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quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

21 de Junho de 2011


Há três anos e meio, Rui Costa apresentava Nelson Oliveira, Ruben Pinto, David Simão e Miguel Rosa como quatro jogadores "made in Seixal" que integrariam o plantel principal e que seriam a base para um Benfica mais português e cuja aposta teria de passar irremediavelmente pela formação.

Três anos e meio depois, Nelson Oliveira é um não-convocado crónico no Benfica, Ruben Pinto anda perdido pela equipa B, David Simão é titular no Arouca e Miguel Rosa é figura chave no Belenenses. O que têm os quatro em comum? Nenhum deles, em momento algum, foi aposta real no Sport Lisboa e Benfica. A tão propalada "aposta na formação" revelou-se um verdadeiro flop e continua a ser uma das mentiras mais fáceis usadas pelos dirigentes do Benfica para enganar os adeptos, chamemos-lhes assim, menos inteligentes.

Há tempestades de areia que enevoam menos a vista que as palavras de Vieira. Passados quase dez anos da construção do Seixal, a formação do Benfica continua a ser uma das grandes bandeiras e uma das maiores manifestações de demagogia atiradas aos benfiquistas. Os dirigentes não percebem o enquadramento competitivo em que estes jovens devem ser inseridos, não sabem que acompanhamento deve ser dado quando são emprestados e não entendem a que clubes ou que tipo de equipas devem acolher estes jogadores nos seus empréstimos. A única coisa em que são verdadeiramente hábeis é na mentira fácil, no gozo para com os adeptos e na propaganda barata.

Serve este post para vos recordar que esta imagem tem três anos e meio, numa altura em que já se convocavam conferências de imprensa para apresentar jovens formados na nossa casa, já depois do início das promessas de uma plantel recheado de jogadores formados na cantera. Que continuem a estoirar dinheiro em Djalós e Bebés para tapar o futuro de potenciais bons jogadores. É assim mesmo que vão resolver os problemas do Benfica.

Fica para depois uma análise mais profunda sobre o que é e o que deve ser a formação no Seixal. Para já, não é nada.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Jorge Jesus vitima de si mesmo



Na última entrevista que Jorge Jesus concedeu ao Record, quando instado a comentar a aposta ou falta dela na formação, o técnico do Benfica decide contornar questão falando dos jogadores que já formou porque, e concordo com ele, um jogador aos 18/19 anos ainda não está formado, bem pelo contrário.

O que faltou, como falta sempre seja em relação a JJ ou a qualquer outro, foi o(s) jornalista(s) ter insistido na questão até obter uma resposta cabal do entrevistado, sem margem para fugas ou questões mais ou menos semânticas, mas isso é já habitual no jornalismo contemporâneo, repito, seja com Jorge Jesus seja com outro qualquer, pois há que garantir que haverá uma próxima oportunidade para um novo exclusivo daquela dimensão.

Centrando-nos na resposta que Jorge Jesus dá, dizendo que forma jogadores, não nacionalidades, gostaria de elogiar a inteligência de JJ na resposta. Foge a uma resposta frontal e puxa dos galões que lhe são merecidamente reconhecidos na evolução de muitos jogadores que lhe passaram pelas mãos nestes anos que leva de Benfica.

São muitos os casos de jogadores que podem contar uma história antes de JJ e outra depois de JJ. Di Maria, Coentrão, Javi Garcia, Matic, Rodrigo, Enzo, Gaitan, David Luiz ou Markovic são os melhores e maiores exemplos disso mesmo. O último destes casos (Markovic) é absolutamente revelador do talento e qualidade que Jorge Jesus apresenta na evolução de jogadores. O Sérvio, e fui dizendo isso ao longo do ano, chegou ao Benfica como um jogador genial do ponto de vista ofensivo, mas demasiado banal na compreensão colectiva e defensiva do jogo. De Markovic era possível ver lances de génio como os golos marcados ao Sporting e à Académica no início da época passada, ao mesmo tempo que era capaz de desaparecer do restante jogo e de fazer sofrer o seu lateral por falta de solidariedade defensiva. Volvida uma época sob as ordens de JJ e quase que podíamos jurar ser outro o Markovic que víamos em campo. Solidário nas tarefas defensivas, profundo conhecedor das ideias da equipa, sabedor voraz do que a equipa lhe pedia e do que podia pedir à equipa, e um génio apuradíssimo na hora de definir.

