- Nunca é demasiado: obrigado, futebol. Este maravilhoso deporto anuncia-nos sempre que podem acontecer coisas destas. Sonhamos com isto, imaginamos à noite vitórias destas, criámos em crianças vários cenários idílicos como o de ontem. Quando acontece, resta agradecer. A perder nos descontos, marcamos dois golos em menos de um minuto e ganhamos o jogo. É futebol e é lindo.
- Mau jogo do Benfica, há que admitir. Sim, criámos situações de golo para uma vitória tranquila, mas, primeiro, a forma como as criámos (mais por erros individuais adversários do que por mérito nosso) e, segundo, a incapacidade de finalização (competência é tudo: não basta ter oportunidade, há que marcar golo), revelam que o Benfica tem ainda, e já em competição, muito que trabalhar se quiser derrubar a maior parte das equipas da Liga Portuguesa - quase todas jogando da forma como o Gil o fez ontem.
- Lima e Rodrigo não é a melhor solução - há que posicionar atrás de um deles um jogador com outras características, mais criativo e capaz de alongar o jogo, tanto desde o miolo até às zonas de decisão, como para as faixas. Os dois juntos tornam-se previsíveis e facilmente aniquilados: jogam muito na horizontal entre os defesas, não têm qualidade para servir de transporte e ligação de trás para a frente. Lima, ainda assim, e se quisermos jogar com os dois, tem de ser o segundo avançado. Jesus joga com eles trocados. Rodrigo é primeiro avançado, nunca segundo; Lima onde rende mais é no apoio ao ponta-de-lança. Há Markovic, há Djuricic, há Gaitán. Passa pela utilização de um deles a melhoria táctica, técnica e sobretudo criativa do processo ofensivo da equipa.
- A generalidade da opinião fala num "finalmente tirei as dúvidas: o grupo está unido". Lamento, mas discordo. É evidente que um jogo ganho naquelas circunstâncias une pontualmente qualquer equipa. Só quem nunca jogou futebol pode achar que aquilo não aconteceria sempre, em qualquer grupo de trabalho.
O momento foi extraordinário, claro que todos se uniram e abraçaram. Resta depois enquadrar esse momento - que, apesar de fantástico, é uma excepção e raramente repetido - com os outros sinais: Jesus faz um sprint para os jogadores, desesperado por um momento de união; Jesus fala com Maxi, que lhe responde de forma bastante fria; Luisão, no segundo golo, em vez de ir festejar com os colegas, dirigiu-se ao público de forma nojenta (um capitão não faz aquilo nunca; Luisão continua a demonstrar falhas graves de comportamento).
O grupo não está unido, a maior parte dos jogadores não está com Jesus e isso terá repercussões a curto/médio prazo. O balão de oxigénio dado pelos dois golos de ontem é mesmo só isso: serve para mais uma semana. Se perdermos em Alvalade, voltará tudo ao mesmo. Ganhando, poderá (vamos ter fé) haver uma esperança numa reviravolta psicológica e de confiança por parte dos jogadores no treinador, mas será sempre com prazo curto. A aliar ao mau futebol que temos apresentado, o destino de Jesus está traçado: não chega ao Natal em condições de discutir o título. Resta saber o que fará Vieira, sabendo que há 3 dias atrás garantiu que Jesus é o seu treinador.
- Vieira a 23 de Agosto: «Sabem que eu não gosto de aparecer. Nas vitórias nunca apareço». Dois dias depois, vem cavalgar o momento de uma reviravolta nos últimos minutos. É Viera vintage. Agora já nem é preciso esperar um mês para se contradizer; contradiz-se dois depois e a malta aplaude. E se o Benfica tivesse perdido ou empatado, Vieira apareceria? A resposta fica ao critério intelectual de cada um.
- Gostava que um adepto que vai para o estádio assobiar os jogadores, sacar de lenços brancos a 10 minutos do fim do jogo com a equipa a precisar de apoio ou que sai do estádio com a equipa a perder e com 15 minutos para poder dar a volta me explicasse o que caralho vai fazer para o estádio, porque eu sinceramente não consigo compreender. Achará este bronco (e são muitos, os broncos que o fazem) que ser crítico de Presidente, treinador ou jogadores é ir prejudicar a equipa ao vivo? Meus caros broncos, a crítica e a luta contra esta gente que dirige o nosso clube faz-se ou em sítios que não prejudicam o Benfica (internet, essencialmente) ou onde há, por direito, a discussão entre sócios (Assembleias-Gerais).
No estádio APOIA-SE a equipa. Não se assobia o Cortez (que é medíocre, é verdade, mas tem de sentir apoio ao vivo e a cores, não associos), não se saca de lenços brancos e não se sai do estádio quando a equipa está a precisar de nós, caralho. Não confundam ser-se crítico de uma Direcção com ir prejudicar o Benfica onde ele precisa do verdadeiro apoio: o de estádio, o presente, o ao vivo, a cores e olhos-nos-olhos. Ouvidos-nas-gargantas. Ali é para APOIAR O BENFICA - não na net, com "Eu apoio o Benfica e por isso só digo bem de tudo" e outras imbecilidades. Deixem isso para os pobres de espírito. O nosso apoio é apoiar o Benfica ao vivo durante todo o ano. Estamos esclarecidos?
- Quando cheguei a casa, tinha mais de 30 comentários para apagar. Todos na mesma sequência de anormalidades: «Já estavas a afiar facas?», «Estás triste, cabrão?», «Mama, ficaste com um melão!», «Sofre, portista de merda!», acho que já perceberam a ideia. É deprimente ter de ler estes mentecaptos, estes pedaços de esterco humano. O mais curioso é ver as horas e minutos em que os comentários apareceram: quase todos ainda o Lima estava a cabecear para a baliza.
O que faz um mentecapto quando o Benfica dá a volta a um jogo complicado? Sentadinho no sofá - o estádio não dá jeito, não fica a caminho, gasta-se dinheiro e é uma chatice -, em vez de festejar o golo do Benfica, vai para um blogue de um gajo que vai a quase todos os jogos do clube há anos a fio dizer que ele ficou com um melão. Isto enquanto esse gajo, eu, está aos abraços a viver o golo e a vitória. É este tipo de merda humana que leva o Benfica para o abismo em que está enfiado - gente estúpida, sem nexo das coisas, incapaz de apoiar o Benfica onde ele deve ser apoiado, mas que acha, do alto da sua imbecil arrogância, que é mais benfiquista do que os outros.
Um ser que venha a este blogue e ache que eu fico feliz com não-vitórias do Benfica ou que não sou benfiquista tem de ser imediatamente lançado no espaço e tornado satélite de algum planeta indefinidamente no tempo, de fio-dental com tigrezas e com um cartaz na testa: «eu estou aqui porque não preencho os requisitos mínimos de QI para habitar o planeta Terra».