Mostrar mensagens com a etiqueta Pedro Ribeiro. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Pedro Ribeiro. Mostrar todas as mensagens

sábado, 15 de março de 2014

Amar e defender o Benfica é isto

Felizmente ainda há na televisão portuguesa benfiquistas que sabem o que é o Benfica. Obrigado ao ontiano Pedro Ribeiro por defender o nosso glorioso clube. Amar o Benfica é isto, não é ser igual aos portistas e aceitar tudo o que nos metem no prato.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Erro de casting

Com todo o respeito e admiração pelo excelente profissional que foi e é Fernando Correia - décadas e décadas de Rádio, sempre com uma postura digna e imparcial, apesar de ser dos poucos jornalistas que assumem, sem medos, o seu clubismo -, não consigo entender a escolha da TVI para os jogos da Champions, quando têm Pedro Ribeiro como opção óbvia e de maior qualidade e conhecimento do futebol actual. 

Exageros à parte, é o mesmo que o Jesus amanhã, em vez de meter o Enzo a titular, decidir jogar com o Coluna no meio-campo.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

A invenção do amor

Em primeiro lugar, gostaria de perguntar publicamente aos senhores do Grupo da Luz a razão de não terem chegado à minha conta bancária aqueles euritos que estavam previamente acordados se eu criticasse convenientemente esta Direcção. Ora, desde 2008, data da inauguração deste blogue, não raras vezes assumimos o nosso competente papel de abutres e abutrizámos bastante e de forma extraordinariamente assertiva - diria mais: fomos maus benfiquistas como ninguém nunca soube ser. Parece-me, por isso, e assumindo os respectivos rectroactivos, da mais elementar justiça que os senhores do Grupo da Luz tenham tudo isto em consideração e me paguem chorudos honorários por tamanha fidelidade à causa. 

Dito isto, e esperando que a pinga nunca acabe, é com regozijo que anuncio a contratação de mais dois abutres - estes famosos e tudo! - à nobre causa da abutrização benfiquista. Gente que, de tão maus escrúpulos e parca noção do que é defender o Benfica, vem com novas motivações para este futuro que está quase a chegar: querem tacho, se possível com direito a camarotes e muitos repastos gourmet. Tudo contra o Benfica, naturalmente, que é sempre o que (n)os move. É evidente que chegaram agora a este estado por terem lido consecutivamente este blogue, nem sequer há outra possibilidade. A nojice ideológica, mesmo que a conta-gotas, acaba por verter e convencer os mais teimosos e extraordinários benfiquistas. Como tal, espero receber percentagens também nos honorários de Leonor Pinhão e Pedro Ribeiro, que passam a partir de hoje a fazer parte do maravilhoso Grupo da Luz, seja lá o que isso for.

Estes dois verdadeiros abutres maledicentes inventaram coisas muito bizarras e muito pouco gloriosas: atacaram vilmente o Benfica! Tornearam-lhe o flanco, deixaram de apoiar na internet, nunca mais disseram "é preciso apoiar nos blogues" e meteram-se em estranhos romantismos hipócritas, falando num Benfica qualquer que havia, não dando o merecido destaque ao senhor que nos salvou do inferno e que, contra a vontade de amigos e família - inclusivamente do cão, que encarecidamente lhe exige aos soluçãos ãos ãos que abandone estes sacrifícios de enriquecer pelo Benfica -, persiste na teimosa ideia de manter o mais puro benfiquismo à tona, contratando para lugares de destaque portistas e sportinguistas, é bem verdade, mas porque recheados de competência e altruísmo desmedido.

Não, isto assim não pode ser. Há que atacar pela base todo e qualquer tipo de abutre que se digne a dar uma opinião crítica. Um mundo sobrevive pelo método, pela disciplina, pela capacidade de engaiolar mentalidades. Basta uma voz discordante e todo a pedra e tijolo com que se constrói um império de "valorização de jogadores", "excelente capacidade negocial", "vice-campeonatos consecutivos", "equilíbrio de contas" começa a ruir de forma vergonhosa. 

