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domingo, 14 de outubro de 2012

Marinho Neves não compreende. Nós também não.

«Confesso que não entendi: O que fazia José Eduardo Moniz, assumido benfiquista, no apoio à candidatura de Luís Filipe Vieira à presidência do Benfica, como não entendi a presença de João Rodrigues, um benfiquista não tão assumido. O primeiro é unha com carne com Joaquim Oliveira e isso poderá querer dizer que o problema das transmissões directas dos jogos a partir de 2013 já está resolvido. O segundo é quase um escândalo, pois como todos sabemos foi ele quem comandou o lobby na UEFA e FIFA que anulou o castigo ao FC Porto após o caso de corrupção "Apito Dourado". 

Posso ainda acrescentar que em 1999, no programa "Donos da Bola", na SIC, denunciei que a Olivedesportos tinha pago férias a Moniz e sua mulher em Pipa e Nova Iorque. A PJ investigou a situação e eu tive um processo que o MP mandou arquivar. O MP arquivou o processo porque Moniz disse que tinha pago com um cheque que nunca apareceu na contabilidade da Olivedesportos. 

Não coloco aqui em causa a honestidade de seja quem for, coloco é sim o principio básico da libertação de uma vez por todas do Benfica ao sistema de onde não retira qualquer proveito. Não conheço a lista de Rangel e do homem, só sei que é juiz. Só falo do que sei e tenho provas em mão.»
Marinho Neves.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Olivedesportos - sim ou não? E porquê?

O leitor Bicadas quer relançar esta questão, num momento crucial para o futuro do Benfica. As eleições estão próximas, mas ainda não chegámos ao final de Fevereiro de 2012 - prazo que Luís Filipe Vieira prometeu ser a data-limite para a decisão do Benfica sobre este assunto. Se algo foi decidido, nada foi dito aos sócios do Benfica - como é costume. Se não foi, é só mais uma mentira - como também é costume. 

Deixo o comentário do Bicadas para lançar o debate:

«Assunto: direitos televisivos;

Facto: a Olivedesportos está a negociar a reestruturação de participações cruzadas, simultaneamente com ZON e PT.

Interpretação de RGS: a Olivedesportos está a tentar cercar o Benfica, deixando-o sem “canais de distribuição para o seu produto”.

Minha interpretação: muito provavelmente RGS está certo. Haverá uma remota possibilidade de a Olivedesportos passar por dificuldades financeiras e haver conversão de créditos em capital, ou seja, a PT e ZON apoderam-se de, pelo menos, parte da empresa – não estou por dentro das contas da Olivedesportos e agora não tenho tempo para as analisar.

Facto: RGS deixou passar a ideia de que brevemente se anunciará a decisão sobre a matéria, “que já reúne consenso na administração da SAD” e que esta decisão passará pelo rompimento com a Olivedesportos e que o “Benfica seguirá o seu próprio caminho”.

Minha interpretação: discurso nitidamente eleitoralista mas que tem consequências. O “consenso alcançado na administração da SAD” quer dizer: DSO aceitou. Poder-se-á pensar que LFV apenas anuncia isto para ganhar as eleições e depois renova. Não é assim tão simples. Para mim, o principal traço de personalidade de LFV é a teimosia. Tentará, pelo menos, prolongar a questão até ao final da época e muito dificilmente, no actual panorama económico, conseguirá, sequer, alimentar uma ilusão de ameaça negocial. Temo que cheguemos ao fim do processo sem força, tampouco, para exigir os mesmos valores que o sporting actualmente recebe (mesmo assim, o dobro do que recebemos).

Ricardo, sei bem que por ti, tal como para 99% dos Benfiquistas e como disse ontem o RGS, se preferiria receber zero do que renovar com a Olivedesportos.

No entanto estou habituado a lidar com números e sei que cedo ou tarde eles acabam por se impor.

Esta matéria é de extrema importância e é, hoje, o principal obstáculo, se não a que o Benfica assuma maior relevo no futebol europeu (que para isso faltariam melhores condições de outro âmbito), pelo menos a que disponha de meios para tal.

Evidentemente não vou tentar mudar a tua opinião ou seja a de quem for. No entanto, gostaria que relançasses o debate, o que penso que ajudaria a que se ganhasse mais alguma consciência sobre as opções que se tomam, e é só isso que se pode, democraticamente, exigir.»


