Mostrar mensagens com a etiqueta Bruno Lage. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Bruno Lage. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, 6 de março de 2020

Bruno Lage - Culpado ou Vitima

Foi notório o crescimento da crítica a Bruno Lage neste espaço. Bruno Lage é culpado dos seus erros. E não temos qualquer pudor em os apontar até porque poucos estarão mais desiludidos do que nós.

Outros pintam Bruno Lage como vítima - vítima de outros que estão hierarquicamente acima.

É verdade que o grande culpado será Luís Filipe Vieira e que Bruno Lage é também vítima da gestão do presidente dos bigodes.
Mas haverá só um culpado? Não podem haver vários e com diferentes níveis de culpa? Não podemos aceitar que alguém que faz algo positivo também pode fazer algo negativo? Uma vítima terá de ser somente vítima?

O que diferencia este espaço é o facto de não nos guiarmos por resultados - ou melhor, não mudamos de opinião consoante vento. Muitos que agora se chegam à frente para criticar Vieira esquecem-se daqueles que sempre o fizeram, sempre viram o presidente dos bigodes por aquilo que ele é. Aqui criticou-se Vieira no ano do Tri, no ano do Tetra e não só no ano do falhado Penta. A crítica à gestão do actual presidente do Sport Lisboa e Benfica nesta época foi feita em ainda em 2019 quando as árvores ainda não se despiam.

Portanto respondendo a muitos. Não, não achamos que Lage é o único e nem sequer o principal culpado em nada do que de pior se passa no nosso clube. Tem as suas culpas mas o principal responsável é o presidente bota bigodes. Agora isso nunca nos impedirá de olhar para o jogo com olhar crítico, nunca nos impedirá de avaliar o trabalho feito pela equipa técnica do Sport Lisboa e Benfica. Nunca nos impedirá de tecer opiniões sobre aquilo que mais nos apaixona a todos - o futebol jogado.

Mas numa fase em que tão justamente temos batido no Bruno Lage, é normal que menos tenhamos batido em outros mais responsáveis que ele. Cada a coisa a seu tempo - como se costuma dizer. 
Assim, antes de arrancarmos para uma sequência de doze vitórias consecutivas quero recuperar a crítica à preparação de toda esta época.

O clube factura como nunca, o clube está numa Liga dos Campeões milionária, o clube apresenta-se como campeão nacional numa Liga onde os seus rivais vivem crises institucionais e financeiras, o clube tem todas as condições para se lançar numa hegemonia nacional e numa afirmação europeia. E como é construído o plantel para estes objectivos?

Falou-se da necessidade de contratar um guarda-redes. Fosse como titular fosse como alternativa. Avançou-se para a contratação de um guardião italiano lesionado. Lá abortaram o negócio. E nada mais fizeram para suprir esta necessidade.

Há anos que o clube necessita de um lateral-direito. É óbvio e sabido. Mais uma vez nada se fez. 
Apesar do bom momento de Ferro e de Dias, sobrava ao plantel Jardel e Conti. Era crucial a contratação de um bom central. Nada. 
E por aí adiante. Na lateral esquerda Grimaldo continuou sem cobertura. No meio-campo não se foi contratar um médio com maior capacidade de desequilibrar com bola - ficando o Taarabt sozinho nesta posição. Para o ataque quase que se ignorou a saída e importância de João Félix. Aquela posição de segundo avançado, de jogador criativo, com golo e capacidade de dar criatividade a todos os espaços do ataque, foi totalmente ignorada. Em vez disso investiu-se em extremos e pontas de lança desnecessários ao plantel.

Portanto não só o real reforço do plantel foi desvalorizado como ainda se permitiu que a época arrancasse com um plantel de 30 jogadores.
E sim, tivemos Bruno Lage publicamente a comentar a necessidade de reforços que nunca chegaram e também a necessidade de trabalhar com um plantel curto - não um plantel médio de 25 jogadores e muito menos um plantel imenso de 30 jogadores.

A gestão desportiva desta época foi mais uma vez desastrosa. O foco desta gente é ter bonitos relatórios e contas, passear pela China, lançar aplicações para os sócios meterem ainda mais dinheiro no clube e preparar OPAs para amigos. O Benfica de bigode é um Benfica de negociatas e não um Benfica de sucesso desportivo. Mas um clube de futebol vive de resultados desportivos. A custo esta gente percebeu isso. Não adianta tornarem o clube numa empresa se depois não ganharem no relvado pois os verdadeiros rendimentos aparecem com o sucesso desportivo e não nos balancetes e diagramas muito bem construídos. Mas percebem tão pouco da exigência do jogo, gostam tão pouco do jogo, que aquilo que acham suficiente para se vencer claramente não o é. Uma política de serviços desportivos mínimos. É este o Bigode que paira por todos no clube.

Fica a ideia que Bruno Lage queria seguir uma determinada construção do plantel mas estrutura aka Vieira e seu bigodes seguiram por outro caminho.

Depois temos a Europa. O discurso de ambição europeia é benéfico ao ego de Vieira. É ali que vende o clube a negócios e patrocínios pelo mundo fora. É ali que ganha o calor dos adeptos. Mas que faz esta pessoa para esse sucesso? Paga a um bruxo na guiné para mexer umas folhas a ver se a coisa com alguma sorte corre bem para o nosso lado? Só se for isso mesmo.

Não existe retenção de talento. Não existe investimento forte na equipa. Existem palavras.

E depois vamos ver a abordagem a estes jogos e a equipa andou a usar... os suplentes vindos da formação. Vamos acreditar que foi Lage que decidiu que a Liga dos Campeões era a nova Taça da Liga? Algum treinador não quer mostrar o seu trabalho na Liga dos Campeões? Algum treinador quer desestabilizar um balneário ao impedir os melhores jogadores de participarem nos maiores jogos? Foi opção de Lage ou foi sugestão em forma de bigode? Os jogos da Liga dos Campões são para ganhar ou para encarar como montra para o Seixal?

E nem se aproveitou o mercado de inverno para se corrigir tudo. Valeu a contratação de Weigl que por melhor que seja duvido muito que tenha sido pedido ou sequer entendido pelo treinador.

O Sport Lisboa e Benfica não tem um verdadeiro projecto desportivo. O próprio Seixal é encarado como um mercado de negócios. É o Benfica empresarial. O Benfica das negociatas. O Benfica das construções. O Benfica de Bigode

Bruno Lage tem as suas responsabilidades na forma como treina, na forma como monta a equipa, na forma como faz substituições e na forma como pede aos seus jogadores para actuarem. Isto é somente responsabilidade de Bruno Lage.
Bruno Lage é também responsável por um dia ao acordar ter olhado ao espelho, ter olhado para a lâmina e de novo para o espelho, e ter decidido que gostava daquele bigode e que o iria deixar farfalhar toda o seu ser.

Bruno Lage falou do que queria para o plantel. Mas exigiu? Lutou por isso? Ou aceitou ser somente mais um de voz praticamente irrelevante? Lutou pelos reforços que queria ou aceitou não ter poder nenhuma na decisão?

Para mim um treinador, principalmente um treinador de um clube grande, deverá ser sempre o principal responsável pelo futebol do clube. Poderá estar envolto numa estrutura, terá de respeitar a política desportiva do clube, mas será sempre ele a utilizar a estrutura e não o contrário. Um treinador de clube grande tem de liderar e tem de se fazer ouvir. Um treinador de clube grande não pode nunca aceitar que lhe sugiram que jogadores usar ou não. Bruno Lage tem responsabilidade de comer e calar e ainda o fazer com um sorriso na cara.