É suficiente um abutre que se indigne contra a incompetência generalizada (maus feitios, obviamente), um papagaio que papagueie ideias estranhas como aquela bizarríssima clemência: "não sejamos iguais aos portistas na estúpida justificação dos nossos erros", um travestido adepto que anuncie o fim dos valores do clube; bastam pormenores e pessoas mal-formadas desta estirpe para que todo este sublime colectivo dirigente se mexa muito em corredores esconsos, palavras assertivas saiam da boca de Pedro Guerra (em defesa do Benfica!), movimentações, questionários, interrogações, sanhas, ofensas, tratados de seguidismo avancem para todas as Casas do Benfica, todos os telemóveis dos sócios, todos os emails dos adeptos, todas as caixas de correio dos verdadeiros benfiquistas. Urge estancar este fluxo e refluxo que se manifesta, dar-lhe curativo, controlá-lo, engaiolá-lo numa zona do estádio que não acabe em incêndio.

Nesta caça aos bruxos e às bruxas, nesta identificação e arquivo, perseguição e insulto, ofereço - a troco de uns euritos, claro está - a minha mudança de ideologia (qual ideologia? abutrismo!) se alguma empresa ligada a algum funcionário do Benfica me quiser receber. E, como teaser, lanço um nome para a arena, um nome de um homem perigosíssimo que "inventou o amor" e ironicamente (devem pensar que somos todos Pedros Guerras) escreveu sobre isso: Daniel Filipe. É preciso encontrar este homem. Descobrir-lhe o blogue onde escreve. Desmascará-lo. Se necessário, ressuscitá-lo e voltar a matá-lo. O benfiquinha urge.



«Em todas as esquinas da cidade
nas paredes dos bares à porta dos edifícios públicos nas janelas dos autocarros
mesmo naquele muro arruinado por entre anúncios de aparelhos de rádio e
detergentes na vitrine da pequena loja onde não entra ninguém
no átrio da estação de caminhos de ferro que foi o lar da nossa
esperança de fuga
um cartaz denuncia o nosso amor


Em letras enormes do tamanho do medo da solidão da angústia
um cartaz denuncia que um homem e uma mulher
se encontraram num bar de hotel
numa tarde de chuva
entre zunidos de conversa
e inventaram o amor com carácter de urgência
deixando cair dos ombros o fardo incómodo da monotonia quotidiana

Um homem e uma mulher que tinham olhos e coração
e fome de ternura e souberam entender-se sem palavras inúteis
Apenas o silêncio A descoberta A estranheza
de um sorriso natural e inesperado

Não saíram de mãos dadas para a humidade diurna
Despediram-se e cada um tomou um rumo diferente
Embora subterraneamente unidos pela invenção conjunta
de um amor subitamente imperativo

Um homem uma mulher um cartaz de denúncia
colado em todas as esquinas da cidade
A rádio já falou A TV anuncia
iminente a captura A policia de costumes avisada
procura os dois amantes nos becos e avenidas
Onde houver uma flor rubra e essencial
é possível que se escondam tremendo a cada batida na porta
fechada para o mundo
É preciso encontrá-los antes que seja tarde
Antes que o exemplo frutifique
Antes que a invenção do amor se processe em cadeia

Há pesadas sanções paras os que auxiliarem os fugitivos

Chamem as tropas aquarteladas na província
convoquem os reservistas os bombeiros os elementos da defesa passiva
Todos
Decrete-se a lei marcial com todas as suas consequências
O perigo justifica-o
Um homem e uma mulher
conheceram-se amaram-se perderam-se no labirinto da cidade
É indispensável encontrá-los dominá-los convencê-los antes que seja demasiado tarde
e a memória da infância nos jardins escondidos
acorde a tolerância no coração das pessoas


Fechem as escolas
Sobretudo protejam as crianças da contaminação
Uma agência comunica que algures ao sul do rio
um menino pediu uma rosa vermelha
e chorou nervosamente porque lha recusaram
Segundo o director da sua escola é um pequeno triste
Inexplicavelmente dado aos longos silêncios e aos choros sem razão
Aplicado no entanto Respeitador da disciplina
Um caso típico de inadaptação congénita disseram os psicólogos
Ainda bem que se revelou a tempo
Vai ser internado
e submetido a um tratamento especial de recuperação
Mas é possível que haja outros. É absoIutamente vital que o diagnóstico se faça no período primário da doença
E também que se evite o contágio com o homem e a mulher
de que se fala no cartaz colado em todas as esquinas da cidade

