sexta-feira, 28 de abril de 2017

Como melhorar e tornar mais justa a venda de bilhetes para os jogos fora?

À medida que a época se aproxima do seu epílogo, cresce o interesse dos adeptos do Benfica em conseguir bilhetes para as deslocações aos campos dos adversários. É grande a vontade de fazer parte do mar vermelho, de assistir in loco à caminhada para a conquista de um campeonato e, quem sabe, festejá-lo até de forma mais ou menos inesperada. Para evitar as confusões já verificadas em anos anteriores, para que não se repitam as tristes cenas ocorridas aquando da venda de bilhetes para o último derby em Alvalade, proponho três mudanças/modelos de venda de bilhetes que pretendem tornar a venda mais ordeira e mais justa.

1. Presença de elementos da segurança do Estádio da Luz para controlo das filas. Com os vários episódios de confusão, com autênticos cenários medievais no que à formação de filas e respeito pelas mesmas diz respeito, a Direcção do Benfica já deveria ter destacado os elementos que fazem a segurança do complexo da Luz para manterem a ordem nas filas. Em última análise, a venda de bilhetes decorre dentro do espaço pertencente ao Sport Lisboa e Benfica, pelo que assegurar o bom funcionamento e o cumprimento das regras nesse mesmo espaço deveria ser uma preocupação dos dirigentes do clube.

2. Venda de acordo com o número de anos de filiação. Da mesma forma que os adeptos com mais anos de associados têm direito a mais votos, o número de anos de filiação também poderia permitir prioridade na aquisição dos bilhetes fora. Seria uma recompensa pelo número de anos dedicado ao pagamento de quotas. Assim, a título de exemplo, poderia existir um escalonamento com prioridade de aquisição aos sócios com mais de 20 anos de filiação, seguindo-se os de 15-19 anos de associado, os de 10-14 anos de ligação, 5-9 anos e por fim menos de 5 anos.

3. Número de jogos assistidos fora. Uma forma de premiar os adeptos mais fiéis, que acompanharam persistentemente a equipa ao longo da temporada, seria dar-lhes prioridade na aquisição de bilhetes. Deste modo, sócios com 10 ou mais jogos assistidos fora teriam prioridade, seguindo-se os que foram a 5-9, 3-4 e por fim menos de 3.

terça-feira, 25 de abril de 2017

Doentio

Na antecâmara do derby, fora das quatro-linhas, faleceu uma pessoa vítima de atropelamento na sequência de uma rixa entre adeptos de Benfica e Sporting supostamente afectos a claques dos respectivos clubes. Penso que importa analisar este caso não só pelo facto de ter ocorrido um homicídio mas também pelo aproveitamento do mesmo que adeptos e dirigentes têm tentado tirar para branquear épocas de insucesso, desculpabilizar culpados e para demonstrar o que não são.

O falecido, que me custa catalogar como sendo adepto de futebol, era afecto à Fiorentina e com ligações às claques do Sporting. Ter-se-á deslocado a Portugal para "viver" o clássico juntamente com um grupo de adeptos organizados do Sporting (alguém sabe se iria sequer ao jogo?) à sua maneira. E é nesta estranha forma de vida que gostaria de reflectir um pouco: o que estariam os adeptos do Sporting a fazer naquele local, àquelas horas, na véspera de um derby? Não foram seguramente ver as vistas, passear com as famílias nem terminar faixas, coreografias ou estandartes. Estavam ali com um de dois propósitos: vandalizar murais e infraestruturas fora ou mesmo pertencentes ao complexo da Luz ou para uma rixa previamente combinada com adeptos afectados a claques do Benfica. Se foi a primeira, a inexorável precipitação de eventos é de lamentar mas não pode nem deve surpreender ninguém, pois este é o modus operandi de uma escumalha sem ocupação independentemente se serem vermelhos, verdes ou azuis; se foi a segunda, a lamentar só mesmo não ter havido mais estropiados, uma vez que estes indivíduos que se dizem adeptos de um clube não são mais do que adeptos de uma organização que, legal ou não, serve para encapotar um conjunto de práticas que não são, de todo, legais.

E é precisamente sobre a legalização das claques que me debruço. Pese embora não ter doutoramento na matéria, gostava que claqueiros, dirigentes desportivos e governantes me explicassem quais os benefícios práticos da legalização das claques. O futebol ficou pacificado? Diminuíram os crimes de elementos dessas mesmas associações? Que se saiba, não. Uma medida sem tradução prática e que na prática não serve para mais a não ser para os "ilegais" continuarem a cometer as suas ilegalidades e os "legais" perpetrarem as mesma práticas com a suprema lata de acusarem os "ilegais" de não estarem legalizados.

