domingo, 23 de dezembro de 2018

Sport Tareão e Benfica


- Telepizzi. Entregas ao domicílio.
- Jardel à Luisão, Sá à Ricardo. GOLO!
- Golo em curva do Mónaco para o Príncipe Grimaldo.
- O Zivkovic é bom, não é, Professor?

Muitos meses depois, voltou a dar gozo ver um jogo do Glorioso. Obrigado, super-craques.

11 Glorioso para honrar a Gloriosa Camisola

Ulisses
Almeida, Conti, Jardel, Grimaldo
Fejsa
Zivkovic, Pizzi, Krovinovic
Jonas, Félix

sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Jonas anti-tempo



Há uma certa maneira de Jonas jogar à bola que me deixa saudoso da minha vida.
Lembro-me de mim na adolescência. Sou eu ali no canto do ciclo a fumar cigarros e a dar beijos às miúdas quando o Jonas avança pelo campo, faz triangulação, recebe, finge que remata, deixa cair o guarda-redes, depois golo.

É provável que eu goste do Jonas porque sinto falta das sandes de tulicreme e manteiga, das saudades daquilo que eu senti há muitos anos. Já tocou, a professora de Matemática está à espera mas eu ainda tenho a Vitorina ao meu colo a cheirar a perfume de flores e a língua dela parece um helicóptero.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Keizer e o corredor central

O impacto que Marcel Keizer tem tido no Sporting e no futebol português tem sido tremendo, somando por vitórias os jogos já disputados e com golos em catadupa, alterando radicalmente a forma de jogar da equipa, transformando-o num estilo ofensivo, atractivo e, sobretudo, incrivelmente concretizador.

Deste modo, parece-me interessante reflectir sobre o porquê de um impacto tão significativo e imediato numa liga em que a qualidade defensiva das equipas é tão elogiada, fazendo-o com um plantel já de si fraco do ponto de vista da qualidade individual e que tem sido sucessivamente limitado pelas várias lesões que têm surgido.

O modelo de jogo de Keizer permanece incompleto e melhorias a serem necessárias, sobretudo em termos defensivos. Não obstante, a ideia de um jogo ofensivo, combinativo e rápido tem feito miséria nos blocos defensivos que tem enfrentado. Para além do colectivismo e rapidez, a chave para este sucesso imediato, quanto a mim, reside ma forma como o Sporting não ignora o corredor central, ao contrário da esmagadora maioria das restantes equipas do campeonato. 

Na verdade, chega a ser desesperante ver tantas equipas do maior escalão nacional vetarem o corredor mais importante do jogo a um total deserto. E este estilo de jogo generalizado, ajuda a mascarar os péssimos posicionamentos defensivos que, também eles, privilegiam a defesa dos corredores laterais e detrimento do corredor central, com a agravante de, não raras vezes, o fazerem com referências marcadamente ao homem e não zonais.

Ora, o Sporting de Keizer mais não tem feito que explorar espaços interiores, é nem tem sido necessário provoca-los, porque estão lá e sempre estiveram. E tem sido através so desequilíbrio interior que todo o jogo ofensivo tem fluído, mesmo que depois termine num cruzamento. Porque frente a blocos dispostos em largura, ao provocar por dentro, facilmente se veem adversários a correr em desespero para fechar o espaço interior, abrindo assim diversos espaços e em todas as direcções, que depois são facilmente aproveitados por quem aparece de trás. 

Está ainda por ver este Sporting a enfrentar uma barreira defensiva verdadeiramente coesa e racional, isto é, disposta em marcação zonal, que privilegie o corredor central e a unidade do próprio e verdadeiro bloco, para que assim se possa perceber a total valia das ideias do treinador holandês, nomeadamente, a paciência para circular, provocar e procurar o espaço interior, e ligação entre sectores. 

Enquanto quem enfrentar este Sporting continuar a defender como se estivesse a faze-lo contra qualquer outra equipa do nosso campeonato, dificilmente deixarão de sofrer golos ou, pelo menos, evitar oportunidades claras para tal. 

Em todo o caso, chega a ser caricato que o treinador que chegou “sem currículo” tenha, em tão pouco tempo, colocado completamente a nu as debilidades defensivas existentes no campeonato dos treinadores da “estratégia”, sem que para isso tenha sido necessário nada de verdadeiramente especial, apenas aproveita o que está, como sempre esteve, disponível. 

De uma assentada, o treinador holandês coloca em cauda dois dos maiores mitos do futebol português: O de que em Portugal se defende bem e de que o treinador Português, na sua generalidade, está na vanguarda do futebol.

Ontem finalmente já pudemos ver momentos de bom futebol. Óptima e criteriosa saída de bola do Montalegre.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Orgulho Benfiquista na Luz

Hoje com o AEK na Luz não há nada a ser disputado. Pontos insípidos. Posições definidas. Um AEK já conformado com a eliminação e focado nas competições internas. Um Benfica desiludido mas conformado com a relegação para a Liga Europa.

Contudo hoje está muito mais em jogo que a competição em si.

Não, não iremos lutar por nada mais do que aquilo que já temos. Iremos jogar por aquilo que somos e precisamos.

Assim defino 3 objectivos para hoje:

- Os milhões. É o menos importante do que podemos retirar deste jogo. Temos obrigação de ir recolher pelos menos mais estes 2,7M.

- O momento da equipa. Jogamos pouco mas é com vitórias que, pelo menos na vertente psicológica, conseguimos afastar-nos de maus momentos. Vencer hoje o AEK é um reforço para o momento de vitórias que temos tido nos últimos 3 jogos.

- O orgulho benfiquista. Este para mim é o mais importante. Hoje, despedida da maior competição de clubes que existe, é obrigatório elevar o símbolo que todos carregamos ao peito. Vencer, jogar bem e mostrar um Benfica bem vivo nos relvados da Luz. É o retribuir aos adeptos e à nossa história.

Bem sei que este jogo não pode ter a mesma importância da deslocação ao Estádio dos Barreiros que aí vem. Mas é um jogo que tem de nos orgulhar.

Neste contexto de necessária gestão, recuperação e glória, lançaria o seguinte 11:

Na baliza o Svillar. O miúdo já acalmou. Está mais maduro. Menos louco. Espero é que não tenha perdido toda a sua loucura. Toda a sua coragem. Nas últimas aparições vi um Svillar mais sereno mas também demasiado escondido. Crescer não é abdicar das suas melhores qualidades. Isso não é evoluir. Precisa de jogo, precisa de competir. Precisa de ser colocado à prova. Hoje é um bom jogo para isso.

No centro da defesa lançaria o Conti com o Jardel. Não abdicaria nunca de ambos os centrais titulares. O Rúben merece o descanso e o Jardel tem jogado menos que o miúdo. Além disso, pela sua experiência e posição no centro da defesa, o Jardel é o jogador indicado para integrar e orientar o Conti. No argentino ou temos central ou não temos. Que jogue e nos convença que temos.

A equipa precisa de uma solução para o lado direito da defesa. O Almeida é o Almeida. No seu melhor consegue dar-nos uma exibição segura. Temos o Corchia, um jogador com maior potencial que o André. Lançaria o francês. Uma boa oportunidade de ganhar ritmo e crescer exibicionalmente. Uma boa oportunidade para começar a ganhar o lugar.

Na esquerda mantinha o Grimaldo. O craque espanhol não tem substituto e nesta altura em que também o Rui Vitória viu a Luz - Zivkovic - acho importante continuar a cimentar as rotinas entre o espanhol e o sérvio.