O debate está lançado. E, por favor, aos que apoiam a Direcção e aos que a criticam, peço elevação, inteligência e capacidade de discutir o clube sem as usuais ofensas. Pode parecer que não, mas é possível debatermos o Benfica sem radicalismos de trincheiras.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Estamos Xistrados

Na Federação Portuguesa de Futebol, liderada por uma nova equipa de excelsos defensores da verdade desportiva - equipa essa que mereceu da parte do Benfica um "apoio inequívoco" -, promove-se a manutenção de um certo romantismo do passado. 

Ainda há lugar ao lirismo e à preservação das tradições seculares - as conversas de bastidores, as tricas, as zangas, os telefonemas obscuros, as ligações suspeitas, as idas à Madalena receber notáveis conselhos matrimoniais do pintinho das bufas, os pagamentos a árbitros, as dádivas solidárias e generosas de belíssimas viagens ao Brasil, as acções sob o jugo do homem do robe (de quem também somos muito amigos) fazem parte de uma herança rica e fundamental na historiografia do futebol português. Importa, por isso, mantê-los e, se possível, aumentar a teia de influências numa perspectiva universal - caramba, somos todos gente de bem, amemos o próximo como a nós mesmos.

Digamos assim: Fernando Gomes pulou da cadeira da Liga no Porto, de onde saiu abdicando do cargo para que fora eleito por gente que em nele acreditou (como nós acreditámos e voltámos a acreditar agora), para a cadeira da Federação em Lisboa mas a essência, o âmago da ideologia, mantém-se: por um futebol limpo de quaisquer impurezas. 

Isto diz-nos o próprio Gomes - que nunca foi ouvido em escutas e muito menos foi sabido que era responsável pelos pagamentos e outras oferendas a dignos representantes da Lei deste país, para além de essa execrável ignomínia lançada por gente de parcos recursos ao nível da sensibilidade e formação moral que dava conta de ser Gomes apenas e só um fantoche nas mãos do senhor do robe (de quem somos, ressalve-se, muito amigos) - e dizem-nos outros agentes da luta pela verdade desportiva, incluindo o nosso Presidente que, com o seu "inequívoco apoio", garante aos benfiquistas que - tenhamos todos calma e muita paciência - há obra a ser feita, agora é esperar para ver.

E, de facto, não podia ter sido mais clarificador da obra que se encontra em marcha esta última nomeação para o jogo de Guimarães. Foi quase de lágrimas nos olhos que assisti ao nome do árbitro do encontro de Segunda-Feira, de tal forma ele me emociona só de pensar nas exibições de grande monta que este juiz efectua, ano a ano, jogo a jogo, sempre de uma imparcialidade e uma ausência de anti-benfiquismo - fossem todos como ele e este futebol já teria uma cara mais limpa, acreditem no que vos digo. 

Temos de ser justos: não concordámos com o apoio do nosso líder, duvidámos das intenções deste ex-administrador da Sad do Porto, criticámo-lo, explicámos as nossas discordâncias e expusemos novos pontos de vista mas, chegados aqui, a este momento em que nos apercebemos de que as tradições ainda são o que eram e que está chegado o instante que já é uma das atracções do ano futebolístico - o chamado «Xistrema ataca em força em jogo de crucial importância, não vão estes gajos ganhar mesmo isto» - não só nos curvamos perante a defesa intransigente do Benfica por parte do nosso grande Presidente como até estamos dispostos a aceitar as novas ordens vindas das crónicas do jornal do clube e até de gente que há uns tempos dizia raios e coriscos de uns e outros e que hoje parece ler na Olivedesportos e seu tiranito a bíblia do que deve ser palavra, ordem e lei. 

Carlos Xistra é, acima de tudo, um entertainer, um bom rapazola, um espertalhaço. Traz emoção ao campeonato, adora o equilíbrio de forças, aquela contenda rasgadinha até mesmo ao finalzinho da última jornada - é, no fundo, um romântico daqueles que já quase não existem. Mas isto se for o Benfica a ir na frente. Se for outro clube - e não vamos agora estar aqui a nomear clubes e a criar teorias da conspiração, afinal sabemos perfeitamente que o futebol lusitano está limpo de toda essa miséria que o atormentou no passado -, Xistra gosta é de resolver logo as coisas para que, enfim, compreendamos, as equipas portuguesas se deixem de fitas e cansaços desnecessários e possam ir às finais e meias-finais europeias. 

