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sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Cortez, o defesa que não sabe defender

Cortez é mais ou menos. É, pelo menos, a definição que mais gente decidiu atribuir à recente contratação do Benfica na sondagem que fizemos durante duas semanas. 135 em 536 pessoas (25 por cento dos que votaram) acham portanto que o rapaz é assim-assim, que tem coisas boas e más, que é razoavelzito, que cumpre mas não cumpre muito. Ou seja, ser "mais ou menos" significa "não serve para o Benfica" - a menos que o "mais ou menos" já sirva para o clube, mas acho que ainda não chegámos a esse patamar. 

A segunda definição mais votada: "mauzito". 95 em 536 benfiquistas (17 por cento) acham que Cortez é mauzito. 40 acham que é "mau". 22 acham que é "muito mau" e 50 acham que o brasileiro é "horrível". Pela positiva, 76 (14 por cento) acha que "até é jeitoso". 61 pensa que "até é bom". 13 diz que é "óptimo" e 44 alucinados pensam que Cortez é "dos melhores de sempre" - aqui temos de dar o desconto: estes 44 bípedes votaram isto só naquela do "Carrega, Benfica" e "qualquer jogador do clube é muita bom" e ainda "se eu votar a dizer que ele é dos melhores de sempre e se eu apoiar muito na internet com muitos pontos de exclamação o Cortez vai fazer uma época fabulosa". 

Ou seja: partindo do princípio de que só serve para o Benfica um jogador que até seja "jeitoso", 194 em 536 benfiquistas (36 por cento) acham que Cortez tem qualidade para jogar no clube; 342 (64 por cento) acham que não. 

Estou de acordo com os últimos: Bruno Cortez não tem a qualidade necessária para jogar no Benfica - menos ainda para ser titular, que é o que parece ser a ideia de Jesus. Se tivesse votado, teria escolhido a que teve mais votos: "é mais ou menos". E é mais ou menos porquê? Porque tem qualidades evidentes e defeitos ainda mais óbvios. 

Em que é que Cortez é bom? Tem uma disponibilidade física acima da média; qualidade na progressão em drible; em movimento ofensivo sabe procurar, ao contrário de muitos laterais que só vêem linha-cruzamento, espaços interiores; procura não raramente combinações com o extremo do seu lado, com o médio e com o avançado; favorece uma pressão colectiva mais alta; velocidade. 

E é mau em quê? Em combinações ofensivas tem dificuldade em entender a movimentação que deve executar - vários lances em que, em vez de criar um apoio ao portador da bola, aproxima-se do mesmo, anulando uma possível situação de desequilíbrio; arrisca muito a antecipação, perdendo muitas vezes o tempo de entrada e deixando a equipa desequilibrada; no um-para-um a defender junta-se muito à linha, possibilitando ao extremo adversário partir para dentro ou combinar com um colega; dificuldades claras na recepção e passe (com muito menos espaço do que aquele que tinha no Brasil irá perder demasiadas bolas); desconhece o conceito de linha defensiva; com a bola no extremo do lado contrário, poucas vezes percebe que tem de fechar mais ao meio e é ultrapassado pelo extremo do seu lado (um clássico também em Maxi Perera); um treinador capaz forçará as suas costas - reage mal e lentamente às bolas metidas no espaço nas costas; tem um comportamento previsível - bola no central ou seguir em progressão, na zona defensiva (raramente procura, no espaço defensivo, o passe interior para o médio).

De Bruno Cortz dizem-se coisas intrigantes: que, apesar de não saber defender (vá lá, ao menos isto ainda é admitido), facilmente aprenderá com Jesus os conceitos defensivos. Ora, eu não sei que tipo de ideia é esta mas não deixa de ser curiosa: um tipo que é defesa e aos 26 anos não sabe defender é capaz de ser um bocadinho arriscado, digo eu. Para além de que os seus problemas não passam apenas por não saber conceitos básicos que poderia aprender facilmente - tem dificuldades na compreensão do que é o jogo e óbvias incapacidades de recepção e passe: isto não se ensina numa pré-época. O que quer dizer que, pela terceira vez consecutiva, entraremos na época com um lateral-esquerdo em aprendizagem em competição: Emerson era horrível (esse nem que passasse 10 anos a aprender as maravilhas de Jesus conseguia ser um razoável jogador); Melgarejo tinha dificuldades mas foi evoluindo (claro que quando começou a ser um bom lateral já a época estava a acabar e depois... foi emprestado). 

Agora temos Bruno Cortez, mais um para apoiarmos muito na internet porque dizer a verdade desestabiliza o pobre do brasileiro, que adora vir à blogosfera benfiquista ler o que dizemos sobre ele e depois fica muito chateado e joga mal - não é por ele não ter a qualidade necessária para jogar no Benfica, é porque nem todos na internet apoiam muito. Talvez se todos os dias escrevermos um post só com o título: "Carrega, Cortez!", ele possa mesmo vir a ser um "dos melhores de sempre". Pelo menos é o que 44 em 536 benfiquistas acham. Carrega, Cortez!