O meio-campo é onde tenho mais dúvidas. Gostava de poder descansar o Fejsa mas o sérvio não tem substituto. O Alfa não tem qualidade nem para o Benfica dos anos 90 e o Samaris anda encostado há tanto tempo que neste momento não consigo esperar nada de bom dele. Assim, colocaria o Fejsa no apoio ao Krovinovic e ao Félix. Estes dois precisam de crescer com jogo. Um com maior leitura táctica e outro com maior criatividade. Os dois bem sustentados pelo Fejsa têm a oportunidade de explorarem o seu futebol e se soltarem no meio-campo. O Félix tem jogado mais pela linha mas penso que pode fazer a diferença na construção de jogo e nos apoios centrais ao avançado.

Na esquerda já referi que manteria o Zivkovic. Mais um craque que tem de crescer com jogo.

Na direita, não havendo Salvio para descansar o Rafa, lançaria o ex-bracarense. O Rafa está com a corda toda e pode ser importante continuar a alimentar o seu bom momento.

O maior de todos os craques deveria poder jogar sempre. Aliás, por mim na BTV eram jogos diários do Jonas. O brasileiro poderia jogar em todos os escalões e até em amigáveis com a produção ou adeptos. Infelizmente fisicamente o Jonas não dá para tanto. Hoje dar-lhe-ia a pausa merecida.

O seu substituto óbvio é o Ferreyra. Ferreyra ou Seferovic. Contudo gostava de ver o argentino em acção. Muito poderia ganhar este Benfica se a sua equipa técnica conseguisse tirar proveito deste jogador. Ferreyra a receber o Zivko, Grimaldo, Rafa, Félix e Krovinovic. A recebê-los, a sustentá-los e a beneficiar dos seus apoios.

Um 11 para ganhar, para jogar e para nos fazer crescer.


A única oposição a Vieira chama-se Ontem vi-te no Estádio da Luz



O principal problema da crítica gratuita e infundada é o de minar o caminho da verdade e libertação do clube. Sempre que a oposição - ou pseudo-oposição porque a única real oposição a Vieira chama-se Ontem vi-te no Estádio da Luz - ataca sem razão as pessoas da estrutura do clube, mais difícil se tornará a saída do actual Presidente. Em vez de tiros certeiros que abalem a ditadura vierista, estes ataques fazem ricochete e acabam como armas para quem desgoverna o Sport Lisboa e Benfica.

Quando este programa foi para o ar, imagino que há mais de 10 anos, defendi publicamente Ricardo Palacín. Na altura, muitos dos que hoje com ele partilham os estúdios e programas da BTV atacaram o actual director da televisão do clube porque "isto é uma vergonha", porque "nenhum benfiquista usaria esta t-shirt", porque "há que respeitar a dignidade do Benfica!".

Na verdade, aquilo tinha sido uma brincadeira, uma mera aposta. E claro que qualquer benfiquista com cérebro, sentido de humor e cumpridor das suas apostas teria usado aquela t-shirt. Basta não ser grunho e estar bem com a vida para poder usar uma t-shirt assim.

Claro que é giro ver agora toda essa gente que insultou Palacín de tudo e mais alguma coisa andar pela BTV a lamber-lhe as botas para manterem os seus lugares nos programas onde só defendem o Presidente e atacam os benfiquistas que não comem na gamela do carneirismo. Mas esse é outro assunto para outro dia.

Ricardo Palacín faz mal ao Benfica. Não por não ser benfiquista, não por usar esta t-shirt. Faz mal ao Glorioso porque é o Director da Propaganda, o Director do veículo televisivo que envergonha e humilha o Benfica por não ser mais do que uma televisão de louvores a Vieira e de perseguição aos benfiquistas com cérebro.

Com tanto para criticar na BTV, achar nesta imagem razão para atacar Palacín é fraco, é pobre, é insuficiente, é a razão pela qual Vieira se passeia há 15 anos sem verdadeira oposição. É dar razões aos vieiristas para continuarem a votar no único Presidente ilegítimo da História do Benfica. E isso é que não é nada benfiquista.

Um Presidente à Benfica


segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

O Benfica entregue aos bichos.

Imaginem que estão em 1985, acordavam, iam ao Estádio da Luz e alguém vos dizia que:
- o Presidente agora era um tipo que é sócio dos três clubes;
- o n°2 é sportinguista;
- o n°2 usa o clube para pagar o casamento da filha.
No dia a seguir, estavam Presidente e n°2 no olho da rua. No Benfica de Vieira, para os vieiristas está tudo bem. Foi apenas um... "adiantamento".

Um Presidente à Benfica


domingo, 9 de dezembro de 2018

Príncipe Grimaldo, o junta-peças


O talento de um jogador não tem medidas nem quadros nem matemáticas; não fica irrefutavelmente provado nem a Ciência consegue publicar um estudo que demonstre, A+B+C, a indesmentível qualidade de um futebolista. É por isso que 1 milhão de pessoas pode achar o Pizzi "um craque" e o outro milhão achá-lo "um cepo". Tudo depende da percepção que cada um tem do jogo.

Eu gosto sobretudo de jogadores que, a cada acção, estejam pensando e executando o quadro geral: o golo. Pode o jogador estar na defesa e já demonstrar ter visto a bola nas redes segundos antes de ela lá chegar. É o caso de Grimaldo nesta e em quase todas as jogadas em que intervém.

Antes de receber na linha já fez sinal a Zivkovic, anunciando o 2-1. O sérvio, outro talento inato, percebeu o que o espanhol quer e foi-lhe fiel. Aqui o que Grimaldo procura e sonha, ainda antes de receber do central, é ter espaço aberto pelo meio. Já se imaginou a correr pelo corredor central sem muita oposição. E é isso que acontece após a combinação com Zivkovic: miolo aberto, os jogadores do Vitória a terem de ir recuando lentamente e Grimaldo com várias opções. É aqui que, apesar de a Ciência não o poder provar, é possível distinguir os craques dos cepos.

Quando recebe à entrada do meio-campo adversário e se vê com espaço, o craque, 99 em 100 vezes, não pensa em passar de imediato a bola (mesmo que tenha duas ou três opções abertas). O cepo sim, destruindo a possibilidade de aproveitar o espaço e criar outros. O craque vai seguir com a bola enquanto os seus milhares de radares frontais e laterais vão interpretando o movimento colectivo dos dois corpos gelatinosos: o movimento da equipa adversária e o movimento da sua própria equipa.

O craque neste instante não pensa individualmente, não procura meter a bola num jogador específico só porque sim. O craque junta-peças no meio. Aproveita o natural movimento da equipa que defende - movimento de recuo e de aproximação ao centro - enquanto vai esperando o movimento natural da equipa que ataca - vários movimentos laterais e de profundidade.  O craque vai esperar pelo segundo certo em que um dos elementos do adversário não aguentar mais aquele passeio pelo relvado e destruir toda a sua própria organização colectiva. É o que acontece quando o lateral-direito do Vitória sai da sua posição e deixa o espaço nas costas.

O craque já estava à espera porque era isso que ele, provocador, vinha a procurar desde que recebeu de Zivkovic. O cepo, quando recebesse de Zivkovic, teria metido imediatamente na profundidade que Gedson estava a pedir, acabando por criar uma jogada sem qualquer vantagem numérica nem espaços para criar desequilíbrios.