E é aqui que tenho de falar de um antigo treinador do Benfica. Numa altura em que muitos dos meus colegas de escrita clamam pelo regresso de Jorge Jesus - algo que eu sou contra - a verdade é que Jorge Jesus era o líder do futebol no Benfica. Quando a estrutura lhe fragilizava o plantel ele exigia reforços que o satisfizessem. Em anos de títulos foi Jorge Jesus que assegurou que a direcção não lhe sabotava a época desportiva. Nunca comeu e calou, nunca aceitou Bigode. E isto é um treinador. Independentemente das suas competências, de todas as outras suas qualidades e defeitos, nesta vertente o Benfica teve treinador.

Mas lá está, vivemos um Benfica de bigode que só aceita quem adopta esse visual. Rui Vitória aceitou o bigode com todo o gosto. Bruno Lage achou que tinha de o adoptar.

O Bigode de Vieira cresce pela testa, infiltra-se nos poros da pele e envolve toda a massa cinzenta de quem o usa, acabando por finalmente se instalar aconchegadamente na sua espinha dorsal.

É um mal que há muitos anos vai minando o Benfica e o benfiquismo.
Hoje mina Bruna Lage que acedeu a usá-lo.


terça-feira, 3 de março de 2020

Dominó de Substituições à Lage

Há uns dias analisei o jogo com o Shakhtar e nessa análise destaquei alguns posicionamentos e individualidades que me saltaram à vista.
Algo de que não falei foram das substituições. Ponderei falar mas tinha o foco noutras situações, até porque as mexidas de Lage no decorrer de 90 minutos já têm sido motivo de vários debates.

Mas hoje terei de falar disso. É que ontem o Benfica empatou com o Moreirense na Luz e assim perdeu a liderança e o maior destaque do jogo é sem dúvidas as substituições de Bruno Lage.
Já é recorrente. Já perdemos demasiados pontos em jogos em que Bruno Lage parece simplesmente sabotar qualquer tipo de reacção da equipa.

Como é que é possível que este treinador tenha uma ideia tão arcaica do jogo? Como é que é possível que Bruno Lage, sim Bruno Lage (!!!), seja um treinador que desvaloriza de forma tão drástica a qualidade de um futebol apoiado e as vantagens da exploração do espaço interior? Como é que possível que Bruno Lage tenha sempre como solução - para jogos com resultados desfavoráveis - a largura das alas e o bombeamento de bolas para a área?

São vários jogos já a recorrer a essa “filosofia” e ontem foi miseravelmente à descarada.
Vejamos. O Benfica tem um problema no processo defensivo? Tem. Contudo o Moreirense nem estava particularmente interessado em atacar e muito menos em pressionar a nossa primeira ou segunda zona de construção. Fizemos 45 minutos onde fomos superiores. Sem brilhantismo, sem esmagar, mas fomos superiores. Taarabt a fazer um jogão nas suas incursões pelo centro do terreno, Weigl finalmente a aparecer em terrenos que lhe são mais favoráveis - portanto mais avançado e mais próximo da construção de jogo. Foi o nosso forte na primeira parte, aquilo que Taarabt, Weigl e até o Pizzi nos estavam a oferecer num futebol criativo, de apoios e de bola no pé. Fomos a zero para o intervalo. Entrámos por cima do jogo. Com o Tomás mais solto e a aparecer com maior frequência no ataque e na área adversária. Mais velocidade com bola e na decisão, maior pressão, linhas mais juntas. Foram 15 minutos de grande superioridade encarnada.

Apesar da superioridade, apesar de termos o Moreirense encostado às cordas, apesar de estar claramente a cheirar a golo encarnado na Luz, Bruno Lage, com mais de meia hora para jogar, desespera. Começa a panicar. E assim faz o que faz sempre e lança um ponta de lança para a molhada.

A opção de colocar um segundo ponta de lança em campo de forma a abrir as marcações de uma equipa tão recuada não é nenhum absurdo. O desespero é a ideia por detrás da mexida.
Tira um médio e coloca um ponta de lança fixo. Mais um homem preso entre os centrais. Com isto tira obrigatoriamente algum jogo criativo e de progressão em apoios à equipa. Com isto passa a mensagem que começou a hora do chuveirinho. E para piorar tira quem? Weigl. Portanto não só esta substituição retira um criativo do jogo entrelinhas fazendo-o recuar – Taarabt – como ainda faz sair do jogo aquele que estava a ser o principal apoio à posse.
A ter de escolher entre Samaris e Weigl, Bruno Lage escolhe Weigl. E até poderia ser uma opção de cautela defensiva – apostando em maior risco ofensivo optaria por um único médio mais agressivo sem bola. Mas Samaris tinha amarelo. Logo foi uma escolha de estilo de jogo - entre um médio de progressão em apoios pelo jogo interior e um jogador de lançamentos longos, Bruno Lage optou por um bombardeiro no meio-campo.
Este foi o primeiro passo de Bruno Lage para sabotar a vitória e a liderança encarnada. Logo depois surge o golo do Moreirense e aí Bruno Lage entra numa total espiral depressiva.

Com pelo menos 25 minutos para darmos a volta ao resultado, Bruno Lage acredita que a única solução da equipa é abdicar totalmente do jogo interior e passar a lateralizações e lançamentos longos.

Assim a primeira reacção de Lage ao golo sofrido foi tirar Rafa. Apesar de não estar na melhor forma Rafa é craque. O Benfica tem de criar oportunidades de golo e Bruno Lage decide tirar o Rafa. E isso para lançar Cervi, um jogador ofensivamente muito inferior. E nem é só de qualidade individual que se fez esta substituição. Não. A opção de Lage passa por tirar um jogador de ataque que constantemente procurar os espaços interiores para progredir e incorporar na área, e no seu lugar colocar um outro jogador que irá manter a equipa mais aberta, que se irá posicionar lá na ala esquerda na procura do espaço para cruzamentos – seus ou do lateral. Sim, até Grimaldo nesta ideia de Lage é obrigado abdicar do seu ponto forte, incursões pelo centro, para jogar colado à linha.

Não satisfeito e continuando nesta sua ideia, três minutos depois Lage comete mais um pecado.
Para última substituição Bruno Lage tira Taarabt. Atenção, o Benfica tem de marcar dois golos e depois de tirar Rafa do jogo tira Taarabt. O marroquino não só estava a ser o melhor em campo como é também o jogador mais criativo e talentoso do plantel. Se havia jogador capaz de descobrir e criar espaços de incursão na área, tanto para si como para os seus companheiros, esse jogador era Taarabt. Pois bem, Bruno Lage retira Taarabt do jogo e diz que foi por o marroquino se estar a agarrar demasiado à bola. Pois, Bruno Lage não queria bola no pé, queria bola batida para o ar.

E o dominó continua a tombar. É que esta mexida não só nos retira o mais talentoso e melhor em campo como ainda faz recuar Pizzi. Mais uma vez se repete a premissa da primeira substituição - Bruno Lage não quer um jogador de condução mas sim um jogador mais apto a bater bolas. E assim Pizzi é retirado da zona onde faz a diferença - próxima dos avançados e das zonas de finalização - e é arrastado para um meio-campo a dois com instruções de baterem longo.

