí não houve Portugal até ao “time-out”. Foi ver os americanos trocar a bola com qualidade, criarem espaços e aproximarem-se da nossa baliza cada vez com mais perigo.
Aquele descanso de dois minutos ou fez bem a Portugal ou fez mal aos EUA. Nos últimos minutos antes do intervalo voltámos a jogar e podíamos ter aumentado a vantagem.
Se calhar 2 minutos de descanso é o ideal para estes jogadores. É que quando o descanso foi de 15 só os cansou mais.
Portugal entrou na segunda parte amorfo. Foi ver os EUA jogar e rezar para que nada acontecesse durante 45 minutos. Essa fé durou 20 minutos. 1-1.
Infelizmente não soubemos aproveitar o erro comum a todas as menores equipas após chegarem ao golo. Com o empate os EUA, satisfeitos, devolveram a bola a Portugal, baixaram linhas, dispensaram a iniciativa de jogo, exageram no travão e assim deram toda a hipótese para chegarmos novamente ao golo.
Nem essa facilidade nos chegou e foram os americanos a conseguir o golo da vantagem.
A 10 minutos do fim parecia não haver mais jogo. Os 11 deles festejavam e os nossos choravam e desesperavam.
O árbitro olhou para o relógio, colocou o apito na boca, inspirou, o Cristiano cruzou, o Varela marcou, o árbitro expirou e o apito apitou.

2-2 com um golo a abrir e um a fechar e pelo meio com mais uma exibição muito muito pobre.
Entretanto vimos mais dois jogadores saírem por lesão.

Não coloco em causa a vontade e o esforço dos jogadores. Não coloco em causa a vontade do seleccionador.
Questiono sim a qualidade de quem actuou e de quem seleccionou. E como quem joga é escolhido pelo seleccionador e como quem é convocado é escolhido pelo seleccionador…

Esta selecção não tem problemas de vontade. Esta selecção sofre por pouca qualidade individual, técnica, colectiva, táctica, de liderança e física.

Valerá a pena nesta altura continuar a bater na tecla da pobre e triste convocatória?
Só se for para perguntar onde pára o suplente do Coentrão.
Só se for para perguntar porque não são convocados os melhores jogadores, aqueles que estão em melhor forma, aqueles que fazem melhores épocas e aqueles que estão em melhores condições físicas. Só se for para perguntar porque foram esses jogadores preteridos em prol de outros de menor qualidade, que pouco jogaram na época ou nos últimos meses, que se apresentam lesionados ou a recuperar de lesões, que estão em péssima forma e sem confiança.
Será suposto acreditarmos que o escândalo das lesões nada tem a ver com isto?


O Paulo Bento diz que nada fazia prever a lesão de um jogador que todos sabíamos estar pelos arames, jogador que só aguentou 5 minutos e a jogar sem bola. Foi esta cegueira que comandou a convocatória, analisou os treinos e definiu os titulares.


O trabalho de Paulo Bento tem sido um simples copy paste. Parou no tempo e está há 3 anos a apostar na repetição. Por isto foi fácil adivinhar o 11 de ontem. Muito fácil.
Nem mesmo o 4-0 mostrou a este seleccionador que algo estava mal porque a culpa foi do árbitro, ponto.


O destro adaptado A.Almeida passou o jogo a apanhar com o extremo e o lateral. Já se sabe que o Cristiano não acompanha o lateral e mesmo assim nada se viu para compensar isso.
Como o lado esquerdo estava tão fácil então na segunda parte foi para lá o Veloso. Não havia outra solução? Em Maio havia.
O Veloso a jogar a lateral é uma tristeza. Se ser polivalente é um jogador poder posicionar-se em mais do que uma posição então todos os jogadores são polivalentes em todo o campo. O Veloso é médio e não é polivalente.


O Meireles continua a jogar nesta selecção. É por causa da barba?
Sobre o Moutinho não opino. Tem qualidade mas não tem condições para a mostrar.


O Bruno Alves é força e impulsão. Tirem-lhe isso e é central de segunda divisão portuguesa. No Posicionamento defensivo, leitura defensiva e defesa pelo chão é fraco, fraco e fraco.
O Ricardo Costa ao lado dele parece o Nesta.