Juntar peças no meio, provocar o desposicionamento de uma peça específica, para um cheque-mate pelas alas. Não é para todos. É só para os craques. Craques como o Príncipe Grimaldo.

 https://m.youtube.com/watch?v=mX1g1lQeInQ

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

Viver 3 anos na ignorância


Foi hoje publicada uma entrevista feita pelo “Conversas à Benfica” ao treinador Rui Vitória. Antes de entrar no conteúdo da mesma, gostaria de elogiar a disponibilidade do treinador do Benfica para este tipo de entrevista/conversa que sai completamente do registo habitual e que, por isso, permite abordar temas diferentes dos habituais e, mais do que isso, aborda-los de forma diferente. Por isso, parabéns a Rui Vitória e ao “Conversas à Benfica”!

A entrevista foi vasta e variada, mas gostaria de me debruçar mais sobre os momentos em que o treinador aborda os aspectos mais concretos do jogo, começando pelo processo de jogo da equipa:

A dada altura é questionado o porquê de o processo de jogo ter sido alterado do 4x4x2 para o 4x3x3. Se é natural que o entrevistador cometa este tipo de lapso, é absolutamente inadmissível que um treinador, seja de que escalão for, não consiga corrigir de imediato a pergunta, porque processo de jogo é uma coisa e sistema tactivo outra, podendo ou não depender um do outro. Por aqui se entende o que pensa Rui Vitória sobre o processo colectivo das equipas que treina. Cada um que retire daqui as suas próprias conclusões;

A conversa vai fluindo e na justificação das escolhas que faz, nomeadamente para as alas, Rui Vitória refere, por exemplo, que “Cervi tem um bom entrosamento com Grimaldo”. Mais uma vez, o treinador do Benfica observa as escolhas partindo do individual, isto é, determinados jogadores desenvolveram naturalmente um bom entrosamento, então as escolhas vão por ali e não porque o treinador tenha uma ideia maior para todo o conjunto, fazendo escolhas em função dessa ideia maior, em função do plano colectivo, não. As escolhas partem do individual somando-se umas às outras;

Há ainda a justificação para o pouco rendimento de Ferreyra: O treinador do Benfica justifica esse menor rendimento (e não falo de golos) com factores emocionais e sociais. Em momento algum é capaz de fazer uma análise futebolística ao jogador e à forma como se enquadra ou não nas ideias colectivas. Ou seja, Rui Vitória faz depender o rendimento do jogador de factores que são absolutamente incontroláveis por si, não sabendo explicar quais os factores que dependem do treinador e que podem ou não ajudar Ferreyra a ter um enquadramento competitivo melhor. Sabemos assim, pela boca do próprio, que se Ferreyra render algo antes de sair (a ideia que fica é que Janeiro será o limite para a estada do Argentino no clube), tal acontecerá por completa aleatoriedade, como quase tudo o que acontece em campo na equipa do Benfica, diga-se;

Por fim (ainda que não tenha sido esta a ordem cronológica da conversa) Jonas. Rui Vitória reduz a participação do melhor jogador do Benfica ao momento/gesto da finalização, Rui Vitória acha que o jogador mais completo do plantel participa apenas no momento mais reduzido do jogo, Rui Vitória ignora por completo a infinidade de coisas que Jonas dá à equipa para lá dos golos que concretiza e/ou assiste, Rui Vitória não vê a quantidade de jogo interior que Jonas produz (e que se esgota nele, percebendo-se aqui o porquê), Rui Vitória nunca percebeu a qualidade de decisão com e sem bola que génio Brasileiro aporta ao jogo colectivo do Benfica. No fundo, Rui Vitória não faz ideia do que é e do que vale o seu melhor jogador, mesmo que trabalhe com ele há mais de 3 épocas desportivas. Se é normal/compreensível que o adepto resuma o jogo de Jonas aos golos/assistências, ver o seu treinador faze-lo é simplesmente absurdo e aterradoramente revelador.

Um treinador à Benfica


domingo, 2 de dezembro de 2018

A (des)Confiante Goleada

"Na primeira parte desgastámos o adversário, na segunda foi uma dinâmica muito forte. Quem viu o jogo sentiu essa confiança e vai mais satisfeito para casa."

São estas coisas que me assustam. A certeza que o treinador do Benfica acredita mesmo nisto.

Vamos lá pensar um pouco o jogo de ontem.

Rui Vitória olha para os primeiros 45 minutos e vê uma estratégia de desgaste do adversário. E acredita nisso.

Não. Não houve nada a funcionar naquela primeira parte. Não houve uma estratégia a funcionar. Não houve. Foi simplesmente miserável. Equipa desligada, sem alma e sem futebol. Não houve qualquer desgaste do adversário. Um jogo ofensivo lento e com espaço para o adversário ir no seu tempo tentando aproximações à nossa área. Sem desgaste.

Agora sim, nos segundos 45 minutos houve uma dinâmica muito superior. Mas também aqui o treinador não se pode iludir. O resultado é logo desbloqueado no arranque pelo gênio do Jonas. Boost de confiança encarnado e quebra anímica do adversário. Mais 3 golos, 3 oferendas do adversário.

Assusta-me que o treinador do Benfica pense que por ter convocado só 18 que tudo já ficou resolvido. Assusta-me que ache que já está tudo operacionalizado.

Assusta-me que ele, e só mesmo ele, tenha sentido toda aquela confiança e que esteja plenamente satisfeito com a exibição da equipa.

Agora, apesar da miserável primeira parte e de 4 golos muito sui generis , é justo e até refrescante ver a pujança da equipa na segunda parte.
A equipa entrou muito rápida e principalmente muito agressiva ofensivamente. Agressiva na pressão alta e principalmente agressiva no momento pós recuperação da bola. E nesta mudança de postura há sem dúvidas mérito do treinador.

Contudo não me parece que dê para ganharmos muitas vezes dependendo somente deste futebol de agressão ofensiva. Até porque este estilo não parece poder durar sequer 60 minutos.

Além do resultado a melhor noticia é sem dúvidas a titularidade do Zivkovic.

Um trio ofensivo com o genial Jonas, com o craque maravilhoso que é o Rafa e com este talento sérvio que precisa jogar muito mais, servido pelo base Pizzi, o melhor jogador para criar os apoios aos talentos da equipa, é sem dúvidas um poço de talento a libertar nas defesas adversárias.

Com jogadores destes até parece batota, até parece fácil.

Mas como ele já nos disse, se fosse fácil não era para ele.


sexta-feira, 30 de novembro de 2018

O ECLIPSE DE RUI COSTA



Quando pensamos em Rui Costa, pensamos em Benfica. Parece-me indesmentível que, enquanto jogador, foi um dos nomes mais míticos da grandiosa História do Sport Lisboa e Benfica. Porém, esta imagem (quase) imaculada do nosso antigo Maestro, foi feita refém assim que assumiu funções directivas na Estrutura do nosso querido Clube.

O Benfica está, neste momento, a passar por uma fase muito conturbada ao nível desportivo e parece que nenhum dos elementos da Estrutura tem oportunidade, voz ou poder para demover Luis Filipe Vieira dos seus devaneios. E se, para mim, não é surpresa nenhuma que a esmagadora maioria dos elementos preocupa-se mais consigo próprio e com o seu posto  do que com o Sport Lisboa e Benfica (ou não tivessem muitos deles mudado radicalmente de posição em relação ao que achavam de Vieira num passado recente), o que é facto é que Rui Costa tem-se revelado uma profunda desilusão.

Tal como acontece com os restantes elementos da Estrutura, é um facto que Rui Costa parece impotente. Afinal, deve ser muito difícil fazer parte da mesma equipa directiva de um Clube em que o líder pouco se importa com as opiniões dos seus vices e administradores, bem como dos próprios sócios e adeptos. Mas é imperdoável que não se tenha já afastado e trabalhado para se tornar numa oposição forte e credível – sem qualquer dúvida, a melhor e mais importante de todo o “reinado” de Vieira. Pelo contrário, Rui Costa continua na sombra, agarrado ao poder como todos os outros que pouco se importam com o bem-estar do Clube.

