Um companheiro benfiquista mostrou-me este vídeo e eu não podia deixar de tentar que muitos de vós o vissem - sobretudo os mais novos, os que nunca foram à antiga Luz. O vídeo podia ser de um Benfica muito mais forte; nem sequer é o caso: passávamos pelo período mais negro da nossa História, com um Presidente ridículo, treinador fraco, jogadores medíocres. No entanto, o que isto é - e é isso que interessa aqui focar - é ainda um resquício do Benfica dos outros tempos, do Benfica dos adeptos, do Benfica antes de ser uma empresa, embora fosse já um clube destruído - primeiro, por Damásio; logo a seguir por Vale e Azevedo. Atentemos em alguns pormenores neste verdadeiro Documentário de 27 minutos sobre a Catedral (e que pena não haver muitos mais):
- O caminho até ao Estádio;
- As horas inacreditáveis que passávamos dentro do templo antes de começar o jogo;
- A imensidão da Luz - numa primeira fase, despida; depois, já perto do jogo, bem composta, embora longe dos tempos em que abarrotava;
- O placard electrónico e os ponteiros que pareciam parados, enquanto esperávamos pelo jogo;
- O homem do bombo;
- A volta ao campo da águia nas mãos do Paixão, o alentejano apaixonado;
- O populismo de Vale e Azevedo, levando até ao relvado o sócio número 1 sob grandes aplausos (notaram? há sempre uma mesma maioria que "apoia" o Presidente em funções, seja ele uma esfregona, um poste de electricidade ou uma moreia);
- Golos de Deane, Poborsky e Tahar;
- Apesar de vermos clareiras, bastantes até, se pegássemos naquela gente e a transportássemos para a Nova Luz, teríamos de deixar gente de fora. Isto a uma 32ª jornada contra um Porto que já era tetracampeão;
- Desde este jogo - Maio de 1998 -, nunca mais ganhámos, para o Campeonato, por 3 ou mais golos ao Porto. Na Luz ou fora. Já lá vão 16 anos;
- Grande confusão entre Souness e Paulinho Santos (quem mais?);
- Os adeptos que iam pisar o relvado no final do jogo;
- O treino logo a seguir ao apito final;
- Pringle e Souness - medo;
- O plantel medíocre do Benfica;
- Um estádio que já tinha os dois primeiros anéis com cadeiras e o Terceiro ainda só com betão;
- A tradição de esperar a equipa junto à entrada da Catedral - no princípio e no fim do jogo;
Era bom que houvesse um Documentário deste género mas anterior ao terrível ano de 1994, altura em que o Benfica começou a definhar e ainda não se recompôs do trambolhão. Este vídeo dá-nos alguns elementos que trazem muita saudade, mas já nos mostra um Benfica a cair num equívoco tremendo. No entanto, é História. E, imagino, para quem nunca entrou no Estádio da Luz, talvez seja interessante e bonito de espreitar.