"Outros entreter-se-ão a meditar sobre torneios e troféus de particulares e sobre historiais de taças latinas dos tempos dos bisavós"
A ostentação da ignorância e o orgulho boçal pelo desprezo ao passado sempre foram características singulares dos pobres de espírito. No caso dos portistas - a sua generalidade, entenda-se -, não é diferente. A pobreza de espírito advém do facto de serem uns novos-ricos. Pior: novos-ricos através de actos corruptos. O que gera este híbrido sem quaisquer mais-valias: nem tem a dignidade e a ancestralidade dos valores nem, porque é corrupto, o mérito da riqueza que angariou.
A Taça Latina tem um peso na História das Competições Europeias extraordinário. Foi ela que originou a Taça dos Clubes Campeões Europeus, foi ela que, pela primeira vez, juntou, a um nível já condizente com o prestígio que ainda hoje exibe, grandes equipas e uma competitividade nunca antes vista. O mérito da conquista, esse pertence ao Benfica (e a Barcelona, Real Madrid, Milan, Stade de Reims), mas todos os que nela participaram e todos os que a quiseram no seu museu merecem, sem sombra de dúvidas, todos os elogios e o nosso respeito. Falar em "taças latinas dos tempos dos bisavós", além de uma profunda estupidificação da alma e de um orgulho imbecil em ser-se verdadeiramente mentecapto, é faltar ao respeito ao futebol. Não surpreende, é certo: um adepto de um clube que sempre faltou à verdade desportiva compreende-se que tenha outros princípios, seguramente mais dignos e menos antiquados.
Desprezo pela História, ignorância e orgulho boçal nestas premissas. É isto o adepto portista comum. Não espanta: se o próprio clube, corrompido transversalmente por caciques corruptores, promove a ignorância e o desprezo pela verdade, seriam os novos adeptos a pugnar por outros valores? Basta o exemplo que, no fundo, explica tudo: a mentira e a falsidade são tais que até a data de fundação foi corrompida. Haveria melhor forma de explicar ao mundo o que o Futebol Clube do Porto de Pinto da Costa é?