E quando estas acusações se estendem aos presidentes, pior o caso fica. De Bruno de Carvalho já não se espera nada de construtivo, positivo ou digno para o futebol português. As mais recentes declarações onde, de forma abjecta, tenta tirar proveito do falecimento de alguém para atacar uma instituição como o Benfica são a prova disso mesmo. Com a agravante do triste espectáculo da entrega da coroa de flores aos membros de uma claque organizada como forma de mostrar solidariedade para com a morte do italiano, para inglês (e câmara de televisão) ver, uma vez que a mesma coroa de flores seria depositada no lixo comum no dia seguinte. Por outro lado, a postura de Luís Filipe Vieira, por aí tão elogiada, merece vários reparos, a começar pelo proteccionismo que a direcção do Benfica continua a dar aos adeptos das claques no que à aquisição de bilhetes diz respeito, como se viu aliás para o jogo de Alvalade.

Já se sabe que a justiça, no futebol português, é um conceito muito arbitrário e que reflecte essencialmente o benefício do clube de cada adepto. A pacificação do futebol nacional é um mito e uma ilusão que se encontram muito longe de ser cumpridos. Com adeptos, dirigentes clubísticos e dos organismos reguladores do futebol nacional e com governantes como estes, diria mesmo que tal será impossível. São estes os responsáveis pelo estado doentio que se vive no futebol português.

segunda-feira, 24 de abril de 2017

Talentos à Benfica

É incrível a quantidade de talento que há nesta equipa jovem do Benfica (e ainda faltam aqui alguns outros, sobretudo Pedro Rodrigues, que é para mim o melhor de todos). Destaco, no entanto, o mais novo que é também o miúdo com mais potencial: João Félix. Seguindo a evolução esperada, será um craque de nível mundial.


domingo, 23 de abril de 2017

Rui Vitória à Benfica

É brilhante e à Benfica esta conferência de imprensa do nosso mister. Tem nela tudo aquilo que deve ser o nosso clube e o que explica a extraordinária capacidade de Rui Vitória para liderar um grupo sob os pressupostos certos: educação, lógica, inteligência, lucidez, dignidade, decência, honestidade. Não é por acaso que os jogadores festejam gloriosamente os nossos golos; que parecem enlouquecer quando a bola bate nas redes. Há ali qualquer coisa mais. Há Mística que nunca mais acaba.

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Os verdadeiros grunhos

O futebol está cheio de grunhos, é uma evidência. Mas um grunho, tal qual um calhau da rua não sabe ser senão um calhau da rua, não pode ser outra coisa que não um grunho. O grunho não tem culpa de ser grunho. O grunho é limitado cerebralmente, é filho de consanguinidades, tem meia dúzia de ervilhas onde deveriam estar neurónios.

Porém, a violência,  o ódio, a imbecilidade que os grunhos difundem por todos os clubes não são responsabilidade dos grunhos. Os verdadeiros culpados usam gravatas, sentam-se nas bancadas presidenciais dos estádios, dirigem os clubes, comentam nos programas televisivos. Esses que todas as semanas fazem discursos odiosos contra os adversários, que constantemente criam teorias conspirativas sobre as motivações dos árbitros,  que estupidamente incitam à cultura do "olho por olho, dente por dente" porque "não podemos ser anjinhos" enquanto estacionam o carro na garagem do estádio, sobem pelo elevador ao seu banco aquecido e ao seu croquete e fingem gostar de futebol.

São esses os verdadeiros grunhos. Os outros só vão,  como cães raivosos, atrás dos donos.


domingo, 16 de abril de 2017

Páscoa, aquela altura do ano em que percebes que só Jesus pode tirar o Tetra ao Benfica.

Maxi Pereira, um raro exemplo de desportivismo

Num tempo sombrio em que o futebol foi inundado pela violência, urge dar relevo aos bons exemplos de desportivismo que, apesar de tudo, ainda existem.

Na imagem, Maxi Pereira testa a proeminência laríngea de Vukcevic, procurando libertar o jogador da preocupante expectoração que o aflige há cerca de um ano.




sábado, 15 de abril de 2017

Volto sempre a um lugar chamado Jonizzi


Se o cliente do Benfica... peço desculpa, o adepto. Se o adepto do Benfica estiver distraído, há-de achar este golo banal. Parece tudo tão simples. Passe de Rafa para Pizzi, passe de Pizzi para Jonas, remate de Jonas.