Em suma, Jorge Jesus pegou na “promessa Markovic” e apresentou a “certeza Markovic”. E que idade tinha o Sérvio? Isso, tenros e deliciosos 19 anos. Tal como Rodrigo quando se estreou pelo clube, ou Di Maria, ou David Luiz. Ou seja, há que dar a mão à palmatória e dar razão a JJ quando diz que formou estes jogadores.

Porém, o homem que foi capaz de fazer o que descrevo acima, é o mesmo que dispensa Bernardo Silva (sim, vou voltar a bater nesta tecla), com 20 anos. E porque refiro a idade do jovem Português? Simples, porque BS foi “dispensado” com a idade com que outros foram apostas. Podemos argumentar que, pese embora a mesma idade, a maturação do jogador não está nos patamares em que estavam os restantes com a mesma idade. Declaro esse como um argumento invalido. Como disse, Markovic era um jogador muito “verde” e até desinteressado em questões defensivas, mas JJ fez dele um excelente defensor. Ora, se há coisa que não pode ser apontada a BS é a sua reacção à perda da bola, muito superior à que apresentava Markovic, Rodrigo, Di Maria ou Gaitan antes de trabalharem com Jorge Jesus.

E por isso digo que Jorge Jesus é vítima de si próprio, porque já fez, repetidas vezes, de jogadores talentosos, jogadores top; Jorge Jesus já encontrou espaço para jovens de 19 anos evoluírem dentro das suas equipas; Jorge Jesus continua a ter espaço para dar evolução a meninos oriundos das mais diversas localizações do globo; Mas Jorge Jesus não foi capaz de assumir o desafio Bernardo Silva.

O Benfica foi o clube que soube dar tempo e espaço para meninos como Rodrigo, Markovic, Di Maria ou David Luiz; O Benfica é o clube que tem tempo e espaço para dar a Talisca; O Benfica é ainda um clube que se dá ao luxo de ter Jara e Bebe no plantel; Mas o Benfica é o clube que não soube, ou não quis, dar tempo e espaço para Bernardo Silva evoluir e é o clube que se dá ao luxo de prescindir de Bernardo Silva em detrimento de Jara ou Bebe.

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Foi um sonho bom



Desde sempre, e não me perguntem porquê, fui um defensor da formação do Benfica. Desde pequeno que espero por ver mais um Rui Costa surgir no Benfica. Não, não procuro clones técnicos, antes desejo ver nascer e crescer um novo jogador que se possa dizer, “este é dos nossos, é benfiquista até às entranhas”. Acreditem, adoraria voltar a ver “um dos nossos” a alcançar o topo do clube e do futebol internacional. Ver “um dos nossos” ser idolatrado e ser referência para tantos miúdos como Rui Costa havia sido para mim. Ver “um dos nossos” ajudar a criar Benfiquistas como Toni e Rui Costa fizeram comigo.

Já foram muitos os “meninos” de quem esperei ver encarnado (em todas as vertentes) o tal. Mas de tantos, foram outras tantas desilusões.

Primeiro foi Moreira (que até era José e gr como eu): Fiquei triste quando Enke decidiu deixar o clube. Era um gr enorme, com tudo para ser um ídolo da nação Gloriosa, mas o Barcelona e a falta de qualidade de quem o acompanhava fê-lo trocar um papel de “deus” num clube por um subalterno noutro. Mas a sua saída deu oportunidade a Moreira. Com uma equipa toda ela fraquinha, mais uma vez, era o gr que sobressaia. Tão jovem e tão valoroso, pensei eu. “É este, este é um dos nossos” sorria. Mas o encanto foi-se dissipando à medida que mediocridade que o acompanhava nos sucessivos planteis foi diminuindo. Afinal não era assim tão fantástico. Afinal não era o Casillas do Benfica. Afinal não ia ser o novo Rui Costa.