O Éder é um avançado em total sub-rendimento. Sem ritmo de jogo. Talvez porque enfrentou duas graves lesões nos últimos dois anos, tendo passado boa parte da época a recuperar delas. Mais um entre muitos nestes 23.


O R.Costa e o Nani foram os bons neste jogo.


Desde a saída do Figo que ainda estou à espera de um capitão na selecção. É que dar o corpo quando se marcam golos insignificantes é show-off mas dar a cara quando a equipa está por baixo é liderar.


O Postiga? Jogou o mesmo de sempre, não se pode exigir mais.


Dinâmica? Juventude? Frescura? São qualidades que Paulo Bento não tolera.


Eu tinha equacionado como uma boa aposta para a titularidade jogar com a dupla William-Moutinho, com o Cristiano na esquerda e depois ou com Rafa-Nani ou Nani-Varela ou Nani-Vieirinha.
Paulo Bento mostrou como mandar um belo “fuck off” à sorte. As lesões e condições do jogo fizeram com na segunda parte finalmente víssemos esta formação em campo mas mesmo assim o seleccionador soube como sabotar o sistema.
O extremo destro que tem como maior característica a sua velocidade e capacidade de procurar a linha para cruzar foi encostado à esquerda. O extremo com melhor capacidade de organizar jogo e compensar as incursões centrais do Cristiano ficou pela direita. O considerado melhor do Mundo que tem o seu melhor jogo nas dinâmicas que faz entre a esquerda e a área foi colocado a jogar no meio.
Lógica? Simples anarquia e bloqueamento de pensamento.


Desta vez nem a desculpabilização infundada nem o complexo de inferioridade português poderá amenizar as responsabilidades destes que nos representam.


Agora é ganhar ao Gana e esperar um milagre. O problema é que ganhar a esta selecção africana é já em si um milagre.


Felizmente há muito mais neste Mundial do que Portugal. Felizmente os treinos e amigáveis do Benfica estão perto de começar.


Agora é esperar o boletim clínico, talvez a parte mais entusiasmante e imprevisível desta estadia no Brasil. Neste Mundial, o boletim clínico é o Bingo dos portugueses.

Uma manta de retalhos



Nenhum factor isolado explicará um fracasso tão grande quanto o de Portugal não ultrapassar a fase de grupos neste mundial, obtendo uma prestação ao nível da obtida em 2002:

- Falta de qualidade: Como já havia escrito no rescaldo do primeiro jogo, reforço, a falta de qualidade intrínseca do painel de recrutamento ao dispor de Paulo Bento. Nada me convence que com jogadores como Adrien, Cederic, Antunes, Quaresma, Bebe ou outro, ou todos estes juntos, o desfecho fosse muito diferente do que se adivinha.

- Incapacidade física: Os treinadores, por norma, não gostam de dissociar a questão física da questão táctica, como por exemplo Jorge Jesus que diz até não existirem equipas mal fisicamente, mas sim equipas mal preparadas tacticamente, sendo esse o factor que provoca a má condição física. Colocando as coisas de forma mais simplista “se corres mal, vais correr mais”. Ainda assim, tem sido desesperante ver a condição física dos nossos atletas. O jogo de ontem foi indiscritível. Não me lembro de um lance ganho em antecipação por parte dos nossos jogadores. Ou seja, os jogadores tentavam a antecipação, mas como falhavam, obrigavam os colegas a proceder em reacção e não em acção, abrindo autenticas crateras no posicionamento defensivo.

- Incapacidade estratégica: A selecção dos Estados Unidos da América era-me completamente desconhecida. Naturalmente conhecia alguns jogadores que fazem parte dos escolhidos para este mundial, mas desconhecia a equipa enquanto colectivo. Por isso, foi com alguma curiosidade que vi o jogo da primeira jornada que os colocou frente ao Gana. Desse jogo ficaram-me duas ideias muito fortes: 1 – Defensivamente eram organizados, mas muito concentrados no corredor central. Quando a bola entrava num dos corredores, a equipa fechava muito e bem esse mesmo corredor, mas uma variação rápida do centro de jogo colocava a nu esse desequilíbrio táctico; 2 – Ofensivamente pareceram-me uma equipa muito circunscrita ao ataque rápido e, na esmagadora maioria das vezes, pelo seu corredor direito, onde a sociedade formada pelo lateral e extremo direitos funcionava às mil maravilhas. Observando o jogo de ontem, podemos verificar que Portugal nunca conseguiu estancar o flanco direito Americano e muito menos conseguiu ter jogo exterior capaz de colocar problemas sérios à defensiva Norte-Americana.