Na verdade, há uma simplicidade. A simplicidade dos jogadores diferentes. É absolutamente genial o que Pizzi faz. Recebe, espera que o adversário venha para o fixar e depois dá com a parte exterior do pé para Jonas quando sente que conseguiu criar o espaço para que o brasileiro estivesse mais à vontade para o golo. Estas coisas não se ensinam nas academias, nos centros de estágio, nas palestras. Ou há ou não há. Em Pizzi há sempre.

Depois, Jonas. É maravilhosa a criatividade, um inventor de golos. 5 minutos antes, tinha rematado em arco para o outro lado. Usou isso aqui, como engodo. Fez o mesmo movimento mas na direcção contrária: um remate fraco tão bem direccionado que só podia entrar se levasse todo o mel que aquele remate deu à bola.

Parece fácil. Parece coisa de gente banal. Não é. Jonizzi é sempre um lugar de coisas muito especiais.

quarta-feira, 12 de abril de 2017

Cartilha, cartilhantes e cartilheiros

Ainda não falei sobre o assunto do momento no futebol português (não, não é a luta pelo campeonato nacional) por isso vou despachar isto de uma vez.

1. Não há qualquer novidade na existência da cartilha nem qualquer surpresa com o conteúdo da mesma. Há uma podridão instalada no seio do nosso clube que só aqueles que se recusam a ver não enxergam.
2. O processo parece-me este: O Benfica contratou o Carlos Janela para, juntamente com outros que trabalham no clube, criar um documento de ataque comunicacional. Este documento serviria como guia para todos aqueles que têm voz na comunicação social. É um documento enviado semanalmente a vários comentadores, uns mais íntegros que outros mas todos sem coragem ou vontade de admitir esta realidade. Acredito que alguns preferiram não acreditar nos seus olhos e fingiram que tal não acontecia.
3. Estas cartilhas são essencialmente uma vergonha para o Benfica. Não para os comentadores.
4. Estas cartilhas dizem tudo sobre quem lidera o clube e pouco sobre quem as recebe.
5. Isto é só o espelho de tudo aquilo que esta direcção já nos habituou. Seja em entrevistas, seja em AGs ou seja onde for.
Recentemente muito me tem irritado a postura das pessoas que representam o nosso clube. Armados em senadores, vozes da bondade e defensoras do Futebol e do Desporto. Campeões da honestidade e do respeito. Um puro cinismo de gente que utiliza um período vitorioso para se engrandecer. Os valores do Benfica vivem-se de forma constante, imutável e independente de momentos, não são só periódicos nem contextuais. 
Estes senadores até Janeiro de 2014 eram outra coisa. Vieram as vitórias e inverteu-se o comportamento público. Jogam só nas sombras, onde são tão maus ou piores que os outros.
O que mais me enoja é ver os dedos cínicos apontados aos outros por fazerem os que eles sempre fizeram e ainda fazem mas às escondidas.
6. Apesar da maioria pouco ou nada ligar a estes documentos, há aqueles que os seguem à risca, que vivem para estas cartilhas – para as alimentar e servir. Para dar pancada.  Estão mais que identificados.
7. A reacção foi obviamente cobarde. Fugir ao assunto apontando o dedo a outros. Fugir às próprias opiniões e tentar pintar a situação.
8. Aqueles que agora aparecem mais ofendidos e a defender o profissionalismo da cartilha são aqueles que durante meses acusaram e criticaram os adversários por supostamente receberem disto, isto enquanto invocavam a grandeza de não receberem tal coisa.
9. Isto são comentadores com um elástico solto a fazer de espinha dorsal. Esta gente ter direito a tempo de antena é uma afronta ao serviço público que os canais deveriam prestar.
10. Não há maior cartilheiro que o Pedro Guerra. Comentador pago e sem opinião. É a voz do dono e voluntário a fazer todo o trabalho sujo – a sua especialidade. 
Ver o Pedro Guerra falar é uma montanha russa de desinformação e desonestidade.
Mais ninguém convive tão bem com as próprias e constantes mentiras e contradições.
11. A máscara caiu mas eles andam agora de cara no chão recusando-se a deixá-la sair.
12. Sem máscara não são ninguém no Benfica. Sem máscara não sabem nada do Benfica. Isto é gente que apareceu recentemente mas que constrói a imagem de por cá andar há muito tempo. É gente que dá a imagem de muita cultura benfiquista tudo às custas das cartilhas. Não sabem nada do clube além daquilo que decoram antes de irem para o ar.
13. Pouco me importa o que os outros clubes fazem. Agora estou preocupado com a nossa casa. A incapacidade de discutir o nosso clube sem apontarmos aos outros não passa de uma imensa falta de coragem de assumir os nossos erros e falhas.
14. Pelo que parece nos outros existe algo mas não chega a este nível de podridão.
15. Por principio sou contra este tipo de contacto entre os clubes e comentadores. Contudo aceito a vantagem e profissionalismo que pode caracterizar a passagem de informação aos que comentam. Num tom respeitador e informativo, comunicar aos acontecimentos, esclarecimentos e dados oficiais é algo que até pode ser positivo e saudável. Porém neste nosso futebol isto não tem como existir. Não há interesse na Verdade pois só importam as guerras comunicacionais. Os clubes não têm interesse em informar, só em manipular.
16. Hoje já não há desculpas para os benfiquistas aplaudirem certos paineleiros. São actores de guião bem estudado. Gente sem opinião própria e sem conhecimento. Não se importam em dizer a verdade, não se importam com a ética, não se importam com a honestidade, falam para manipular quem os ouve. Não assobiem para o lado.
17. A BTV é a grande arena do cartilheirismo. Alberga as principais vozes da cartilha e funciona muito em prol das suas linhas.
Raras são as vozes independentes lá dentro. Os normais programas de debate são programas de concordância. Todos têm a mesma opinião, seguem o mesmo guião e ninguém tem voz critica sobre nada do que se faz no nosso clube.
Basta e ver o programa de análise ao jogo Moreirense – Benfica. 4 analistas e um ex-árbitro. Uma hora em que se repetiram mutuamente, onde se falaram escassos minutos sobre o jogo, onde ninguém ousou criticar a nossa exibição e onde durante 55 minutos só se falou de arbitragem e se estranhou o esforço do adversário. De realçar as fortes criticas à arbitragem onde nunca se falou de nenhum lance que nos beneficiou, apesar de vários e importantes. Um ataque veemente mas abstracto todo ele exemplificado num lance para 2ºamarelo aos 80 e tal. Deu o mote o ex-árbitro e todos seguiram a cartilha.
18. Luís Felipe Vieira é o maior cínico do futebol nacional. Um homem que se vende cheio de uns valores que contrariam as suas atitudes.
Alguém capaz de utilizar os momentos mais sensíveis para vender a sua imagem.
Alguém capaz de utilizar momentos de sofrimento para se tentar valorizar, com apelos bondosos que nas sombras contraria.
O Benfica, o benfiquismo e aqueles que mais recentemente partiram para o 4º anel merecem muito mais, muito diferente.