De seguida, ainda que com um espaço de tempo considerável de intervalo, surgiram João Pereira e Manuel Fernandes. Do primeiro, sou sincero, nunca esperei muito. Tinha aquela garra que tanto gostamos de ver da bancada, mas pouca temperança e ainda menos entendimento colectivo do jogo. Não obstante fiquei triste quando saiu, até porque o que veio não lhe era superior. Do segundo sim, de Manuel Fernandes esperava muito, esperava tudo. E não há quem me convença do contrário, fosse ele mais paciente, fosse o Benfica mais organizado, e podíamos ter, depois de Rui Costa, o primeiro jogador formado no Benfica a jogar ao mais alto nível internacional. Mas foi mais um que se perdeu não se sabe bem onde ou porquê.

Miguel Vitor. Sim, este também foi um de quem esperei algo. Não, não acreditava que pudesse atingir o patamar mais alto do futebol internacional, mas lá está, “era um dos nossos” e tinha caracter de capitão. Não, nunca foi o melhor central dos planteis de que fez parte, mas também nunca foi o pior. Vi nele sempre uma hipótese para 3º central do plantel e, com o tempo, poderia tornar-se uma referência para os miúdos que fossem chegando ao patamar sénior do clube. Mas JJ lá achou que ele nem para 10º central do clube servia e que Jardel, ou até mesmo Sidnei, eram melhores… Enfim, mais um que acabou.

Veio Miguel Rosa. Numa altura em que não tinha acesso aos jogos das camadas jovens do clube, nem haviam transmissões regulares dos jogos da 2ª liga, ia lendo nos jornais que Miguel Rosa era, de longe, o melhor jogador daquele escalão. “Será este?” Perguntei a mim mesmo. Vivi algum tempo com essa esperança… até ao dia em que me foi possível vê-lo jogar com regularidade. “Não, ainda não é este” desabafei. Miguel Rosa estava longe de ter a classe do tal “novo Rui Costa” que eu esperava. Mas “era outro dos nossos”. Lutava até não poder mais e, embora não tivesse a tal classe dos maiores, era dotado tecnicamente. Muitas vezes dei por mim a descreve-lo, a quem não o conhecia, como o “Nolito da formação”. E até por aqui pensei que Jorge Jesus lhe reservasse um lugar na primeira equipa ou, pelo menos, lhe fosse dando uma ou outra oportunidade. Mas nada. Depressa percebi que ver Miguel Rosa de vermelho e branco vestido e Jorge Jesus no seu comando era coisa impossível.

Mundial sub20 e aparece Nelson Oliveira. Já sabia dele e já o acompanhava na medida que me era possível. Mas nunca o tinha visto como naquela competição. Forte fisicamente, rápido, bom tecnicamente, remate fácil com ambos os pés e… Golo! “Sim, vai ser este”. No mesmo torneio havia Rodrigo, que também acompanhei, mas o Nelson foi-lhe muito superior. Sim, não havia engano, o Nelson vai ser “o gajo”. Ambos ficaram no plantel. Ambos se estrearam no mesmo dia, mas só um marcou nesse jogo… Rodrigo. Temi que aquele golo fosse factor decisivo para a preferência de Jorge Jesus. Não, não foi. Ambos foram jogando ao longo da época, sendo que Rodrigo mais e com maior sucesso. Ficava triste por ver demorar a explosão do Nelson (sim, às vezes tenho demasiada pressa). Até que surge o jogo com o Zenit, na Luz e a contar para os 1/8 de final da Liga dos Campeões: Bola nas costas do central, Nelson surge em diagonal e… GOLO! GOLO! GOLO! Do miúdo! “Sim, é desta. É desta que aparece um dos nossos”. Sol de pouca dura. Fase seguinte da mesma prova. Jogo em Londres. O Benfica precisa de um golo e Nelson Oliveira, qual ponta-de-lança, prefere o remate em vez da assistência e… falha. Resultado: desaparece das opções do treinador e acaba sucessivamente emprestado.