É muito difícil encarar a actual figura do antigo internacional português. É inegável que a melhor contribuição que Rui Costa teve foi quando pendurou as chuteiras e assumiu a pasta de Director Desportivo. Aqui sim, o seu trabalho foi bastante bom. A partir do momento em que entrou para a Administração da SAD, vimos um Rui Costa afastado das decisões, pouco importante para o Clube. E aqui continua, fiel ao seu presidente e igual aos demais.

O Benfica está doente. Vieira está a arrasar o Clube e Rui Costa assiste a esse filme, impávido e sereno, como se nada se passasse. Já por várias vezes (e principalmente nas AG), os adeptos abordaram-no e pediram-lhe que interviesse. Quando houve a confusão das cadeiras pelo ar, Rui Costa estava a um canto da sala, a ver a casa a arder, enquanto os adeptos o chamavam à razão. Rui Costa via a ditadura que foi aquela AG e que se tornou o Benfica e não toma uma decisão em prol do Clube. Rui Costa vê o Benfica a deteriorar-se a cada temporada que passa e não toma uma decisão em prol do Clube. Rui Costa não é capaz de descer do seu cómodo posto e tomar uma decisão em prol do Clube.

Há uns anos, houve uma publicidade de angariação de sócios em que Rui Costa dava o seu testemunho, recordando o dia em que marcou um golo ao Benfica, em pleno Estádio da Luz e enquanto estava ao serviço da Fiorentina, dizendo que “quem ama assim tanto um clube, assume-o”.

Palavras leva-as o vento e, afinal, Rui Costa não ama assim tanto o Sport Lisboa e Benfica.

quinta-feira, 29 de novembro de 2018

OS FILHOS DA PUTA, OS GRUNHOS E UM FAROL CHAMADO ONTEM VI-TE NO ESTÁDIO DA LUZ



"Este filho da puta está agarrado ao tacho".

É assim que uma maioria de benfiquistas mimoseia o (ainda) treinador do Benfica. Uma maioria que, há não muito tempo, mimoseava de filhos da puta quem fizesse, mesmo que de forma muito leve, uma crítica a Rui Vitória. É o problema dos grunhos: como não conseguem ver nada à frente, reagem por impulsos. Quando Vitória ganhava, era o melhor do mundo e ai desses filhos da puta que o achavam mau treinador; quando deixou de ganhar, passou ele a "filho da puta agarrado ao tacho".

É claro que, como grunhos que são e continuarão a ser, não percebem que Rui Vitória tem todo o direito a exigir o dinheiro que lhe devem. Sobretudo, porque viu o seu contrato renovado há poucos meses e viu o Presidente dizer, há um mês!, que ele era o treinador para o projecto. Como grunhos que são, não compreendem que o verdadeiro filho da puta não é Rui Vitória, não são os adeptos que criticam Rui Vitória, nem sequer são os próprios grunhos. Como grunhos que são, continuarão a apoiar o filho da puta-mor e a chamar filhos da puta a todos os que o criticarem.

Da minha parte, vejo com satisfação a saída do treinador do Benfica pela simples razão de que o acho um treinador medíocre. Como sócio do Benfica, é meu dever lutar pela excelência no clube e não pela mediocridade. Por isso, desde 2015, quando se soube que Rui Vitória viria para o Glorioso, escrevi centenas de textos a explicar o porquê da mediocridade do técnico; saíram no meu blogue vários vídeos a mostrar o medíocre futebol que a equipa apresentava.

Isto não aconteceu há um mês; aconteceu com Rui Vitória campeão, depois bicampeão, até hoje. A minha análise ao jogo não depende de resultados e por isso está sempre sujeita à ira dos grunhos que nada vêem à frente dos olhos. Fui e fomos (no blogue que partilho com uma equipa de benfiquistas de luxo) insultados, ameaçados, chamados de portistas, apelidados de inimigos do clube. O costume em grunhos que infelizmente, pela sua pobreza de espírito, ajudam a fazer do Benfica um clube liderado por incompetentes. Houvesse mais lucidez, mais conhecimento, mais seriedade, mais educação, mais frontalidade, mais dignidade, mais inteligência, mais benfiquismo, e o Glorioso Sport Lisboa e Benfica poderia ser tudo aquilo que sonhasse ser.

Assim, com esta maioria de gente que vive de impulsos, populismos e mentiras presidenciais, ver-nos-emos sujeitos à total ignomínia: contratar um treinador que, há 3 anos e meio, foi atacado pelo Presidente do Benfica por supostamente ser um traidor da pior espécie. A propaganda de croquetes da BTV logo se apressara a anunciar a grande medida: iríamos receber 14 milhões de euros de indemnização - dizia Vieira: "um euro por cada adepto do Benfica traído". A reentrada de Jesus no Benfica, a acontecer, será o Presidente a enfiar o dedo no cu de todos os benfiquistas. E os grunhos vão gostar.

No meio disto tudo, de uma Ditadura vieirista que faz lavagens cerebrais aos grunhos e uma pseudo-oposição que ou não existe ou se bamboleia entre interesses pessoais, incoerências,  apoios e desapoios a Vieira consoante as marés, só uma luz no universo benfiquista resiste. Um blogue que ilumina, antecipa, avisa, propõe, demonstra, defende, não se vende, dá luz ao Sport Lisboa e Benfica. O Ontem vi-te no Estádio da Luz é o farol glorioso.

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

11 GLORIOSO PARA O NOVEMBER FEST



Ulisses
Almeida, Conti, Dias, Grimaldo
Fejsa
Zivkovic, Pizzi, Rafa
Jonas, João Félix

Sejam Gloriosos



Nunca, na História dos dois clubes, o Benfica teve uma oportunidade tão flagrante de poder ir vencer a Munique. A máquina demolidora tem tido graves problemas na engrenagem, deixando aos nossos craques uma possibilidade real de fazer muitos estragos.

Um plantel que tem Grimaldo, Fejsa, Gabriel, Pizzi, Zivkovic, Krovinovic, Rafa, Salvio, Jonas, Ferreyra, Seferovic e João Félix pode sempre ter uma noite gloriosa e aproveitar o mau momento do Bayern.

Sim, mesmo sem treinador acredito que amanhã seremos felizes.

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Onze anti-aéreo

Svilar 
Corchia, Conti, Dias, Grimaldo 
Gabriel 
Zivkovic, Pizzi, Rafa 
Félix, Jonas 

O JORGE NÚNCIO



Há muitos muitos muuuuuuitos anos, nascia na Cedofeita um rapaz raquítico, de porte frágil, orelhas estranhas e uma verruga no coração. Os médicos atentaram no pormenor verruguento com cuidada atenção: nunca antes tinham visto tal coisa e decidiram, após profunda e demorada entabulação com o prior da freguesia, logo aconselhar os pais do rebento que o melhor, para evitar fúrias demoníacas e vulcões do demo, seria dar-lhe um nome de padreco ou pelo menos fazer uma referência, mesmo que sigilosa, à verruga consubstanciando-a num título religioso, para ver se Deus - nem sempre de bom humor com verrugas, quistos e outras deficiências - deixava passar este fenómeno sem iras divinas nem achaques nervosos.
Algo despeitados, os pais da criança lá acabaram por anuir aos desejos celestiais do padre de serviço. Estava em causa a sobrevivência do menino Jorge; tudo o que servisse para acalmar as forças do Eterno seria parco, até porque havia outras questões ainda por definir no seio do lar, como as recorrentes cagadelas da mãe nos lençóis brancos e a estranha mania do pai de ludibriar os clientes vendendo, não raras vezes (e disto o Senhor estava a par, com toda a certeza), água da torneira por águas finas da França. O casório deu em divórcio, naturalmente - nenhum Deus, por Santo que seja, aceita observar tais fracas virtudes nos seus apaniguados, menos ainda quando se misturam, em simultâneo, os pecados da badalhoquice com os do furto. Caramba, até para o Criador há limites.