19. Termino referindo-me ao outro caso da semana.
Benfica para o tetra com 6 vitórias sem o Samaris.


Agora vou é ver o Dortmund - Mónaco. No mundo do Futebol não há nada melhor do que ver a bola rolar. 

segunda-feira, 10 de abril de 2017

Aos Chutões para o Tetra?

Isto é muito pouco. Muito pouco mesmo.

Antes de mais vou deixar aqui claro: acredito no tetra a 100%.
Ganhando ontem não acho que o Tetra nos possa escape. Faltam 6 jogos, o Porto não ganha todos e depois do Clássico na Luz acredito que podemos sair por cima em Alvalade.
Em Junho o Rui Vitória será Bicampeão nacional.

Mas estamos a jogar muito muito pouco. Estamos a colocar-nos a jeito. Assim qualquer jogo vai ser vivido com o coração nas mãos. Falta Futebol a este Benfica.

O Rui Vitória é aquele treinador que uma pessoa quer gostar. Queremos que ele seja bom, queremos vê-lo festejar com os adeptos, queremos idolatrá-lo. Mas a nossa vontade não nos tolda a visão e são os nossos olhos que nos trazem o desgosto de ver o pouco treinador que o ele é.

Falta muito treino a este Benfica. Brincar com os pinos e educar os alunos é para os professores de educação física. Treinadores têm de transmitir muito mais Futebol, treinar muito mais Futebol.

Há bons treinadores que nunca respeitarei. Há treinadores medianos que terão sempre todo o meu respeito. O Rui Vitória é o segundo exemplo.

Ontem vencemos um jogo no qual não jogámos nada. Ignorando as questões de arbitragem, ontem, mais uma vez, só ganhámos porque temos muito melhores jogadores que o adversário. Melhores jogadores e um estádio todo a puxar por nós.