Quem não se lembra desse acto profundamente altruísta de Xistra no ano passado, em que, toldado pela nobre ideia de resolver as contas do campeonato e assim poder devolver à Liga Europa Benfica, Porto e Braga em excelentes condições de a disputarem até ao fim - o que acabou por ser feito, com notável mérito -, Carlos fez uma das suas mais brilhantes actuações, atingindo a euforia e o generalizado regozijo quando decide expulsar Javi Garcia por este ter sido empurrado por Alan. Bravo, Carlitos, bravo! A multidão empolgou-se, finalmente um árbitro com princípios e valores acima de quaisquer suspeitas. O futebol português orgulhosamente agradeceu. 

E ainda hoje há quem peça encarecidamente a Fernando Gomes que, mais dia menos dia, Xistra volte a arbitrar o Benfica, especialmente agora, dizem, que o campeonato parece estar muito monótono. É altura de agitar as águas, dizem vozes obscuras em telefonemas parecidos com outros que também existem, toda a gente pôde ouvi-los, toda a gente pôde saber que os ouviu e que eles são de facto reais mas que os juizes têm de fingir que não sabem nem nunca ouviram falar em tais coisas. Um pouco como o marido que, em vez de ir ao quarto, prefere levantar o som da televisão para que o gajo que está na cama a comer-lhe a mulher não se chateie e ainda o venha sovar a ele - isto tudo num ambiente de verdade desportiva, esclareça-se de vez para que não haja enganos.

E então Gomes, nosso querido amigo, antigo pagador de oferendas e dádivas mil, hoje vassalo do outro nosso grande amigo que, diz o jornal do Benfica, é uma personagem que não oferece qualquer espaço para dúvidas - um empresário de valia, que apenas quer investir e garantir lucro e nada, mas nada mesmo, juro-vos, para além disso -, tratou do assunto, levantando-se muito enérgico da cadeira, depois de ter fugido da outra: "ponha-se Xistra no jogo do Benfica!", "Este é jogo para Xistra!", "Xistra, amigo, apita com alma!", e várias outras frases que, em catadupa, foi fazendo, registando até a notável inspiração num caderninho que mantinha sempre no bolso do casaco, para estes momentos em que a vida o iluminava e o amparava no seu leito de transcendência. 

Estamos Xistrados.





quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Em vez da estátua do Eusébio, que tal a inscrição "Arbeit macht frei"?





Tenho lido por aí que a entrevista de Vieira foi vazia de conteúdo, que o Presidente do Benfica se defendeu, chutou para canto e não disse nada. Permitam-me que discorde. Vieira disse muita coisa, directa e indirectamente. Aceito a opinião que defende que Vieira está mais polido - é verdade, já não diz o que lhe vem à cabeça, agora leva tudo estudado. O que pode ser problemático porque, se antes dávamos o benefício da dúvida às coisas absurdas que dizia, hoje sabemos que tudo o que diz tem um pensamento e uma ideologia como base. E, tendo em conta o que disse, é coisa para não me deixar nada tranquilo. Vejamos então o que disse o grande líder:

- Rui Costa - não manda nada mas está ao seu lado. Mas tem alguma influência no Benfica? Não, quem manda é ele. Então o que está Rui Costa a fazer no Benfica? Vieira não consegue explicar, não sabe explicar e não quer explicar. É compreensível: Vieira não vai dizer aos benfiquista que Rui Costa está, neste momento, amarrado a um posto que não lhe dá liberdade para agir directamente pelo clube nem sequer o potencia como possível futuro candidato à Presidência. Isto porque Vieira alterou os estatutos há uns anos, quando nem sequer quis ir a votos com outros candidatos. Mas Rui Costa tem culpa nisto. Se está amarrado, desamarre-se. Se lá se mantém e não bota faladura, lá saberá as linhas com que se cose. Sabendo que, quanto mais se mantiver atrelado a Vieira, menos hipóteses terá de vir a ser uma figura de destaque no futuro. É que, um dia, as pessoas vão ver o que Vieira vai deixar de pé no clube. E vão ficar chateadas, muito chateadas. Por ora, desfrutemos da paz dos anjos. 

- Enzo Pérez - Interessante o momento da doença da mãe do rapaz. Não ponho em causa, acho curiosa a coincidência. Mas pode, de facto, ser apenas isso, uma coincidência. Só que mães adoentadas de jogadores há algumas e os jogadores mantêm-se ao serviço do clube. Este, por aquilo que nos fez, não devia beneficiar de qualquer privilégio. Ver a mãe, sem dúvida, ficar uns dias, sem dúvida; não arranjem é forma de atirar o homem para a Argentina por 6 meses. Nesse caso, estaremos certos do que sempre esteve em causa. E serão mais 5,5 milhões de euros a juntar aos 30 e tal milhões que estão enterrados em jogadores emprestados. É a crise, dizem. Mas no Benfica não parece haver falta de dinheiro. A não ser quando há que justificar medidas que vão no sentido oposto ao que foi sendo dito anos a fio. Alguém consegue ainda perceber isto? Concordar com isto? Não criticar isto? Digam-me como se faz, se puderem, que eu preciso de dormir mais descansado.