Não interessa, no entanto, explorar este tão mal paridinho casamento. Detenhamo-nos em Jorge, agora já baptizado (não se sabe se a água dos canos se a Perrier) de Jorge Núncio de Lima Tinto da Encosta. Um nome que afinal, esqueçamos o título de embaixador do Papa que ali aparece em segundo lugar para não levantar grandes suspeitas, até revelava algum charme portuense. O "Lima", sempre tão agraciado pelos habitantes da Invicta, nome de ascendências históricas e nobrezas mil. O "Tinto" que funciona como os "Smith" ou os "Silva" da Cedofeita - nome popular, é certo, mas digno. E, é lógico, o "Encosta", que leva já milénios idiossincráticos no lombo, nome de marqueses e ladrões, feirantes, putas, prestidigitadores e seminaristas - no fundo, tudo da mesma cepa, apesar dos apesares.
 As professoras na escola ou os vizinhos nas montras dos devedores de fiados liam o nome: Jorge Núncio de Lima Tinto da Encosta e não podiam deixar fugir um "apre, quisto é nome de tripeiro, carago!", sempre entoando o "tripeiro" com mais força, mais veemência, mais orgulho, porque nisto dos nomes e das origens os corações batem sempre mais depressinha.

Jorge Núncio fez escola entre os seus pares: costumava apalpar os rabinhos dos colegas quando eles não estavam a ver e depois ria-se muito (malandro!) com aquele ar de espertalhaço que a verruga no coração sempre lhe deu. Tinha algumas dificuldades de aprendizagem, demorou dois anos para aprender a tabuada do 1 - via sempre mais à frente, Jorge Núncio; enquanto os colegas viam num 1x2 um 2 eles juntava sempre o x e respondia 1x2, que era o que ele tinha posto no Totobola sobre um emocionante Cedofeita-Madalena.
 Devido a estes episódios menos brilhantes, os amigos jocosamente apelidavam Jorge Núncio de "génio", denominação que ele levou no sentido literal e por isso repetia vezes sem conta sempre que chegava a casa. Pena a mãe estar aos peidos em cima do sofá e o pai a encher garrafas de PerrIer com água do Douro - a falta que não faz um harmonioso lar para o crescimento das crianças. "Papá, mamã, dizem que eu sou um génio, papá? mamã?", e o pobre Núncio num aflitivo e solitário pesar, não tendo a quem contar a sua evidente genialidade. Havia uns irmãos que por ali andavam aos caídos, um fazendo-se de macaco - "coitado", dizia o senhor prior, "é anormal" - e outros dois que passavam as horas sentados a contar os peidos da mãe, numa estereofónica sucessão de orquestra, perdendo-se, no entanto, na contagem, tal era a produtividade da progenitora - "mamã, vamos em 532 ou 533? Com molho ou sem?".

É triste, de facto, pensar no que Jorge Núncio teve de passar para chegar a homem. Tantas provações, privações, privados, parvoíces. O rapaz até tinha algum talento (belíssimo a preparar ramos de flores, por exemplo), mas a vida sempre a rebaixá-lo à condição humana do esgoto existencial. O padre da freguesia costumava dizer de Jorge Núncio aos vizinhos que "o rapaz até possui qualidades, mas quem patina em tais destroços tarde ou nunca se embeleza", mesmo que, nas tardes-noites, depois da missa, explorasse a beleza de orelhas estranhas, porte frágil e verruga no coração do menino Jorginho com deleite e mal-disfarçada desfaçatez, obrigando-o a horas extraordinárias a ajeitar as vestes dos santinhos, a cantarolar cançonetas de fraco teor bíblico e - Deus nos perdoe a confissão - a rezar em silêncio (ou quase, a saliva às vezes desnorteia-se), de joelhos na fria mármore do altar da gloriosa Igreja Paroquial de São Martinho da Cedofeita. São pecados que os santos não vêem porque não têm nem coração nem verrugas mas que as gentes, mesmo do lado de fora, pressentem.

Porém, a vida nem sempre se mantém neste patamar excremental. A muito custo - e tanto que Jorge Núncio pediu -, os pais acabaram por ouvir as suas preces (não há peidos que sempre durem nem água suja que nunca acabe): vinha aí o Colégio das Caldinhas, antro de luxo de uns jesuítas loucos por novas contratações de Inverno. Foi feliz, Jorge Núncio, em Santo Tirso. Comia duas ervilhas ao almoço, ao jantar sopa da panela - uma nhanha de água da canja com restos de ossos a preceito coada para dentro de um copo. Tinha brincadeiras e tudo - corria atrás de um pneu horas a fio, enroscava-se nas árvores, descobria o amor: um esbelto cigano que assentou tendas no descampado junto ao Colégio. Com ele descobriu a virtude do engano. Adorava andar às cavalitas do feirante, roçando a verruga nas costas largas do vendedor de putas. Conheceu putas, belíssimas mulheres que alimentavam o seu desejo intestinal de maternidade. Jorge era feliz em Santo Tirso - exceptuando as noites e as surpreendentes visitas de estudantes teológicos à procura da absolvição das almas, tinha uma razão para viver, quase não chorava quando ia dormir, possuía verdadeiro amor na verruga e já estava quase-quase pronto a ser um homenzinho.

Havia, no entanto, algo que Jorge Núncio ambicionava e não podia cumprir: ver o Bi-Campeão Europeu ao vivo. As tardes e noites que passou de transístor ao ouvido, com um padre em cima, a deleitar-se com os golos do José Águas, do Simões, do Torres, do Eusébio; momentos que o marcaram, enquanto fechava as pernas de espanto e desejava ser feliz num emprego mais próximo do Estádio da Luz. Infelizmente, diziam-lhe que essa era a terra dos mouros, que não podia aproximar-se, que eles comiam crianças ao pequeno-almoço, que era preciso ter cuidado - e desavergonhadamente lembravam-lhe a verruga no coração e a necessária devoção aos santos, não fossem eles conspurcar-lhe a existência. Inventaram-lhe um ofício num banco, puseram-lhe uma gravata ao pescoço e disseram-lhe que a partir daquele momento devia esquecer o Benfica: era portista e ponto final!, era do clube dos seminaristas e dos padrecos, dos governantes do Regime e dos pidescos, dos necrófilos e dos sem-lar. Era, no fundo, da equipa de Deus. Com camisola listada azul e branca e sentimento azul e bronco.