No final da primeira jornada do grupo, e sem embargo dos resultados obtidos pelas 4 equipas, fiquei com a clara noção de que os EUA eram a equipa mais limitada do grupo e que os Ganeses eram um dos conjuntos mais fortes fisicamente deste Mundial. E não foi o jogo de ontem que me fez mudar de opinião.

Nesse sentido fica a questão: Se não fomos capazes de vencer a pior equipa do grupo vamos conseguir golear uma das equipas fisicamente mais fortes deste Mundial? Nem pensar!

terça-feira, 17 de junho de 2014

Os Pecados da Selecção Nacional



Não há qualquer dúvida de que a Alemanha era favorita, de que é uma equipa com intérpretes de imensa qualidade e de que muito dificilmente Portugal conseguiria os 3pts.

Erros haverão sempre e espaço para melhorar também.
Depois de uma derrota por 4-0 isto fica ainda mais evidente.

Para este Mundial, particularmente no jogo com a Alemanha, assisti a vários e graves erros por parte da nossa Selecção, tanto erros visíveis no jogo como precedentes a este.
Quanto aos acontecimentos do jogo:

- Paulo Bento continua a jogar num 4-3-3 amorfo. O meio-campo é lento e demasiadamente posicional. Os três jogadores procuram o mesmo espaço e nenhum deles dá apoio ao avançado.

- O Rui Patrício provavelmente fez a sua pior exibição. Jogou lesionado?

- O João Pereira como sempre lutou muito mas falhou praticamente todas as abordagens que fez, tanto ofensivas como defensivas.

- Só na Selecção o B.Alves é considerado um grande jogador. É um central com uma enorme presença mas enquanto defesa está muito abaixo até do Neto.
Fraco posicionamento defensivo, fraca capacidade de defender pelo chão e fraca leitura defensiva.

- O Pepe mais do que ninguém já devia ter aprendido a sua lição. Portugal jogou com 10 por culpa inteiramente sua.

- Numa equipa com Moutinho, o Veloso não está ali a fazer nada. Só atrapalha.
- O Meireles nunca foi um grande jogador. As suas qualidades estavam na sua disponibilidade física, garra e capacidade de aparecer em zonas de finalização. Nos seus 31 anos há muito que não acrescenta nada ao jogo.

- O Moutinho não tem espaço para jogar. Vive nesta selecção sufocado por este meio-campo.

- O Nani até pode estar bem fisicamente mas em alta competição a recuperação de uma longa paragem é muito mais do que a parte física. Ritmo de jogo e confiança são factores cruciais. O Nani tem qualidade mas não tem uma época competitiva a sustentá-la.

- O modo de utilização do Cristiano é porventura o maior erro de Paulo Bento.
Em Portugal temos dois Cristianos, um que joga na linha e outro que joga mais solto. O primeiro é o CR do Real. O Cristiano é um grande jogador mas com qualidades muito específicas, as quais são sobejamente exploradas em Madrid. Numa equipa que é sempre favorita, o Cristiano não defende, não participa no processo de construção e tem toda uma equipa a trabalhar para si e a procurá-lo para o último passe. Constantemente vemos o Benzema abrir na linha para permitir a entrada do CR.
Na selecção, por mais que o Paulo Bento queira, o Cristiano não pode actuar deste modo. Portugal não tem os jogadores que tem o Real nem é sempre o super-favorito em qualquer jogo. É impensável a Selecção dar-se ao luxo de actuar com um jogador alheado do jogo, muito menos sendo esse o melhor jogador da equipa. Por Portugal o Cristiano tem de jogar solto, aparecer na zona de construção, conduzir a bola e procurar o jogo.
“O Ronaldo não pode fazer mais porque a bola não lhe chega!”
Na Selecção ele não pode esperar pelo jogo, tem de participar nele. Até o Neymar o faz pelo Brasil.
O Cristiano não tem muitos bons jogos pela Selecção e isso acontece muito por culpa deste erro recorrente do Paulo bento.