Mas e quem entra? Quem é o ás de Bruno Lage para a reviravolta no marcador? Sim foi Jota. O que raio tem dado Jota a este Benfica para ser ele a opção? Jota entra e é logo encostado à direita. E eu pergunto: Jota não é aquele jogador que actua preferencialmente no lado esquerdo para puxar a bola para dentro? É. E o “para dentro” é o problema. Então Jota é encostado à direita. Bem aberto à direita. E é isto que Lage faz à equipa.

Somos melhores. Estamos melhores. Temos boas exibições e estamos a cheirar o golo. Tudo isso a jogar com a seguinte equipa:

Dois centrais que batem na frente mas ambos capazes de jogar entrelinhas se tiverem apoios. Dois médios a dar posse de bola à equipa – tanto pela recuperação como pela sua qualidade com bola. Um de futebol mais longo e outro de futebol em apoios. Um trio de médios mais ofensivos muito criativos e a explorarem o espaço interior. Dois laterais com possibilidades de subirem aproveitando este posicionamento dos 5 médios em futebol mais interior. E um ponta lança, um homem golo, um homem a tentar usufruir do espaço que todos os outros lhe podiam ir criando.

E Lage decide mudar tudo drasticamente:
Retira o jogo interior. Assim tem em campo dois defesas para baterem longo, e dois médios para... baterem longo. Dois laterais bem abertos e colados à linha a dar abertura. Dois extremos bem abertos e colados à linha a dar abertura. Dois pontas de lança presos junto aos defesas a procurar espaços de finalização.

Bate, corre, abre, centra. Bate, corre, abre centra.

E foi assim que Bruno Lage sabotou mais uma reacção da equipa. Foi assim que Bruno Lage voltou a provar que não sabe o que está a fazer a este nível. Foi assim que Bruno Lage continuou a provar que não sabe o que a equipa faz bem nem o que a equipa faz mal. Foi assim que Bruno Lage se voltou a apresentar.

Uma dor.



sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Benfica 3-3 Shakhtar - Queda Europeia

Quero falar sobre o jogo de ontem. Quero falar sobre o jogo de ontem porque me deu diversas e distintas sensações. Aliás, discutindo em outros grupos percebi ao intervalo que o meu estado de espirito era bastante diferente do dos outros com quem debatia o jogo. Quero falar sobre o jogo porque para mim foi bem mais que uma simples falta de garra, ou más escolhas de titulares, ou más substituições ou até má exibição. Houve muita coisa a acontecer naquele relvado da Luz.

Começo por dizer que gostei do 11 escolhido. Contudo pensei que Lage daria continuidade à aposta no Samaris e considero que, estando em condições físicas, este jogo era para o Vinicius e não para o Dyego Sousa.

Fiquei satisfeito com a forma como a equipa entrou em campo. Pressão alta colectiva, boa reacção à perda de bola e tentativa de jogar apoiado, com muita bola e pelo chão. Um Benfica com iniciativa, com vontade de se impor na sua casa e na eliminatória. Bastante procura do jogo interior, do futebol entrelinhas, com Taarabt, Pizzi e Chiquinho a surgirem bastante nesse espaço. E um Grimaldo mais soltinho, mais liberto de amarras tolas e com espaço e liberdade para subir, para fletir para o centro e incorporar as jogadas de ataque - aquele lateral 10 que tanto nos encantou na primeira metade da época.

Provou-se que se pressionamos mais e melhor, se temos mais bola e se temos a iniciativa do jogo, provou-se que se formos uma equipa activa e não uma equipa de futebol passivo e expectante, as nossas lacunas defensivas - que existem e precisam urgentemente de ser trabalhadas - são menos evidentes porque estão menos expostas. Se somos nós quem tem bola, quem ataca, quem pressiona e quem condiciona, então o adversário irá ter menos e piores oportunidades para fazer tremer o nosso processo defensivo.

Gostei dos primeiros 45 minutos. Fui com boas sensações para o intervalo. Vi no colectivo da equipa coisas que ainda não tinha visto e que tanto reclamava para ver. Sim, houve um período pior logo depois ao 1-0. Não me refiro ao empate mas sim à reacção ao empate. Foram uns 10 minutos em que a equipa quebrou e voltou a expor-se ao recuar e dar a bola ao adversário. Mas voltámos a assumir o jogo e acabamos claramente por cima.

Individualmente estava bastante agradado com a exibição do Pizzi, com o talento explosivo do Taarabt e com o novo velho Grimaldo. Rafa bastante limitado no momento de decisão e o Dyego a corresponder ao que o jogo lhe pedia - sem brilhar mas a cumprir.

O pós intervalo foi ainda melhor. Com a eliminatória empatada voltámos a querer ser donos do jogo e da bola. Pressão alta, condicionamento da primeira fase de construção do adversário e como consequência o 3-1, a passagem para a frente da eliminatória, uma finalização soberba do Rafa e uma decisão fantástica do Dyego.

Foi até ao 3-1 que vi o Benfica que quero, que vi o potencial desta equipa. Foi até ao 3-1 que finalmente me senti bem a ver um jogo do Benfica. 
O problema foi o pós 3-1. E mais uma vez nem falo do golo sofrido. Falo da reacção a esse golo. Fica comprovado que este Benfica não sabe lidar com alterações no marcador. Impressionante como golos marcados ou sofridos alteram tão drasticamente o futebol desta equipa.

A partir do 3-2, a partir do minuto 49, foi tudo muito mau - à excepção de algumas individualidades. A partir desse momento voltámos a ter o Benfica que se tem arrastado por toda esta época. Fraco, fraquinho. Uma dor. Uma queda abruta na realidade que é o futebol desta equipa.

Vou enumerar o que me ficou da segunda-parte:

- Esta equipa não está fisicamente preparada para um jogo de pressing e rápida reacção à perda de bola. Fizemo-lo durante 30 minutos e não conseguimos mais. Quanto menos temos bola mais temos de correr atrás dela - ou então ficar na expectativa. Mostrámos não ter condições para jogar daquele modo de forma constante.

- O processo defensivo é fraco. Sim o Tavares é júnior. Sim o Dias tem abordagens ridículas aos lances. Sim o Ferro está uma nódoa. Sim o Grimaldo deixa espaço nas costas. Mas estas fragilidades ficam ainda mais evidentes quando o colectivo defende mal. Um exemplo do quanto mal trabalhado é o nosso processo defensivo é a nossa linha de fora-de-jogo. Desorganizada e totalmente descoordenada. Durante o jogo foi ouvir o Pedro Henriques, e depois do jogo muitos outros, culpar o Rafa pelo primeiro golo dos ucranianos. O argumento é que o Rafa como ala teria de correr atrás do lateral fosse como fosse, o argumento é que ali tem de jogar o Cervi porque ele o faz. Vejam a repetição e vão perceber porque o Rafa não acompanhou o jogador. Quem define a linha de fora-de-jogo é o Dias. O Rafa travou a corrida quando chegou a essa linha. O resto da defesa estava fora da linha. Com isso o adversário ficou milimetricamente em jogo. Vamos culpar o Rafa por ter feito defensivamente aquilo que os restantes defesas parecem incapazes de fazer?

- O posicionamento do Chiquinho e do Weigl são inexplicáveis. Tens jogadores de qualidade e retiras-lhes todos seus atributos para os condicionares posicionalmente a ideias sem grande sentido. E assim temos os adeptos a questionar a qualidade e utilidade dos jogadores.