Sofreu muito, Jorge Núncio, com o trauma. Mas, como "génio" que era, rapidamente desenvolveu as suas maiores qualidades advindas dos traumatizados: bem patrocinado pelo chefe - homem de grandes contactos na região, empresário de sucesso e ilustre banqueiro -, não demorou a fazer de Núncio uma visita regular na sua casa da Madalena - anos mais tarde, Jorge Núncio também cumpriria esse sonho de possuir imóvel na zona, fazendo de GPS a árbitros e outros aconselhamentos matrimoniais  que nos escusamos a explicar não vamos ser presos, no lugar do famigerado terapeuta, por não estarem as provas suficientemente validadas pela Justiça Portuguesa.
Núncio comia e bebia como nunca: autênticos banquetes, já não de ervilhas e sopas da panela mas de latagões atraentes, musculados, bem oleados por vaselinas de castas da região (a manifesta qualidade reconhecida que há no Douro); Núncio vomitava muito: normal, o organismo de verruga e o cérebro de ervilha não tinham ainda aquela finesse que viria a adquirir quando se tornasse dirigente do Futebol Clube do Porto e transpusesse todos os conhecimentos que foi adquirindo ao longo da vida em bordéis, cerimónias, casas de empresários, seminários, igrejas, paróquias e demais empreendimentos turísticos, alguns no Brasil, que conhece de lés a lés, entre o calor da noite e as noites cheias de calor. Jorge Núncio tinha finalmente atingido o patamar da degeneração humana: queria ser grande e foder o mundo por o mundo o ter fodido.

Não podemos, nesta história, passar um pano sobre a importância que o povo portista, macerado por uma existência de infertilidade de sucessos, teve para a elevação de Jorge Núncio a herói regional. E, claro, não há como esquecer aqueles seres que pululam pelos jornais e televisões, sempre tão preparados para o elogio da loucura. Erasmo, uns séculos antes, falou deles todos. O problema é que ninguém lê.

terça-feira, 20 de novembro de 2018

O melhor treinador que vi no Benfica


O Logo de Sonho


Abrimos hoje aos nossos ontianos um concurso que visa encontrar um novo logo para este blogue. Pedimo-vos que puxem por toda a vossa criatividade e façam os logos mais gloriosos que conseguirem. O único requisito é o de ter o nome Ontem vi-te no Estádio da Luz; o resto - estilo, imagem de fundo escolhida, tipo de letra, etc - é convosco.

Receberemos os vossos logos (enviem por mensagem) até Sexta-feira, 23 de Novembro. Depois criaremos eliminatórias entre logos até encontrarmos o logo final.

Obrigado e VIVÓ BENFICA!

sábado, 17 de novembro de 2018

O Hat-trick de Rui Águas - dois gloriosos golos e um extraordinário quase-golo



1988, segunda parte das meias-finais da Taça dos Clubes Campeões Europeus. Eu, o meu Pai e mais 129.998 benfiquistas na Luz sob o mote do Presidente João Santos - "Um benfiquista, uma bandeira" - cantamos "Benfica, Benfica, Benfica" a levar o Glorioso até à final de Estugarda. Mats Magnusson de costas faz um passe a isolar Rui Águas. O romeno do Steaua ainda consegue recuperar a bola, mas logo o filho do Bicampeão Europeu a rouba e segue rápido para a baliza, meio descaído na esquerda. Entra na área.

(O meu Pai mete a mão na minha perna e flecte os joelhos à espera do golo, eu meto a mão na perna do meu Pai e flicto os joelhos a desejar o golo, as pernas e as mãos cruzam-se e os joelhos flectem-se a ordenar o golo, os filhos metem todos as mãos nas pernas dos pais, os pais metem todos as mãos nas pernas dos filhos, todos os joelhos do mundo flectidos com saudades do golo. Tudo em tensão: mãos, pernas, joelhos. 130.000 pais e filhos, amigos, padrinhos, vizinhos e estranhos agarram-se às pernas uns dos outros numa corrente humana de pernas, joelhos e mãos a fazer do Estádio da Luz um absurdo fenómeno de flexões colectivas e o coração aos saltos, em místicas diástoles em gloriosas sístoles, pulsando desejos infantis: "faz golo, faz golo, faz golo, faz golo, faz golo, faz golo")

Rui Águas dá um toque ligeiro para a frente (amacia-a, prepara-a, acalma-a). Quando lhe aparece um adversário ao lado, mete-lhe a bola por entre as pernas, e, já sem espaço, salta - salta como um cavalinho, como se fosse o último salto de sempre - para poder rematar. Um lance à Jonas (ou é Jonas que tem coisas de Rui Águas?). Remata e a bola é defendida no chão por Liliac. Uma jogada transcendental que começou com Silvino e o seu equipamento verde a colocarem a bola em Álvaro que levantou na esquerda para a cabeça de Pacheco que, junto à linha, cabeceou para Magnusson que, de costas, meteu em Rui Águas e o resto é História. Um extraordinário quase-golo.

(Por todas as casas e cafés do país, por todo o mundo, os joelhos flectidos, as mãos nas pernas, a saudade do golo esvaem-se em quase-golo e os corações benfiquistas voltam à nervoseira habitual. Tudo sempre à espera de mais um golo. Do terceiro golo em viagem para Estugarda.)

A bola distancia-se da baliza adversária, segue para os romenos. Já fora do plano das câmaras, Rui Águas, longe da bola e no meio dos centrais romenos, frustrado pelo extraordinário quase-golo, automotiva-se olhando o Estádio da Luz - "Um Benfiquista, uma bandeira" - e, em pleno relvado, começa a sonhar com os dois golos que já tinha marcado na primeira parte.

(GOLO GLORIOSO NÚMERO 1 - Aos 25 minutos, canto para o Benfica. Pacheco trata da ocorrência. Como Águia Vitória, a bola voa por cima do relvado. Entra na área. Mozer, armado em Mozart, já tem tudo na cabeça e desvia para o segundo poste. A bola parece meio perdida, vai a sair do perigo. Mas não, há Rui Águas e a sua disponibilidade mítica para o salto-peixinho. O goleador anteviu, reflectiu, dispôs-se ao chão. Cabeceou não só para o lado contrário do guarda-redes como ainda lhe deu efeito para cima - poucos jogadores no mundo seriam capazes desta loucura: talento, técnica e uns pozinhos de despero. A redonda entra no topo da baliza, abana as redes e depois é o caos, o Estádio entrou em erupção e a lava caiu quente a queimar o relvado. Lembro -me de ser atirado com os meus 6 anos para 7 ou 8 filas abaixo. "Foi você que perdeu o seu filho num golo do Benfica?"

GLORIOSO GOLO NÚMERO 2 - Aos 33 minutos, Mozer (outra vez doidão por aquilo que hoje se definiria como o "movimento ofensivo"), segue meio-campo romeno adentro, faz passe para Rui Águas, que sofre falta. Livre perigoso, sobretudo se na nossa equipa tivermos um Diamante chamado Diamantino. O capitão não marca o livre de forma normal, ele faz diferente. Ele faz diferente: amanteiga a bola, marca um livre como se passasse manteiga por pão quente. Ela segue tão amanteigada por cima dos romenos só para encontrar a cabeça de Rui Águas que, em jeito perfeito como lindíssimo cabeçeador que sempre foi (um dos melhores da História do Futebol), a desvia, a encaminha, a ensina, a dirige para dentro das redes. Rui Águas é abraçado efusivamente, não notando que, nesta altura, na maluqueira dos 130.000, eu já tinha sido atirado para dentro da toalha branca do Eusébio. "Foi Você que encontrou o seu filho num golo do Benfica dentro da toalha do Eusébio?")

Rui Águas pensa em José Águas, o Pai. O bicampeão europeu homenageado pelo filho com a melhor forma que um filho pode homenagear o Pai: repetindo-lhe os feitos. 20 anos depois, o Benfica estava outra vez numa final da Taça dos Clubes Campeões Europeus.

O melhor 10 que vi jogar.


O melhor MÉDIO-DIREITO que vi jogar.


sexta-feira, 16 de novembro de 2018

QUEM É JOSÉ MANUEL ANTUNES, O CROQUETE QUE INSULTA OS BENFIQUISTAS NA BTV?