Nelson tinha, ou melhor, tem qualidades inegáveis, quem não o reconhecer ou não sabe ver futebol ou nunca o viu jogar. Sempre se disse nas conversas de café que “tinha a mania que era estrela” e que assim JJ não apostava nele. Pois, não sei. Seja por isso ou pelo lance em Londres, sei é que não será ele o “novo Rui Costa”, apesar de já terem passado pelo clube tantos com tão menos talento como Jara, Funes Mori, Rodrigo Mora, Eder Luís e tantos outros.

Num destes últimos verões, em que o futebol quase desaparece, soube da participação da selecção sub19 de então no Europeu da categoria. Sem muito para fazer naquele meu período de férias, fui espreitar os jogos.

“Quem é aquele?”, “Deve ser do Sporting”. Quando o jornalista da Eurosport diz “André Gomes, jogador do Benfica”, confesso, apaixonei-me. “Sim, pode ser este”. Até na mesma posição do Maestro jogava. Que classe, que toque, que qualidade de passe. “Sim, vai ser este”. Puro erro. Primeiro porque não era “um dos nossos”. Portista de criação e formação primeira, chegou ao Benfica já em fase final de formação. “Não, não é um dos nossos, mas joga tanto”. Sim, desde sempre lhe notei a tal falta de intensidade que todos lhe apontam, é um facto. Mas também sempre achei que Jorge Jesus seria capaz de dar a volta a isso, caso tivesse… vontade. Ainda em choque com as saídas de Witsel e Javi, pensei “agora não há desculpa, vai ter mesmo de colocar o miúdo a jogar”. E assim foi. E que bem respondeu. Sim, muitos erros em zonas que não os podia cometer, mas era/é um jovem, ainda estava/está a aprender. Sempre fiquei com a ideia que JJ não gostava de André Gomes. Também era daqueles que nos cafés se dizia ter “a mania da estrela”, que “a fama lhe subira à cabeça”. Talvez, não sei. Não tenho esse grau de proximidade com a intimidade do clube.

Em Janeiro é noticiada a venda do seu passe, juntamente com o de Rodrigo, por 45M€, estando o seu avaliado em 15M€. Sim, financeiramente era/é um negócio das arábias, mas a imponência dos valores não me conseguiram convencer. Esperava vê-lo titular do Benfica antes de rumar a outras paragens, mas não ia ser assim. Quando ele faz aquele golo ao FCP… Foi indiscritível o que senti. Imaginem: Sentado no meu café habitual em Marco de Canaveses. Eu, e outra miúda, eramos uma ilha rodeados de portistas por todos os lados. Foi naquele mesmo local, rodeado daquelas mesmas pessoas que vi o golo desse predestinado da bola que é o Kelvin, e André Gomes (o menino de quem eu gostava, e gosto, tanto) decide pegar na bola e fazer… aquilo! Fiquei sem voz.

Ao mesmo tempo, ia surgindo um tal de Bernardo Tsubasa Silva. “Sim, era este!”. Não havia erro, tinha/tem magia naquele pé esquerdo e não era apenas “um dos nossos”, mas sim “um dos melhores dos nossos” e tinha o que tanto diziam faltar a Nelson Oliveira e André Gomes: humildade, pés no chão. Em campo corria como um 6, fintava como um extremo, decidia como um 10 e marcava como um 9. “Sim, era este!”. Tinha tudo, não havia como Jorge Jesus dispensar este talento.

Inicia-se a época 2014/2015 e acontece a debandada que se adivinhava e conhece. A juntar a isto, os que entram são… fracotes. “Sim, desta não passa”. Não havia como Jorge Jesus dizer “não” a Bernardo Silva.

07/08/2014 – Bernardo Silva é emprestado… ao Mónaco. Se nem numa época em que o talento é tão escasso há vontade de dar uma oportunidade a quem tem tanto para dar… Sim acabou o sonho.