Está em jogo o destino da civilização que construímos
o destino das máquinas das bombas de hidrogénio
das normas de discriminação racial
o futuro da estrutura industrial de que nos orgulhamos
a verdade incontroversa das declarações políticas

Procurem os guardas dos antigos universos concentracionários
precisamos da sua experiência onde quer que se escondam
ao temor do castigo

Que todos estejam a postos
Vigilância é a palavra de ordem
Atenção ao homem e à mulher de que se fala nos cartazes
À mais ligeira dúvida não hesitem denunciem
Telefonem à polícia ao comissariado ao Governo Civil
não precisam de dar o nome e a morada
e garante-se que nenhuma perseguição será movida
nos casos em que a denúncia venha a verificar-se falsa

Organizem em cada bairro em cada rua em cada prédio
comissões de vigilância. Está em jogo a cidade o país a civilização do ocidente
esse homem e essa mulher têm de ser presos
mesmo que para isso tenhamos de recorrer às medidas mais drásticas

Por decisão governamental estão suspensas as liberdades individuais
a inviolabilidade do domicílio o habeas corpus o sigilo da correspondência
Em qualquer parte da cidade um homem e uma mulher amam-se ilegalmente
espreitam a rua pelo intervalo das persianas
beijam-se soluçam baixo e enfrentam a hostilidade nocturna
É preciso encontrá-los
É indispensável descobri-los
Escutem cuidadosamente a todas as portas antes de bater
É possível que cantem
Mas defendam-se de entender a sua voz
Alguém que os escutou
deixou cair as armas e mergulhou nas mãos o rosto banhado de lágrimas
E quando foi interrogado em Tribunal de Guerra
respondeu que a voz e as palavras o faziam feliz
Lhe lembravam a infância
Campos verdes floridos Água simples correndo A brisa nas montanhas

Foi condenado à morte é evidente
É preciso evitar um mal maior
Mas caminhou cantando para o muro da execução
foi necessário amordaçá-lo e mesmo assim desprendia-se dele
um misterioso halo de uma felicidade incorrupta

Impõe-se sistematizar as buscas Não vale a pena procurá-los
nos campos de futebol no silêncio das igrejas nas boîtes com orquestra privativa
Não estarão nunca aí
Procurem-nos nas ruas suburbanas onde nada acontece
A identificação é fácil
Onde estiverem estará também pousado sobre a porta
um pássaro desconhecido e admirável ou florirá na soleira a mancha vegetal de uma flor luminosa
Será então aí
Engatilhem as armas invadam a casa disparem à queima roupa
Um tiro no coração de cada um
Vê-los-ão possivelmente dissolver-se no ar Mas estará completo o esconjuro
e podereis voltar alegremente para junto dos filhos da mulher

Mais ai de vós se sentirdes de súbito o desejo de deixar correr o pranto
Quer dizer que fostes contagiados Que estais também perdidos para nós
É preciso nesse caso ter coragem para desfechar na fronte o tiro indispensável
Não há outra saída A cidade o exige
Se um homem de repente interromper as pesquisas
e perguntar quem é e o que faz ali de armas na mão
já sabeis o que tendes a fazer Matai-o Amigo irmão que seja
matai-o Mesmo que tenha comido à vossa mesa e crescido a vosso lado
matai-o Talvez que ao enquadrá-lo na mira da espingarda
os seus olhos vos fitem com sobre-humana náusea
e deslizem depois numa tristeza líquida
até ao fim da noite Evitai o apelo a prece derradeira
um só golpe mortal misericordioso basta
para impor o silêncio secreto e inviolável

Procurem a mulher e o homem que num bar
de hotel se encontraram numa tarde de chuva
Se tanto for preciso estabeleçam barricadas
senhas salvo-condutos horas de recolher
censura prévia à Imprensa tribunais de excepção
Para bem da cidade do país da cultura
é preciso encontrar o casal fugitivo
que inventou o amor com carácter de urgência

