quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Um caso de falta de leite

Ao longo de dois anos de existência deste blogue, se alguma vez escrevi um post exclusivamente dedicado a um dos rivais será muito. Não vejo interesse, para além da discussão futebolística, em passar a minha vida a pensar nos outros nem como particularmente produtivo em termos de análise à realidade do nosso clube a constante alusão aos adversários. No entanto, há sempre o chegar de um dia em que a excepção toma, por momentos, o lugar de destaque na sala principal. Chegou esse dia. Farei um post exclusivamente sobre o Porto. Ei-lo:

Antes de mais, vejam isto. Estou a falar a sério: vejam isto. Não, não é para saltarem o vídeo, vejam tudo, do princípio ao fim.

Está visto?

Eu também vi. Caído de pára-quedas no vídeo, mas vi. E fiquei boaquiaberto. Pode parecer estranho alguém ainda ter um momento surpreendente quando vê Pinto da Costa fazer referências ao Benfica, mas confesso, ainda assim, e 30 anos depois de este ter chegado ao poder sempre com o mesmo ódio na mira, a minha total e mais sincera estupefacção por aquilo que este vídeo demonstra e prova à saciedade.
É como aqueles momentos em que uma epifania se nos chega, por vezes sobre coisas tão óbvias e facilmente imaginadas - uma vez, enquanto conduzia e fazia sol e chovia ao mesmo tempo, vi o arco-íris pôr-se sobre uma montanha; e depois, qual momento divino, apesar de facilmente confundível com uma análise de um estúpido (e se calhar era), pensei na palavra "arco-íris". "Arco" e "íris", separados, um arco visual, um arco de cores translúcidas à membrana interior dos olhos. Nunca tinha pensado nelas separadamente e as juntado depois para compreender o significado sem ser apenas uma ideia geral, sem ser uma palavra composta que associamos a uma imagem sem que pensemos realmente nela (pensem em "rainbow", também dá).
Este homem não ama o clube que preside; odeia o nosso. Não assina por mais uns anos com o treinador que tem por querer desalmadamente o treinador que tem por mais uns anos; quer desestabilizar o nosso treinador. Não diz que nos clubes sérios não se dão votos de confiança, fazem-se renovações de contratos por achar realmente isso; diz porque o Presidente do Benfica deu votos de confiança ao nosso treinador em vez de lhe renovar o contrato. E, no fim, fala das vitórias do próprio clube não pelas vitórias do próprio clube mas para poder falar noutra Vitória, a nossa.

Como a epifania do arco-íris, hoje tive outra: Pinto da Costa queria ser não o Presidente do Porto mas o Presidente do nosso clube.

E é por isso que esta imagem serve de prova em qualquer estudo psicanalítico que se possa fazer sobre esta perturbada personalidade:

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Nuit et brouillard

Eu sou do Benfica. Não porque faça parte de um clã de iluminados, não porque conheça melhor a verdade e, de certeza, não porque seja melhor do que os outros que vêem, pensam, lêem, amam, são futebol. Sou do Benfica porque o meu Pai era do Benfica. Se o meu Pai fosse do Alain Resnais, eu era do Alain Resnais. E sou. Eu nem sequer gostava de esparregado e agora gosto, e isto não é para falar de esparregado, embora o esparregado seja uma das descobertas da minha maturidade, não contando o Alain Resnais, que é bom e não consta que fosse benfiquista. Eu amo o Benfica porque nem sei explicar. Entre o que foi o exterior e o interior, algo em mim despertou para este clube. Se podia ter sido outro? Podia, embora hoje, aqui, nisto que sou, essa seja uma ideia igual a não gostar do Alain Resnais. O meu Pai viu o Eusébio ao vivo, no Estádio de Alvalade, que era a catedral do meu Avô, sportinguista patológico. O meu Pai não se apaixonou pelo Estádio de Alvalade. A partir desse momento, um gene nasceu. Chegou a mim. Se filhos aparecerem, gostarão do Benfica. Já do Alain Resnais, não posso dizer. Será escolha deles.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Salviola, o Jardel de Coimbra e outros disparates

Jesus e a crítica dizem que foi o melhor Benfica da temporada. Eu acho que sim. Mas não foi só. Mas vamos por partes, como dizia o Jack, o Estripador:

- O melhor Benfica da época? Durante meia hora, provavelmente, sim. Dois golos, várias oportunidades, pressão sobre o adversário. Não foi tão bom como o ano passado, mas foi bastante bom. Claro que fazer dois golos quase antes de o jogo começar ajuda. Mas tentar fazê-los também. É esta mudança de atitude que se aplaude. E ao mesmo tempo se critica: onde é que ela andou? E não me lixem: isto não tem a ver com questões físicas, técnicas ou tácticas: é uma questão mental. O ano passado entrávamos em campo com vontade de atropelar o adversário e...às vezes atropelávamos mesmo. Vamos lá, Jesus. É este o caminho para a Terra Prometida (de certeza que já alguém tinha feito este chiste, mas aqui fica na mesma).

- E o resto? Bom, o resto foi muito parecido com o que temos visto: quando acabou o gás de Gaitán o meio campo voltou a ser tenrinho. Aí a diferença de qualidade fez o resto, mas a jogar assim arriscamo-nos a dissabores frequentes. Mas em casa com o Rio Ave pode ser.

- Destaques individuais? Sálvio, claro. O Ricardo só tem elogios para o rapaz e ele dá-lhe razão. Acho que vamos ter um desgosto quando o Vieira não accionar a cláusula de compra em Junho. Dois golos de cabeça de um extremo são sempre uma anormalidade. Se esse extremo não tem pescoço (o que dificulta o “gesto técnico” do cabeceamento) ainda tem mais valor. Saviola, também. Mas eu nunca o vejo jogar mal (defeito meu, com certeza). O Gaitán parece ter mais vontade de trabalhar, mas dá a sensação de não aguentar 90 minutos. Já é um progresso: preocupa-me menos que não possa do que não queira. Pela negativa, Cardozo. Não desenvolvo muito porque detesto falar mal de jogadores do Benfica. Se jogou mal tinha uma boa razão para isso (provavelmente esteve até às tantas e distribuir comida aos sem-abrigo de Lisboa – os jogadores do Benfica quando jogam mal é por razões nobres, não tenham dúvidas).

- Do outro lado, João Tomás. 34 anos, e ainda tinha lugar no plantel de qualquer dos grandes (já para não falar da selecção, que andou a testar os Edinhos desta vida). Sábado (mais) uma exibição extraordinária, com dois golos e uma bola no poste (reparem na posição em que ele está neste lance, de onde vem a bola, e de como ele a coloca magistralmente). Jogador completo, profissional de mão-cheia, mas o empresário deve ser o Darren Lamb.
É um dos jogadores mais injustiçados de sempre. Sábado, para não variar, voltou a sê-lo: o que é que fez para merecer ser assobiado na Luz? Veio para cá por meia dúzia de tostões, fez golos em barda no pior Benfica de sempre, e saiu por 5 milhões (muito dinheiro na altura). Nunca teve, que eu saiba, nenhuma palavra incorrecta para com o clube. Obrigado, João, e desculpa qualquer coisinha.

- A expulsão do Coentrão: se calhar foi muito inteligente. Eu acho que foi chico-espertice, e não gostei. Gostava de ver sair uma punição exemplar para estes lances. Jesus, isto é o Benfica. Não gostamos disto. E não, o facto de o Special One (“El especial”, “il speciale” ou “o sacana que ganhou tudo para o Porto” como é conhecido noutras línguas) o fazer não é desculpa.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Estratégias de compra e venda

Tendo em conta as notícias que saíram hoje sobre a concretização do negócio de compra de Fernandez ao Racing e de venda de Patric ao Atlético Mineiro, fico simultaneamente satisfeito e preocupado. Se, por um lado, há o assumir de um mau planeamento da época, indo em busca de um jogador que, de facto, seja o extremo-esquerdo de que a equipa precisa, por outro tenho sérias dúvidas que seja Fernandez a solução para o problema. Não porque conheça o jogador (não conheço), mas porque, mais uma vez, a escolha recai num elemento que precisará, por vir de um campeonato em que as características de jogo são substancialmente diferentes, do natural tempo de adaptação. Esta contratação poderá fazer sentido se o pressuposto for o de médio prazo, preparando-o para na próxima época poder ser integrado já rotinado com o resto da equipa; se a ideia é colocar Fernandez a titular a partir do momento em que saia do Aeroporto, estaremos muito provavelmente incorrendo em mais uma má decisão estratégica.
Em Janeiro, só faz sentido contratar um jogador se ele tiver as características certas para vir colmatar, no imediato, as lacunas do onze titular: conhecimento do tipo de jogo que aqui se faz, experiência ao mais alto nível europeu e facilidade de assimilação das ideias do treinador. Fernandez poderá até vir a revelar-se um jogador com facilidade de adaptação mas, a priori, não me parece o caminho certo a seguir.
Por outro lado, com esta escolha, assume Jesus e toda a estrutura do Benfica que a opção de compra de Gaitán para suprir o espaço deixado vago por Di Maria, foi um verdadeiro falhanço. O que é contraditório, visto que o treinador do Benfica opta, sempre que pode (e tem podido quase sempre), por Gaitán para aquele espaço do terreno. E, se nos primeiros dois meses poderíamos ter compreendido a sua vontade em adaptá-lo a uma posição que claramente não é a sua, nos últimos dois - e esta escolha por Fernandéz vem corroborá-lo - tem sido um caso de pura falta de humildade em assumir o erro e de teimosia bacoca, o que não deixa de ser preocupante.
Há, no entanto, e se Fernandez entrar directamente para a esquerda do meio-campo, uma boa notícia: veremos o talento de Gaitán explorado decentemente. Na minha visão, dar-lhe-ia a oportunidade de jogar a segundo avançado, no lugar do Saviola. Ou seja, um suplente muito utilizado. Veremos que planos tem Jesus para este talento.