Comecemos pelo português. Principalmente na segunda parte irritou-me o papel do Chiquinho. Um médio criativo, forte nos apoios, no jogo entrelinhas e na chegada à área, andou a jogar como ponta de lança. Quantas vezes o Taarabt recebia a bola no centro ou o Tavares na direita e não havia uma única linha de passe para o centro? E eu via isto e perguntava-me como era possível, onde andava o Chiquinho. Procurando-o fui constantemente encontrá-lo junto ao Dyego no meio dos centrais. Então no nosso suposto médio organizador/segundo avançado andava preso às zonas de finalização. Não fica fácil para o Tavares. O miúdo ainda não tem tomates para acelerar o jogo com bola, para partir para cima do adversário, e assim quando recebe a bola resta-lhe travar e passar para trás ou travar e bombear para a área onde estão todos à espera.  
Mas se o médio ofensivo dos apoios está preso entre os centrais adversários, o médio defensivo dos apoios está preso entre os centrais da própria equipa. Percebo o médio defensivo vir aos centrais buscar jogo mas não entendo que em posse se posicione entre estes e ali fique. Depois queixamo-nos que só passa para trás e para o lado? A alternativa é bombear na frente. Para mim o Weigl tem jogo para ser um Busquets - jogador durante antes incompreendido por quase todos. Mas para isso tem de se posicionar no meio da acção e não fora dela. O Weigl tem de jogar sempre entrelinhas e a dar apoios. Recebe e toca, tabela, desmarca sempre a dar linha de passe na construção entre a pressão adversária. Essa é a qualidade dele - decidir, passar e dar linhas sobre pressão. Estamos a desperdiçar um jogador talentoso porque queremos que seja o Fejsa.

Bruno Lage pode ter Chiquinho e Weigl a dar linhas ao Taarabt, ao Tavares, ao Grimaldo, ao Pizzi e ao Rafa, mas opta por os afastar da zona de construção e obrigar o Taarabt a fazer raides de magia por todo aquele terreno.

Perdemos a eliminatória em casa por dois golos, num jogo que empatámos e que estivemos bem mais próximos de perder do que de ganhar.

Uma palavra para Pizzi e Taarabt. O marroquino foi simplesmente magistral e quanto mais joga mais se percebe a confiança que ganha e coloca nas suas acções. O 21 voltou a mostrar que do que depender dele terá sempre boas exibições seja em que jogo for - o colectivo tem de ajudar pois Pizzi é bom mas não é Jonas. Duas excelentes exibições.



segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

Necessidades Exibicionais do Benfica de Lage

Boavista 1-4 Benfica
Benfica 3-0 Zenit
Benfica 4-0 Famalicão

O que têm estes jogos em comum entre si e de tão divergente relativamente a praticamente todas as outras 23 vitórias da época?

A exibição da equipa.

Porto 3-2 Benfica

Famalicão 1-1 Benfica
Benfica 0-1 Braga
Shakhtar 2-1 Benfica

O que têm estes jogos em comum com praticamente todas as outras 23 vitórias da época?

A exibição da equipa.

Aquelas três vitórias consecutivas de Dezembro fizeram-nos acreditar que Bruno Lage finalmente tinha estabilizado uma equipa, uma filosofia e uma rotina de treino. Finalmente parecia que o individual estava a ser optimamente explorado pelo colectivo. Foram excelentes exibições a culminar – naturalmente – em excelente resultados.


Até aí íamos jogando pouco apesar de vencendo quase sempre. A partir daí voltámos a jogar pouco, apesar de vencermos quase sempre – pelo menos até Fevereiro.

Não terá Bruno Lage percebido o que se fez bem naquelas 3 vitórias  consecutivas de Dezembro? Terá o treinador caído na esparrela da teoria que “em equipa que ganha não se mexe”? Os facilitismos do campeonato português iludiram tanto Bruno Lage como aos jogadores?

Pelo discurso parece já ter percebido que há um problema no processo defensivo da equipa. Mas quanto mais tempo necessita para o treinar e melhorar? A ideia passa por meter mais jogadores a defender? É assim que Bruno Lage quer compensar o fraco processo defensivo? É colocando os médios e extremos com maior preocupação defensiva?

Uma coisa é certa. Quanta mais tempo passamos a defender, menos tempo passamos a atacar. Quanto mais os jogadores se preocupam com o momento defensivo, mais cansados chegam ao momento de definição. Quanto mais recuados jogamos, mais demoramos e mais nos cansamos para chegar à baliza adversária.

Haverá assim tanta incapacidade de trabalhar defensivamente que torne necessária a aniquilação da nossa qualidade ofensiva? Em prol de um processo defensivo falido temos perdido criatividade e dinamitas ofensivas. Em prol de uma compensação defensiva estamos cada vez mais previsíveis no ataque. Menos jogadores, menos linhas de passe, menos apoios, menos movimentos e mais e mais profundidade e bolas pelo ar.

Estamos numa fase critica da época. Fora da Champions e com meio pé fora da Liga Europa logo na primeira eliminatória. Ficámos fora da Final-4 da Taça da Liga. Estamos no Jamor apesar de pouco termos feito para isso nas meias-finais com o Famalicão. E de sete pontos de vantagem, estamos agora com três pontos de desvantagem (sim com menos um jogo).

Próximos jogos:

Gil Vicente – Benfica
Benfica – Shakhtar
Benfica – Moreirense
Setúbal – Benfica
Benfica – Tondela

São cinco jogos para cinco vitórias. Apuramento na Europa e quatro vitórias no campeonato para aí depois se voltarem a fazer contas.

Começando já hoje com o Gil em Barcelos.

Mas estas 5 vitórias consecutivas não vão cair do céu. Não é o não ter medo de ganhar ou o que raio for que vai elevar o futebol da equipa.


É começar a jogar mais já hoje. Sem teorias de pragmatismo. Bola no pé, assumir jogo, subir linhas e desfrutar do futebol.

Ganhar a jogar bem é um excelente lançamento para os próximos jogos e restante época.

Ganhar a jogar mal é um adiar do problema.



sábado, 1 de fevereiro de 2020

Dyego Sousa Para o Ataque ao Campeonato e Liga Europa

É Dyego Sousa o jogador que o Benfica precisava neste final de mercado de inverno? 

Até é. 

Era sabido que não viria um titular nem para o centro nem para a direita da defesa, o médio já tinha sido contratado e como tal as necessidades do plantel prendiam-se num avançado e num guarda-redes com qualidade para substituir e competir com o Odysseas. 

Com a saída do Raul de Tomás ficou evidente a necessidade de se contratar um terceiro avançado.
Vejamos: 

- Tal como Vieira já referiu, não há avançados no Seixal para serem lançados na equipa principal. 

- Só Vinícius e Seferovic é curto para o ataque ao resto de uma época que ainda pode ser muito longa. A lesão ou suspensão de um levam à ausência de qualquer avançado no banco de suplentes. 

- As possibilidades de abordagem a um jogo, ou a parte do jogo, em 4-4-2 ficariam bastante limitadas com as opções presentes. Não só não haveria um substituto aos dois em campo como ainda a única dupla possível seria a de dois avançados puros, sem a presença daquele 9,5 mais criativo capaz de ligar todos os sectores de ataque, pensar o jogo e distribuir a bola pelos espaços do ataque. 

Sim precisávamos de um avançado. E sim, o Dyego Sousa é um bom jogador e é um bom ponta de lança. 
Não é um nome que faça balançar o coração encarnado e aí as expectativas saíram furadas. É uma escolha mais pragmática e com objectivos de curto prazo em vista. 