Sinceramente, gostaria quem alguém me explicasse o porquê desta dificuldade toda em dar oportunidade a quem as merece, seja por talento, por esforço ou por ambos os predicados juntos como é o caso de Bernardo Silva. E porque não Bernardo Silva, o maior talento saído em largos anos da nossa formação? É por ser um jogador da posição 10 e JJ não jogar assim? É por ser baixo? A sorte que tiveram o Xavi, Iniesta, Moutinho, Scholes ou Messi de não serem treinados pelo mestre.

domingo, 15 de junho de 2014

Triplete

1) Há dez dias escrevi aqui que, tendo em conta a quantidade substancial de titulares que iremos perder, era absolutamente fundamental manter Enzo Pérez. Hoje sabemos que o argentino está praticamente de saída, juntando-se a Garay, Siqueira, André Gomes e Rodrigo. Markovic, Cardozo e Gaitán são outros jogadores que podem sair a qualquer momento e, para animar a festa, fala-se na saída de Oblak. Que fique bem esclarecido que uma sangria - veremos de que alcance - numa equipa campeã só acontece não por causa do mercado ou da economia galopante mas por incompetência. 

Nenhum argumento defensor da óbvia necessidade de venda pode justificar a transferência de mais de metade dos titulares a não ser o perigoso caminho para o qual aqui alertamos desde o início: o desgoverno completo nas contas do Benfica. A cada ano que passa a situação torna-se mais calamitosa.

2) A aposta na formação, ao contrário do que os pedroguerristas querem fazer passar, não é encher o plantel principal com putos vindos das camadas jovens nem se rebate com o absurdo argumento de que «o que interessa é que os jogadores tenham qualidade, sejam portugueses ou estrangeiros». Absurdo não por não ser verdadeiro, mas porque traduz um conceito errado: o de que na formação não há qualidade mas sobretudo porque vai de encontro ao que Vieira vem dizendo ao longo dos últimos 7 ou 8 anos. Não se pode ter o Presidente a anunciar um «Made in Benfica» e uma «formação de excelência» enquanto, ano após ano, se desvaloriza o valor dos nossos miúdos, defendendo a parca qualidade dos mesmos e comprando ao desbarato jogadores estrangeiros que muitos deles não chegam a fazer um jogo pela equipa principal. 

Das duas uma: ou se assume que o Centro do Seixal serve para convencer os seguidistas de que «há obra feita», tornando os putos meros bonecos que criamos, usamos e deitamos fora ou começamos a integrar paulatinamente no plantel principal 3 ou 4 talentos da formação todos os anos. E não, a aposta na formação não é «perder competitividade» nem «meter 15 miúdos». É escolher os melhores e apostar verdadeiramente neles. É simples, mas neste Benfica o simples nunca é simples. Numa altura em que o clube se debate com dívidas monstruosas e necessidades de empréstimos atrás de empréstimos, se calhar não era mal pensado acarinhar o talento que brota do Seixal. Como exemplo maior, Bernardo Silva. Se este miúdo não serve para entrar no plantel para 2014/2015 fechem o Seixal e dediquem-se à pesca da amêijoa.

3) Os 8 jogos iniciais do Mundial tiveram quase todos uma qualidade acima do que é normal na fase de grupos desta competição. Podemos estar a caminho de um dos melhores Mundiais da História. O golo de Van Persie já foi inscrito na mármore eterna.


terça-feira, 15 de abril de 2014

Os nossos meninos



“Onde vais ver o jogo?” Foi assim que os meus amigos Benfiquistas se dirigiram a mim na sexta e segunda-feira passadas. Não, a equipa principal não jogava. Não, não nos juntamos para vermos o jogo do título de campeão nacional de futebol. Não, não íamos ver a meia-final da Liga Europa. Mas sim, sim queríamos ver os nossos meninos a erguerem bem alto o nome que lhes está confiado, o nome do Benfica. E não saímos defraudados.