Outra notícia que saiu foi a de o Benfica ter vendido Patric ao Atlético Mineiro. Sinceramente não percebo esta decisão. Há cerca de um ano e meio o Benfica comprou 70 por cento do passe de Patric por 2 milhões de euros; agora, depois de um excelente campeonato brasileiro, em que revelou poder ser uma alternativa credível a Maxi Pereira (e essa é umas lacunas do plantel, não ter um substituto natural ao uruguaio; deixemos Amorim a médio, a sua posição natural), um jovem com potencial, que provavelmente nos próximos dois anos verá o valor do seu passe altamente inflaccionado, vendemos 50 dos 70 que tínhamos por 1 milhão e meio. É verdade que recuperámos o dinheiro investido mas parece-me que teria sido mais benéfico para o clube uma de duas coisas: recuperá-lo para o nosso plantel, fazendo-o evoluir a espaços na lateral direita e prepará-lo para a próxima época OU deixá-lo emprestado no Brasil, evoluindo no jogo para depois, se mostrasse a qualidade que parece ter, trazê-lo para o plantel principal da equipa. Entre ter recuperado 1 milhão e meio de euros e ter esperado mais um ano pela sua evolução, escolheria claramente a segunda opção. Não aconteceu assim, é pena. Espero que não o vejamos no futuro numa grande equipa europeia e a remoer o erro de casting.
Sílvio, do Sporting de Braga, seria uma contratação inteligente. Grande qualidade, português, 23 anos, provável jogador de Selecção no futuro, das escolas do Benfica. Olhem, gastem o dinheiro recebido pelo Patric no Sílvio e não se fala mais nisso.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Ontem vi-te no Estádio da Luz reforça o plantel

Depois de uma busca apurada por parte da equipa de prospecção deste blogue - a quem Villas-Boas pede recorrentemente conselhos sobre Power Point e Excel -, após meses e meses a visualizar comentários em blogues, a definir perfis e a enquadrá-los adequadamente nas necessidades do Ontem vi-te no Estádio da Luz, é com grande satisfação que anunciamos a contratação de mais um elemento para dizer disparates: Mr. Shankly.

O contrato tem a duração do tempo que o Mr. Shankly quiser, sendo que, por ingressar no blogue, receberá as contrapartidas financeiras de ser insultado por anónimos imbecis e muitas vezes apenas o silêncio resultante de ser este um sítio onde se juntam à vez 2, 3 ou, em dias de loucura, 4 pessoas ao mesmo tempo. Ao blogue terá de dar apenas e só uma coisa: a sua mais sincera opinião, coisa em que é, de facto, bom.

Aproveitamos para anunciar que o plantel, com esta contratação, fica fechado. Não haverá saídas e muito menos entradas, visto que não queremos fazer disto uma equipa de futebol. Temos 5. Dá para o futsal. Quem se desculpar com os árbitros estupidamente ou passar o tempo a falar dos outros, vai à baliza.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

A César o que é de César!

De uma coisa não nos podemos queixar: este Benfica é sempre uma incógnita, cria expectativas, aumenta a surpresa, traz emoção e incerteza a qualquer jogo. Nunca sabemos como irá entrar em campo: o Benfica confiante do ano passado ou o pesadelo macambúzio deste? É nisto que estamos: quando a equipa parece pronta a desabar por meses em exibições medíocres e sonolentas, ela apresenta-se mais forte, pronta a vencer todos os obstáculos que lhe aparecem à frente, ainda que, e essa é a única constante, cheio de tremeliques no seu jogo. Ontem não foi diferente. Uma primeira parte com vontade, com períodos de bom futebol mas longe da área adversária até uma segunda parte em que, nos primeiros 20 minutos, nem sabíamos desenvolver contra-ataques nem sabíamos defender até aos nossos últimos 20 metros (em que, aí sim, estivemos bem). Nessa parte negra do jogo, bastava um passe vertical bracarense para ultrapassar meia-equipa do Benfica. Lembrou-me tempos idos, os de Flores, Quique Flores, numa espécie de linha pirilau com que o Benfica fazia (pensava que fazia) pressão aos adversários. Isso e Gaitán e Cardozo a marcarem homem-a-homem com a mente - não lhes conhecia atributos tão esotéricos como os que ontem apresentaram; muito bem estiveram na arte de deixar os colegas na merda. Parabéns. Depois o Domingos - que dizem ser bom treinador e eu também já tive os meus momentos de engano - decidiu que o Benfica tinha de ganhar o jogo (talvez para ter mais tempo para preparar a equipa para a Taça da Liga) e retirou de campo Andrés Madrid, que era só o gajo que estava a varrer o meio-campo e a dar bolinhas adocicadas por entre os médios do Benfica. Obrigado, Domingos. O Jesus, que tem dias, viu a jogada e agradeceu. Meteu o Sálvio pelo Martins (que correu muito, quase sempre mal) e estava construída a auto-estrada - o Guilherme, que até estava a aguentar a coisa, viu-se, desejou-se e enterrou-se, crítico em relação à construção desta quando os problemas do país não se coadunam com empreitadas estruturais. Aimar apareceu, Javi apareceu, Gaitán apareceu (aleluia!), Saviola apareceu. Cardozo também andava por lá mas só foi visto como Walking Dead (está provado cientificamente que os joelhos dos zombies estão virados ao contrário). Deu para tudo. Obrigado, Domingos. Até para o Aimar marcar um golo de cabeça.

O Roberto estava no banco a matutar sobre o euromilhões e a agradecer a Deus (e a Jesus, filho pródigo) o facto de ser titular em detrimento de um gajo melhor e pornograficamente mais barato do que ele, o que só vem corroborar a ideia de que, a haver força Divina, ela não é socialista. O Coentrão continua a pensar no Hulk e o David Luiz, como quer ser vendido, começou a perceber o estratagema: ser mais parecido com Bruno Alves. O gordo e talentoso Sidnei varreu a ocorrência e veio provar que os gordos merecem nem sempre ir à baliza. Maxi, este meu ódio de estimação, às vezes dá-me vontade de casar com ele - todos os dias dá lições de humildade aos colegas (deve ser do ar de monge budista). Javi parece que vai mas não vai e Gaitán definitivamente não vai. Martins, como é mais bolos e petardos, prefere zonas centrais e Aimar deve ter recebido ordens do psicólogo para extravasar as frustrações pessoais com os árbitros. Depois é Cardozo, zombie jarreta (aprende, Roberto), e Saviola a ensinar todos os dias como se trata a bola. 

Amorim foi no fim.
Sálvio é o que está à vista - não de todos. Mas compreende-se: não é jogador do Benfica, portanto não convém metê-lo a jogar. O problema é que, quando joga, fá-lo bem. Vieira é que não deve ter gostado nada. Por ele, Sálvio não jogava mais. Mas que afronta é esta? 

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Confiança...

A discussão anda na boca de todos, ou quase todos, e tem ofuscado os juros da dívida pública e falências e FMIs e outras pantominices que fazem o dia-a-dia do nosso triste país.

Naturalmente, a discussão anda também aqui, e claramente, é o sítio onde tem sido discutida de forma mais brilhante e clarividente. Li o post anterior e os respectivos comentários e tenho a firme convicção que estão bem perto do busílis da questão - quero com isto dizer que não opinaria melhor.

Mas quero opinar mais, sobre uma nuance que é discutida, sim senhor, mas não vai onde eu gostaria que fosse. É assim:

Fico possesso com a cabecinha dos nossos jogadores, tão fraquinha que é! Em termos de atitude mental é das equipas mais fracas que vi jogar este ano. E porquê?

- Porque são fracos da cabeça? Sim, mas não chega…

- Por causa do Jesus? Sim, mas não justifica…

- Por influência do LFV? Epá, sim…mas nem tanto ao mar nem tanto à terra…

Então mas porquê?

Enquanto penso nisto, disperso-me um pouco e relembro estórias do mundo do futebol: daquelas que os jogadores contam quando se reformam, de treinadores que não dirigem palavra aos jogadores e presidentes que nunca aparecem e coisas que tal… Sempre achei estas estórias esquisitas porque a malta até pode ser incompetente, mas tratando-se das suas carreiras, custa-me a acreditar que não se esforcem. Os dirigentes e afins hão-de querer que a equipa ganhe, certo?

Eu acho que sim. E então penso em como será o dia-a-dia nos corredores do estádio, ou do centro de estágio do Benfas. E depois lembro-me de uma entrevista que o Diogo Luís (lembram-se?) deu a comparar o Toni e o Mourinho: ele contava que durante o treino se falhasse um par de cruzamentos o Toni batia palmas e dizia que para a próxima era melhor; já o Mourinho o obrigava a ficar mais meia hora depois do treino só a cruzar. Já estão a ver onde quero chegar? Já estão a pensar no Porto? Pois, eu também, mas só um bocadinho, porque eles são uns sebosos e como exemplo deixam muito a desejar. Mas uma coisa é certa: nenhum jogador do Porto, que se arme em campeão das dúzias, anda tranquilo nos corredores lá da toca onde habitam. Porque em cada esquina deve haver um gajo de bigode a arrotar a alho e a cheirar a casa de alterne para lhe fazer logo sentir que escolheu o caminho errado para a felicidade. Tenho a certeza. Como tenho a certeza que todos os clubes ganhadores terão o mesmo tipo de estratégias (embora mais elevadas) de “motivar” os seus activos.

E é isto. A malta farta-se de falar no que está diferente em relação ao ano anterior, mas esquecem-se do que não mudou, do que se mantém desde os tempos em que fomos treinados por um lobotomizado (e um pouco antes, para ser verdadeiro – mas é sempre bom denegrir o gajo que levou uma pêra do Sá Pinto – viram como o fiz outra vez?); e o que se mantém é esta tolerância para o fracasso, para a fraqueza. Os jogadores sabem que quem se lixa é o clube, ou o treinador, ou o treinador e o clube.