Os jornais da manhã publicam a notícia
de que os viram passar de mãos dadas sorrindo
numa rua serena debruada de acácias
Um velho sem família a testemunha diz
ter sentido de súbito uma estranha paz interior
uma voz desprendendo um cheiro a primavera
o doce bafo quente da adolescência longínqua
No inquérito oficial atónito afirmou
que o homem e a mulher tinham estrelas na fronte
e caminhavam envoltos numa cortina de música
com gestos naturais alheios Crê-seque a situação vai atingir o climax
e a polícia poderá cumprir o seu dever

Um homem uma mulher um cartaz de denúncia
A voz do locutor definitiva nítida
Manchetes cor de sangue no rosto dos jornais

É PRECISO ENCONTRÁ-LOS ANTES QUE SEJA TARDE

Já não basta o silêncio a espera conivente o medo inexplicado
a vida igual a sempre conversas de negócios
esperanças de emprego contrabando de drogas aluguer de automóveis
Já não basta ficar frente ao copo vazio no café povoado
ou marinheiro em terra a afogar a distância
no corpo sem mistério da prostituta anónima
Algures no labirinto da cidade um homem e uma mulher
amam-se espreitam a rua pelo intervalo das persianas
constroem com urgência um universo do amor
E é preciso encontrá-los E é preciso encontrá-los

Importa perguntar em que rua se escondem
em que lugar oculto permanecem resistem
sonham meses futuros continentes à espera
Em que sombra se apagam em que suave e cúmplice
abrigo fraternal deixam correr o tempo
de sentidos cerrados ao estrépito das armas
Que mãos desconhecidas apertam as suas
no silêncio pressago da cidade inimiga

Onde quer que desfraldem o cântico sereno rasgam densos limites entre o dia e a noite
E é preciso ir mais longe destruir para sempre o pecado da infância erguer muros de prisão em circulos fechados impor a violência a tirania o ódio

Entretanto das esquinas escorre em letras enormes
a denúncia total do homem e da mulher
que no bar em penumbra numa tarde de chuva
inventaram o amor com carácter de urgência

COMUNICADO GOVERNAMENTAL À IMPRENSA

Por diversas razões sabe-se que não deixaram a cidade o nosso sistema policial é óptimo estão vigiadas todas as saídas encerramos o aeroporto patrulhamos os cais há inspectores disfarçados em todas as gares de caminhos de ferro

É na cidade que é preciso procurá-los
incansavelmente sem desfalecimentos
Uma tarefa para um milhão de habitantes
todos são necessários
todos são necessários
Não sem preocupem com os gastos a Assembleia votou um crédito especial
e o ministro das Finanças
tem já prontas as bases de um novo imposto de Salvação Pública


Depois das seis da tarde é proibido circular
Avisa-se a população de que as forças da ordem
atirarão sem prevenir sobre quem quer que seja
depois daquela hora Esta madrugada por exemplo
uma patrulha da Guarda matou no Cais da Areia
um marinheiro grego que regressava ao seu navio

Quando chegaram junto dele acenou aos soldados
disse qualquer coisa em voz baixa e fechou os olhos e morreu
Tinha trinta anos e uma família à espera numa aldeia do Peloponeso
O cônsul tomou conhecimento da ocorrência e aceitou as desculpas
do Governo pelo engano cometido
Afinal tratava-se apenas de um marinheiro qualquer
Todos compreenderam que não era caso para um protesto diplomático
e depois o homem e a mulher que a policia procura
representam um perigo para nós e para a Grécia
para todos os países do hemisfério ocidental
Valem bem o sacrifício de um marinheiro anónimo
que regressava ao seu navio depois da hora estabelecida
sujo insignificante e porventura bêbado


