Mostrar mensagens com a etiqueta religião. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta religião. Mostrar todas as mensagens

domingo, 13 de julho de 2014

Brasil 2014 - Uma canarinha sem cérebro (só rezas e amuletos)


Entre as meias-finais e o jogo do 3º lugar (um jogo que devia simplesmente desaparecer), o Brasil levou 10-1. O futebol tal como a vida não depende de fé e crenças religiosas, mas de inteligência, lógica e trabalho.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Doente pela vida e pela morte

A facilidade com que se engavetam preconceitos continua a fascinar-me. O recorrente numa sociedade podre como a nossa é inundar o desporto - sejamos sérios: o futebol - de conceitos fundamentalistas por parte de gente que ou não entende o fenómeno ou tem dele uma visão distorcida, ignorante e não raras vezes maldosa. 

 Há os que acham que ser intelectual é, além de ler umas coisas do Russell ou passar os olhos por umas páginas do Proust, dizer mal do futebol. Que é para selvagens, bestas, mentecaptos mentais. Sentam-se de perna cruzada, o cigarrinho em riste para o tecto na mão de pulso bamboleante num bar cool em Lisboa e dissertam juntos sobre a felicidade que é não pertencer a essa horda de desordeiros. Dissertam sobre um assunto que não entendem, não querem entender e fazem de tudo para que ninguém lhes apareça à frente com uma explicação. Sentam-se de costas para o mundo e são felizes. Ah, o engano doce da ignorância. 

 Como em tudo, resumir fenómenos a umas linhas boçais de preconceito é próprio de gente pequena. Matéria solta e inútil que não faz avançar nem o mundo nem as pessoas que o compõem. Seria, no entanto, menos perigoso se a generalidade deste tipo de preconceito se mantivesse apenas no lugar de uma crítica bronca e não - como tantas e tantas vezes acontece - extravasasse para outras fronteiras. Em especial, a religiosa. 

 Ler e ouvir alguns dos inquisidores supremos ao futebol defender, por vias - julgam eles - encapotadas, ideias tão bizarras como a de que a morte deve ser um processo natural, não forçado, sujeita à vontade do Senhor; ouvi-los ou lê-los dissertando, com ar muito sério!, sobre o egoísmo dos que preferem acabar com a vida, é um resumo claro e inequívoco da verdadeira falta de noção humanista que têm. Refugiam-se em conceitos bacocos, lançados por uma Religião que anda a fazer de fiscal da existência há milhares de anos, para no fim gloriosamente concluírem que as pessoas que querem morrer (caramba, que heresia!) nem merecem morrer nem merecem viver porque querem morrer. 

 Sou adepto de futebol, daqueles doentes. Doente pelo meu clube, pelo estádio, pelos amigos, pela festa, pelo desporto. Sou doente pela vida e hei-de ser, se chegar a um ponto de desgaste inultrapassável, doente pela morte. E, nessa altura, quererei junto de mim os meus amigos doentes por futebol. Porque eles sabem melhor do que os outros - os devotos à causa imaginária - que a vida e a morte se confundem todas as semanas num jogo de 90 minutos. E sabem perceber que a morte é uma escolha, não é nenhuma afronta, egoísmo ou falta de amor pela vida.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Passámos da ciência à religião em menos de um Licá.

E agora? Agora resta crer. Mais do querer, resta crer. 

Não devia ter sido assim, não podia ter sido assim. Ao Benfica bastava ganhar, EM CASA, a Estoril e Moreirense para ser campeão. Leiam a frase outra vez, releiam. Sim, bastava isto. E o que fez o Benfica de Jesus? Aquilo que tem sido normal no Benfica de Jesus: falhou no momento crucial. Porquê? Bem, acho que as explicações já aqui foram dadas muitas vezes. Quem vê, vê; quem não vê, passará sempre o tempo a crer. E faz bem. Porque, de facto, é mesmo o que resta. Eu prefiro sempre a ciência à religião - não me levem a mal.

E agora? Bem, agora, além de restar crer, resta outra coisa: um desafio. Dos grandes. Há quem ache que defende o benfiquismo dizendo: "e agora, qual o problema? Vamos ao Dragão e saímos de lá campeões!!!!!", assim com muitos pontos de exclamação para todos verem o benfiquismo exacerbado, o verdadeiro, o impoluto, o fundamental benfiquismo. O melhor benfiquismo, porque para estas pessoas, mais do que a ciência, é a religião que as move. E é bonito e é sentido e é giro, mas é mais arriscado, mais difícil, menos competente. Releiam outra vez: bastava termos ganho, NA LUZ, a Estoril e Moreirense para sermos campeões. Se podíamos ter tido isto, porquê forçarmo-nos a um jogo de alto risco? Se tínhamos 95 por cento de possibilidades de sermos campeões há 24 horas, por que filha da puta de razão é que agora temos 20 ou 30? "Ah 20 ou 30, tu não és benfiquista!!!!!!!!!!!", assim como muitos pontos de exclamação porque toda a gente sabe que a exclamação está directamente relacionada com o nível de benfiquismo. Quem não coloca as coisas assim nestes termos, nestes pontos de exclamação que exclamam muito!!!!! MAS MUITO MUITO! COM CAPS LOCK E TUDO!!!!!!!!!!!!!!!!, é porque é mau benfiquista.

20 ou 30 por cento, claro. Porque o jogo é no Dragão - e eles têm muitos defeitos mas também grandes virtudes: principalmente a mentalidade vencedora; é por isso que eles vêm ganhar mais vezes à Luz do que nós vamos ganhar ao Porto -, porque esta equipa geralmente vacila nas alturas cruciais - ontem foi só mais um episódio -, porque o Benfica tem uma final europeia quatro dias depois, porque, porque, porque.

«Mas, Ricardo, ainda temos 20 ou 30 por cento»? Sim, companheiros, ainda temos. Agora resta crer. E aqui o científico vai comprar um fiozinho com a Nossa Senhora, vai comer uma hóstia, vai beber vinho e, para finalizar, vai apanhar o comboio para o Dragão. Até os cépticos, quando já nada mais podem fazer, têm de ir atrás da crença. Juntemo-nos, então, todos numa grande festa celestial. E, se Deus quiser, seremos campeões.