Preferia uma terceira opção de ataque com maior potencial de futuro no clube. Preferia um avançado que nos desse outras opções ofensivas - o tal 9,5. Mas Dyego Sousa foi a opção possível, vem preencher parte das lacunas ofensivas do plantel e acredito que até vem para encostar o Seferovic que está a fazer uma época lastimável. 

Vem é um pouco contra a maré. É ver o que Rui Costa e Bruno Lage disseram de ego cheio antes e perceber que esta contratação os contraria. Sai muito mal Bruno Lage nas declarações que fez sobre o Gáitan. 
A opção pelo Dyego Souza também traz um sinal alarmante para aquilo que temos visto Bruno Lage pedir à sua equipa. Fica a ideia que se considerou importante ter mais um avançado paro o chuveirinho. E não é disso que o Benfica precisa.  

Esta equipa irá evoluir quando tiver menos potencializadores de bombos e mais entusiastas de bolinha no pé. 

Um remendo no plantel com um jogador de qualidade e que será muito útil. Não me entusiasma mas não desgosto. 

Bom avançado, boa relação com a bola, cabeça levantada, boa capacidade de finalização. 




terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Benfica e Porto no Bessa

Aquando da sua eleição para a presidência dos Boavisteiros, Vítor Murta exultou sobre a necessidade da equipa de futebol do clube voltar a ser o “Boavistão” de fim do século passado/inicio do presente, corporizado no epíteto, e cito, “em que era canela até ao pescoço”.


Obviamente que isto não é para ser levado à letra (ou pelo menos, imagino que não seja) e tal frase procura, isso sim, traduzir uma forma de jogar essencialmente focada nos fatores emocionais e físicos do jogo. E, goste-se ou não, Vítor Murta foi sagaz ao perceber que Lito Vidigal seria um dos melhores protagonistas ao dispor para escavar um buraco no tempo e fazer a equipa recuar aos anos 90. Enfim, Vítor Murta quis, Lito Vidigal sonhou, a obra nasceu. 


Porém, mais do que falar sobre o Boavista em si, importa-me mais identificar na sua equipa um estilo de jogo e confronta-lo consigo mesmo ou com algo bastante diferente e, para tal, recorrerei a dois jogos em que o Boavisteiros, fossem quais fossem as circunstâncias, tenderiam sempre a perde-los. Falo, como será fácil de perceber pelo título, dos jogos frente a SL Benfica e FC Porto.

No derby da cidade do Porto assistimos, penosamente, a um jogo assente em constantes duelos aéreos e físicos, entre duas equipas de almas gémeas e onde a lei do mais forte acabou por imperar. Sem prejuízo do resultado, foram bastante visíveis as dificuldades que o FC Porto teve para levar os 3 pontos em disputa, parecendo até, em vários momentos, que as qualidades individuais dos jogadores ao dispor de ambos os conjuntos se apresentavam indistintas e/ou bastante marginais, coisa que, sabemos, não é verdade. Displicência azul e branca? Não me parece, de todo. Transcendência axadrezada? Talvez. Mas o que realmente concorreu para esse nivelar de qualidades foi o facto de a equipa mais forte - FC Porto - aceitar levar o jogo para um patamar onde as diferênças se diluem e as qualidades que verdadareiramente importam não aparecem, porque grandes, rápidos e/ou agressivos podem ser todos, mas relacionar-se bem com a bola e com os companheiros... não é para quem quer, apenas para quem pode!

Por oposição a isto, temos o jogo que o Benfica foi fazer a casa dos Boavisteiros. Ao contrário de Sérgio Conceição, Bruno Lage foi à procura de um jogo que eliminasse ao máximo toda a físicalidade que o Boavista quisesse impor, fazendo-o com um jogo de passe curto, associativo e de paciência, sem momentos de acelerações a cada passe, sem jogo directo a potênciar duelos aereos, ou seja, sem nada do que poderia fazer aproximar a qualidade superior dos seus jogadores à qualidade (ou falta dela) dos jogadores adversários, retirando do jogo todos os factores em que o Boavista poderia ser igual ou até superior ao Benfica. Resultado? Um jogo bastante tranquilo e uma das melhores exibições da época. Não foi um jogo perfeito, mas foi bastante melhor do que o Porto havia feito no mesmo estádio e do que a própria equipa do Benfica vinha fazendo até aí.

Este duplo exemplo colocado em oposição entre si, procura apenas demonstrar de forma bastante básica e simples que a resposta a qualquer dificuldade será sempre a da inteligência e qualidade de execução, sempre! Mesmo contra equipas cujo poderio físico é importante, se em vez de o contornar o procurarmos confrontar, por certo vamos ter bastantes dificuldades e imprevisibilidade no jogo. E exemplos destes ocorrem todos os fins-de-semana, tão faceis de ver e entender que me causa sempre uma enorme preplexidade a forma como se continua a acreditar que o caminho a seguir é o caminho da imponência física e emocional, deixando a relação com a bola e com o jogo para segundo ou terceiro plano, tal qual Sérgio Conceição afirmou recentemente. A ser como o timoneiro Portista afirmou, seria muito mais complicado defrontar o Boavista do que o Barcelona... Absurdo, não?

P.S. 1 - Para Bruno Lage: A tenacidade defensiva de Seferovic e Cervi é bastante útil ao colectivo? Sim e é bom que assim seja, porque com eles em campo, seja por erros técnicos ou de decisão, a equipa passa muito mais tempo sem bola do que passaria com qualquer outro dos seus colegas a jogarem nas suas posições.

P.S. 2 - Para Sérgio Conceição: Na mais recente visita do FC Porto ao Jamor, a equipa melhorou claramente com a entrada dos portentos físicos Sérgio Oliveira e Nakajima, em substituição dos virtuosos Loum e Manafá, não foi? Ontem mesmo, no jogo com o Tondela, o FC Porto fez o melhor jogo em organização ofensiva da era Sérgio Conceição, porque conseguiu juntar no mesmo 11 a potência física de Nakajima, Luis Diaz, Corona e Otávio, certo?



sexta-feira, 1 de novembro de 2019

Lageball - Criatividade no relvado

Na época passada muito escrevi sobre o Lageball. Um futebol de ataque e pressão alta mas principalmente um futebol criativo, imaginativo e de apoios. Um futebol onde surgia um central com maior qualidade de construção. Um futebol com um lateral de ingressões à 10. Um futebol que dava asas a um meio-campo mais capaz de reter a bola e pressionar alto. Um futebol com um avançado móvel e colectivo. Um futebol com três jogadores de ataque puramente criativos. Criatividade de pensamento, criatividade de execução, criatividade técnica e criatividade de imaginação.
Foi o Lageball que durante um curto espaço de tempo nos apaixonou.

Por isso agora pergunto a Bruno Lage: Que é feito desse futebol que foi baptizado com o teu nome?
Olhemos para o jogo com o Portimonense - o último jogo e um jogo de goleada.
Claro que já esperava os comentários no pós-jogo. Ficou 4-0 então já foi uma grande exibição. Nada contra se ser resultadista, tudo contra se ter uma opinião resultadista.

Esperava tais comentários dos muitos adeptos e comentadores mas não do nosso treinador.

"Bruno Lage: «Notícia da noite é o nosso bom jogo»"

Como todos saí agradado da Luz com o resultado. Ao contrário de muitos continuei a sair agastado com a exibição.