SEGUE-SE UM PROGRAMA DE MÚSICA DE DANÇA

Divirtam-se atordoem-se mas não esqueçam o homem e a mulher
Escondidos em qualquer parte da cidade
Repete-se é indispensável encontrá-los
Um grupo de cidadãos de relevo ofereceu uma importante recompensa
destinada a quem prestar informações que levem à captura do casal fugitivo
Apela-se para o civismo de todos os habitantes
A questão está posta É preciso resoIvê-la para que a vida reentre na normalidade habitual
Investigamos nos arquivos Nada consta
Era um homem como qualquer outro
com um emprego de trinta e oito horas semanais
cinema aos sábados à noite
domingos sem programa
e gosto pelos livros de ficção cientifica
Os vizinhos nunca notaram nada de especial
vinha cedo para casa
não tinha televisão,deitava-se sobre a cama logo após o jantar
e adormecia sem esforço

Não voltou ao emprego o quarto está fechado
deixou em meio as «Crónicas marcianas»perdeu-se precipitadamente no labirinto da cidade
à saída do hotel numa tarde de chuva
O pouco que se sabe da mulher autoriza-nos a crer
que se trata de uma rapariga até aqui vulgar
Nenhum sinal característico nenhum hábito digno de nota
Gostava de gatos dizem Mas mesmo isso não é certo
Trabalhava numa fábrica de têxteis como secretária da gerência
era bem paga e tinha semana inglesa
passava as férias na Costa da Caparica.

Ninguém lhe conhecia uma aventura
Em quatro anos de emprego só faltou uma vez
quando o pai sofreu um colapso cardíaco
Não pedia empréstimos na Caixa
Usava saia e blusa
e um impermeável vermelho no dia em que desapareceu

Esperam por ela em casa: duas cartas de amigas o último número de uma revista de modas a boneca espanhola que lhe deram aos sete anos
Ficou provado que não se conheciam Encontraram-se ocasionalmente num bar de hotel numa tarde de chuva sorriram inventaram o amor com carácter de urgência mergulharam cantando no coração da cidade

Importa descobri-los onde quer que se escondam antes que seja demasiado tarde e o amor como um rio inunde as alamedas praças becos calçadas quebrando nas esquinas

Já não podem escapar Foi tudo calculado
com rigores matemáticos Estabeleceu-se o cerco
A policia e o exército estão a postos Prevê-se
para breve a captura do casal fugitivo
(Mas um grito de esperança inconsequente vem
do fundo da noite envolver a cidade
au bout du chagrin une fenêtre ouverte
une fenêtre eclairée)»


segunda-feira, 18 de junho de 2012

Futebol sem bola

Com decepção, tenho ouvido Pedro Ribeiro comentar os jogos do Euro. Não sei muito bem se foi ele que mudou ou se fui eu, mas houve um tempo em que não desgostava dos seus comentários aos jogos ingleses na Sport TV. Hoje noto que a questão central da minha admiração passava pelas horas e dias em que os jogos davam: geralmente de manhã ou início da tarde, aos Sábados e Domingos, horas que estão cientificamente patenteadas como veículos progressivos de uma cura de ressaca. Pode ser que a cabeça me latejasse em demasia, pode ser, e que tudo me parecesse de uma qualidade que não tinha.

Ontem foi quase insuportável ter de ouvir tanto disparate. Desde as infinitas loas a Ronaldo passando pelo desprezo a vários outros jogadores, foi um bocadinho repugnante. No golo da Holanda, no entanto, não se abordou o jogador Ronaldo, vá lá saber-se porquê. E no golo de Portugal, o primeiro, demorou-se algum tempo a compreender o passe fantástico de João Pereira. E mesmo quando se lhe reconheceu a mestria, foi com frases descabidas pelo meio, tanto que na segunda parte, quando o jovem Pereira avançou destemido pela área holandesa, surgiu a pérola: "bem, se ele assiste e marca neste jogo é o fim do mundo!".

Ora bem, João Pereira é um jogador medíocre - penso que é consensual. Mas é-o, acima de tudo, por não saber defender. A atacar, tem qualidades que extravasam em muito a média geral do campeonato português e até - imagine-se - de alguns chamados génios e fenómenos da natureza. Aquele passe, por exemplo, não é raro em João Pereira - e aquele passe demonstra muitas coisas. 