José Manuel Antunes é um ex-lacaio de Vale e Azevedo que, quando quase todos os Vice se demitiram, ascendeu à Vice-Presidência e por lá se manteve até ao fim, sendo um dos principais responsáveis pela quase extinção do Glorioso Sport Lisboa e Benfica.

Hoje é lambe-cus de Vieira e insulta os benfiquistas em directo na BTV. Fica um cheirinho de quem é esta deprimente figura:

 https://arquivos.rtp.pt/conteudos/declaracoes-de-jose-manuel-antunes/

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

O Treinador Rui Vitória

Um treinador de futebol é muito mas também mais que aquilo que faz no treino.

A sua imagem fica mais condicionada pelas decisões que toma nos jogos do que pela trabalho que desenvolve longe dos olhares dos adeptos.
Normalmente as discussões em seu torno rondam muito à volta das tácticas, dos titulares e das substituições.

Numa altura em que se fala tanto sobre o actual treinador do Benfica de forma tão critica e empolgada, achei por bem dar um passo atrás e analisar o seu desempenho no Benfica de forma mais serena e metodológica. 

Não vou olhar a resultados nem a conquistas. Não vou argumentar que ele é bom porque já ganhou nem que é mau porque está a perder. Quando ganhava e agora que perde, é o mesmo treinador, com as mesmas ideias e o mesmo método.
Não irei olhar a estatitisticas porque a sua viabilidade depende sempre de quem as maneja e de intenções de perspectiva. Tentarei olhar para o que precede os números.

Vou considerar que existem 8 vertentes da responsabilidade de um treinador:

- Comunicação: Externa e Interna
- Construção do plantel
- Ideia de jogo
- Modelo táctico
- Treino colectivo
- Treino individual
- Convocatória e escolha dos titulares
- Leitura do jogo e substituições.

O primeiro pecado do treinador do Benfica é logo na comunicação. Nem vale a pena alongar-me muito neste aspecto. Para dentro e para fora é um discurso baseado em chavões de auto-ajuda. Peca pela ausência de conteúdo, pela superficialidade de um discurso linear que nada acrescenta. É um discurso que encaixa bem na primeira impressão mas que cansa quando não evolui, quando não passa daquilo. Não acrescenta nada.

E perante maus resultados a comunicação do treinador Rui Vitória piora porque a esta junta-se um discurso de desculpabilização que varia entre as arbitragens e o factor sorte.
É do mais básico e desinteressante que podemos encontrar.

Um discurso que não funciona no médio e longo prazo em alta competitividade. É indesmentível que Rui Vitória proporciona um bom ambiente de trabalho para os jogadores e para o balneário. Rui Vitória leva ao seio do grupo um bem-estar óbvio. Mas isto é pouco. Até a descontracção contrai. Até a pouca pressão pressiona. Até o não incómodo incomoda. Porque os jogadores necessitam de muito mais. Liderança acima de amizade.

Quanto à construção do plantel também não há necessidade de queimar muitas linhas.
O actual treinador do Benfica parece acomodado a que esta seja feita pelos dirigentes do clube.
Orienta o plantel que o clube lhe disponibilizar. Um romantismo que em nada beneficia a sua posição de liderança, a sua condição de Treinador.

No que respeita a modelos tácticos já me posso alongar mais.

Apesar de dois anos a jogar em 4-4-2 o modelo deste treinador é o 4-3-3 que actualmente utiliza.
Chegou a um Benfica que jogava com 2 homens no centro do terreno, dois alas e dois avançados. Um 4-4-2 que se desdobrava num rápido 4-2-4. Tentou implementar o seu modelo, onde reforçava o meio-campo abdicando de um avançado e solidificando um puro 4-3-3 com dois alas bem abertos. Não resultou. Não conseguiu fazer a mudança.
Acabou por ceder à fórmula antiga e deu aos jogadores o prazer da familiaridade.
Já no decorrer da terceira época, com as fragilidades defensivas cada vez mais incomportáveis, recorreu ao 4-3-3, o seu 4-3-3.

Com Rui Vitória este é um sistema táctico claramente mais defensivo. A opção pelos três médios não é em prol de um maior controlo da bola a meio-campo para uma mais curta e elaborada construção de jogo. No seu 4-3-3 o terceiro médio surge para um maior preenchimento dos espaços no jogo sem bola. Uma tentativa de um acrescido equilíbrio no momento de defender.

4 defesas - 3 médios centro - 2 alas de rasgo - um ponta de lança. Portanto tenta povoar a zona de recuperação para rapidamente lançar os velocistas enquanto o ponta de lança prende os defesas adversários e procura zonas de finalização.

É no seguimento da análise táctica que sou obrigado a entrar na análise à Ideia de jogo.

Rui Vitória tem uma ideia de jogo. Contudo é tão arcaica, tão desinteressante e tão básica, que a este nível parece ser quase inexistente.
Reduz-se à capacidade de luta dos jogadores. Queimar linhas com passes longos e tentando ganhar as segundas bolas em zonas do terreno que deixam a defesa adversária em desequilíbrio.

A ideia de jogo deste treinador passa por defender com muitos, recuperar a bola e colocar rapidamente na zona defensiva do adversário.
Assim tem tendência por optar por um ponta de lança forte capaz receber os lançamentos longos e por dois extremos velozes que usem essa velocidade para rapidamente se aproximarem da defesa adversária, seja para recuperarem as segundas bolas, para pressionarem o receptor da bola ou para a receberem do ponta de lança.
Queima-se linhas com os passes longos, queima-se linhas com velocidade e fintas dos alas, e tenta-se ganhar a bola no terço ofensivo para surgirem os desequilíbrios.

Este é uma ideia de jogo muito britânica - Kick and Rush. Contudo em estado muito primitivo e introduzido num contexto - clube Grande e futebol português - onde não corresponde às expectativas e exigências do clube.
Estamos a falar de um campeonato onde normalmente os defesas estão bem posicionados nos jogos com os Grandes. Estamos a falar de uma equipa com jogadores de qualidade técnica desaproveitada em prol da sua capacidade física.
Daí a constatação que o treinador Rui Vitória coloca as suas equipas a praticar um futebol de clube não-grande.

Qualquer Modelo Táctico e  Ideia de Jogo nascem e crescem no Treino.

Para mim é nesta vertente que encontramos a pior face deste treinador.
Há uma táctica, há uma ideia de jogo, há uma preferência pelas características dos jogadores, mas não existe um trabalho que faça tudo encaixar e fluir.

O treino tem a sua vertente física, táctica e técnica.
Sim, os jogadores do Benfica são fisicamente capazes. Sim, os jogadores do Benfica sabem os seus lugares no terreno de jogo. Não, os jogadores do Benfica não estão integrados num processo de jogo.

O jogo é o reflexo dos treinos, resulta do trabalho diário da equipa.

Para a análise irei dividir os momentos do jogo em 4: Com bola em fase defensiva; Com bola em fase ofensiva; Sem bola em fase defensiva; Sem bola em fase ofensiva.

Em todos estes momentos notamos carência de treino.

No momentos defensivos é recorrente o recurso ao "alivio". Muitas vezes mais por necessidade do que por convicção.
Esta necessidade aparece da ausência de linhas de passe. Não há movimentos dos médios que proporcionem soluções de passe ao defesa com a bola. O centro do terreno é constantemente um vazio de atletas de encarnado.
Daí advém não só o bombardeamento de bolas para o avançado como também a constante lateralização de jogo.