Será que me perdi? Espero que não. Apenas queria dizer que há clubes em que os jogadores têm confiança nas suas qualidades e outros clubes onde os jogadores têm confiança que se fizerem uma triste figura alguém os vai surpreender num corredor do estádio a arrotar a alho e bom…há clubes onde os jogadores não têm confiança…

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

O preço da falta de atitude

Não me apetece dissertar sobre o que se passou na Luz. Foi de tal modo mau que me parece uma estupidez debater os assuntos tácticos (ainda que eles, mais uma vez, revelem o desnorte de Jesus). Quando uma equipa que entra de pijama em campo decide fazer a cama ao treinador, até podiam estar em campo Casillas, Dani Alves, Carvalho, Piquet, Lahm, Busquets, Xavi, Iniesta, Ronaldo, Messi e Villa. Queria só relembrar aos jogadores do Benfica - não que eles pareçam muito importados com isso - que, além do prestígio que deitaram na lama, além do dinheiro que fizeram o clube perder e além do desrespeito total que revelaram pelos adeptos, há uma outra realidade que, e apesar do anjo Lacaralhette vos ter salvo do abismo, a vossa atitude revelou:

Em vez de defrontarem um destes:

Basileira, Rubin Kazan, Glasgow Rangers, Lech Poznan, Aris Salónica, Gent/Lille, PAOK/Dínamo Zagreb, Bate Borisov, Sparta Praga, AEK, Young Boys, Metalist, Sevilha, Steuaua Bucareste/Nápoles, Besiktas

irão jogar contra um dos seguintes:

Spartak Moscovo, Ajax, Twente, Manchester City, Bayer Leverkusen, Villarreal, Dynamo Kiev, CSKA Moscovo, Zenit, Estugarda, PSV, PSG, Liverpool


Obrigadinho por tudo e vão para o caralho, se Jesus quiser, está bem?

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Assim de repente, na pausa para o cigarro...

Foda-se! Que merda.
Vou precisar de tempo para enumerar todas as merdas que vi...talvez no feriado...



sábado, 4 de dezembro de 2010

Um talento que dá sono

No futebol, o que faz haver favoritismo de uma equipa sobre outra tem um nome: talento. Outra(s) coisa(s), bem diferente(s), é(são) o que faz uma equipa aproveitar esse talento e merecer esse favoritismo: atitude, intensidade, garra, organização, superação. Se uma equipa se encosta ao talento e despreza os restantes o mais provável é não ganhar um jogo ou, se ainda assim a qualidade se impuser, ganha mas passa por dificuldades pelas quais não necessita. Ontem foi isto que aconteceu: acomodada ao talento individual e à qualidade dos seus jogadores, o Benfica entrou em campo como se a vitória tivesse de chegar por hereditariedade natural, como se os genes do jogo tivessem sido escolhidos ainda antes de este começar. Se eu consigo entender um jogo menos conseguido da equipa, quando ela faz tudo para o ganhar, é-me de todas as formas inconcebível ver os jogadores do Benfica displicentes, arrogantes, lentos, crentes numa ordem qualquer divina que os ilibe de lutarem pelo resultado.

A escolha do onze foi a correcta embora haja uma excepção: Aimar por Martins. Não se compreende a escolha de um em detrimento do outro, se pensarmos que um vem de uma lesão e o outro vive um momento fulgurante tanto a nível exibicional quanto físico e mental. Parece ser um desperdício de recursos. E o jogo, esse filtro da verdade, provou-o de forma cirúrgica. Martins, entrado ao intervalo, recuperou a intensidade que Gaitán deixara nas ruas de Buenos Aires e Aimar esvaziou o balão antes de o jogo passar pelos ponteiros dos 60 minutos. Teria sido mais benéfico para a equipa ter entrado com Martins e deixado entrar Aimar na última meia-hora. Mas Jesus põe e dispõe. Limitemo-nos, pois, a rezar com mais ou menos crença na absolvição.

Em posse, fomos previsíveis e pouco dinâmicos; em perda, quase ausentes de intensidade; em contra-ataque, pouco esclarecidos. Valeram-nos dois momentos exteriores a tudo isto: um brinde do Pai Natal Moretto e uma bola parada (onde, haja luz, ainda conseguimos manter um nível de eficácia razoável e que parece ser das poucas ideias que viajaram do ano passado para este que se mantiveram lúcidas sem entrarem em depressão crónica).


Notas individuais:

- Coentrão, desde o jogo do Dragão, parece outro jogador: temeroso, pouco consequente, falho na luta individual, menos agressivo. É um dos case-study mais (des)interessantes desta época, um exemplo de como a falta de confiança tem toldado esta equipa.

- Gaitán: fez-me dizer o dicionário inteiro de asneiras. Gastei todo o vocabulário pornográfico com o argentino. Tem talento? Aos magotes. Está a jogar onde deve? Não. Mas nada justifica a atitude passiva, desinteressada, pouco solidária com o resto da equipa. Gaitán definitivamente não serve para jogar na ala. Se isso era perceptível quando a equipa estava desequilibrada, continua a sê-lo com o meio-campo remendado. Não sofre pelo movimento colectivo, é ele, a bola e o que lhe apetecer. Procura movimentos internos mas até aí sem chama, sem capacidade de decisão, um diamante em bruto embrutecido pela pouca clarividência. É deixá-lo aprender este futebol e, a dar-lhe oportunidade de pisar o relvado, metê-lo noutras andanças - experimentar o rapaz a 10 e a segundo avançado. Não vale a pena insistir mais nisto: estraga-se um talento nato e a equipa perde fluidez e intensidade de jogo.

- Amorim: é pau para toda a obra. Hoje, quando Jesus viu que o Gaitán ainda vinha de pijama, foi para a esquerda para ve rno que dava. Não esteve mal mas nota-se-lhe que nem é aquele o seu lugar nem ele está ainda no melhor momento físico. De qualquer forma, neste Benfica, tem lugar de caras na direita do meio-campo.

- Aimar: como escrevi atrás, acusou os maus níveis físicos. Ainda assim, foi dos que mais incorporou a ideia de que um jogo não se ganha apenas pelo talento. O problema é que um pressing consequente depende de toda uma equipa e não apenas de 3 ou 4. Lutou, procurou movimentos verticais com os avançados, tentou abrir espaços mas a pouca movimentação dos restantes e a boa organização defensiva dos de Olhão limitaram-lhe os rasgos. Saiu bem. Espero vê-lo com outra dinâmica no próximo jogo. Mesmo que entre a partir do banco.

- Martins: é daqueles que tem de estar em campo desde o começo do jogo. Vinha de boas exibições a 10 e ontem voltou a uma das alas do meio-campo, tendo nos últimos minutos estabelecido lugar atrás dos avançados. Trouxe logo outra capacidade de limitar os movimentos do Olhanense e abrir os olhos a uma equipa que parecia estar em campo à espera que o céu caísse sobre a própria cabeça. É, neste momento, um indiscutível.

- Salvio: se em termos de talento puro, deve alguma coisa a Gaitán - ainda que seja dotado tecnicamente -, do ponto de vista de entendimento do jogo e de capacidade colectiva está muitos furos à frente do Nico dorminhoco. Por mim, era aposta para a esquerda do meio-campo no jogo com o Schalke.

- Cardozo: o "tosco" já vai com os mesmos golos que Magnusson, o até ontem maior goleador estrangeiro da História do Benfica. Ele é feio, é lento, é parvo, cheira mal da boca mas é... bom. Vão assobiar para o caralho, benfiquistas de merda.

- Saviola: afinal não foram três, foi só um. É o melhor jogador do Benfica. E está a voltar aos golos. Dê a equipa tudo o que tem que ele está lá para fazer o que sabe.

Por fim, uma referência a Daúto Faquirá. É um dos melhores técnicos portugueses. E não é de agora. O trabalho de um técnico vê-se, mais do que no palavreado às vezes absurdamente fechado em triângulos perpendiculares e pontas verticais em duodenos cerebrais, no campo. Merece outras viagens. Quem sabe um dia não voa de águia... 

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Olhão bem aberto

Ainda não é hoje que iremos descobrir se Jesus aprendeu a lição ou não. Aimar está de fora e é, portanto, quase lógico (embora ultimamente nada o pareça com Jesus) entrar em campo com Martins a 10, Amorim à direita e Gaitán à esquerda. O que está por descobrir é o que fará o treinador do Benfica quando Aimar e Martins estiverem simultaneamente aptos - será essa a última cartada para entender o jogo que é a época 2010/2011.

No entanto, a Jesus ouvi coisas estranhas, por serem incoerentes. Ouvi Jesus falar no jogo de Aveiro como o jogo em que "a equipa esteve equilibrada". Ora, a equipa esteve equilibrada porque as peças do todo estiveram no sítio certo - coisa que andamos a pedir aqui há mais de dois meses. Jesus só viu em Aveiro como deveria jogar ou viu antes mas foi casmurro? Qualquer uma delas não descansa este pobre coraçãozinho encarnado.

Sem provas dos nove para tirar, espera-se que a equipa, JÁ EQUILIBRADA, possa fazer um bom jogo e mostre aos adeptos que podemos contar com ela para o resto da época. Temos tanta qualidade que é um crime desperdicá-la por factores mentais ou má disposição das peças no terreno. Este Benfica, bem organizado, pode ser a máquina mortífera do ano passado. Não duvidem disto. Para a goleada de mais logo:

Roberto
Maxi, Luisão, D. Luiz, Coentrão
Javi
Amorim, Martins, Gaitán
Saviola, Cardozo

Vidência: o Saviola hoje marca três golos.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Moltes gràcies, més que un club

"O resultado é óbvio: 5-1 para o Barcelona. Dois de Iniesta, dois de Messi e um na própria baliza do Pepe. O Real marca por Xabi Alonso.

Mourinho expulso, Guardiola tranquilo junto ao banco, mas com aquele sorriso a querer ganhar vida.

O Barça hoje vai dar um festival."

Escrevi isto hoje à tarde num blogue. Não de forma gratuita mas - e ao contrário da generalidade das várias opiniões que li e que defendiam um prognóstico de resultado equilibrado - porque, de facto, este jogo tinha uma boa probabilidade de acabar desta forma. O Barcelona não só é fortíssimo como equipa como o é ainda mais em casa e, mais importante, em jogos contra equipas de grande valia e que arriscam na forma como encaram o jogo. Quando esse adversário se chama Real Madrid, escusamos de falar na motivação extra que os catalães têm para um jogo deste tipo. Quando o treinador do Real Madrid se chama Mourinho e é o responsável pela eliminação do Barça na Champions do ano passado, é de mais motivação ainda, se é possível, que falamos e pensamos. Falamos numa super-equipa, extremamente motivada para vencer o adversário (por razões desportivas mas também culturais), que, é bom não esquecer, tem rotinas consolidadas ao longos de vários anos, ao contrário do Real Madrid.