Parabéns aos nossos pequenos grandes campeões que não o foram. Foram grandes, foram Benfica. Não venceram, mas convenceram. Não conquistaram, mas encantaram. E tudo isto nascendo apenas uma vez. Obrigado.

Sempre defendi, e continuo a defender, que as vitórias da formação não se medem em títulos, mas sim na capacidade da mesma em fazer chegar atletas à equipa principal do clube do qual faz parte.

É claro que as vitórias desportivas, sejam em que provas forem, são importantes, pois são parte importante do processo de formação em si, mas também porque chamam a atenção de adeptos e dirigentes para a qualidade que pode estar ali, concorrendo assim para um aumento da pressão exercida para que as jovens estrelas venham a ser integradas na equipa de futebol profissional.

Não obstante, nenhuma vitória desportiva nos escalões de formação terá qualquer significado se não se traduzir em formação efectiva de jogadores com capacidade e qualidade para chegarem ao topo do clube e, talvez, internacional.

Esta prestação da nossa juventude na Youth League tem o condão de demonstrar que a nossa “prata da casa” está ao nível das melhores europeias, assim haja vontade. Esta prestação tem ainda como consequência o novo aumento de pressão sobre dirigentes e equipa técnica para uma maior aposta nos jovens formados internamente, limitando assim as compras externas ao estritamente necessário.

Qual será a desculpa agora? Naturalmente que ninguém pede e/ou pensa que aquela equipa seja transportada para o escalão sénior tal qual está. Obviamente que a maioria daqueles jogadores não atingirá o nível exigível para se afirmarem no clube como jogadores de plantel principal. Uns porque não têm qualidade intrínseca para tal, outros porque, embora tendo, não conseguirão coloca-la em prática e se perderão no processo.

Mas é absolutamente exigível que daquele grupo alguém chegue ao patamar principal do clube. É imperioso que o clube saiba fazer jogadores de um grupo que tem talentos como o João Nunes, o Estrela, o Guzzo, o Rochinha, o Nuno Santos, o Hildeberto Pereira ou o Baldé

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

A formação



A pretérita semana ficou marcada pela discussão generalizada sobre a formação do Benfica, iniciada pelas declarações pouco felizes, que não tenho por mal-intencionadas, de Jorge Jesus com a frase “tinham de nascer 10 vezes” como mote.

As promessas da actual direcção numa aposta futura, clara e inequívoca nos “produtos” que vão saindo do Centro de Formação do Seixal têm sido muitas, desde a constante referência aos títulos que a juventude vai ganhando para o clube, passando pela repetida lembrança de que o Benfica é o clube com maior numero de atletas presentes nas selecções nacionais jovens, até às sucessivas afirmações do próprio presidente enunciando sempre que lhe é possível essa intenção, sendo o sound byte “Benfica made in Benfica” o último desses exemplos.

Não obstante, os actos não têm correspondido às intenções anunciadas, nem há perspectiva segura de que algum dia isso possa acontecer. Não aceito o argumento da falta de qualidade, nem sequer o da juventude dos jogadores, pois a qualidade comparativa a muitas outras escolhas é inegavelmente superior e a idade nunca foi problema na hora de apostar, e bem, em jogadores como Di Maria, David Luiz, Rodrigo, Ola John e tantos outros. Haverá, estou certo, outra explicação, mas que não consigo vislumbrar.

Se estão fartos de ouvir sócios e adeptos reclamarem por falta de aposta concreta na nossa formação, é simples, deixem de dizer que o pretendem fazer, deixem de criar falsas expectativas, deixem de anunciar coisas que não pretendem cumprir. Se o fizerem, podemos continuar insatisfeitos mas, ao menos, deixaremos de vos “chatear” confrontando as vossas declarações com os vossos actos.

É legítimo que o clube não tenha por política desportiva a aposta na formação, ainda que seja uma política desportiva que se afaste do passado do clube, mas já não é legítimo que se diga uma coisa, procurando o acalmar das hostes, e fazer outra como se nada fosse. Há por aí tantos clubes que não apostam na formação, o Benfica seria mais um a não faze-lo de forma oficial.