Também no momento ofensivo existe esta carência de linhas de passe na zona central. Lateralização e cruzamentos.
Há um fosso no centro do terreno que não é explorado. Só Jonas vai contrariando esta tendência e sem progressão pelo centro, os desequilíbrios ficam dependentes da criatividade e velocidade individual pela linha - Rafa e Salvio.

Contudo, desde o primeiro jogo oficial de Rui Vitória no Benfica, é o desempenho sem bola que mais me preocupa.

Na reacção à perda de bola temos a pressão do avançado e da velocidade dos alas. Só que assim que o adversário contorna esse primeiro momento a equipa entra imediatamente em contenção. É neste momento que entra a minha maior critica ao trabalho do treinador Rui Vitória.
O mesmo vazio central que existe com bola mantém-se quando a equipa se encontra sem ela. É nesse espaço que os adversários encontram tempo para receberem a bola, furarem as nossas linhas, pensarem e executarem já de frente para para a nossa linha mais defensiva.

Por isso com este treinador apesar de defendermos com muitos defendemos muito mal.
Os jogadores assumem as suas posições em blocos defensivos lentos e desligados. O bloco de médios aproxima-se da zona da bola, os defesas mantêm o bloco e o fosso entre sectores aumenta.

Após a linha avançada ser batida na pressão inicial, a qual é exercida sem a cumplicidade dos restantes sectores, basta um passe para bater a linha de médios, um passe central para a zona deserta entre estes e os defesas. Sem apoio próximo e sem exercer pressão, o último sector defensivo vai recuando em contenção, aumentando o fosso entre sectores, e permitindo que os avançados adversários se aproximem quase sem oposição da nossa área, imediatamente farejando as zonas de finalização.

Ao defendemos com muitos mas com os blocos tão distantes, em contenção sem pressão e recuando à necessidade de se defender sobrelotando as zonas de finalização, evidencia-se a ausência da intensidade de treino.

O que vamos sabendo e aquilo que observamos nos relvados em dia de jogo, mostra-nos uma enorme passividade desta equipa técnica na preparação e condução dos treinos.
Exercícios básicos onde não se explora a capacidade dos jogadores em reagir em espaços curtos, onde não se explora os posicionamentos defensivos e as devidas compensações. O desposicionamento defensivo nas nossas laterais é uma simples consequência de tudo isto.

Com Rui Vitória percebemos um treino descontraído, onde os jogadores formam duas equipas que disputam um jogo-treino sem rigor táctico, sem exigência, sem aquelas constantes interrupções e correcções. Sem intensidade técnica.

E quando o treino colectivo tem estas lacunas o treino individual não tem como ser muito diferente. Se os jogadores não são levados ao limite, não são moldados. Não são pressionados a evoluir.

Nestes quase 3 anos e meio de Benfica é raro o jogador no qual vemos o dedo de Rui Vitória.
Há o lançamento de vários jogadores da Formação do clube mas pouca evolução. Os miúdos crescem aquilo que os minutos de jogos os obrigam, melhoram mas não se desenvolvem. No que respeita às dezenas de jogadores contratados em nenhum vimos o seu potencial ser aproveitado e exponenciado. Os jogadores não evoluem nas suas capacidades nem se afirmam para voos superiores.

Em mais de 3 anos só conto 4 jogadores a contrariar este desperdício: Ederson, Semedo, Lindelof e Guedes.
Ainda assim só o Semedo me parece ter evoluído no treino deste treinador.

É muito muito pouco. 
Temos um poço de talento desejoso de ser lapidado para o estrelato mas correntemente estagnado no tempo.

Por fim temos a questão da escolha dos jogadores - Convocatória, titulares e substituições.

Um treinador deve optar pelos jogadores consoante uma conjugação da sua ideia de jogo com os desempenhos destes.

Esta não será uma análise segundo às minhas preferências. Assim não irei abordar a qualidade das escolhas mas sim a sua incoerências.

Rui Vitória fomenta um inexplicável carrossel da titularidade à bancada.
Tem sido frequente ver um jogador ser aposta e imediatamente deixar de o ser. Entra, não brilha e fica fora das próximas opções. Isto evidencia uma aposta não sustentada nas características do jogador nem naquilo que o treinador idealiza para a equipa.
E enquanto temos jogadores que não têm a oportunidade da continuidade, temos outros que se mantém na titularidade indiferentes às suas prestações. A uns exige-se o brilho no curto período que lhes é concedido, a outro exige-se que estejam simplesmente presentes.

É de louvar o lançamento de miúdos da formação. E nos primeiros tempos era de elogiar o modo como gerias as suas exibições e afirmações. Não poucas vezes vimos um suplente ser chamado, corresponder e manter a confiança do treinador mesmo depois do anterior titular ter recuperado. Aqui fomentava um espirito de grupo muito forte com um grande sentido de competitividade entre os jogadores. Qualquer membro do plantel sabia que dependeria só de si fazer futuras oportunidades valerem a pena. Uma equipa onde imprescindíveis eram aqueles que rendiam. Outros tempos.

Neste contexto de convocatórias considero que o mais criticável em Rui Vitória é quando notamos que as suas indecisões de escolha variam com os resultados e não com as características dos jogadores. A escolha do 11 não é muitas vezes desconexa daquilo que pede aos jogadores. Que estilo de avançado é mais favorável ao treinador? E de médios? E de guarda-redes? Com Rui Vitória a resposta parece sempre depender dos nomes presentes em momentos de vitória. 

E nada muda quando abordamos o seu papel no momento das substituições. Mais uma vez roçamos o termo "banalidade".

O que esperamos de um técnico no decorrer de uma partida? Alguém que leia o jogo e que mexa neste consoante aquilo que deseja a cada momento da sua progressão.
O treinador Rui Vitória parece abdicar do rasgo técnico-táctico, da iluminação, da abordagem e reacção a um momento especifico do jogo. Não o vemos agarrar o jogo e modificá-lo à sua vontade, contrariando ou reforçando a sua tendência.

O que vemos? Um conjunto de soluções previamente concebidas nos minutos previamente definidos.
Se a equipa tem de marcar faz substituições linearmente ofensivas. Se a equipa tem de defender então faz substituições linearmente defensivas. Se for para manter a toada então faz a chamada troca "jogador por jogador".
Com resultados negativos é aberrante a forma como perde o controlo do jogo por decidir encher o relvado de avançados.

Esta é a minha análise geral ao trabalho do Rui Vitória. E é nela que entendo o que constantemente vemos em campo. Muito além da escolha do 11 titular e da entrega e determinação dos jogadores.

É a vertente técnica do técnico Rui Vitória que me faz tremer sempre que marcamos um golo. Ao longo de 3 anos e meio já é habitual vermos um Benfica a entrar em força nos jogos, para cima do adversário, a tentar cheio de moral chegar ao golo. Mas isto aparenta surgir sempre da superior qualidade dos jogadores e da força da camisola que envergam.

Um "Vamos para cima deles" que se vai esvaziando com os minutos. E logo vemos os adversários assentar o seu jogo colocando em cheque todas as nossas fragilidades.
É recorrente vermos esse esforço inicial esvaziar-se assim que conseguimos um golo. O alivio da vantagem expõe-nos ao adversário como um reflexo de um modelo de jogo muito pautado pela emoção.

Rui Vitória é um treinador que não evolui e não faz evoluir. É um treinador que não acrescenta à voz do benfiquismo. É um treinador de fracas ideias e metodologias.

Para os voos que o clube ambiciona, para a exigência de um futebol dominador, elegante e criativo que tem de existir neste nosso Benfica, é claramente um treinador insuficiente.

Um treinador Insuficiente.