1) Há dez dias escrevi aqui que, tendo em conta a quantidade substancial de titulares que iremos perder, era absolutamente fundamental manter Enzo Pérez. Hoje sabemos que o argentino está praticamente de saída, juntando-se a Garay, Siqueira, André Gomes e Rodrigo. Markovic, Cardozo e Gaitán são outros jogadores que podem sair a qualquer momento e, para animar a festa, fala-se na saída de Oblak. Que fique bem esclarecido que uma sangria - veremos de que alcance - numa equipa campeã só acontece não por causa do mercado ou da economia galopante mas por incompetência.
Nenhum argumento defensor da óbvia necessidade de venda pode justificar a transferência de mais de metade dos titulares a não ser o perigoso caminho para o qual aqui alertamos desde o início: o desgoverno completo nas contas do Benfica. A cada ano que passa a situação torna-se mais calamitosa.
2) A aposta na formação, ao contrário do que os pedroguerristas querem fazer passar, não é encher o plantel principal com putos vindos das camadas jovens nem se rebate com o absurdo argumento de que «o que interessa é que os jogadores tenham qualidade, sejam portugueses ou estrangeiros». Absurdo não por não ser verdadeiro, mas porque traduz um conceito errado: o de que na formação não há qualidade mas sobretudo porque vai de encontro ao que Vieira vem dizendo ao longo dos últimos 7 ou 8 anos. Não se pode ter o Presidente a anunciar um «Made in Benfica» e uma «formação de excelência» enquanto, ano após ano, se desvaloriza o valor dos nossos miúdos, defendendo a parca qualidade dos mesmos e comprando ao desbarato jogadores estrangeiros que muitos deles não chegam a fazer um jogo pela equipa principal.
Das duas uma: ou se assume que o Centro do Seixal serve para convencer os seguidistas de que «há obra feita», tornando os putos meros bonecos que criamos, usamos e deitamos fora ou começamos a integrar paulatinamente no plantel principal 3 ou 4 talentos da formação todos os anos. E não, a aposta na formação não é «perder competitividade» nem «meter 15 miúdos». É escolher os melhores e apostar verdadeiramente neles. É simples, mas neste Benfica o simples nunca é simples. Numa altura em que o clube se debate com dívidas monstruosas e necessidades de empréstimos atrás de empréstimos, se calhar não era mal pensado acarinhar o talento que brota do Seixal. Como exemplo maior, Bernardo Silva. Se este miúdo não serve para entrar no plantel para 2014/2015 fechem o Seixal e dediquem-se à pesca da amêijoa.
3) Os 8 jogos iniciais do Mundial tiveram quase todos uma qualidade acima do que é normal na fase de grupos desta competição. Podemos estar a caminho de um dos melhores Mundiais da História. O golo de Van Persie já foi inscrito na mármore eterna.