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terça-feira, 4 de outubro de 2011

A fábula dos filhos da puta

Estamos em Outubro do ano de 2011. O ambiente é paradisíaco, o Benfica lidera campeonato e grupo da Champions, faz um futebol bonito, envolvente, romântico, o público festeja os jogos sem ódio aos rivais, apenas entoando durante longos minutos odes aos seus heróis. As pessoas riem, dançam, cantam, há no ar aquele ambiente de festa que todos antecipam poder vir a fazer meses mais tarde. 

Todo o país foi ocupado pela qualidade do jogo do Benfica. Todo? Não! Uma aldeia povoada por irredutíveis filhos da puta vestidos de negro ainda resiste ao invasor. E a vida não é nada fácil para os talentos de legionários benfiquistas nos campos fortificados de Aimarom, Saviolium, Witselom, Nolitum, Cardozum e até, sim, em Cesarium,  terra do Imperador Brunus Cesarius.

O pequeno Bruno Estevix, herói apafiano e melhor amigo de Fernando Gomix, só tem medo de uma coisa: que a mão do druida Pinto da Costix lhe caia em cima. É o único medo que tem Estevix, o protagonista épico desta história que devia ser aos quadradinhos para o herói e para quem lhe dá a poção, feita de uma mescla muito trabalhada e antiga que envolve café com leite, fruta de época, quinhentinhos e uma essência especial muito secreta que só quem visita a Madalena pode conhecer.

Com este néctar dos Corruptos, Estevix e seus companheiros fiéis ganham uma força tremenda, uma energia superlativa, uma espécie de visão alucinogénica que os faz ver coisas que não existem e não ver outras que lhes aparecem aos olhos de quase tão perto como os javalis, ouro e menires que estranhamente vão aparecendo nas catacumbas antes do herói e seus compinchas subirem as escadas do Coliseu.

Nesta aldeia de palhaços irredutíveis, o que os move é o ódio aos legionários benfiquistas - sempre tão brilhantes nas suas armaduras, com a destreza de espadas que envergonha e humilha os que não aprenderam o ofício -, o que os move é a dor e a vergonha de serem apenas carne para animais repousarem as patas depois de comerem.

Estevix, embriagado de poção, usou de todas os golpes baixos que podia para que a contenda ficasse desequilibrada a favor das bestas. Mas nem assim pôde contra a força da arma em punho e do golpe rápido e incisivo com que os gloriosos benfiquistas atacaram o mal e dele fizeram trapo inconsequente e imóvel.
Estevix ajoelhou no pó, pediu clemência e o druida, enfadado com a impotência do seu servo, deixou-o sair catacumba abaixo, sem o ferir de morte.

Apenas deixando no ar a frase que corroeu por milhões de anos, pela eternidade, a alma do palhaço irredutível: "acabou-se a poção!".