- O Mandato desportivo - A 26 de Junho de 2009, Vieira falava aos crentes assim:  

“Falta-nos conquistar títulos. Posso garantir que este mandato será para fazer obra nisso. Temos serenidade para investir no nosso ‘core business’ e ganhar não um, mas dois ou três campeonatos seguidos” 

E, de facto, o primeiro ano correu como prometido. Um campeonato, futebol de excelência, público empolgado, o Benfica estava de volta. Mas... estava? Não, bastou vencer um troféu 5 anos depois para recomeçar o disparate e a bazófia. Verteram-se entrevistas megalómanas, Jesus e Vieira, os dois de mãos dadas na imbecilidade, prometeram mundos e fundos, informaram o país de que o Benfica estava para ficar. Resultado: uma Taça da Liga, humilhações contra o Porto em todas as competições, incluindo nesse manjar um campeonato perdido em casa e uma meia-final da Taça depois de termos ido vencer por 2-0 ao Dragão. Afinal, o mandato desportivo não era para "dois ou três campeonatos seguidos", era para um e a masturbação consequente. 

Vieira, então, veio a terreiro: "tenho a culpa, cometi erros", frase pela primeira vez ouvida ao sujeito embora o sujeito tenha andado a cometer erros desde que pôs os pés no Benfica. Mas os benfiquistas são corações amolecidos (pelo tempo e pelas tristezas) e acreditaram no líder. E ele vem hoje, mais uma vez de peito aberto, assumir o que esteve mal: "fui eu! tive a culpa", embora tenha deixado no ar a ideia de que o que mudou da época passada para esta foi Rui Costa e o que fazia/faz no Benfica. Foi assim um daqueles "mea culpa" que soa a coisa falsa: "sim, falhei, mas" que é aquele "mas" que, em filosofia, se estuda como o elemento apenas apaziguador na discussão para depois ferir de morte o oponente. 

Recapitulemos: este é o mandato desportivo de Vieira, disse-nos ele há 3 anos, apesar de no ano passado termos tido das épocas mais humilhantes de que há memória, mesmo que a equipa, sejamos justos, nem sempre tenha estado mal - teve até momentos de brilhantismo. Mas lá está: ao brilhantismo desportivo, correspondia sempre a cagança no discurso e nas acções. Lá se foram os "dois ou três campeonatos seguidos" para a sarjeta. 
 
E este ano? Faremos melhor? Começaremos um ciclo (o 132º de Vieira)? Sim, mas com precaução. E Vieira explicou muito bem explicado o que pensa nesta entrevista:

«Não nos podem estar a julgar pelos resultados. Vejo o nosso trabalho por um todo. Os títulos são muito importantes para o clube, mas primeiro houve que construir uma base sólida, que tem vindo a ser construída ao longo destes anos"

Mas... não podemos julgar Vieira e a sua equipa de sportinguistas e portistas pelos resultados? Mas então... o mandato desportivo não tinha começado há 3 anos? Primeiro uma base sólida e depois então resultados? Há quantos anos ouvimos Vieira dizer estas mesmas palavrinhas, iguaizinhas, pequeninas? Anos a mais. Mas não para todos. Para 90 por cento de nós, Vieira está correcto na avaliação que faz e nas promessas que vende. São só 10 anos disto, caramba, não sejamos injustos, estamos ainda "em construção de uma base sólida". Até porque, diz o nosso líder hoje, «só agora começo a ter tempo para pensar exclusivamente no futebol». 

 Na Alemanha também foi assim. O Reichstag já foi queimado. A perseguição dos malvados comunistas já começou. Falta agora acabar com a concorrência interna. Ah não, isso já aconteceu com a mudança dos estatutos. A História, apesar de estar aberta, é de muito difícil interpretação.