Coisas que Ronaldo, nosso líder, herói e capitão, raramente faz. Quantas vezes vimos Cristiano rasgar uma defesa com um passe daqueles? É que por mais que se treine e se crie uma máquina de jogar (e Ronaldo é uma máquina incrível), há lados do cérebro, da imaginação e da visão espacial que o madeirense não tem. Há coisas que não se treinam. Se se treinassem, Ronaldo seria uma besta extraordinária, o melhor de todos os tempos. Assim, é um jogador fabuloso, por aquilo que une características físicas e técnicas. Mas não mentais. E é por isso que Iniesta é o melhor de todos os tempos.

Mas a histeria de Ribeiro em relação a uns e o desprezo por outros, no caso do jogo de Portugal, não se aceitando, compreende-se. Falava o coração, além de outras coisas. Já o abordado no jogo da Espanha não deixa grandes dúvidas sobre a incompreensão que persiste sobre o Barcelona e sua forma de jogar. O lance era este: Piqué entra no meio-campo, avança uns metros, tem Xavi à direita, Iniesta em frente e Silva bem aberto junto à linha lateral. Toda a equipa da Espanha se condensava em poucos metros, excluindo Silva que abria o espaço e criava uma falsa ideia de passe óbvio. Ribeiro exalta-se: "já devia ter passado!". Mas Piquet não passou. Manteve-se no jogo interior, a bola rodou entre vários jogadores no meio e acabou numa jogada qualquer de que já nem sequer me lembro bem. Mas o mal estava feito. 

Piquet não "devia ter passado" coisa nenhuma. Não devia porque não era a melhor opção - passando, deixava Silva entregue a si próprio, sem apoios nem possibilidade de progressão -, e muito menos devia só porque era o gajo que estava sozinho. Mas o maior problema disto tudo é vermos um comentador - a quem já ouvi enormes elogios ao Barcelona (como não?) - dizer isto e não entender que afinal o que ele gosta no jogo da equipa catalã não é aquilo que a distingue de todas as outras. E isso, não sendo raro (quase todos os que comentam o demonstram), é bastante triste.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

A minha ideia para o Benfica - Parte 2 - Comunicação

Comunicação

Esta é uma área crucial que, em meu entender, tem sido explorada de forma deficiente. A Comunicação não deve ser um corpo estanque que apenas serve para uns comunicados pueris – normalmente apontando a alvos exteriores -, misturando desinformação com novelas mexicanas que nada favorecem à compreensão e conhecimento dos benfiquistas dos problemas/acções do clube.

A Comunicação deve servir, primeiro, para informar os adeptos, com o detalhe possível (algo mais interno deverá ser anunciado e discutido em Assembleias Gerais), de todas as acções e áreas estruturais do Benfica e, segundo, quando os alvos são extrínsecos, apontar, de forma inteligente aos visados. O Benfica não deve, na minha opinião, reagir a tudo o que mexe com Comunicados imberbes. Deve, antes, se decide apontar incongruências de arbitragem, responder a discursos de rivais ou refutar informação duvidosa por parte da Comunicação Social, planear e escolher criteriosamente a forma como o faz.

Um exemplo claro é a quantidade de Comunicados, muitas vezes dizendo quase nada, que o Clube tem lançado nos últimos tempos. Defendo, como resposta, quando o Benfica acha que o assunto merece uma acção, não tanto a opção de Comunicados no site oficial, mas a convocação de conferências de imprensa em que, através de um discurso firme, sólido, inteligente, por vezes irónico quando o assunto merece esse tratamento, defende o seu ponto de vista e põe a nu o que pretende refutar.

No caso das arbitragens, não basta colocar vice-presidentes em figuras ridículas nos programas semanais ou comunicar no site que o clube se sente “lesado”; exige-se muito mais: uma análise detalhada dos erros, comparando-os com situações similares que foram ajuizados de forma completamente diferente – tanto no próprio jogo, em favor do adversário, como em jogos dos rivais -, com recurso a imagens.

Este procedimento terá muito maior visibilidade, chegará a muito mais gente, pressionará os árbitros a uma maior justeza nas apreciações (não se pretende que nos favoreçam; pretende-se apenas que nos não prejudiquem) e ditará as leis que avisarão os demais que o Benfica está atento e pronto a revelar as diferenças de tratamento entre clubes.