- Que ideia é esta de que contra a Alemanha temos de usar o H.Almeida?
O Fábio pouco subiu e não fez cruzamentos, o J.Pereira subiu muito mas não acertou um cruzamento, o Nani não teve confiança para ir no 1 para 1 e procurar a linha e o Cristiano não é um jogador de cruzamentos.
Portanto a envergadura do H.Almeida de nada serviram e com ele perdemos velocidade, capacidade defensiva, capacidade de pressão e capacidade de interacção com a restante equipa.


Contudo o Mundial para Portugal não começou ontem e a preparação para o jogo com a Alemanha tem outros aspectos além dos sucedidos no relvado.
Portanto, quanto a acontecimentos precedentes ao jogo:

- Não tenho conhecimento na matéria mas questiono se todo o trabalho de treinos foi o mais indicado. Não terá havido demasiado ambiente de festa nos dias que antecederam o jogo? O local onde a selecção está sediada é o mais indicado? Pelo que sei a Selecção está instalada muito a Sul da localização dos seus jogos, o que não permite a habituação adequada ao clima destes.

- O Cristiano foi 90% do foco nacional nestes dias. Espero que isso tenha acabado.

- O trabalho feito nos amigáveis. Durante 4 anos o seleccionador nacional não teve interesse em renovar o seu 11 tipo nem em criar um plano B e já se sabia que não ia aparecer neste Mundial com qualquer mexida na equipa, tudo muito expectável e previsível.
Contudo, chegado aos amigáveis que antecederam o Mundial, o Paulo Bento optou por, sem tempo para isso, trabalhar um plano B e também por dar indicações de renovação do 11 tipo. Algo que além de ser fogo de palha também limitou a preparação daquela que seria a equipa a actuar neste Mundial.
O último jogo foi contra uma banal Irlanda que nem sequer estava em preparação para o Mundial. Serviu para conseguir um resultado vistoso que deixou uma errada última imagem da qualidade e preparação da Selecção.

- Paulo Bento nem convocou os melhores nem os que se apresentavam em melhor forma. Como era expectável convocou e vai utilizar os mesmos dos últimos 4 anos. A Selecção parece parada no tempo, faltando-lhe frescura, dinâmica e competitividade.
Até ontem existia uma grande fé nesta Selecção devido ao resultado conjectural do Euro 2012. Este Euro foi encarado como um sinónimo de sucesso e qualidade, tudo porque é superficialmente analisado com base no que a alcançámos e não no como o fizemos. E como no que está bem não se mexe…
Contudo, nem o Euro foi assim tão bom nem é verdade que em equipa que se ganha não se mexe, principalmente quando falamos num período de 2 anos.

Nesta convocatória temos ainda o problema da insistência em jogadores a recuperar de lesões ou de épocas de escassa utilização. Assim os jogadores apresentaram-se em estágio sem condições para competir e a Selecção dedicou mais tempo a recuperar fisicamente os jogadores do que a preparar a equipa para o disputar. Este factor não pode estar desligado do descalabro de lesões de ontem.
Apareceram lesionados ou em recuperação o Pepe, Meireles, Nani, Vieirinha, Moutinho, Cristiano, Éder e Postiga. O Coentrão apareceu lesionado e saiu lesionado do jogo de ontem, tal como o Patrício e H.Almeida. O Veloso apareceu sem competição. Também o Amorim, Rafa, William e Beto enfrentaram problemas físicos.
Não será demasiado?

A convocatória também peca por excesso de foco em jogadores polivalentes. Precisamos de atacar e com profundidade nos próximos dois jogos e sem Coentrão o substituto imediato seria o Antunes. A obsessão pela polivalência limita-nos a adaptar o Veloso ou o Almeida.