Não era, pois, algo de estapafúrdio prognosticar uma goleada culé - ainda que não tenhamos visto (eu, pelo menos, não vi) gente a fazê-lo. E é isto que espanta e é isto que não faz sentido. A lição futebolística que o Barcelona deu hoje ao Real não é nenhuma surpresa e devia, portanto, ser expectável por quem analisa o futebol a um nível, digamos, profissional. Mas não. Ao ouvir as barbaridades dos comentadores da SportTv (na segunda parte; na primeira o stream deixou-me ter o prazer orgástico de ouvir os argentinos da ESPN; que génios da análise da bola!), ficamos com a sensação que esta gente, primeiro, nunca jogou futebol, segundo, nunca viu futebol, terceiro, nunca gostou de futebol e, quarto e mais importante, não merece falar disto que a todos apaixona e move. Em contraposição, como referi, ouvir os argentinos - um deles o autor daquela peça genial sobre Aimar e Saviola que há uns tempos coloquei aqui no blogue - é conhecer mais do jogo, é conhecer tudo do jogo, é amar ainda mais, se é possível e é!, esta coisa que passa por descobrir uma forma de, em dança, levarmos uma pérola até ao reduto último do adversário. O Barcelona ganhou, goleou e, muito mais do que isso, o Barcelona provou (pela centésima vez) que a inteligência ao serviço do jogo, o talento ao serviço do jogo, a rapidez de raciocínio ao serviço do jogo são absurdamente mais importantes do que as questões atléticas e até tácticas (se as entendermos como meras leituras estanques do posicionamento em campo). Esta gente - Xavi, Iniesta, Pedro, Villa, Messi, Bojan, Jeffren - tem altura para caber naquelas casas ancestrais, da Idade Média, que vemos em ruínas nas aldeias deste país. Estes anões, se os víssemos na rua, não nos pareceriam jogadores modernos, estrelas, vendedores de produtos de beleza. Apenas e só homens, vestidos sobriamente, entre uns treinos e uns jogos. Depois, em campo, gigantes do pensamento veloz e da técnica sublime, Deuses nos quais colocaram, como chip divino, todas as jogadas imagináveis e imaginadas por todas as crianças num pelado deste Mundo. Eles concretizam o que nos sonhou.


Ainda sobre este recital, dizer que:

- o Busquets fez um jogo perfeito. Não só é, do ponto de vista posicional, o melhor médio defensivo da actualidade, como não é médio defensivo nenhum. É médio, ponto. A forma como evolui no campo, deixando a que à partida seria a sua zona de acção, para interceptar passes e antecipar o que o adversário vai fazer, só é possível pela sua qualidade inegável mas porque a equipa é toda ela uma harmonia de jogos de compensações e conhecimento mútuo.

- a pressão que o Barcelona faz atinge, em vários momentos do jogo e contra equipas como o Real Madrid (que é constituída por cepos, claro), a perfeição. Mas o que assusta de tão genial e intenso nem é a pressão à saída do jogo organizado do adversário mas a capacidade de pressing que exerce um milionésimo de segundo depois da perda. É sufocante. É delirante.

- A posse. Tão e tão elogiada que será que vale a pena falar nela? Vale. Sempre. A posse é do estilo da rua, não é dos laboratórios. É lógico que é trabalhada ao extremo mas tem nela, dentro, na origem, o perfume da decisão de um miúdo de rua, entre futeboladas no meio dos estendais de roupa. É arriscada, dirão alguns. Nada mais falso. Esta forma de lidar com a bola, juntamente com a enorme capacidade de passe e recepção dos seus intérpretes e confiança no que o colega vai fazer, é a menos arriscada de todas. Por um simples motivo: é a mais simples. Há um estilo particular de o Barcelona tocar a bola que não se vê em mais equipa nenhuma no Mundo e, no entanto, ao nível da capacidade de desposicionar o adversário é a mais eficaz: um jogador toca a bola para outro, virado e correndo para ele e este que recebe não triangula logo nem passa para outro; toca directo no colega que a passou. Estes dois toques desvirtuam a marcação adversária porque a ilude a pensar que o jogo estagna naqueles dois metros que separam os jogadores catalães. Depois, sim, variantes, bola metida numa ala, bola metida nos centrais, bola vertical para um dos avançados. Tudo gira. E é tão bonito.

- O Villa é daqueles gajos que a gente quer ter se for fazer uma viagem ao Mundo durante dois anos. Fala todas as línguas, sabe que comida as culturas diferentes ingerem, é capaz de sair do seu país, ir viver para o meio dos índios e ser não como eles mas ser eles. Adapta-se de tal forma que devia vir a sua foto como exemplo de que Darwin tinha razão no que dizia.

- Iniesta. Eu não quero morrer sem ver este génio ser considerado o Melhor Jogador do Mundo. No papel. Em campo, para mim, ele já o é há dois milénios.




Um lamiré do Benfica Campeão (aleluia!)

O que me espanta neste Jesus 2010/2011 é que ainda não tinha percebido que tem de jogar com um médio que equilibre a equipa, seja Peixoto seja, preferencialmente, Amorim. E que não pode jogar simultaneamente com Aimar, Martins e Gaitán no meio-campo. Quando o Aimar se sentiu indisposto no jogo em casa com o Lyon, apareceu o Martins a 10 e o Peixoto a interior esquerdo. Grande joga, tudo certo, venha o Porto no Dragão! Chegados lá... inventa para caralho. Depois do Dragão, continua com a ideia peregrina de não dar ao Javi apoio nenhum no meio-campo. Resultados: levamos 3 do Hapoel e goleamos a Naval em casa num jogo em que podíamos ter mamado dois ou três golos. É só um médio de transições, Jesus, a qualidade no resto salta à vista! Anda lá, aprende com os erros, sê humilde.

O que me preocupa é que os melhores onzes e melhores jogos resultam sempre de o Jesus não ter a possibilidade de juntar Martins e Aimar, como hoje, em que não tinha o argentino. Sempre que os tem aos dois, mete-os no onze. Está na altura de optar por um ou por outro, tem de ser. Eu percebo que seja difícil deixar um deles no banco mas no ano passado ele fez isso e ninguém se queixou - Martins foi um óptimo 12º jogador muitas vezes.

Ou, a querer juntar os 2, tem de tirar Gaitán e não Amorim. Quanto ao argentino, só o vejo a segundo avançado neste esquema. A médio esquerdo faz desequilibrar a equipa e não explora as qualidades que tem individualmente. Ainda assim, e por a equipa estar mais equilibrada com Amorim, hoje já fez um jogo com outra qualidade.

O que me espanta é Jesus não ver isto. Como não tenho a presunção de achar que sei mais do que ele, deve haver aqui algum erro de análise da minha parte, com toda a certeza. Esperemos para ver os próximos jogos. Mas não me espanta que volte a entrar em campo com um meio-campo com Javi, Martins, Aimar e Gaitán. Lá casmurro é ele!


Tão xau!

domingo, 28 de novembro de 2010

O bom que é Aimar não jogar

Boas notícias, meus caros: Aimar não joga. Não, não estou louco nem tenho uma noção futebolística ao nível de Luís Campos. Aimar não jogar é provavelmente a melhor notícia que nos podiam dar. É que, não jogando Aimar, não há a possibilidade de Aimar e Martins jogarem ao mesmo tempo. Isto, juntamente com Gaitán na ala, tem sido o plano suicida de Jesus em grande parte dos jogos. Sem Aimar, vai Martins para onde deve estar (lembro, em relação a isto, que a últma vez que Martins jogou a "10" fez não uma, não duas, não três, mas quatro (4!) assistências. Na Champions!) e, esperamos nós, mete-se ali um gajo que realmente apoie Javi e equilibre a equipa - ou Amorim à direita ou Peixoto à esquerda.

Notas soltas:

- Depois das declarações e polémica em torno de uma suposta vontade de David Luiz em sair em Janeiro, espero bem que as palavras de Jesus sejam levadas a sério e que o brasileiro entre em campo hoje. O pior que podia acontecer seria desvalorizarmos um activo como David Luiz, dando-lhe razões para se desmoralizar e deixar de dar tudo pelo clube. Tem falhas óbvias, mas continua a ser um bom jogador que poderá ser excelente se for humilde o suficiente para querer aprender.

- Tendo em conta o resultado de ontem (Sporting, 1 - Porto, 1), livrem-se de perder pontos hoje. Sim, acredito no primeiro lugar, sempre acreditei. Porque temos muita qualidade no plantel, porque acho possível que este estado de espírito mude e a confiança chegue mas, acima de tudo, porque, como ontem foi evidente em Alvalade, o Porto é uma equipa boa mas com falhas e defeitos evidentes que, ao longo do Inverno, o farão perder pontos em alguns campos (além de que terão de vir jogar à Luz). É aproveitar todos os pontinhos que os gajos perderem. Começando hoje.

PS - Raramente escrevo aqui sobre outros clubes mas hoje... tem de ser. Depois de ter visto o Bettencourt em risos cúmplices sentado ao lado do máfio, perdi completamente o respeito pela grande instituição que é o Sporting Clube de Portugal. Até que esse ser rastejante e submisso saia da Presidência do clube, o Sporting não será mais do que um aprendiz de corrupto e, portanto, não será o Sporting honrado que sempre conhecemos mas apenas e só o Sporting Clube do Porto.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

We die...

O final de um dos meus filmes preferidos tem um momento que adoro. Nele ouvimos a protagonista ler a sua carta de despedida, escrita nos derradeiros minutos de agonia, e que dou por mim a repetir baixinho em situações que a minha memória julga apropriadas. Ontem voltou a acontecer.
O jogo impressionou-me bastante, menos pela sorte do Hapoel, que é circunstancial, mas pela exibição do benfica, pela postura dos jogadores. Olhava para eles e tinha uma sensação lúgubre, trágica, que ainda hoje me povoa o cérebro, tolhendo todas as tentativas de encontrar melhor maneira de encarar aquele jogo que não um funeral. E um funeral de quê, pergunto-me? Um funeral do sonho, da paixão, do êxtase louco e frenético que moveu aquela gente, de camisolas escarlates, durante a época passada...tal como no filme - é essa a ligação! - em que a protagonista tinha também vivido um amor intenso e hiperbólico, acima de tudo, impossível.
Fica o início da carta:

"[...] We die, we die rich with lovers and tribes, tastes we have swallowed, bodies we have entered and swum up like rivers, fears we have hidden in, like this wretched cave..."