O Benfica viveu dos rasgos do Semedo, da concentração do Luisão e de muitos pontapés para a frente.
O ataque todo desligado, meio-campo inexistente, a defesa sempre em apuros, o Jonas, o Grimaldo e Fejsa longe da melhor condição física e um Salvio que continua com o seu lugar cativo a queimar outros talentos.

Não acredito que o tetra nos escape mas vamos ter os nossos sustos.
Em Junho Rui Vitória será Bicampeão nacional mas continuará a não ser treinador para este voos. 

Talvez eu seja somente um eterno descontente.

Antes defendia que tínhamos treinador de clube grande mas não para um Benfica de valores, europeu e formador – o Benfica que eu idealizo.
Agora acredito que temos um treinador que simplesmente não é de clube grande.

Muito fraco o nosso jogo em Moreira de Cónegos.

E infelizmente o Rui Vitória fica apresentado quando no banco só vai gritando para o Ederson e para os defesas “chuta, chuta, chuta”.



Que chegue logo o jogo com o Marítimo para termos oportunidade de limpar esta triste imagem futebolística que temos andado a pintar.


Só a Mística nos pode salvar


terça-feira, 4 de abril de 2017

O futebol em Portugal

Aproxima-se um jogo que pode ser decisivo na luta pelo título de campeão nacional. Nas duas semanas antecedentes, os dois clubes participantes, desunham-se em comunicados e newsletters. Uns contra a federação, outros contra o antijogo do último adversário. Mais do que querer ganhar, os departamentos de comunicação preparam uma eventual falha. Porque se perderem o título, a culpa será dos processos disciplinares ou do da demora nas reposições de bola, mas nunca, em momento algum, serão culpas próprias ou, muito menos, méritos alheios.

Chega o dia de jogo. Centenas de Polícias são mobilizados para o evento, durante horas e horas a fio. Há ruas cortadas, a mobilidade de pessoas e bens é fortemente condicionada, tudo porque, tomados pelo ódio semeado durante anos, as pessoas não sabem conviver com a diferença, esquecendo-se até que não existiam uns sem os outros. Os da casa não aceitam a visita do inimigo (sim, é assim que se tratam), os de fora querem destruir o território alheio. Há insulto, petardos, pedras, bolas de golfe, copos de urina. Tudo serve para enxovalhar e agredir o adepto rival.

O jogo acaba. O treinador visitante diz-se revoltado com a demora na entrada dos seus adeptos. Ainda não se sabe contra quem é a revolta, se contra quem lhe disse terem sido 40min, quando foram metade, se contra a empresa de aluguer de autocarros que não soube prever a avaria dos seus veículos e que originou o atraso. Pouco importa, o que importa é que a revolta existe.

No dia seguinte, um dos clubes vasculha as milhares de imagens do jogo e lá encontra uma falta antes do golo rival. O outro, apesar de presidente e treinador terem falado diferente, afinal lá encontra desagrado nos amarelos e no encontrão. Pelos vistos, uma arbitragem que até tinha sido boa, passa a reles para ambos.

Dois dias depois, talvez farto de ver gritaria sem ter o que dizer e sem ver o seu nome no meio, um terceiro clube decide pedir castigos para jogadores que, num jogo que não o seu, segundo eles, tiveram condutas improprias para com jogadores e treinadores que não os seus.

Pelo meio, parece que houve 90min de futebol com um golo para cada lado.

Em Portugal não gostamos de futebol. Podemos gostar do folclore, da polémica ou da estupidez, mas do jogo? Não gostamos não.

domingo, 2 de abril de 2017

Clássico - Mais que um Resultado



Antes do jogo parecia-me que a tripla de resultados tinha um trio de significados muito distintos.

A vitória colocava-nos com 4 pontos à frente, dava-nos vantagem no confronto directo e ainda significava um relativo boost de motivação e confiança para o resto do campeonato. Estaríamos lançados para o Tetra.

A derrota era um golpe forte nas nossas aspirações. O Porto iria finalmente conseguir subir à liderança, iríamos ter de correr atrás, ficávamos a 2pts e em desvantagem no confronto directo. Além disso seriam eles a receber o tal boost de motivação e confiança. Passariam a ser os grandes favoritos à conquista do campeonato.

O empate… O empate não mexeria muito com as contas mas seria um contexto mais negativo para nós.
Na última jornada o Porto teve a sua grande oportunidade para inverter esta luta e de se lançar na conquista do título. Desperdiçou-a.
Ontem tivemos nós a nossa oportunidade de nos lançarmos ao Tetra e não a conseguimos aproveitar.