- Défice de aproveitamento do talento nacional. Recuso-me a aceitar que Portugal não tem talentos. O que não temos é quem acredite nos jogadores nacionais.
Esta é uma responsabilidade dos principais clubes portugueses e também do Seleccionador Nacional. Os clubes, na sua grande maioria, não apostam no jogador nacional nem no produto da sua formação. Não basta ter centros de estágio, é essencial acreditar nos jovens. A constante desvalorização a que estes estão sujeitos está a prejudicar a Selecção Nacional no imediato e irá prejudicar os clubes no médio-prazo.
O seleccionador tem obrigação de acreditar e potencializar os jovens portugueses. Tem responsabilidade de observar os jogadores, apostar neles, lançá-los aos olhos do Mundo e criar valor para a selecção.
Jogar pelo seguro não chega a este nível.
Ontem ouvi algo com o que tenho de concordar a 100%. Os jogadores não aparecem a menos que haja necessidade de os encontrar. Enquanto andarmos convencidos que não temos necessidades ou que não temos soluções, vamos continuar sem ver jovens a afirmarem-se na selecção.

Só mais uma nota.
Uma equipa não é só a parte financeira ou populacional, o universo de escolha. A partir de um certo nível qualitativo, torna-se muito mais determinante o trabalho técnico-táctico e a postura colectiva e individual. É nestes aspectos que temos de ser os melhores e no qual mais estamos a falhar. E tudo começa pela constante desculpabilização.
Bem sei que a Alemanha tem 82M de habitante e Portugal só tem 11M. Isto é importante mas está longe de ser definitivo.
A Holanda só tem 17,5M e todos os anos se colocam ao nível dos melhores. Jogou contra a selecção de um país com 47M e deu 5-1.

A Holanda aparece neste Mundial com:
5 Jogadores do Feyenoord
3 Jogadores do Ajax
2 Jogadores do PSV
2 Jogadores do Swansea
1 Jogador do Norwich
1 Jogador do Aston Villa
1 Jogador do Newcastle
1 Jogador do Dynamo Kiev
1 Jogador do Augsburgo
1 Jogador do Fenerbahçe
1 Jogador do Galatasaray
1 Jogador do Schalke
1 Jogador do Milan
1 Jogador do Man.Utd
1 Jogador do Bayern


A Bélgica também só tem uma população de 11M.
Talvez haja algo que possamos aprender com a formação destes países.

terça-feira, 20 de maio de 2014

Seleccionadores de Bancada

Contestar as escolhas do Seleccionador para um Mundial é tão 1986. Em nós haverá sempre um treinador que escolherá os melhores dos melhores; se fôssemos nós a escolher o lote de felizes contemplados, não há dúvida absolutamente nenhuma de que seríamos Campeões Mundiais de 4 em 4 anos.

A escolha de um plantel para um Campeonato do Mundo deve depender de outros factores para além da forma física extraordinária ou capacidade atlética genial ou uma técnica apuradíssima. É um equilíbrio muito difícil entre sensibilidades; às vezes é melhor escolher um jogador de menor qualidade mas profundamente integrado e orientado para o espírito colectivo (dentro e fora de campo) do que 3 ou 4 craques que não percebem nada do jogo e detestam confraternizar com os outros à hora da ceia, preferindo passar os dias e as noites a jogar playstation no quarto, a olhar para o telemóvel ou a experimentar fatos e gravatas.

Paulo Bento, que tem demonstrado competência e não merece, quanto a mim, tanta crítica, escolheu estes. Que tenha sorte e que Portugal possa fazer uma boa figura. Tendo em conta o nível de todas as equipas, diria que podemos chegar aos quartos-de-final. Mais do que isso dependerá da sorte e da superação. 

Eis os 23 escolhidos:

Guarda-redes: Beto (Sevilha), Eduardo (SC Braga) e Rui Patrício (Sporting);
Defesas: André Almeida (Benfica), Bruno Alves (Fenerbahçe), Fábio Coentrão (Real Madrid), João Pereira (Valência), Neto (Zenit), Pepe (Real Madrid) e Ricardo Costa (Valência).
Médios: João Moutinho (Mónaco), Miguel Veloso (D. Kiev), Raul Meireles (Fenerbahçe), Rúben Amorim (Benfica) e William Carvalho (Sporting).
Avançados: Cristiano Ronaldo (Real Madrid), Éder (SC Braga), Hélder Postiga (Lazio), Hugo Almeida (Besiktas), Nani (Manchester United), Rafa (SC Braga), Varela (FC Porto) e Vieirinha (Wolfsburgo).


Parabéns especiais a André Almeida e Amorim pela oportunidade de representarem o Benfica num Mundial.