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Jesus versus Israel OU a prova provada de que a Bíblia foi escrita no facebook

Eu não sei o que deu ao Jesus para andar a acompanhar este blogue. Não terá nada mais importante para fazer? Treinar uma equipa, por exemplo? É que já chateia. Venho aqui, peço ao homem que não ponha uma determinada equipa e ele, zás!, só para se armar aos cágados, mete a equipa que eu pedi que ele não metesse.

Hoje, Jesus, vou pedir a equipa que eu quero mas vou dizer-te para não meteres, que é para ver se a metes (muito confuso? deixa, eu depois explico).

Então, de trás para a frente, desde o espanhol manco ao manco paraguaio:

Roberto
Maxi, Luisão, D. Luiz, Coentrão
Javi
Amorim*, Aimar, Martins
Saviola, Cardozo*

Meio-campo povoado, pressão em todo o campo (agora diz-se: em profundidade e largura, que é muito mais gay) e capacidade de ter a bola (qualidade na posse, agora - gay) para assustar os gajos naqueles primeiros 20 minutos em que eles pensam que nos vão assustar. Laterais bem abertos e verticais (antes era "laterais a fazer o campo todo", que era muito mais macho), porque têm 4 médios de cultura posicional (antes dizia-se: "gajos inteligentes"; ok, o Martins não entra nisto), a dinamitarem aqueles laterais deles que são feios, maus e cujos familiares já rezaram na última semana 3.000 vezes a um Deus desconhecido.
Na frente, o homem triste a metê-las lá dentro. Elas que vêm dos dentes de coelho.

Ó Jesus, não ligues para esta merda que eu estou aqui a dizer. Faz exactamente ao contrário! Vai para lá com o Gaitán e o Salvio nas alas, que fazes bem. E a gente há-de ganhar. Nem que seja à PADRADA!


* caso não estejam em condições, Peixoto por Amorim (passa Martins para a direita) e Kardec por Cardozo.

E um Calipolense-Barça, que jogo seria?

Agora está na moda gostar mais do Di Maria, do Ronaldo, do Kaká, do Ozil, do Carvalho do que do Messi, Xavi, Iniesta, Villa, Busquets.

Eu não prefiro ninguém, gosto de todos!

Faz-me alguma confusão esta necessidade de ver as coisas a preto e branco. Ou gostas do Real ou gostas do Barça. Pá, eu gosto do Benfica! Ponto. Não tenho clube estrangeiro. Aliás, não percebo como é possível tê-lo. O Benfica ocupa-me o coração e a mente o suficiente para não haver espaço restante para amor a outro qualquer clube, muito menos estrangeiro. Gosto do Calipolense, de Vila Viçosa, porque ia aos fins-de-semana de férias vê-lo jogar num pelado frente ao Borbense. Eram manhãs agradáveis, com muito futebol mal jogado, gente com bafo a vinho e mães em gritarias loucas para os filhos e seus adversários, sempre na base dos mimos simpáticos - entre "vai para o caralho, o filho é meu!" e "ó meu ganda filha da puta, se tocas no meu Anselminho, levas com uma alheira nesses cornos!". Era bonito. E era pedagógico. Depois veio a internet. Veio o youtube e o tvgolo. E agora parece que não há um gajo à face da terra lusitana que não diga que torce pelo Barça, pelo Real, pelo Manchester.


Vão para o caralho. Eu gosto deles todos. E já me basta não ser capaz de ver o Benfica sossegado. Segunda, quando estiver a dar o Barça-Real, vou poder ter o prazer de ver futebol, apenas e só pelo futebol, sem nervoseira, sem gritos, sem raiva, sem choro, sem histeria. Não me tirem isso, por favor.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A Selecção (natural)

Ontem foi um dia triste para mim: morreu um dos golos mais belos da História. Morreu e morreu prematuramente, acabado de nascer!, num relvado mágico, numa vaginal baliza desejosa de ser ela a via láctea para o lançar no Mundo.
Pudemos, no entanto, ver-lhe todos os contornos de golo-Deus, desde as feições físicas simétricas e rectilíneas ao gesto curvo, ascendente e depois descendente, da sua condição de golo divino. Embora novo, este vai ecoar em linha indiferente ao tempo, tocando passado e futuro, deixando na memória de todos o seu desígnio ancestral. O golo em si já existia, precisava só de quem o cumprisse. E Ronaldo fê-lo. Não ao Quim Berto nem ao N´Dinga ou ao Nilson; fê-lo limpando os calções sujos do Piquet na relva para depois, enviando pequenos duendes que vivem no terreno, pregar a pregos os pés de Casillas ao chão. E foi vê-la, à redondinha, feliz, ao encontro da rede. E foi gritar gol...

... depois chegou o atrasado mental do Nani e acabou a História.



O futebol devia ser como o boxe: ganhámos em 4 assaltos ao campeão do Mundo. Somos os novos campeões do Mundo!

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

A goleada preocupante

Jesus inventou e o Benfica... goleou. Desta vez, não contente com a entrada de 3 (!) jogadores que quase nada tinham jogado no campeonato, ainda achou que devia deixar o Airton entregue a si próprio, dando as alas do meio-campo a Salvio e Gaitán.
Correu bem. Correu bem mas podia ter corrido mal e a primeira parte não deu 2 ou 3 golos da Naval porque os seus jogadores falharam na finalização e por causa de duas bolas aos postes. Mas as oportunidades estiveram lá, as transições defensivas deficientes do Benfica estiveram lá, a pouca agressividade colectiva esteve lá, a incapacidade de entender a forma como a equipa defende de Gaitán esteve lá, estiveram lá todos os erros que vimos detectando num meio-campo pouco capaz de suster as transições ofensivas dos adversários, o que já não é novidade tendo em conta a pouca apetência dos jogadores que Jesus escolhe para entrarem no quarteto de meio-campo (principalmente os das alas).
Se Salvio mostra de jogo para jogo a qualidade que tem, tanto nos movimentos ofensivos como na compreensão do que deve fazer quando a equipa perde a bola, Gaitán faz desesperar qualquer adepto quando a bola não está em sua posse; se está, é de facto um talento nato, capaz de desequilibrar com criatividade e técnica apuradas; se não está, desiste do jogo, deixa o lateral sozinho, vem a passo, observa de longe o processo colectivo defensivo da equipa como se fosse o treinador, como se não tivesse de participar nessa coisa chata a que chamam... defender.



Se Jesus acha que com esta goleada deve continuar a apostar num meio-campo totalmente desequilibrado, estamos bem fodidos, estamos.

domingo, 14 de novembro de 2010

As merdas tácticas do costume

Há uma questão que não me sai da cabeça desde Domingo: "se toda a gente antecipava a hecatombe, antes do jogo, caso David Luiz jogasse na esquerda, como é que Jesus não a viu chegar?". E é neste ponto que me assusto: Jesus, só pode, viu-a chegar. Então levanta-se outra, bem mais grave: "Se a antecipou, por que razão a atraiu?". E aqui parece-me que só Vieira poderá responder.

Quanto a merdas tácticas: ora bem, depois do jogo contra o Lyon, pensei que o Jesus tivesse compreendido que a lição involuntária que resultou da indisposição de Aimar era para ser continuada. Isto é, Aimar e Martins, com um ala pouco culto do outro lado, ao mesmo tempo, não. A transição defensiva não fica assegurada minimamente, sendo que do lado contrário geralmente joga um jogador com poucos hábitos de organização defensiva: Gaitán. A solução, se Jesus quer manter este 4132, tem de passar por imitar o conceito do ano passado: no meio campo, um médio defensivo puro, trinco, mais posicional e em ajuda aos centrais - Javi ou Airton; um dos médios das alas mais culto tacticamente que assegure uma recuperação defensiva, que muitas vezes se junte a Javi e que saiba compensar a lateral do seu lado - Peixoto ou Amorim; um médio, na outra ala, mais vertical, isto é, que procure mais a profundidade e que, apesar de se desejar culto em termos de organização colectiva, possa ter dentro da equipa o espaço para desequilibrar e não estar tão preso à necessidade de recuperação - Salvio, Gaitán e, em certos jogos, Martins; um organizador de jogo puro, que, assegurado pelos médios que tem atrás, possa explorar a sua criatividade para dialogar constantemente com os dois avançados - Aimar, Martins ou Menezes (ainda que este não venha mostrando capacidade competitiva para jogar mais tempo).

A razão pela qual Jesus decidiu ignorar o bom jogo dos alas - Peixoto na esquerda, mais posicional, e Salvio na direita, em profundidade - e o que eles deram ao movimento colectivo da equipa no jogo frente ao Lyon (tal como Di Maria e Ramires no ano passado), é para mim uma incógnita dificilmente resolvida. Mas tenho um coração grande: já o perdoei (até porque, como digo em cima, imagino que haja mais para além da questão puramente táctica) e estou disposto a dar-lhe a oportunidade de redenção já neste jogo frente à Naval. Este jogo não vai poder provar se Jesus aprendeu a lição, visto que Martins não pode jogar, mas dará para tirar algumas conclusões - e não apenas tácticas, também ideológicas e de como Jesus e Vieira estarão por estes dias em termos de sintonia.

Dito isto, faço mais uma vez um pedido a Jesus: não ponha Sálvio e Gaitán nas alas ao mesmo tempo. Como já disse em cima: um médio mais posicional, outro que explore a profundidade. Foi você que inventou esta ideia, meu caro, com Ramires e Di Maria, agora não se perca e não comece a inventar equipas super-ofensivas que geralmente dão equipas super-desorganizadas e super-sofredoras de transições rápidas.