 
- Olivedesportos - Não se coíbe Vieira de dizer que é amigo, muito amigo, de Joaquim Oliveira. Não sei a que propósito vem tal afirmação, mas deve ter razões profundas e compreensíveis. A mim, que não gosto da personagem (embora, pelos vistos, o homem seja afinal apenas e só um empresário, parem com essas insinuações sobre corrupção, se fazem o favor, que o Fialho não gosta nada disso), interessa-me mais saber o que vai o Benfica fazer em relação aos direitos televisivos. Vieira não confirmou nem desmentiu, disse "nim", embora tenha ficado no ar aquela politiqueira forma de dizer "sim", parecendo "não". Mas Vieira disse algo que estará neste momento a preocupar Luís Fialho: disse, e cito, "Com a Marca Benfica não há riscos", respondendo à hipótese de o clube não renegociar os direitos televisivos com a Olivedesportos. Afinal, como é que ficamos, ó Fialho? Então parece que a Olivedesportos não é a solução "inevitável", parece que há "marca sem riscos" para além disso. Estamos todos muito confusos. Ou então não. É que Vieira e a sua equipa de sportinguistas e portistas já nos habituaram ao longo dos anos a frases que se desmentem umas atrás das outras. Recuperemos o que dizia Soares Oliveira a 21 de Abril de 2010 sobre a necessidade de venda de jogadores:

«Do ponto de vista prático, com este último instrumento que fizemos aqui estamos tranquilos do ponto de vista de necessidades de tesouraria para os próximos anos.»

Hoje Vieira afirma, com todas as letrinhas, que a gestão do Benfica está pensada a contar com a venda de jogadores todas as épocas. Em matérias de maleabilidade da espinha, Luís Fialho tem ainda muito a aprender com estes homens. Mas acreditamos que, pelo caminho que leva, terá mais que tempo, espaço e lugar para atingir igual nível de filhadaputice.
 

E o mexilhão Benfica é que se fode.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Como era de esperar, o líder vai falar

Ali ao lado há uma sondagem. Melhor: houve uma sondagem, assim é que é - não quero de maneira nenhuma obrigar Rui Oliveira e Costa a mais um trago de uísque de Sacavém. Hoje, ali ao lado, há resultados. Simpáticos, diria. A maioria dos nossos empenhados leitores votou na solução mais inteligente - "Vieira aprendeu com os erros - só [falará] no final da época". 

O problema que se coloca diverge apenas na fonte da inteligência: dos leitores ou do Presidente? Somos forçados a optar pela primeira e a juntar-lhe uns pozinhos de esperança. Porque, na verdade, os que votaram nessa opção, mais do que uma crença, tinham fé. E a fé, como a História do Homem nos vem tragicamente revelando, normalmente acaba mal, em desespero. 

Quando hoje nos sentarmos em frente ao televisor, atentíssimos às incursões discursivas do líder, iremos balancear entre os elementos: crença, fé e, esperemos que não, desespero. Embora Vieira tenha um histórico estatístico negativo no que a entrevistas concerne, não se coibiu de achar o momento actual de uma oportunidade extraordinária para botar faladura. Afinal tudo se enquadra no instante perfeito e decisivo: 10 vitórias consecutivas da equipa de futebol, empolgamento generalizado, uma bondade crescente no coração dos adeptos e, acima de tudo, por estarem focados na possibilidade de uma época de grande nível, um conveniente desinteresse por parte dos benfiquistas em relação a outros assuntos, como dizer?, mais incómodos. 

Por tradição, sabemos que, sempre que Vieira decide falar ao povo, o Benfica mirra. Há-de ser um fenómeno ainda por estudar no futuro, quando nenhum de nós estiver sentado aqui neste globo e alguém, um lunático adorador de estatística (não és tu, Oliveira e Costa, tu és só parvo), se decida a elaborar um tratado histórico sobre a relação entre um Benfica perdedor e a bazófia do seu Presidente. Foi assim no passado, sê-lo-á hoje? Temos fé que não; acreditamos que sim.

As dúvidas sobre os assuntos tratados devem esvair-se rapidamente, logo que discorra a entrevista para o plano mais evidente. Vejamos, então, que espécie de coisas serão faladas (e as nossas pequenas dores à portuguesa): bom momento desportivo (queremos que fales apenas do óbvio, sem entrar nas vaidades típicas dos últimos anos); contrato com a Olivedesportos (vamos todos rezar para ouvir da tua boca que nada vai ser assinado e, se for, que haja a decência de escutar e informar os sócios); relação de forças com o poder vigente (por favor, não entres na hipocrisia do discurso contra a "verdade desportiva"; tu contribuis para que ela não exista).

Serão estas 3 e outras quais? Têm a palavra os leitores. Vale tudo menos tirar olhos - mas vale cortar orelhas.  