Obviamente que quem pede uma aposta mais segura na formação, não exige que o clube despeça o plantel actual e jogue apenas com jogadores formados internamente, nem o Barcelona, que é o clube que melhor proveito tira da sua formação no mundo, vive exclusivamente à sombra da sua fantástica formação, caso contrário não veríamos Neymar, Alexis, Mascherano, Dani Alves, Adriano e tantos outros a actuarem pelo clube catalão, logo, seria descabido fazer tal pedido ou sequer anunciar tal intenção.

O que se pede é que ano após ano, os melhores jovens sejam integrados, de forma serena e segura, nos sucessivos planteis do clube. Se por ano entrassem para equipa principal 1 ou 2 jogadores da nossa formação, o eventual impacto negativo que poderiam ter na competitividade geral da equipa seria diminuto e os proveitos que poderíamos retirar daí poderiam ser infinitos.

Utilizando casos práticos, se Nelson Oliveira fosse uma aposta declarada do clube como foi, e bem, Rodrigo, hoje já não estaríamos a falar de uma jovem aposta, mas sim, tal como o fazemos com o jovem espanhol, de um jogador que pode gerar receitas através de uma eventual venda, caso tivesse dado certo.

Podemos argumentar que o jovem Português teve oportunidade de jogar nos clubes por onde passou por empréstimo e que nem aí brilhou, é um facto, mas também é um facto que o ambiente ideal para o desenvolvimento de um jovem é o que mais próximo possa ser do clube que quer retirar dele algo. O que se fez com Rodrigo é o correcto, apesar de não ser um jogador da nossa formação.

Considero que um jogador da formação só pode sair do âmbito do clube por uma de duas vias: 1- Houve aposta, o jogador correspondeu e tornou-se numa mais-valia financeira ou 2 – houve aposta, mas o jogador não correspondeu, estagnando o seu desenvolvimento e não é expectável que evolua ao ponto de se tornar numa mais-valia desportiva para o clube. Mas em ambas as hipóteses há uma aposta séria e uma noção muito próxima daquilo que pode ou não valer no clube.

Com isto não estou a dizer que todos os jogadores oriundos da formação têm valor para jogarem no clube ou tão pouco que determinado jogador deve jogar apenas por ser da formação. Apenas digo que há jogadores cuja valia individual justifica uma oportunidade, se é aproveitada ou não, se tem sucesso ou não, depois se verá, mas não pode deixar o clube sem que se tenha a certeza do que vale.

Um bom exemplo prático para isto é Oblak que agora brilha na nossa baliza. Por vontade expressa de Jorge Jesus em entrevista no início da época, o jovem esloveno tinha saído do clube para novo empréstimo, no entanto, volvidos 6 meses é titular indiscutível do plantel. Ou seja, caso a vontade do técnico fosse levada avante, hoje continuaríamos com Artur num confrangedor momento de forma e a atravessar uma crise pronunciada de confiança e não com um jovem talento que descansa adeptos, treinador e companheiros da defesa.

Ainda assim, e para finalizar, quando falo em aposta serena e tranquila, não falo no que tem sido feito com André Gomes e os fantásticos 2 jogos que tem para a liga portuguesa deste ano que perfazem cerca de 4 minutos de jogo. Aliás, isto é absolutamente contrário a uma filosofia de aposta e motivação crescente de um jogador de quem, supostamente, se espera muito.

Numa lógica de utilização crescente, depois do que o jovem fez durante a época passada, esta seria a sua época de afirmação no clube, a época do “sim ou sopas” para se perceber com exactidão o que poderia dar ao clube e à equipa. Mais uma vez reforço, isto não quer dizer que o ache melhor que Enzo ou tão pouco que deveria ser mais vezes titular que o argentino só por ser da formação, apenas quer dizer que os 30 segundos que lhe foram dados frente ao Rio Ave e os 3 minutos de ontem, não correspondem a nada parecido com um “Benfica made in Benfica”.