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sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Momento do Sporting

Hoje apetece-me escrever sobre o Sporting, até porque pelo que tenho ouvido mais ninguém está interessado em falar do que se passa no relvado sportinguista.

Esta semana ouvi um senhor na Sic Noticias a falar sobre esta crise de resultados e exibições.

O que ele disse não é muito diferente daquilo que todos os outros dizem (nunca é).
O Sporting perde e joga mal devido à sua estratégia de comunicação, à montagem da sua estrutura do futebol porque o André Geraldes é muito novo e devido aos baixos rendimentos dos seus jogadores.
Por sua vez os baixos rendimentos dos seus jogadores são consequência de motivos alheios ao jogo: o Bryan foi pai, o Gelson está a negociar o contrato e o William e o Adrien querem sair.
Isto é o Rui Santos a falar de futebol.

Acho isto muito pobre. 
Quando queremos analisar o rendimento de uma equipa devemos começar por olhar para o comportamento tático e colectivo desta.

Acima de tudo o Sporting joga mal por responsabilidade do seu treinador. A construção do plantel foi deficiente, a aposta nos jogadores é indecifrável, a construção táctica da equipa é inexplicável, a leitura do jogo é incompreensível e o rendimento dos jogadores é um reflexo do trabalho nos treinos e do seu posicionamento em campo.

O grande problema do futebol do Sporting é a incapacidade do Jorge Jesus em ler o jogo e de não inventar.

O Jorge Jesus é um grande treinador, um péssimo manager, um mau líder e um egocêntrico insuportável. Tem as suas ideias e não sabe adaptar-se nem aceitar os seus erros. Por isto não evolui.

Gosta de trabalhar as suas equipas para ataques rápidos e constantes. Muita gente à frente e pouca gente atrás. Abdica do controlo, do equilíbrio, do domínio no meio-campo e da segurança. Por isto o seu maior sucesso sempre foi no saber colocar uma equipa a defender com poucos.

É um treinador de 4-2-4 com laterais ofensivos e um médio de chegada à área. Neste seu estilo de jogo não pode viver sem um médio defensivo capaz de fazer todas as compensações, não consegue viver com um ponta de lança de área e não funciona sem um segundo avançado móvel capaz de fazer a ligação de todos os sectores no meio-campo ofensivo.

Na época anterior o Sporting não correspondia às ideias do seu treinador mas o desta época é exactamente um espelho destas.

O ano passado, com o plantel que lhe foi dado, o Jorge Jesus adaptou os melhores jogadores às suas ideias. Foi nesse contexto que o João Mário foi encostado à direita.
O que é que vimos nesse Sporting?
Um ponta de lança móvel com capacidade de ir às alas, pressionar os defesas e aproximar as linhas – Slimani. Um segundo avançado a fazer o papel ofensivo de um 10. E um João Mário, portanto um extremo direito que na verdade era um médio, a jogar mais encostado à direita.
João Mário e Slimani potenciavam um jogo mais curto e apoiado no Sporting. Os jogadores actuavam mais próximos e com isso defendiam melhor, pressionavam melhor, corriam menos e multiplicavam as linhas de passe.

Esta não era uma equipa à Jorge Jesus mas era muito o reflexo daquilo que o treinador fazia os jogadores renderem nos treinos.

Nesta segunda época já preparou uma equipa à sua imagem, num 4-2-4 puro.

Contudo começou logo por falhar em 3 momentos:

- Construção do plantel. Foram vários os jogadores contratados sem qualidade, o que acaba com a profundidade da equipa levando ao desgaste físico e emocional em várias posições.

- Qualidade do treino. Alguma coisa aqui está a falhar pois não era expectável que o Jorge Jesus não conseguisse tirar qualquer rendimento de jogadores como o Markovic e Joel. Aliás, também do próprio Bryan.

- A dupla ofensiva. Para mim aqui mora a falha fatal do futebol do Sporting. Não só o Jorge Jesus ainda não conseguiu definir um jogador para a posição chave de todo o seu processo ofensivo, a de segundo avançado, como anda a jogar com um excelente ponta de lança cujo o estilo não se enquadra no Futebol do treinador. Por algum motivo o JJ não se cansa de demonstrar a sua insatisfação com o Bas Dost e não consegue sequer perceber a sua importância além golos.