Para mim é um problema muito grande caso o treinador do Sport Lisboa e Benfica considere que a sua equipa fez um bom jogo na Quarta-Feira passada. Demonstra que também o treinador tem uma opinião resultadista o que não lhe permitirá nunca evoluir o futebol da equipa.

Uma primeira parte horrível da equipa. Não foi de paciência. Foi de incapacidade. Um Portimonense com melhor posse de bola, melhor qualidade a sair a jogar, mais criatividade, mais jogo interior, mais aproximação à baliza e com movimentos mais técnicos. Um Benfica sem conseguir construir uma jogada e constantemente a recorrer a balões dos centrais e a cruzamentos totalmente disparatados tanto do Cervi como do Almeida.
Um golo de canto fez a diferença a nosso favor nos primeiros 45 minutos. Outro golo de canto no arranque da segunda-parte acabou com o jogo a nosso favor. A partir daí o adversário, que é obrigatoriamente mais frágil, quebrou animicamente, subiu as suas linhas irracionalmente e deu-nos os espaços necessários para tanto o Grimaldo como o Chiquinho abrirem a defesa com o apoio do Vinicius. A goleada foi contextual e não o resultado de uma boa exibição. E Lage tem obrigação de perceber isso.

Olhemos para o Lageball e para o que se viu na Luz com o Portimonense. Com Jardel no lugar do Ferro não houve lugar à existência de um central com melhor construção de jogo - logo balões. A dupla de médios mostrou qualidade na retenção da bola e no primeiro passe mas não tinha apoios centrais para dar continuidade. O lateral esquerdo continuou com as suas ingressões a 10 mas sem apoios ofensivos para conseguir rasgar. O avançado muito isolado no ataque e assim mais a trabalhar para o golo do que para o jogo colectivo. E em vez de 3 puros criativos de ataque tivemos 1 - o Chiquinho.

A pobreza do futebol do Sport Lisboa e Benfica explica-se pela falta de criativos. Quando antes tínhamos 4 criativos em campo a servir e a ser apoiados por um ponta de lança, agora temos dois - o lateral esquerdo que tem de progredir todo o campo para dar criatividade ao ataque e o ala direito acabado de chegar a este patamar e acabado de regressar de uma lesão. É pouco. Pouquíssimo. Aquele trio de criatividade ofensiva foi substituído por precaução defensiva. Um médio móvel mais subido no relvado para criar mais pressão mas incapaz com a bola no pé. Um extremo esquerdo inofensivo com a bola no pé e somente importante em tarefas defensivas.

Além do resultado, as boas noticias a retirar do jogo são as exibições de Chiquinho e Vinicius. Contudo são boas noticias que termos ainda de perceber que continuidade terão. Já se sabia que o Vinicius tem mais golo que o Seferovic mas será uma aposta de Lage ou só um jogador de segunda-linha? A qualidade de Chiquinho também já era sabida contudo neste jogo actuou no lugar de Pizzi numa evidente estratégia de descanso do transmontano. Lage verá Chiquinho como um "Clone de Pizzi" que será eternamente o seu suplente ou como uma solução para as costas do ataque encarnado, actuando simultaneamente com Pizzi, com Rafa e com Grimaldo?

Criatividade Lage. Criatividade.


https://www.record.pt/futebol/futebol-nacional/liga-nos/benfica/detalhe/bruno-lage-noticia-da-noite-e-o-nosso-bom-jogo?ref=Benfica_BucketDestaquesPrincipais


quarta-feira, 29 de maio de 2019

E Zivkovic?


Zivkovic foi um dos jogadores mais subaproveitados durante o reinado de Rui Vitória no Benfica ainda que, em abono da verdade, tenha sido com o técnico Ribatejano que o jovem Sérvio melhor revelou o que pode dar, quando teve alguma continuidade enquanto escolha para o onze.

O ex-técnico Benfiquista nunca demonstrou saber entender o que de melhor Zivkovic tem para aportar ao jogo da sua equipa, tendo sido recorrentes as saídas do jogo ou das escolhas nos momentos em que mais se pedia a sua presença. Alturas em que a anarquia e correria tonta tomavam conta do colectivo, Zivkovic aparecia a ensinar a todos o melhor caminho a seguir, porém, foi nesses mesmos momentos em que Rui Vitória abdicou dele vezes sem fim, ora substituindo-o, ora deixando-o de fora das escolhas para o jogo ou a conserva-lo ao seu lado no banco de suplentes.

Sobre o jovem talento dos Balcãs, Rui Vitória chegou mesmo a afirmar faltar-lhe “rasgo”, signifique isso o que significar. Em boa verdade, a única coisa que faltava/falta a Zivkovic é… jogo! Apenas e só jogo! Jogar mais, mais e mais, porque tudo o resto o jovem Sérvio tem de sobra e a mais que a esmagadora maioria.

Com a chegada de Bruno Lage ao comando da equipa principal, ainda sem saber o que ele queria para o jogo, alimentei a esperança de ver, finalmente, Zivkovic jogar integrado numa ideia de jogo colectivo e com continuidade.

Porém, os jogos foram passando e os minutos de Zivkovic não foram aparecendo e o próprio jogador foi desaparecendo gradualmente das opções, dando a ideia de ter sido ultrapassado por tudo e todos dentro do plantel.

Percebendo que o sistema de jogo escolhido não é o que melhor pode explorar Zivkovic (sendo óptimo para Félix, por exemplo) e entendendo que Bruno Lage vê em Pizzi um jogador para o corredor direito e que pretende um homem no corredor esquerdo que seja capaz de provocar a profundidade constantemente, não sobram lugares no onze para o Sérvio, é uma verdade.

Ainda assim, e tendo em conta que Bruno Lage optou sempre por alguma rotatividade nas provas paralelas ao campeonato nacional, é-me difícil compreender que o Sérvio nunca tenha entrado verdadeiramente nas contas do técnico. Porque se é verdade que Zivkovic não é o homem certo para uma ideia de alguém que explore a profundidade com ropturas em movimento de forma consistente, também não deixa de ser verdade que me parece a melhor opção para, pelo menos, o segundo plano do homem que procura mais o jogo interior em apoio, sendo muitas vezes o 3º médio, isto é, se entendo que a rotatividade na posição de Rafa não passe por Zivkovic, não entendo que a mesma rotatividade de Pizzi não passe por ele.

Se há coisa que o Sérvio faz como ninguém, é mesmo o jogo associativo, criativo e com elevado recorte técnico associando-o a uma enorme qualidade de decisão. Ou seja, todos os critérios para se ter sucesso em terrenos interiores, onde o espaço escasseia e cada bola assume uma importância fulcral, estão reunidos em Zivkovic para que ele tenha impacto positivo no jogo colectivo e com isso aproxime a equipa do sucesso.

A juntar a isto, sobra ainda a ideia veiculada por Bruno Lage na entrevista dada no final da época a vários jornalistas, referindo que opta por dar liberdade de decisão aos jogadores, ficando para ele a definição de posicionamentos. Ora, dando liberdade de decisão, quanto a mim, faz ainda mais sentido que se opte por quem é capaz de tomar as melhores decisões e nisso não há como não destacar Zivkovic nos melhores do nosso campeonato.

Esta, quanto a mim, foi a única grande questão que ficou por responder na mesma entrevista. Numa segunda metade da época carregada de jogos, porque não foi Zivkovic utilizado com alguma continuidade? O que lhe falta? Em que lugar Bruno Lage o enquadraria e porquê?