Não sou um apologista do discurso vitimizador; durante anos defendi que não devíamos abordar tanto este tema mas após a época vergonhosa a que todos assistimos, este assunto não pode ser tratado com leviandade, antes com acções assertivas que defendam o clube das jogadas podres de bastidores deste nosso futebolzinho podre e corrupto. Se possível, com elevação e ironia pontualmente, para que a mensagem passe sem que tenhamos de cair num discurso chato, de coitadinhos, que nos não interessa nem é essa a nossa génese.

Aos adeptos, a informação tem de ser clara. Basta de comunicados que, em vez de informar, confundem ainda mais. São vários os exemplos de vendas de jogadores cujas cláusulas não entendemos. Não que sejamos burros, mas porque a informação geralmente vem em códigos. Isto não é informar, é desinformar, raiando muitas vezes o desrespeito, porque assente num discurso que é claramente voltado para o não entendimento claro das particularidades dos negócios.

Os adeptos e particularmente os sócios merecem saber em que moldes são feitas as vendas e compras, com que valores, que cláusulas têm, com que percentagem exacta fica o clube. Afastá-los dessas informações será sempre afastar o clube daquela que é a sua origem: de todos, um. E não mais do que isso: de todos, um.

No aspecto comunicacional ainda há muito a melhorar. Na Benfica TV, que tem melhorado mas que persiste ainda como braço armado da Direcção, o que é, do ponto de vista informativo e da opinião, um atentado claro à verdadeira democraticidade e pluralidade de vozes. Não defendo um canal de televisão em que constantemente se criticam as acções da estrutura (isso seria contraproducente), mas uma grelha de programação que equilibrasse bem a informação propriamente dita com espaços em que benfiquistas de todos os quadrantes pudessem dar as suas opiniões, preferencialmente gente anónima, que não tem nada a dever aos órgãos de soberania e que muitas vezes é esquecida ou calada.

Noutro espectro informativo, o Site oficial terá de ser reformulado e evoluído. O que existe é pobre, pouco funcional, nada interactivo e parco para um clube desta dimensão. Entendo que as vitórias devem ser empolgadas em detrimento das derrotas mas não consigo compreender que, muitas vezes, resultados menos bons sejam relegados para o total esquecimento ou que as crónicas sobre os jogos sejam de um alheamento da realidade e clubite aguda que mais valerá ler os jornais desportivos do que passar os olhos por textos absurdos de tão facciosos. Isto serve também para os comentários aos jogos na Benfica TV, em que, se se exige benfiquismo, não se pede um completo alheamento ao jogo e uma forma tão enviesada de ver lances e decisões arbitrais.

Há muito a melhorar mas também há que manter o que tem qualidade: programas como “Vitórias e Património”, as excelentes pesquisas de Alberto Miguéns (que acho que já não está na Benfica TV), os “Em Linha”, os jogos de todas as camadas jovens e modalidades e outros são inegáveis mais-valias para a divulgação e expansão do Benfica. Que outros se juntem à grelha de programação para que a Benfica TV seja, de facto, um canal de grande qualidade e benfiquismo.

Como projecto futuro, penso que a ideia de uma rádio do Benfica faria todo o sentido. Obviamente alicerçado num orçamento possível e numa plataforma que o tornasse viável. Seria mais uma estaca de Benfica para todo o Mundo.

À Comunicação tem de exigir-se também um ponto fundamental: a relação íntima com todas as outras áreas, a informação específica e detalhada de tudo o que se vai fazendo em todas as outras sub-estruturas. Como escrevi no post anterior, especialmente na área da “Gestão Financeira”, que é crucial para que os benfiquistas entendam de que forma estão a ser geridos os bens do clube.

Para Vice-Presidente, tenho vários nomes, tal como para Director de Comunicação, Director da Benfica TV, Responsável pelo Site e equipa em geral. Dou, portanto, alguns, sem que se esqueça que a premissa passa por perfis antes de nomes:

Ricardo Araújo Pereira, Ricardo Palacín, João Gobern, Carlos Daniel, José Eduardo Moniz, Pedro Ribeiro, Pedro Ferreira