PS - O mal disto é que eu sou muito chato. Podia fazer como os gajos realmente inteligentes: liam estas merdas e cagavam, deixavam estes abutres entregues aos seus jogos de bastidores. Há muitos que admiro por esses blogues que é o que fazem: deixam-se estar no plano do texto benfiquista e não se metem em política. Compreendo-os mas há dentro de mim algo que não me deixa esquecer, não consigo, não posso. E é por isso que me lembrei de outra do Fialho, esta de 6 de Outubro de 2011 (Ó Fialho, esta não foi há 4 anos, Fialho, foi há 4 meses), em que ele escreve um post com o título: "O Benfica apoia, eu não!". Podem ir espreitar.

Ó Fialho, sabes quem patrocinou a ida do Nandinho para a Federação? Sabes a quem é que o Nandinho responde no final do dia? Sabes quem manda no Nandinho, sabes? Apetece-me dizer: Ó Fialho, vai pró... mas depois há crianças a ver isto. É melhor não.

Ainda a propósito da frase de Fialho ("E penso que é um serviço que estou a prestar ao clube (ainda para mais gratuitamente, e sem ninguém me ter pedido), procurar explicar isto a quem me lê"), lembrei-me de um pequeno poema de Mário-Henrique Leiria. E versa assim:

«Telefonaram-lhe para casa e perguntaram-lhe se estava em casa.
Foi então que deu pelo facto. Realmente tinha morrido havia já dezassete dias.
Por vezes as perguntas estúpidas são de extrema utilidade.»

sábado, 4 de fevereiro de 2012

O alucinado caso de Luís Fialho





Esta pequena novela à portuguesa começa em 2008, mais precisamente no dia 8 de Abril de 2008. A blogosfera benfiquista enlutava com mais um título ganho pelo Porto como quase sempre são os títulos ganhos pelo Porto: competência aliada ao favoritismo sistémico. Levantavam-se uns, outros choravam o azar, criticavam-se os árbitros, anunciavam-se novas medidas, despediam-se treinadores, escolhiam-se jogadores, enfim, o panorama normal e caótico do mundo dos blogues. Houve, no entanto, quem decidisse organizar detalhada e muito acertadamente toda uma resenha de acontecimentos sobre o futebol português para assim ficarmos todos a par das movimentações mais clandestinas que, por debaixo da realidade visível, iam acontecendo. E é aqui que chegamos ao nosso protagonista, de seu nome Luís Fialho.

Luís Fialho fez um trabalho notável - escreveu um tratado sobre as razões que levaram o Porto, de 88 a 2008, a um sucesso desportivo assinalável, não se coibindo, porém, de, entre elogios, expor de forma magistral toda a teia de ilegalidades, corrupções, obtusos compadrios, negócios obscuros, estranhas alianças, enfim, fez um raio-x perfeito do que foi (e é) o modus operandi do clube vergado a uma seita comandada pelo cacique e fanático Pinto da Costa.

Chamou-lhe, muito poeticamente, "Vinte anos de mentira de A a Z". E o povo agradeceu. Afinal, estavam ali enumerados todos os pecadilhos, pecados e pecadões que toda a gente via, de que toda a gente falava, de que toda a gente se queixava mas que ninguém tinha organizado de forma decente e burocrática. Fialho fê-lo, com a conduta e espírito de missão que compete aos resistentes, aos que querem que o Bem vença o Mal, que o derrote pela dignidade e pela honra, pelos princípios verdadeiramente morais. O povo, naturalmente, reagiu a preceito: elogiou o protagonista, falou sobre o caso, promoveu o assunto, que "sim, senhor, está muito bem dito!", que "já faltava uma enciclopédia da corrupção como esta", que "finalmente temos um escriba que, além de tácticas e notícias de jornais, faz serviço público", que "este sim, é o tal, o prometido, o Haile Selassie dos blogues do Benfica!". 

Foram, até à data, 288 comentários numa compreensível torrente de indignação e reserva dos valores mais altos, de uma exposição dos males e dos podres que levaram Luís Fialho ao justo patamar dos eternos. Dia após dia, semana após semana, ano após ano continuou Fialho a brindar-nos com escritos decentes, dignos e lúcidos, por vezes aproximando-se da actual direcção, outras, por convicções profundas, afastando-se em nome daquilo que sempre defendeu: a análise justa, imparcial, inteligente, independente, autónoma. Fialho concordou, Fialho discordou, Fialho abanou a cabeça, levantou o queixo, pôs-se a pensar mas nunca cometeu o erro do facilitismo. E é isso que faz de Fialho um herói para todos nós.