A minha equipa? Facinho, ué:

Roberto
Amorim, Sidnei, D. Luiz, Coentrão
Javi
Sálvio, Aimar, Peixoto
Saviola, Kardec




É para golear (se o Jesus não inventar)!








quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Benfica TV

Para uma criança de 29 anos como eu, ligar a televisão e ver um canal do Benfica continua a ser uma maravilhosa invenção. Lembro-me de sonhar com isto, quando via os canais do Barcelona, do Manchester ou do Real - um sítio onde só se falasse, sentisse e vivesse Benfica.
Por várias razões, não pude durante muito tempo acompanhar a programação para aferir da qualidade (ou falta dela) da mesma. Hoje em dia, por outras razões, posso e tenho acompanhado. O que dizer, então, da nossa Benfica TV?
Logo à partida, confesso a minha desilusão. Esperava mais, muito mais. Tanto em termos de conteúdos como em termos ideológicos. A ideia que perpassa quando nos colamos ao canal é a de que não há um plano estrutural orientado e organizado. As coisas parecem acontecer aos solavancos, consoante as circunstâncias e os momentos da equipa de futebol. Se o Benfica ganha, o jogo passa exaustivamente nos 3 ou 4 dias seguintes - quando digo exaustivamente, digo 6 vezes por dia; se o Benfica perde, o jogo não é repetido uma só vez. Isto para mim é sintomático da ideologia que precede a escolha na programação e que é, para minha desilusão, de alguma forma contraproducente para quem gosta de ver futebol e o seu clube, ganhe ou perca. O mesmo acontece nos programas em que é aberta a participação telefónica aos adeptos. Se o Benfica ganha, o tema é a vitória do Benfica; se o Benfica perde, o tema é o Andebol (caso tenha ganho), o Hóquei (caso tenha ganho) ou as razões superlativas por que os golfinhos nadam e são muito queridos (caso as prestações das principais modalidades não tenham corrido bem). Isto não é serviço televisivo e muito menos serve para os adeptos discutirem o seu clube. Se o conceito que perpassa pelo canal é o de que discutir Benfica só se ele ganha então o conceito está errado e merece revisão. Aliás, vários foram os telefonemas em que adeptos do Benfica se queixaram de não poder discutir e analisar empates ou derrotas do clube - com toda a razão, acrescento eu.
Depois há os paineleiros. São aí uns 4 ou 5 que pululam de programa em programa, aparecendo de manhã, à tarde e à noite. Um exemplo: no Benfica 10h, em que se discutem as páginas dos jornais e a actualidade benfiquista, é possível aparecer um comentador que, duas horas depois, aparece num programa sobre História do Benfica para mais tarde, 3 horas depois, aparecer a defender o Benfica para ainda e por fim à noite aparecer-nos a debater a jornada. Não arranjavam mais comentadores ou não há dinheiro para mais tachos? São un 5 que aparecem de hora a hora no canal. A ideia que dá é que vivem lá, têm uma tenda no estúdio, quando precisam de beber água descem até ao relvado e pedem ao homem que rega a relva que encha um baldinho com a mangueira para eles lavarem a cara que há mais um programa para ser feito. Há um ar amador em tudo isto, não sei explicar melhor.
No meio desta coisa, os anúncios. Uma repetição ad eternum dos mesmos e cansativos anúncios, sem graça, sem imaginação, exaustivamente egocentrados e egocêntricos. Com a força que este clube tem, não é possível arranjar parcerias que explorem de forma criativa outros pontos de vista e de venda?
Por fim, os conteúdos. Há-os maus, razoáveis, bons e excelentes. Nos maus, em primeiro lugar com destaque óbvio, estão aqueles programas em que se passam 2 horas a analisar uma falta que talvez tenha sido mal assinalada contra o Benfica - vemos especialistas em arbitragem, comentadores profissionais no corte de relva, advogados experimentados na arte da refutação socrática, ex-jornalistas sem emprego, jornalistas medíocres e uns outros, que ninguém sabe bem quem são, que aparecem com um ar pomposo discutindo tudo e nada sem dizerem coisa alguma. Neste circo faccioso, a lei é só uma: defender, de forma acéfala, todas as decisões de Vieira. Atenção: não é defender o Benfica, é defender Vieira. E é quase pornográfico, por vezes. Entendamo-nos: acho importante que se desmascare a porcaria e nojeira que é muitas vezes o futebol português; já não acho tanta graça quanto à forma e conteúdo, quando dou por mim a ver programas com zombies lá dentro. Mas mau, mau, mau é ver a fronha de dois bípedes a comentarem um jogo de futebol. Agora já não usam aquelas bolinhas à FM, mas continua a ser patético.
Nos razoáveis, incluo os serviços informativos, que, apesar de alguma censura (como falei antes), têm valor na forma como discutem o clube e trazem gente e temas de fora do futebol para discussão.
Bons, são vários: o programa "Debate", que traz a blogosfera para dentro do canal, é interessante e tem gente com valor a comentar. Embora, como já tive oportunidade de dizer ao Sérgio (um dos comentadores), o fatigante calcar na arbitragem e as teorias da conspiração me macem um pouco. Mas vê-se bem e tem a vantagem de trazer gente anónima (ou quase) para as luzes da Luz; o "Estúdio BTV", que é um programa de entrevista com uma celebridade e em que o apresentador consegue com relativa facilidade deixar os convidados discorrerem tranquilamente pela conversa - tudo isto no relvado e banco de suplentes do Estádio, o que, em termos de forma, funciona muito bem; o "Estrelas SLB", que é um programa em que conhecemos intimamente os jogadores de várias modalidades (é um dos meus preferidos).
No excelente, um programa que começou há pouco tempo e que aborda a História do Clube e seus intérpretes: "Vitórias e Património". A qualidade de pesquisa, historiografia e informação detalhada é do melhor que há em termos de conteúdos no canal. Que todos tivessem este patamar de excelência.

Resumindo, acho que a Benfica TV tem muito para crescer. Primeiro desafio: desalojar aquela gente mórbida que comenta tudo e mais alguma coisa. Segundo desafio: olhar mais para dentro e menos para as conspirações. Terceiro desafio: saber discutir o clube nas vitórias e nas derrotas. Quarto desafio: não ser um veículo umbilical da Direcção. Quinto desafio: arranjar desafios.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Dificilmente não seremos vice-campeões

Estou dorido. Doem-me a alma e o corpo na mesma medida. Dormi mal, tive pesadelos, acordei durante a noite, readormeci. Sempre aquele número, 5, a martelar-me na cabeça, as jogadas de perigo, os golos, tudo numa confusão de sono e sonhos. Acordei.
Este terramoto exibicional irá ser acompanhado pela incontornável crítica: desde a mais lógica à mais absurda, iremos ser presenteados com um verdadeiro desfile de questões e problemas, de gente que adivinhara a hecatombe, de outra gente jurando que até os seus filhos fariam melhor que Jesus. A todas elas, num período de uma semana, por mais pífias que pareçam (e sejam), teremos de dar guarida e acarinhá-las: elas vêm da dor.
Haverá, no entanto, duas vertentes críticas distintas: as dos emotivos, que defenderão à exastão que a mudança de David Luiz para a esquerda foi a única e crucial razão para a tempestade e a dos táctico-existencialistas, que aprofundarão no plano mental (fraco) da equipa as suas opiniões, desacreditando ter sido por David Luiz que Hulk exerceu os seus poderes de super-herói azul.
Situo-me exactamente a meio, no ponto geodésico de todas as explicações. Revejo o meu post de ontem à tarde, lembro-me da frustração de o ter visto confirmado aquando da apresentação do onze e tenho pesadelos quando me lembro das coisas que chamei a Jesus durante o jogo. Naqueles 90 minutos, eu justifiquei a mim mesmo 50 razões para eu dever ser o treinador do Benfica e não o mestre da táctica da Reboleira. Mas, como quase sempre, estava errado. O Benfica não perdeu daquela forma apenas e só por ter deslocado David Luiz para a esquerda - ajudou e muito ao descalabro mas o desfecho final deve as suas origens não a uma opção pontual de Jesus mas a Julho e Agosto e à arrogância de dirigentes, treinador e jogadores de um clube que, infelizmente, está pouco habituado ao sucesso.
Recuemos então a esses meses fatídicos em que tudo brilhava para os lados da Luz: Jesus dava uma entrevista em que, no meio de um chorrilho de asneiras e falta de humildade, declarava dois pontos essenciais: o Benfica era candidato sério a ser campeão europeu e, cá no burgo, "dificilmente não seremos bicampeões". O mote estava lançado! Aos benfiquistas em êxtase, pouco habituados ao manjar que tinha sido oferecido na época passada, deram-se-lhes uns ares, uns afrontamentos de megalomania e alucinação: se Jesus diz, nós rezamos!, e começava assim a onda vermelha para o tsunami azul que encharcou os benfiquistas com um banho de bola na noite de ontem.
Com um mês de competição oficial, a dúvida instalava-se no coração dos adeptos: o que se passa com esta equipa? O modelo era o mesmo, as peças que entraram, não sendo da qualidade das que saíram, eram mais que suficientes para manter um registo de qualidade e no entanto a equipa parecia outra. Qual a razão?, questionavam de coração apertado, os benfiquistas, esquecendo que o plano mental foi, é e será sempre um dos motivos para a liderança vitoriosa. Ao Benfica não chega, nunca chegou, ter bons jogadores, o que fez a História deste Clube foi a capacidade de transcendência, muitas vezes com equipas inferiores à que hoje temos. Não chega dizer: vamos ser campeões; chega não dizer e agir como tal dentro de campo, como no ano passado em que, mal o primeiro pontapé na bola era dado, era ver os jogadores sedentos de glória, capazes de se superarem a cada momento.
Ora, uma política para o exterior (e interna?) baseada na bazófia e na frase populista, impregna todos os agentes desportivos desse mal e geralmente limita as suas capacidades. O Benfica, de facto, parecia o mesmo, tinha tudo para ser o mesmo, mas não era. E não será. Esqueçam o ano que passou, esqueçam as vitórias, goleadas e futebol de sonho com que se lambuzaram porque é agora, aqui, neste momento, que temos de estar todos concentrados. E ele é mau. Não por falta de qualidade, que é muita, mas por falta de humildade, de superação, de noção bélico-competitiva. Os 3 golos sofridos contra o Lyon, a derrota de ontem, a derrota na Alemanha não foram momentos de azar nem de má arbitragem, foram a sequência lógica de um discurso eufórico desfasado da realidade.
Por isso, meus senhores, podem vir com a conversa do David Luiz à esquerda e do Saviola no banco, podem dizer - e eu estou convosco - que ontem Coentrão deveria ter jogado como lateral. Mas tenham presente que o que fez ontem o Porto ganhar e o que fará o Porto ser campeão não é o Hulk jogar à esquerda ou à direita: é a qualidade dos seus intérpretes (que nós também temos) alicerçada numa vontade de ganhar (que nós também temos) e, de forma humilde, saber aproveitar o sucesso para construir um hábito. Que nós não temos.