Não sei por onde passará o futuro do Sérvio, mas seja por onde for, que tenha jogo, porque o Jogo precisa de Zivkovic.

domingo, 26 de maio de 2019

2018-19 - O Milagre do 37

Não foi tudo péssimo até Janeiro - foi quase tudo - nem foi tudo perfeito em 2019 - mas foi miraculoso.

Não há dúvidas que a mudança de treinador é o momento da época. Não é o simples trocar por um treinador melhor pois só isso não faria diferença nem seria recomendável. Foi o retirar de alguém inapropriado para o cargo abrindo assim espaço para que um treinador de grande competência o agarrasse.

Portanto o momento da época foi sem dúvidas a chicotada psicológica, a saída de Rui Vitória e a afirmação de Bruno Lage.

E a figura da época?

Temos entre os jogadores vários potenciais "vencedores". Do divino Jonas ao puto João Maravilha Félix. Da revelação Ferro ao desequilibrador Rafa. Do capitão Samaris ao bota de prata Seferovic. Do cerebral Pizzi ao criativo Grimaldo.

Mas a figura da época terá de ser Bruno Lage. Mudou tudo. Mudou os sentimentos nas bancadas, mudou a mente dos jogadores, mudou a qualidade dos treinos, mudou o modo de estar em campo e de tratar a bola, mudou a táctica, mudou as opções. Mudou toda a gestão do plantel e a filosofia de jogo. Mudou o discurso. Com Lage o Benfica renasceu da apatia em que se encontrava. O Benfica jogadores, o Benfica adeptos, o Benfica sensações.

Foi tudo perfeito com Bruno Lage? Não. Houve jogos - Sporting e Frankfurt por exemplo - onde estivemos abaixo de medíocres. O final de época foi menos afirmativo, em vários jogos a equipa penou até a bola começar a entrar. Há muito trabalho pela frente mas agora também há toda uma pré-temporada para aproveitar.

Já o destaque negativo desta época só poderá ser de um homem: Luís Filipe Vieira.

O actual presidente do Sport Lisboa e Benfica depois de ter desistido do Penta optou por também abdicar da Reconquista. Manteve o treinador que já tinha provado não ser minimamente adequado ao cargo, reforçou o plantel com jogadores de menor qualidade e sem ter em conta as lacunas da equipa técnica, continuou a alimentar certos pardais tachistas que por aí vão voando e cagando o símbolo do Sport Lisboa e Benfica e nem sequer soube reconhecer os seus erros.

Foi forçado pelos resultados e pelos adeptos a despedir o Rui Vitória, contra tudo e contra todos resolveu voltar atrás nessa decisão afirmando que este ficaria até pelo menos o final da época e depois ao primeiro mau resultado lá o voltou a despedir.

E enquanto os benfiquistas desesperavam com o decorrer da época e com a escolha de um novo treinador, o presidente do clube foi jogar cartas para o programa da Cristina Ferreira. E aí, perante as câmaras e olhares de todos nós, deixou claro que Lage era só um interino, que o seu grande desejo era José Mourinho e que todos iriamos ter saudades de Rui Vitória.

Com negas vindas das arábias, da ucrânia, do principado e até de Setúbal, e perante os bons resultados que Lage estava a conseguir, mais uma vez teve de se contorcer todo e o interino passou a treinador principal.

E Bruno Lage resultou. E o Benfica é campeão. O que resta a este presidente? Arranjar todos os esquemas possíveis para limpar a cara e puxar a si os méritos de uma reconquista que ele próprio sabotou. Politiquices com as emoções dos adeptos.

Já tem peões a divulgar a mirabolante história que Lage era a sua primeira escolha e que o adiamento do despedimento de Rui Vitória se deveu ao facto de Bruno Lage estar naquele momento incapaz de treinar uma equipa da primeira liga. E incapaz porquê? Porque estava de muletas.

Mas ainda pior foi o que se viu na noite da festa do título. Mais uma vez foi contratado o Nuno Luz para promover a figura deste presidente no momento dos festejos, da consagração benfiquista. Desta vez a necessidade de enganar os benfiquistas foi bem mais urgente que em anos transactos.

E assim o presidente do Benfica "viveu" o festejo do milagre de Lage: Com uma câmara na cara a registar cada representação teatral que preparou e com dois jornalistas atrás de si a ajudarem na promoção da sua imagem.

Sim são precisos uns grandes tomates para realizar aquele triste episódio no balneário da equipa. Uns grandes tomates de plasticina. "Oh Nuno estás a filmar? Olha eu aqui a brilhar com o duplicar dos prêmios e os jogadores todos a cantar por mim".

Milagroso Treinador Bruno Lage. Maravilhosos Craques do Relvado. Vergonhoso presidente.


quarta-feira, 6 de março de 2019

Queda no Voou pelo Abismo em Lageball

Vamos ser realistas. Esta época foi preparada para na próxima entrarmos directamente na Liga Europa. Sem conquistas, sem as dezenas de milhões da Champions, sem valorização de jogadores e com decréscimo do prestígio do clube. O objectivo passava por fazer valer o lema “Si enim non facile”.

A época começou sem que se corrigissem os erros da anterior, evidenciando-se ainda mais as lacunas dos anos anteriores.

Não nos enganemos. No primeiro fim-de-semana de 2019 estávamos arrumados. Já eliminados da Liga dos Campeões era muito difícil acreditar que fossemos capazes de eliminar o Galatasaray nos 16-avos da Liga Europa, que fossemos a Guimarães conseguir a qualificação para a meia-final da Taça de Portugal e muito menos que conseguíssemos voltar à luta pelo título.

Passados dois meses fomos ao Dragão virar um resultado e garantir os 3 pontos que nos colocam na liderança do campeonato. Isso estando já em vantagem na meia-final da Taça e a disputar os 8-avos da Liga Europa.

Um Benfica em cacos, onde as vozes se dividiam entre a necessidade de mandar embora o treinador e o receio de uma chicotada psicológica em Janeiro. Uma equipa sem treinador, cheia de dúvidas e com um presidente na casa da Cristina a jogar às cartas enquanto saudoso do anterior treinador apontava os seus esforços a José Mourinho.

E neste caos há por lá um treinador interino a fazer um trabalho provisório enquanto não se arranjava alguém melhor.

Neste caos surge um homem simples, um homem do futebol que respira futebol e que adora futebol. Chega, abstrai-se de todo o circo mediático criado pelo seu próprio presidente, ignora o fraco papel que lhe foi dado, e somente se preocupa em colocar os jogadores a treinar e a jogar futebol. 

Fá-lo sem o patrão da defesa – Jardel, sem o patrão do meio-campo – Fejsa e sem o melhor avançado e jogador da equipa – Jonas. Sem reforços de Inverno. Com metade dos reforços de Verão afastados. 
E rapidamente chegou ao coração dos Benfiquistas. Tudo porque fala sobre aquilo que treina e joga – Futebol.

Bruno Lage consolidou uma nova dupla no eixo-defensivo com Rúben e Ferro; Bruno Lage criou um novo duo do meio-campo revitalizando o Gabriel e limpando o pó ao Samaris; Bruno Lage recuperou a melhor posição do médio mais criador da equipa – Pizzi – retirando-lhe obrigações defensivas e colocando-o mais próximo tanto dos criativos da equipa como das zonas de definição; Bruno Lage percebeu o Rafa; Bruno Lage deu-nos uma nova dinâmica ofensiva retirando todo o potencial que por aqui já era reconhecido ao Seferovic e dando-nos finalmente o verdadeiro João Félix; Bruno Lage apresentou-nos o substituto natural do Fejsa – Florentino; Bruno Lage até nos mostrou que afinal até há uma alternativa ao André Almeida – Corchia.