Recuperemos, a propósito de um tema recorrente e muito actual - a Olivedesportos e os direitos televisivos -, o que escreveu Luís Fialho sobre os irmãos Oliveira nesse notável texto de que falámos atrás. Sobre a letra "O", que, na sua extraordinária prosa, vem a seguir ao "N" de "Norte" e antes do "Q" de "Quinhentinhos", Fialho discorre assim:

«O de OLIVEIRAS – Juntamente com o irmão António, Joaquim Oliveira foi elemento determinante na consolidação do poder portista. Ainda hoje o clube da Luz tem as suas transmissões televisivas extremamente sub-avaliadas, face à popularidade e audiências de que desfruta. Faz-me alguma confusão Joaquim Oliveira ser accionista de referência da SAD benfiquista, e ninguém se preocupar muito com isso.
Já o irmão António (o do caso Paula, dos carimbos falsificados no caso N’Dinga, e das polémicas do Coreia-Japão), ex jogador e treinador do clube portista, protagonizou em 1992 um episódio curioso e revelador. Treinava o Gil Vicente e na primeira volta, nas Antas, fez entrar um tal de Remko Boere a um minuto do fim com o resultado em branco. Esse jogador, que quase nunca havia jogado na equipa, nesse minuto apenas fez um penálti caricato e recebeu ordem de expulsão. O F.C.Porto venceu 1-0. Na segunda volta, em Barcelos, com o F.C.Porto já campeão, o Gil venceu por 2-1 e salvou-se da descida à segunda divisão. Tudo em família portanto…»

Penso que estamos todos de acordo. Não há nada no excerto com o qual discordemos, está tudo ali, certíssimo, clarividente, nítido. Por mais que pensemos em encontrar alguma ponta solta no discurso de Luís Fialho deparamo-nos outra e outra vez com o muro da impossibilidade argumentativa. Fialho escreve, bem, sobre os Oliveira e detectou-lhes as estranhas movimentações que exercem no futebol lusitano. Mais uma vez, temos de assumir: Luís Fialho consegue atingir notas altíssimas, impossíveis aos comuns mortais de algum dia sequer sonhar em chegar perto. Ajoelhemos os corpos sob a notável inspiração literária e analítica de Fialho e, como não?, aceitemos o nosso destino de meros observadores do divino.

Mas esta história não acaba aqui. É que, numa estranha e curiosa mudança de direcção, o nosso herói fez-se vilão. Não sabemos, não temos dados, desconhecemos, a razão pela qual Fialho terá ingerido cogumelos estragados. Há indícios de uma perturbante alucinação, os médicos estudam ainda o caso, os especialistas confrontam ideias - ocupam-se disso ainda hoje, e já estão nisto há demasiados dias -, mas ninguém sabe ao certo o que terá ocorrido na zona específica do cérebro. Houve, inclusivamente, uma velhota que informou o Governo de que tem ideia - não sabe ao certo, mas acha que - de ter visto Fialho apaixonar-se por um lindíssimo cogumelo vermelho às pintinhas brancas e de, num acto de luxúria porém de clara irreflexão, o ter abocanhado com a fome e gula de 3 milénios de humanidade. Como estará hoje Luís Fialho é uma incógnita que só daqui a estafados exames e anos e anos de pesquisa científica poderemos saber. No entanto, deixamos já aqui a nossa indignação sobre a forma como o assunto tem sido tratado pelos bloggers benfiquistas. Acusarem Fialho, o nosso prometido, o nosso líder espiritual, moral e até mesmo higiénico, de ter escrito esta nojeira:

«O que está em causa na animosidade dos benfiquistas para com a Olivedesportos não é pois uma questão económica (aí, trata-se, sem dúvida, de um parceiro negocial poderoso), mas antes a colagem (não sei se inteiramente justa) que fazem daquela empresa ao Sistema que vigorou no Futebol português durante décadas, e que tanto nos penalizou.
Não conheço os bastidores do Futebol ao ponto de ter uma opinião inteiramente fundamentada sobre o assunto. Mas do que me é dado a ver, não me parece que tenha sido a Olivedesportos, nem Joaquim Oliveira, a ordenar ou a instigar Olegário Benquerença (...) sempre me pareceu que o objectivo de Joaquim Oliveira no Futebol era tao somente o comum a qualquer homem de negócios: ganhar dinheiro. Como tal, vejo-o, até prova em contrário, da mesma forma que a qualquer outro interlocutor. Apresentando a melhor proposta, e ninguém me comprovando devidamente a sua ligação ao "Sistema", nada teria - enquanto sócio do Benfica - a opor ao negócio...»

a mim causa-me asco. 