Haveria um quarto ponto que seria o impulso para a invenção, principalmente na lateral esquerda. Bruno César a jogar ali é um erro enorme. Não só a equipa fica com um péssimo defesa esquerdo como perde um bom/útil segundo avançado.

A avaliação ao desempenho dos jogadores nunca pode ser independente do desempenho da equipa, e vice-versa obviamente.

Com isto quero dizer que jogadores que rendiam muito, como o Gelson e o Adrien, só podem baixar o seu rendimento com o acentuar do mau momento desportivo da equipa. É uma questão mental e também física. Além disso, andam a exigir a um miúdo de 21 anos que seja a solução de todos os problemas da equipa.

Depois também não podemos dissociar o desempenho dos jogadores do posicionalmento táctico da equipa.

O Bryan não é um jogador de sprints. O Bryan é um jogador de classe, de futebol apoiado e de construção. Nunca de correrias.

Hoje temos um Sporting a jogar muito mais largo. O avançado joga mais subido e central e o extremo direito joga mais aberto e vertical. Isto afasta os jogadores do Sporting, reduz os apoios e as linhas de passe.
Isto obriga a que o Bryan jogue mais para trás, corra mais e recorra mais ao passe longo. E depois com um Bruno César a lateral e um meio-campo menos apoiado, o costa-riquenho tem também de andar a desgastar-se mais defensivamente.

E não muito diferente é aquilo que se passa com o William. Não nos enganemos, o William Carvalho é um grande médio defensivo. Não é é um trinco. Está longe de ser um Fejsa.
O William não é rápido com a bola no pé mas sabe jogar, sabe avançar no terreno, sabe impor o físico, ler o jogo e combinar com os colegas.
Neste Sporting a exigência sobre o William é a de ser mais defensivo e solitário. Assim é mais pressionado quando tem bola, tem menos apoio e perde os momentos do jogo para fazer aquilo que sabe.

Se à partida as coisas estão mal construídas é normal que o desempenho dos jogadores não seja o melhor. Depois é ir somando o peso dos maus resultados e o acumular do cansaço.

Então no meio-campo é gritante a falta de cobertura tanto ao Adrien quando ao William.

Tudo isto pode melhorar com duas pequenas mudanças.

Jorge Jesus tem de parar de querer provar que transforma caca em ouro e começar a apostar nos melhores jogadores. Aqui tenho de concordar com o Bruno de Carvalho. O Sporting precisa de se livrar dos jogadores de menor qualidade, mesmo contra a vontade do treinador.

O Bruno César tem de ser colocado atrás do Bas Dost.

Como lateral é péssimo e todos os jogos são erros atrás de erros. Como segundo avançado nunca será um grande jogador mas as suas características podem servir muito a equipa, aumentando simultaneamente o rendimento colectivo e individual de todos os jogadores.
Ele consegue fazer a ligação entre os vários sectores do ataque, criando assim mais apoios ao Bas Dost, ao Bryan Ruiz e aos médios leoninos. Aproxima as linhas, elevando a capacidade de pressão e o número de linhas de passe, e liberta os médios para o momento ofensivo. Além disso é um médio com boa capacidade de meia distância o que iria logo proporcionar outras opções de finalização à equipa, obrigando os defesas adversários a dar mais liberdade ao holandês.

Agora, digam de vossa justiça.

quarta-feira, 4 de maio de 2016

Especialista de Especialidade Alguma



Falo de Rui Santos.
 
Não tenho nada contra a pessoa e pouco ou nada sei sobre a sua carreira no jornalismo.

Simplesmente quando vejo alguém sem história no futebol a ter direito a um programa semanal a solo onde fala sobre o que bem lhe apetece e a ter direito a sentar-se à mesa com antigos jogadores, espero que esse alguém, esse Zé Ninguém no Mundo do Futebol, seja um especialista da matéria.