Neste mano a mano a nossa grande vantagem era o ainda recebermos o Porto. Tínhamos este jogo para os arrumar. Contudo a equipa azul e branca conseguiu sair de uma Luz com 65mil adeptos 100% viva. Não ultrapassaram este obstáculo com sucesso mas ultrapassaram-no.

E se à partida o empate era mais favorável ao Porto então depois de como decorreu o jogo mais ficou.
Pelo pouco que produziram e por aquilo que nós apresentámos, terem saído da Luz com 1pt era o melhor que poderiam conseguir.

O empate favoreceu-os mas no Futebol não só os resultados importam.
Saímos da Luz com um mau resultado mas com muito mais equipa que eles. Eu saí do estádio muito mais confiante no título do que entrara.

Jogámos mais, fomos melhores e demonstrámos uma força superior. E isto diz-me que temos muito mais capacidade para vencer todos os jogos, principalmente o jogo de Alvalade.

Entrámos melhor no jogo, sem medos de ir para cima deles. Chegámos ao golo.


E depois foi o costume.

A vencer demos o jogo ao adversário. Fazemos sempre isto. Recuámos, abdicámos da bola. Cometemos muitos erros. Mas apesar disto tudo o Porto pouco ou nada fez. Não tiveram capacidade para nos causar problemas.

Na segunda parte foram para cima de nós e empataram. Nessa altura estávamos um pouco aos papéis. A verdade é que pela produção de jogo o empate justificava-se. Nenhum das equipas estava a ter Futebol para vencer o jogo.

Após o golo deles achei que íamos afundar. Achei que eles iam para cima de nós e que íamos tremer perante uma chuva de oportunidades de golo.
Tiveram uma que foi primorosamente abafada pela saída do Ederson.

A partir daí o jogo foi nosso. Ficou evidente que só não jogámos mais durante mais tempo porque não quisemos.
Sempre que decidimos jogar conseguimos encontrar a baliza adversária e fazer tremer toda a estrutura portista. Temos de querer jogar muito mais vezes.

Por isto Mister Rui, depois do 1-0 era para procurarmos o segundo e não para ficarmos à espera que o jogo acabasse no golo de penalty do Jonas.

Fizemos uma grande última meia hora. Com oportunidades de golo, com qualidade de jogo e com superioridade colectiva. Fizemos o suficiente para vencer.

No Porto não se viu o Corona, nem o Jota, nem o Oliver e nem o André Silva. O ataque portista esteve 100% dependente de momentos de inspiração do Brahimi em jogadas individuais.

Do nosso lado não consigo indicar destaques individuais. Todos tiveram as suas falhas mas o colectivo resolveu sempre a situação. Ontem tivemos equipa e fomos uma equipa muito superior ao que temos sido.
Colectivamente foi uma exibição bastante positiva.

Eles conseguiram um melhor resultado. Eles têm um calendário mais acessível. Mas nós saímos deste Clássico mais fortes, mais fortes do que eles e do que estávamos.

Eu estou agora a acreditar mais.



Minúsculo Pereira


Não sou, nunca fui, um odioso de Maxi Pereira por ele ter saído do Benfica para o Porto. É parecido com o Manu Chao - o que me leva sempre a querer gostar dele - e eu não espero que um uruguaio sinta o clube da mesma forma que eu sinto. Além disso, muito haveria a dizer sobre quais as culpas de empresário,  Presidente do Benfica e do próprio jogador. Não,  eu não era o tipo que chamava nomes ao Maxi Pereira.

Mas ontem o Maxi entrou na lista negra do benfiquismo. Não por fazer o golo, que só fez a sua obrigação como jogador do Porto, mas pelos festejos. São festejos de alguém que, tendo estado 8 anos no Benfica, o revelam como pessoa menor. E isso eu não posso aceitar. Um jogador não deve confundir nunca uns assobios de uns idiotas com o clube que representou quase uma década.

Maxi Pereira é hoje um homem que não é do Benfica nem é do Porto - não é amado por uns porque mostrou ser de fraca índole e não é amado por outros porque já foi capitão do rival. Maxi Pereira é hoje o exemplo de um jogador-mercenário que nunca ficará na História dos clubes portugueses por onde passou. E isso, meus amigos de coração largo que ainda gostam deste jogo e de ler os génios que o transformaram em pátria de chuteiras, é o pior que pode acontecer ao futebol.