A Olivedesportos é nossa amiga!

/(retirado do blogue NovoGeração Benfica)





Não tenho grandes palavras a tecer em relação a este texto de Luís Fialho, pessoa que, desde que o leio, mantém uma postura próxima das ideologias de Vieira mas que sempre soube deixar espaço para a crítica inteligente e reflexão sem bandas gástrico-encefálicas. Nesse sentido, este texto é a maior vergonha que lhe podia ler. O tom, o discurso, a falsa ingenuidade (parece que Oliveira não é do "sistema", é apenas um investidor, um empresário, nada mais do que isso), a pedagogia de pacotilha, a hipocrisia, o exagero (Vieira, diz, é um negociador de excelência), a bajulação, o lambe-botismo a certa altura atingem um nível tal que parece que estamos a ver o próprio Presidente segurar os fios da marioneta Fialho enquanto este, sem vida, vai escrevendo ao ritmo dos movimentos que o outro vai comandando. Confesso o meu desalento: não estou habituado a ver alentejanos com espinha tão maleável. Sinais dos tempos de crise, certamente.

Está lançado o isco para os adeptos. É só uma questão de tempo e de ir convencendo os mais cépticos. Nem que para isso tenhamos de ver em Joaquim do roupão um verdadeiro amigo. É tão bom uma amizade assim. Ai, faz tão bem saber com quem contar. Eu quero ir ver quem me quer assim. É bom para mim e é bom para quem tão bem me quer.





segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Rui Gomes da Silva sabe quem é Cosme Damião?

Já não me mantinha a ver o "Jogo Seguinte" mais do que cinco minutos há anos a fio. Neste momento estou há 20 e tal minutos a assistir a esta espécie de programa e fico estupefacto como é que algum adepto do Benfica, com mais do que um neurónio, pode observar isto e não perceber a corja que nos dirige. 

Em termos simples: há um comentador que é Vice-Presidente do Benfica. Vou repetir: há um comentador que é Vice-Presidente do Benfica, além de, e foi ele que o repetiu orgulhosamente ainda agora, accionista do Estádio, da Benfica Sad, da roulotte Manelito, da estátua do Eusébio e até do barrete de campino do famoso adepto que num topo enverga um pano de bandeira de um Benfica de outros tempos gloriosos. 

Este Vice-Presidente - que é comentador num programa de merda como este, não percamos o foco - vai para a televisão abrir a boca sobre questões internas do clube como se estivesse numa mesa de reuniões no Estádio da Luz. Este bronco - que tem um nome: Rui Gomes da Silva -, de tão inchado que anda por ter saído da penumbra do anonimato das berças onde nasceu para chegar ao orgulho máximo de andar a levar na tromba de Super Dragões, ainda a semana passada confirmou em directo a contratação do Djaniny, assim, de forma simples, tu cá tu lá - só estavam a ver uns milhões de bípedes, nada de especial, portanto. 

Numa das desbocadas aparições passadas - eu não vejo muito isto e sempre que vejo o homem desboca-se, imagino as que eu desconheço -, Rui Gomes da Silva (administrador da Benfica SAD e Vice-Presidente do Benfica, reforço a ideia) afirmou que discordava a toda a linha de uma negociação com a Olivedesportos. Hoje, nestes 20 minutos que vi, questionado sobre qual a posição que defende, gaguejou, olhou para baixo, iniciou aquele discurso típico de gajos da Assembleia da República e de engravatados que vão semanalmente comer à Trindade (fui lá empregado, conheço a peça): "vamos ver uma coisa..." e acabou a advogar a ideia de que "o Presidente é que está a tomar conta dessa pasta". Não sei se estão a ver bem a coisa.

Outro momento dos vinte minutos que perdi a ver este escroto de programa, mas que tem um jornalista que é do melhorzinho que há em todo o jornalismo desportivo: à pergunta "Se o Benfica defendeu sempre a ideia que António Oliveira corroborou há uma semana atrás, qual a razão para o silêncio após as declarações do ex-seleccionador por parte dos dirigentes benfiquistas?" Rui Gomes da Silva bolsou, cagou a fralda e fez um sorriso de político que é, no fundo, o sorriso dos extraordinários mentirosos e hipócritas de que este país está repleto. 

Ter gente desta no Benfica causa-me asco.