A alguém como Rui Santos seria de exigir que nos deslumbrasse com os seus conhecimentos dos meandros do Futebol e principalmente com o seu entendimento do jogo.

Não vou aqui abordar a superficialidade da Liga Real.
Não vou aqui falar do amadorismo como se afirmou pioneiro na constatação de possíveis foras-de-jogo em lances do Jonas com o Arouca e Setúbal na Luz.
Muito menos irei comentar o seu sportinguismo. Não me parece que seja guiado por clubismo nem que seja porta-voz de alguém.

Durante estes anos ouvi pouco Rui Santos mas o que ouvi chegou-me para concluir que ele pode ser especialista em alguma coisa mas não sobre o que fala na televisão.

Hoje venho aqui falar sobre a superficialidade assustadora com que ele analisa Futebol.

Rui Santos debita números e formas sem sequer ter interesse em as interpretar.

No Benfica já tivemos muitas épocas marcadas por plantéis inferiores.

Houve um final de época em que ele decidiu avaliar como positiva ou negativa todas as aquisições do Veiga.

Naquela o nosso futebol vivia das defesas do Quim, do espetacular Leo e do fora-de-série Rui Costa.

Na sua análise Rui Santos marcou com um X a aquisição do Rui Costa. Fiquei em choque. Pior foi quando percebi que ele ainda tentava elaborar uma qualquer justificação para tamanha parvoíce. Mudei de canal e não mais o ouvi até 2015.

Só o voltei a ouvir por 2 motivos:

- Meteram-no numa mesa com figuras como o Toni, Alves, Simões, Abel Xavier, Manuel Fernandes, Inácio, António Oliveira e Rodolfo Reis.

- Ele tem mais acesso ao que se passa nos bastidores do que eu.

Não durou muito até que percebesse que com este comentador tenho de aprender a ter uma audição muito selectiva.

No outro dia resolveu fazer uma comparação entre o Benfica de Rui Vitória e o Benfica de Jorge Jesus.

Apetecia-me ouvir sobre Futebol e discutir o Benfica é algo que sempre me entusiasma. Lá fui ao Youtube ver o programa.

Ainda me vou enganando a mim mesmo…

Vou começar por falar na conclusão, o tipo de conclusão que levaria ao chumbo qualquer aluno em qualquer exame.

Para Rui Santos a única diferença entre o Benfica do JJ e o Benfica do RV é o Talisca.
É tudo igual, tudo a mesma coisa. Nada mudou além de um jogar com o Talisca e o outro com o Renato.

Assustador. Sempre pensei que este tipo de pagode pornográfico era propriedade da TVI.

Preferi nem memorizar todas as alarvidades mas estas ficaram-me na cabeça:

- Tacticamente iguais. Cá está, no papel as peças estão na mesma posição então tacticamente a equipa joga do mesmo modo.

- Depois começou a enumerar os jogadores que o Vitória só não usa porque ou saíram ou se lesionaram.

- Lançou uma pérola sobre o Pizzi. Diz Rui Santos que o Pizzi já jogava com o Jorge Jesus e que apesar de agora ter sido deslocado para a direita vai tudo dar ao mesmo.

E onde ficou a porra da análise sobre como cada jogador funciona no sistema táctico? A análise às ideias de jogo? A análise aos movimentos das equipas? A análise ao jogo jogado?

Um duo ofensivo com Lima e Jonas é tacticamente a mesma coisa que um duo formado por Jonas e Mitroglou?

Um médio mais cerebral e de apoio, como o Pizzi, a jogar a falso extremo é o mesmo que jogar com um extremo puro (Salvio) que constantemente procura o 1 para 1 e a linha de mundo? Tacticamente é a mesma coisa?

Não consigo perceber como um “ninguém” tem tanto tempo de antena e tanta autoridade para falar sobre algo que claramente não entende nem aprecia.
Ter fontes e trabalho de investigação feito não pode ser motivo suficiente para se ter voz neste fenómeno do Futebol.

Futebol é nos relvados e sobre os relvados não se consegue fazer ouvir.