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quinta-feira, 12 de julho de 2012

A mentira ...


O campeonato português é uma mentira. Esta é uma frase recorrente cada vez que perdemos um campeonato numa clara alusão às arbitragens. Além das arbitragens, há, ou havia, a questão dos empréstimos, da disciplina, ou antes da falta de critério da comissão de disciplina e/ou conselho de justiça, enfim uma miríade de questões que influenciam o desfecho das partidas e consequentemente do campeonato.

Se por um lado, esta frase é partilhada pelos que perdem a verdade é que é desvalorizada pelos que ganham. Os 50.000 penalties para o Jardel, o campeonato dos túneis, o campeonato do Proença, enfim, quem perde tem sempre uma denominação para adjectivar e menosprezar os méritos alheios. 

Este post não visa querer mostrar o que muitas vezes e melhor já o fizeram anteriormente e noutros locais. Pretende-se antes analisar a mentira que é o futebol português na sua totalidade.

Um clube, ou uma SAD, tem supostamente a força que os seus sócios e adeptos tiverem. Ou assim deveria ser. Por isso os três grandes têm uma força desportivamente desproporcional com o resto do futebol e mesmo do desporto português.

Tendo mais sócios e adeptos, um clube/SAD torna-se mais atractivo para os patrocinadores e consequentemente consegue negociar melhores patrocínios, vender os direitos de transmissão por valores mais altos, facturar valores maiores em termos de merchandising e mesmo conseguir maiores receitas de bilheteira, seja através de bilhetes de época, seja através da venda jogo a jogo.

Basicamente e caso não existissem outros fenómenos que tendem a enviesar a real relação de forças, os clubes gerariam receitas (excepção feita à transferência de passes de jogadores) proporcionais à sua base de adeptos. Todavia sabemos que esse não é o caso e fenómenos como a Olivedesportos ou as marcas que optam por patrocinar simultaneamente os três grandes, tendem a equilibrar a balança.

Nos gloriosos anos 80 e 90 e ainda nos primeiros anos deste século, as autarquias assumiram-se como interessados na promoção das suas localidades e dedicaram-se a investir nas suas equipas mais representativas. Eram os anos das vacas gordas, em que a gestão ruinosa dos clubes era sucessivamente aliviada pelas autarquias. Ele foi a concessão para exploração de bingos, bombas de gasolina, a cedência de terrenos para edificação de infra-estruturas desportivas, a construção/remodelação de estádios, a cedência e/ou aquisição de autocarros, o patrocínio às equipas, a compra de bilhetes e mesmo o financiamento directo.

Com a pressão da UE, o escassear de fundos estruturais para obras de índole desportiva (em especial após o Euro), o abrandamento e posterior declínio do mercado imobiliário (o grande financiador das autarquias em Portugal), a gestão catastrófica de clubes e câmaras que viveram acima das suas possibilidades, a emergência das SADs que inviabilizaram o apoio que era concedido a entidades de utilidade pública, a generalidade dos clubes e SADs de Portugal deixou há anos de ter este sustentáculo.

Quem não se lembra do descalabro do Campomaiorense, Farense, Tirsense e Salgueiros e mais recentemente do Estrela da Amadora ?

No entanto, continuou a subsistir uma aldeia de irredutíveis, não gauleses mas madeirenses. O Governo Regional continuou a subsidiar de forma escandalosa os clubes e SADs madeirenses. Na verdade ainda continua, mas de forma mais moderada, pois as restrições impostas para o equilíbrio orçamental, obrigam a que Marítimo e Nacional "apenas" recebam 1.875.000 Euros.

Qual o clube/SAD da 1.ª liga que não gostaria de receber anualmente esta verba de entidades públicas ? A resposta é o Nacional, pois acha que é demasiado pouco. O Nacional que votou contra os empréstimos a equipas da mesma divisão, pois pensou que teria direito a valores substancialmente maiores e dessa forma consolidar a sua posição na liga nacional, em especial num ano em que clubes históricos estão a efectuar restrições significativas para equilibrarem as suas contas.

A falta de vergonha desse Rui Alves, comparsa de escutas, é por demais evidente. Gente dessa perpetua a mentira que é o futebol português. Clubes/SADs sem qualquer apoio popular, têm orçamentos de milhões, não porque milionários invistam, mas porque os portugueses com os seus impostos os subsidiam. Mas o Nacional não é o único caso, nem me estou a referir ao Marítimo, embora o pudesse fazer, há mais clubes e SADs cuja base de apoio social é inferior aos 2 ou 3.000 adeptos e têm orçamentos que lhes permitem ascender à 1.ª Liga e aí se manter.

Ninguém pode fazer o papel de virgem ofendida, mas o que é demais já chateia. Ainda recentemente vimos uma autarquia onde um vassalo se disponibilizou a ceder gratuitamente as instalações municipais, depois de já ter ofertado os terrenos para a construção de infra-estruturas dessa mesma entidade.

O problema é que as autarquias e governos regionais em vez de apostarem na promoção do desporto de formação e subsidiarem essa mesma formação como promoção da actividade desportiva para a juventude, continuam a subsidiarem o futebol profissional que deveria subsistir por si próprio.

Há 2 consequências muito negativas destas atitudes. Por um lado, os escassos recursos municipais (escassos no sentido que não são ilimitados), são usados para benefício de uma minoria em vez de serem utilizados em algo que beneficie todas as pessoas ou pelo menos a significativa maioria dos contribuintes. Por outro lado, os dirigentes desportivos continuam a comportar-se como irresponsáveis pois sentem que estarão respaldados na bonomia autárquica e quando fôr necessário existirá um qualquer mecanismo para salvá-los.

É preciso dizer BASTA !!! Quem quer dedicar-se ao futebol profissional deve ser capaz de subsistir com as receitas que gera e não continuar a viver à conta do erário público.