É um novo Benfica. Um novo 11, uma nova táctica mas acima de tudo um novo futebol. Um treinador que adora o treino e percebe os jogos como um reflexo do que é treinado. Mais que um Benfica com uma ideia muito positiva de jogo, temos um Benfica com processos, com dinâmica, com um guião de jogo. Uma equipa que faz sentido. Temos uma identidade cada vez mais vincada.

Em Janeiro tínhamos a sensação que podíamos perder (ou empatar) qualquer jogo, fosse na Luz ou não, fosse contra equipas de que escalão fossem.

Hoje vivemos um sentimento oposto. Hoje sentimos que podemos vencer qualquer jogo em qualquer terreno. É uma crença muito emocional mas sustentada naquilo que vemos a equipa produzir. Os jogadores transmitem uma confiança tremenda. Não daquelas confianças frágeis induzidas por life coachings mas sim daquelas inquebráveis construídas pela percepção da qualidade do trabalho e do talento que têm.

O que temos pela frente?

Jogo em Alvalade para controlar e garantir mais uma final no Jamor contra o Porto.

Dois jogos com o Dinamo Zagreb para a Europa. Com Lage até já estamos a sonhar com mais uma final nesta competição.

E 10 jogos para o campeonato. 10 jogos. 10 vitórias. E eu acredito.

Belenenses (C)
Moreirense (F)
Tondela (C)
Feirense (F)
Setúbal (C)
Marítimo (C)
Braga (F)
Portimonense (C)
Rio Ave (F)
Santa Clara (C)

Uma época no lixo que pode muito bem se transformar numa época de dobradinha com brinde europeu.

Este é um dos grande méritos de Bruno Lage. Nós benfiquistas podemos novamente sonhar, viver entusiasmados. E nem sequer precisamos de ter preocupações em termos os pés nos chão. O nosso Treinador permite-nos essa extravagância pois ele próprio se encarrega de manter a equipa bem acordada enquanto nós adeptos vamos sonhando. 

Estivemos juntos ao abismo e muitos consideraram que despedir o treinador seria dar o passo em frente. E foi. 

Um passe vertical em frente a rasgar o abismo em Lageball.



sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

O que quer do jogo Bruno Lage?


O estado eufórico da comunidade Benfiquista e do futebol em geral com os primeiros jogos (e que jogos!) do Benfica de Bruno Lage tem sido retumbante. Eu, claro está, incluo-me nesse grupo de pessoas que se deleita ao ver o melhor plantel em Portugal a jogar sob o desígnio de uma ideia e de um jogo coletivo, finalmente!

Mais do que os resultados (e são excelentes, mesmo com a derrota frente ao FC Porto), o que tem impressionado, tem sido a rapidez com que Bruno Lage tem transformado uma porção de terreno terraplanado, num belo parque de diversões, em menos de dois meses e a jogar, consecutivamente, duas vezes por semana.

E esta relação entre o tempo para treinar e a qualidade coletiva que a equipa apresenta, jamais pode ser ignorado, seja qual for o prisma de análise a este Benfica. De facto, o contexto com que Bruno Lage se deparou não podia ser pior: Equipa em crise de resultados, sem o mínimo de identidade, com zero hábitos de bom treino e, pior que tudo, sem tempo sequer para respirar, quanto mais treinar e implementar uma ideia.

Contudo, e apesar de parecer um presente envenenado, Bruno Lage nunca apresentou qualquer sinal de descrença ou enfado pelo que o destino lhe tinha reservado, não! Pegou no que tinha, no que queria e foi a jogo. Arriscou, continua a arriscar (o onze de ontem é um bom exemplo) e sem nunca se escudar em contextos, tem apresentado qualidade de trabalho (não falo de resultados), contando ainda com alguma felicidade, diga-se (e aqui sim, já falo de resultados), que também é necessária num contexto tão difícil.

Aqui chegados, e feita a ressalva sobre o enorme mérito de Bruno Lage, importa-me procurar perceber o que Bruno Lage quer do jogo e para o jogo, isto é, que tipo de ideia tem do jogar da sua equipa e o quanto faz depender essa ideia do adversário que terá pela frente a cada jogo.

Tendo em conta as palavras de Bruno Lage ao longo do tempo, seria de esperar uma equipa que procurasse jogar o mais tempo possível em organização ofensiva e em posse, porém não tem sido bem isso que a equipa nos tem dito no relvado.

Se nos primeiros jogos me parecia natural atribuir essa falta de congruência entre o jogo e as palavras do treinador à escassez de tempo para implementar algo, porque, de facto, jogar de forma coletiva e competente em organização ofensiva e em posse de bola leva o seu tempo, o que o jogo de ontem nos trouxe (bem como boa parte do jogo na Luz frente ao Sporting), não foi bem um Benfica de posse de bola e ataque organizado, muito pelo contrário, ontem vimos uma equipa recolhida no seu meio-campo em organização defensiva e a procurar saídas rápidas para o ataque, isto é, a absoluta antítese da ideia que ficava pelas palavras de Bruno Lage.

Sublinho: Não estou a falar da constituição do 11 (com a qual apenas discordo de Salvio e Cervi, que eu nunca escolheria para coisa nenhuma), estou a falar da ideia coletiva que ontem foi levada a jogo.

Naturalmente que mesmo em organização defensiva se notou a colossal diferença entre o que existe face ao que existia, mas ontem não achei que se Rui Vitória ainda fosse o treinador, a ideia tivesse sido diferente daquela. A qualidade dos comportamentos coletivos subiu absurdamente, mas a ideia… foi um fiasco, para mim. Não gostei, não gosto nem nunca gostarei de equipas que se guardem e escondam do jogo, deixando o seu destino entregue à competência de quem tem a bola. Felizmente, tal como já havia sido visto frente ao FC Porto, este Galatasaray deixa muito a desejar no que diz respeito à qualidade, caso contrário, caso houvesse um médio defensivo diferente de Fernando, por exemplo, dificilmente o jogo teria sido a tranquilidade que foi. Podemos achar e dizer que fosse esse o caso, não fosse Fernando o jogador limitado ofensivamente que é, Bruno Lage teria uma abordagem diferente ao jogo neste aspeto específico. Ok, até posso aceitar como justificação verdadeira, porém o que mais me importa saber é se, enquanto coletivo, esta ideia passiva do jogo é para manter nas partidas deste perfil ou se, de facto, é para sermos a equipa ofensiva e de posse que Bruno Lage “prometeu”.

Em suma, há duas ideias a reter, mais pela verificação do que pelo que já se sabia de antemão: Tendo Rui Vitória, qualquer escolha (e sublinho o “qualquer”) representaria uma evolução enorme. Porém, face ao contexto, Bruno Lage demonstra que não é apenas o “qualquer”. Não, quer mais do que isso, falta saber o quê exatamente.

A resposta será dada pela equipa daqui até final da época, mas não deixaria de ser engraçado que os jornalistas, quem têm tido Bruno Lage à disposição a uma média de 4 vezes a cada 7 dias, colocassem este tipo de questão ao treinador, em vez das habituais, boçais, patéticas e já cansativas questões redondas e sobre temas laterais que não são controláveis pelo treinador.