A Derrota...

Não vi o jogo todo, mas acho que vi o suficiente (talvez até demais), para dizer o seguinte:

1. O Porto não tem melhor equipa que o Benfica, só melhor treinador.
2. Já vimos o que JJ tem de bom; a partir de agora veremos o que tem de mau.
3. (Com toda a crueldade que é inerente ao futebol,) sejam espertos: comecem a preparar as coisas para contratar o Domingos no próximo defeso. Seríamos melhores.

domingo, 7 de novembro de 2010

Porto - Benfica

A minha equipa para esta noite:

Roberto
Maxi Luisão D. Luiz Coentrão
Javi Garcia
Salvio Martins Peixoto
Saviola Kardec


Pedido ao Pai Jesus: por favor, não invente. Não me ponha o Coentrão a médio nem, POR AMOR DO SEU PAI, David Luiz a lateral.

Prognóstico: 2-0 para os campeões nacionais. Golos? Ainda bem que perguntam: Martins e Peixoto.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Dia de anos

Faço anos um dia depois de el mago, o meu jogador preferido neste plantel do benfas. Sim, sei que não será talvez o melhor, mas para aqueles que apreciam o seu futebol julgo ser fácil de entender!

Este parágrafo todo para vos mostrar a minha prenda de anos:









Sou um benfiquista feliz!

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O nosso Benfica bipolar: do êxtase à depressão.

Apito final do árbitro, vêem-se as pessoas na bancada: uma tristeza, nem um sorriso. Os adeptos abandonam o estádio com uma estranha sensação: isto foi bom ou foi mau? Ninguém sabia dizer, enquanto olhavam para o chão imaginando degraus e fazendo contas às horas de chegar a casa.

Este Benfica é uma montanha russa de se lhe tirar o chapéu, há de tudo num só jogo, dá para fazer o pino, ver porcos a voarem, fazer concursos de hamburgueres comidos e ainda assistir a ópera. Nunca se sabe o que pode vir a seguir. Jesus, como maestro, dá o mote, calcorreando quilómetros entre as linhas de fundo e meio-campo: vocifera, barafusta, sorri, exaspera-se, dá em doido. No campo, os jogadores olham-no, incrédulos uns, outros tentando entender as directrizes traçadas a gestos de louco e caralhadas. Os adeptos vivem no meio disto tudo, ora esticando a goela para fora da boca, ora caindo numa chuva torrencial no coração, entre o sonho e asombra, perdidos de amores e desamores por uma equipa que dá e tira, tira e dá, como um nota de violino enferrujado. É bom, este Benfica, tal qual é mau, este Benfica. Temos de tudo, para todos os gostos. Mais Bem que Mal, no fim de tudo.



Algumas notas soltas, daquelas de peidar verdades falsas, de treinador de bancada:



- Já o disse antes, há pouco tempo, quando o GR do Benfica estava (e está?) nos píncaros: Roberto não é GR para o Glorioso.



- O David Luiz está a fazer de tudo para desvalorizar. Acho bem, sempre fica cá até ao final da carreira.



- O Luisão está feito um Rei.



- Maxi Pereira? Mini Pereira.



- Não me façam falar no Coentrão. Não tenho horas suficientes para tanto elogio. Que bomba. Foda-se.



- Ainda Coentrão: com toda a certeza do mundo, Coentrão a lateral. Não sempre, dependendo do jogo, claro, mas Coentrão a lateral. Aquele homem defende magistralmente e depois é dar-lhe espaço para embalar em foguetão. E agora uma coisa para levar tiros no cu por roubar goiabas ao nhô Lau: o Peixoto entra bem num esquema à frente do Coentrão, se à direita tivermos um gajo como o Salvio: permite equilibrar mais a equipa. No fundo, funciona de Ramires (salvo seja!) e o argentino de Di Maria. Mudam-se as direitas das esquerdas, mas a ideia do ano passado continua. Além disso, o Peixoto defende melhor se jogar mais à frente, compensando o Coentrão. You can shoot me now.



- Adoro o Javi Garcia. Apesar dos apesares. E de lhe faltar o Ramires.



- Adoro o Martins. O gajo a 10 é bom porque não é um 10, é um 8, um 6, um 7 e meio, um -10. Alguma coisa. E é gajo para saber meter as bolas para golo.



- O Saviola joga tanto. Não é possível não ver isto.



- Cabecinha de Kardec é ouro, meus amigos. Mas não é (ainda?) o Cardozo.



Dito isto, feliz e contente, espalhando quase só elogios, dizer apenas isto: aqueles 15 minutos finais são uma vergonha para um clube como o nosso. Aquilo é amadorismo ao mais alto nível. Não aceito que o Benfica, a ganhar 4-0 aos 75 minutos (com vantagem no confronto directo e com uma melhoria no goal-average), demonstre tamanha displicência, tamanha desconcentração, tamanha incapacidade para rolar a bola, tranquilamente, aproveitando os espaços que os franceses estavam a permitir. Em vez disso, uma equipa partida, nervosa, a cometer erros básicos. Uma vergonha. Espero que o Jesus mostre estes últimos 15 minutos a todos os jogadores 150 vezes até Domingo. Uma lição daquilo que não se faz em futebol, principalmente em vantagem tão descontraída.



Domingo vamos ganhar ao Dragão. Mas não nos livraremos de uma frangalhada real.




























segunda-feira, 25 de outubro de 2010

É favor ingerir mística logo pela manhã, em jejum.

Nunca esteve tão na moda estar deprimido. Vem uma dor de cabeça, sobem uns calores pelo corpo acima, chega-nos um problema no trabalho, a mulher que cortou o queijo ratando o meio e deixando a casca, o cão que não pára de ladrar, a vizinha que decide cantar ópera às 4 da manhã, o Guilherme Aguiar na televisão e logo surge o diagnóstico: depressão crónica, últimos dias de vida, suicídio em potência. Já não há respeito pelos deprimidos clínicos, confundidos que estão nesta amálgama de dores ridículas e enxaquecas pueris.
Parem. Olhem à volta: é a vida. Triste, trágica, sublime, imensa. Baralhem e comecem de novo, lembrem-se da voz que ecoava, antes da tempestade. Relativizem. Dêem de novo as cartas. Adaptem-se.

Este Benfica não sofre de patologia severa. Está apenas com pena de si próprio. Com medo - por não estar habituado - de ser feliz.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Lyon 2 Benfica 0

Derrota totalmente justa. O Lyon dominou o jogo do princípio ao fim, pressionou o Benfica desde o começo do jogo, fazendo o que normalmente vemos o Benfica fazer às outras equipas. Este Lyon é muito forte, tem uma experiência de Champions muito maior e a classificação actual no campeonato francês é um puro engano, fruto de um mau começo - não tenho dúvidas de que esta equipa vai lutar pelo título francês.




Quanto ao Benfica, dizer que o Gaitán ainda está longe de poder ser uma alternativa credível para estes jogos - é inexperiente, não gere bem o processo mental e isso fez com que a equipa tivesse o jogo perdido logo aos 30 minutos.



Urge descobrir alguém para aquele lado esquerdo do meio-campo nos jogos da Champions. Para o campeonato, chega bem ter um Gaitán ou um Salvio mas apenas aí. Talvez passe por subir Coentrão.

Excelente posta!

"1. O clube do “regime” que os dirigentes dos outros clubes dirigiam




Um dos dogmas que Pinto da Costa consagrou na sua “encíclica” doutrinária, como uma tentativa mais de justificação da desvirtuação da verdade desportiva, foi o “sacramento” da mistificação histórica. Pinto da Costa é, nesse aspecto, o maior inventor, não do século mas da história da humanidade, desde os confins do seu alvor.

Pinto da Costa conseguiu inventar a primeira – e única conhecida – história sem factos ou, para os que quiserem dito de outra maneira, a história dos não acontecimentos históricos!

Mas também por isso é que ele é um “inventor” e não um historiador. Um “inventor” de “estórias” e não um historiador da história.



Mas não é sobre a “estória” da história da fundação do seu clube que agora quero dissertar, sem esquecer naturalmente que foi uma das suas grandes invenções históricas sem factos históricos. É certo que nesta sua “estória” ele conseguiu germinar um filho sem pai e nem tal proeza inventiva Deus no Paraíso conseguiu com Adão, que Deus, é crença dos cristãos, assume-se como Pai de todos e, em consequência, o Pai de Adão. Com Eva já não é bem assim porque Deus confessa que esta já resultou da costela daquele seu conhecido primeiro filho.

O que de novo foi agora magnificamente recordado e defendido – por Carlos Móia – foi “estória” de Pinto da Costa sobre o “clube do regime”, aquele epíteto que ele ligou ao Benfica para justificar as grandes e mui frequentes vitórias deste.



Pinto da Costa pregou e mandou pregar esta história dos não acontecimentos históricos porque os que aconteceram, os que realmente fizeram a história não são, segundo ele e os seus pregadores, factos da história. Por exemplo, já depois de derrubado o “regime”, nos vinte primeiros anos que se lhe seguiram, antes da implantação total do seu “regime democrático” de desvirtuamento da verdade desportiva, o Benfica ganhou só … metade dos campeonatos disputados!...

E era o Benfica um clube do “regime”, não um clube da democracia, principalmente daquela em cuja casa, arguido que esteja, tem honras de festim, um festim ao branqueamento, conseguido pela justiça que o julgou, dos factos que o levaram à condição de réu!



Apesar de tudo, Pinto da Costa não viu as coisas tão brancas assim. No domínio do ilícito disciplinar pelos mesmos factos, ele foi um réu condenado por tentativa de corrupção.

Condenado mas que, neste país dos sem vergonha que assaltam o poder, é festivamente homenageado na dita casa da democracia porque o seu cumprimento da pena é só um faz de conta!

De resto, será que haverá tanta diferença entre os que organizaram e participaram no festim e um condenado por tentar corromper uma verdade, no caso a desportiva?

Tem o povo português, e os Benfiquistas em particular, assim uma tão grande experiência concreta relativamente ao amor à verdade por parte de um político, seja ele qual for?

Não sabem eles, de sobra, que um político raramente cumpre aquilo que apregoa na sua campanha para ser eleito?

Faltar à verdade, ou manipulá-la com mistificações, tem sido, pois, algum factor distintivo entre o cumprimento de Pinto da Costa e o de um político?



O Benfica não foi um clube do “regime” ditatorial salazarista e, para o comprovar, basta que Pinto da Costa o apregoe e mande pregar pelos seus acólitos! A “verdade” da pregação de Pinto da Costa é sempre o oposto da Verdade, daquela Verdade verdadeira!

Agora que o clube de Pinto da Costa tem sido um verdadeiro clube do “regime” da “democracia” que temos vivido, lá isso tem!

E de tal modo que as dúvidas parecem legítimas.

Será Pinto da Costa que se revê na “democracia” que a esmagadora maioria dos nossos políticos pratica e exerce a seu bel-prazer?

Ou será esta esmagadora maioria de políticos que se revê na “democracia” apregoada e praticada por Pinto da Costa e seus diáconos?



Pinto da Costa não quer saber ainda, por exemplo, da existência de dois factos históricos o que é próprio de um inventor de história sem história.

A história fez-se e historia-se com factos históricos como aqueles que nos comprovam que o “regime” tinha no seu seio deputados, membros da União Nacional, dirigentes da Legião Portuguesa e outros bem colocados seguidores de Salazar e do Salazarismo que eram dirigentes e altos funcionários do FC Porto, enquanto os presidentes do Benfica eram operários e sindicalistas que tinham sido deportados e perseguidos pela PIDE.



E a história também se faz de factos históricos que nos comprovam que a “democracia” de Pinto da Costa é a “democracia” da fruta, da compra de árbitros, do pagamento de férias a árbitros, da corrupção desportiva.

Mas não factos históricos para Pinto da Costa! Na sua “democracia”, se alguém lhes chamar factos, então só pode estar a imaginar fantasmas, nem sequer “enganos” porque enganos são factos e a “estória” de Pinto da Costa é uma “estória” sem factos.



É este o seu “regime”, o regime que ele consagrou na sua encíclica da trapaça e da história sem factos históricos.

E, para ele, não podia ser o regime salazarista porque o seu clube foi, durante o período histórico do mesmo, bastante parco em factos que, desportivamente, pudessem de facto ser factos históricos!

E isso é um facto ... e basta ser facto para não ser “estória” de Pinto da Costa!

Assim como é facto histórico o facto que se traduziu na irradiação de um presidente do FC Porto por ter abandonado um jogo de futebol, quando estava a levar uma “cabazada” do Benfica!



Factos, factos ainda, e factos históricos, são igualmente aqueles factos, mais propriamente apelidados de tramóias – e tramóias do “regime” salazarista – que evitaram ter o FC Porto ido parar à segunda divisão!



2. A cópia dos offshores à Vale e Azevedo



O FC Porto diz ter vendido parte dos passes de alguns seus jogadores a certas empresas com nomes difíceis de repetir e escrever. São empresas desconhecidas do comum dos mortais, o que não pode causar qualquer perplexidade.

De facto, nem o próprio jornal do regime “papal”, aquele pasquim a que alguns chamam de “o jogo” mas muitos mais, e com não menos propriedade, apelidam de “o nojo”, conseguiu, na investigação que diz ter levado a cabo, qualquer referência às empresas em questão.

O sigilo bancário também não é para ser devassado!



De todo o modo, e aproveitando um tipo de sugestão à Miguel Sousa Tavares, hoje consagrado na sua “(des)nort(e)ada”, coloco eu também a minha hipótese, na forma, que não no conteúdo.

Miguel Sousa Tavares mostra-se renitente em acreditar na hipotética notícia sobre as clareiras do Dragão, no caso de os bilhetes exigidos pelo Benfica não serem postos à venda. E, claro, vai avançando com (presuntivos) aconselhamentos à direcção do Benfica, o que não admira porque a arte do aconselhamento foi em primeiro lugar doutrina consagrada pelo “patriarca da cúria” e mui abençoada pelos juízes-pilatos – ou pilatos-juízes? – que foram chamados a julgar da bondade desta nova doutrina.

Uma doutrina que muitos dizem ter sido um óptimo desenrascanço do coiro, tão óptimo que logo o primeiro conciliábulo do tribunal de Gaia o consagrou na sua doutrina do “lava-pés”, perdão, do “lava-mãos”, que de Pilatos não é dito ter lavado os pés.



Mas eu não copio, como disse, o conteúdo, apenas aceito a forma. Perece-me bem, pois, que Pinto da Costa e seus apóstolos no governo da corrupção desportiva, ao menos na tentada por obra e graça de uma benevolência que os deuses estão sempre atreitos a conceder a um “papa” mesmo que da mentira, talvez tivessem pensado que o exemplo dos offshores à Vale e Azevedo não teria forçosamente de conter só contras! Afinal, Vale e Azevedo, até agora pelo menos, parece que se não deu mal de todo porque sempre lhe ficaram pagas umas prestações do iate e mais uns furos!

Quem parece estar ainda a “arder” com as massas é o Benfica, mas quem vier de trás que feche a porta!

E há-de vir alguém de trás de Pinto da Costa, que até mesmo um “papa” é um ser finito!



Além do mais, quem se não lembra da enormidade de comissões pagas pelo FC Porto a intermediários?

Em tempos, algo recuados mas sempre presentes, houve quem – José Veiga – questionasse o destino de muitas dessas comissões, o que lhe valeu a natural excomunhão.

Seja como for, com a razia de impostos que vem a caminho, nada mal pensado que certos dinheirinhos se ponham a coberto da avareza do fisco português.



3. O (apos)tolito do ridículo e o ridículo da sua gaffe do ridículo



Há desde há pouco um certo miúdo traquinas a quem, no meio das suas naturais brincadeiras de puto marado, puseram uma gravata e ensinaram a ter um ar superior. Naturalmente que a sua catequese não vinha só de agora mas a verdade é que ela está a apresentar algumas brechas que, se não o tornam ridículo, a ele, puto ridículo, tornam ridículo um “papa” que, sendo ridículo, é mais conhecido pela prática de “doutrinas” sobre as “verdades” dogmáticas do seu reino, “verdades” que nada têm de comum com a verdade desportiva ou parental.



O puto ridículo cometeu uma gaffe. Não, não me refiro ao diz que viu o que não viu, ou ao diz que existiu e nunca nado foi!

Refiro-me à falta de conhecimento do seu ridículo quando achou ridículo ameaçar faltar a uma taça da liga.

A quem é que o puto ridículo se estava a referir?

Pode ser difícil de aceitar mas não é difícil de acertar!

O (apos)tolito ridículo referia-se, sem a mínima dúvida, ao seu “patriarca”, dada a agora sua maior proximidade com o centro dos “ofícios papais”.

Com efeito, sendo um puto ridículo considerado já tão exemplarmente entendido na matéria – do ridículo – certamente que ele não se iria esquecer de quem foi o seu ridículo antecessor porta-voz do ridículo e o conteúdo ridículo da mensagem que lhe ordenaram difundir como um ridículo capataz e que ele, ridiculamente amestrado da sua obrigação do ridículo, do ridículo deu conhecimento.



Mesmo tendo em conta que o (apos)tolito era ainda, nessa altura, um ridículo puto de cueiros, certamente que ouviu Soares Franco, tão ignorantemente ridículo do seu ridículo papel de porta-voz do ridículo, a revelar a toda a gente que Pinto da Costa lhe telefonou, avisando o seu subalterno de que o “FC Porto poderá não comparecer quarta-feira em Alvalade, no jogo das meias-finais da Taça da Liga de futebol”.



Parece-vos, Benfiquistas, que é o cúmulo do ridículo ter o puto ridículo vindo agora a público, com o seu ridículo, reavivar o ridículo do seu ridículo “papa”?

Não é!

É apenas o realçar do ridículo de um (apos)tolito do ridículo!



4º O apelo à salvação do eucalipto que se elogiou eucalipto.



Compreende-se que José Manuel Delgado venha apelar ao Benfica, ao Sporting e ao FC Porto para darem uma mãozinha e ajudarem a salvar o Belenenses.



Compreendo o apelo. José Manuel Delgado até me parece um Benfiquista, jogou futebol no Benfica mas ganhou a sua notoriedade futebolística ao serviço do Belenenses.



Como Benfiquista, porém, não posso apoiar este apelo. O Belenenses também foi um clube que em tempos alcançou a sua maioridade e independência. Foi um grande por direito próprio.

Desejou o papel de subserviência ao reino do desvirtuamento da verdade desportiva, em troca de promessas de migalhas de jogadores?

Não quis colocar-se do lado da luta pela defesa da verdade desportiva?



Fez a sua opção!

Optou por ser mais um eucalipto da mentira e da subversão da verdade desportiva, “sibi imputat”!

Era maior e vacinado, já devia saber o que acontece aos eucaliptos da mentira e da tramóia desportivas! Nunca devia ter pensado que a secagem, quando não interessasse mais, só atingia os clubes de proximidade!



Sim, bem sei que ainda há pouco houve um seu presidente que, com os presidentes do Benfica, do Sporting e do Marítimo, assinou um manifesto de luta pela verdade desportiva.

Mas também sei que ele foi corrido e que o speaker do Belenenses entoava e pedia aos seus pares para entoar loas ao “papa” da corrupção desportiva.

A ele se dirija o pedido de esmola!



O Sporting, se quiser, que ajude também mas ele nem para si tem!...

Já poderá ficar muito satisfeito, se lhe não acontecer o mesmo!...



Quanto ao Benfica, que o Belenenses assine primeiro uma profissão de fé pública a favor da verdade desportiva, denunciando concomitantemente as manigâncias “papais”!

Que diabo, na minha aldeia e na minha infância, pobre que se prezasse, se queria esmola, começava por rezar um pai-nosso e uma ave-maria, acompanhados dos desejos de maiores felicidades para o pretendido esmoler.

E era se queria receber a esmola!"

Escrito pelo blogger GIL VICENTE do "Coração Encarnado"