Chamo a este post dois nomes, três instituições, e um tema triste. Os nomes, são: Eusébio da Silva Ferreira e José Eugénio Dias Ferreira.
O segundo chamo para citá-lo,
"É assim o "fair - play" dos Sportinguistas.
Parabéns. Saudações Leoninas"
Parabéns. Saudações Leoninas"
23/01/2010, 01:15 da madrugada.
Sportinguistas reforço, e não adeptos do Sporting. Muitos, entre nós, somos uma e a mesma coisa - jamais me convencerei do contrário, outros, adeptos do clube, importantes e indispensáveis adeptos do clube.
Sportinguista, é um conceito que vai muito além da filiação ou preferência clubística.
É um conceito que tem origem na palavra escolhida por José Alvalade para baptizar o clube que fundou, Sporting, um (forasteiro, link) nome que tem significados. Muito me orgulha tê-lo José Alvalade escolhido. Se me perguntarem, não poderia ter escolhido um melhor, e vou a Oxford e aos seus dicionários ver o que estes me dizem sobre ele:
2. fair and generous in one's behaviour or treatment of others, especially in a contest.
Justo e generoso no comportamento próprio ou tratamento de outros, especialmente em disputa. Parece-me claro sobre aquilo que Sporting(uista) significa(m).
Adepto do Sporting, aquilo que os termos sugerem.
Sportinguista, é um conceito que vai muito além da filiação ou preferência clubística.
É um conceito que tem origem na palavra escolhida por José Alvalade para baptizar o clube que fundou, Sporting, um (forasteiro, link) nome que tem significados. Muito me orgulha tê-lo José Alvalade escolhido. Se me perguntarem, não poderia ter escolhido um melhor, e vou a Oxford e aos seus dicionários ver o que estes me dizem sobre ele:
Sporting, [attributive]
1. connected with or interested in sport.2. fair and generous in one's behaviour or treatment of others, especially in a contest.
Justo e generoso no comportamento próprio ou tratamento de outros, especialmente em disputa. Parece-me claro sobre aquilo que Sporting(uista) significa(m).
Adepto do Sporting, aquilo que os termos sugerem.
Coisas muito diferentes.
Cito Dias Ferreira por uma razão: não existe Sportinguismo sem fair-play, e não existe fair-play sem respeito. Não existe, então, Sportinguismo sem respeito, e é aqui que entra Eusébio da Silva Ferreira e duas das instituições para este post chamadas: o Sport Lisboa e (o) Benfica. O tema é sobejamente conhecido, infelizmente. O trato que lhe foi dado, reconhecidamente infeliz. Já lá vamos.
Quem é leitor deste espaço já se apercebeu certamente de cinco coisas:
. Não são toleradas faltas de respeito pelo Sporting CP
. Não falamos necessariamente daquilo que outros falam
. Não existem regras outras que não derivem do bom-senso
. Cada um fala por si, e ninguém compromete alguém
. Todos, comprometemos o Sporting Clube de Portugal
Nesta linha se insere o post, e mantenham atenção sobre as duas últimas das cinco supra-mencionadas: falo em meu nome; não falo em nome do Pedro e do Álamo, e vou dizer aquilo que em seguida direi porque sinto necessidade de bem desenhar um compromisso entre o Sporting CP e a infeliz questão da entrevista que Eusébio concedeu ao "Expresso", compromisso esse que não vi ser feito.
Não li ainda a entrevista. Nem irei lê-la: não tenho interesse.
Como tive oportunidade de dizer há dias, não sei porque teria interesse em ler uma entrevista do Eusébio, e quem diz Eusébio poderia dizer Humberto Coelho, Fernando Gomes, ou outros. É uma entrevista que embora mencione o Sporting CP, fomentará interesse (imagino) junto dos benfiquistas - adeptos do(s) clube(s) ao qual Eusébio se associa. Pessoalmente, não me desperta qualquer curiosidade. Despertá-la-ia caso tivesse sido oferecida por Mário Coluna, como exemplo.
São questões de gostos pessoais, evidentemente.
Falo em meu nome, repito, e nada de certo ou errado. É o que existe.
Como tive oportunidade de dizer há dias, não sei porque teria interesse em ler uma entrevista do Eusébio, e quem diz Eusébio poderia dizer Humberto Coelho, Fernando Gomes, ou outros. É uma entrevista que embora mencione o Sporting CP, fomentará interesse (imagino) junto dos benfiquistas - adeptos do(s) clube(s) ao qual Eusébio se associa. Pessoalmente, não me desperta qualquer curiosidade. Despertá-la-ia caso tivesse sido oferecida por Mário Coluna, como exemplo.
São questões de gostos pessoais, evidentemente.
Falo em meu nome, repito, e nada de certo ou errado. É o que existe.
O compromisso serão, então: provar quão errado Eusébio está naquilo que as letras gordas e títulos da entrevista sugerem [que nao são, necessariamente, aquilo que (ele) disse], e provando-o da forma que me parece a mais correcta de todas:
Manifestar compreensão pelas suas palavras; ele não desgostará do Sporting mais do que aquilo que eu, como exemplo, desgosto do Benfica. Pelo contrário.
Presumir como verdadeiras as afirmações caucionadas ao Sporting de Lourenço Marques, e presumi-las desse modo porque nada têm que ver com o Sporting Clube de Portugal e não me parecem afirmações chocantes ou pouco plausíveis de conterem verdade.
Pequena nota: há dias assistia no "Yesterday" a (um género de "Canal História", mas pior) um programa muito bom que olhou para a problemática Nazi associada ao Desporto. Nele, imagens estranhas (a posteriori) da comitiva Britânica nos Jogos Olímpicos de Berlim, 1936, executando a saudação Nazi a Adolf Hitler e seus camaradas, aquando da cerimónia de abertura. Ilações? Muitas. Nenhuma, seguramente, que sugira descuido da Grã-Bretanha na forma rápida e clara como chamou e perdeu centenas de milhar dos seus (civis e militares), viu dizimadas históricas cidades Inglesas ou, viu Londres endurar o brutal Blitz, quando durante largo tempo manteve-se isolada na guerra que levou a Hitler e ao regime Nazi, por essa Europa fora, quando nem fazia parte dos planos de Hitler, ou do regime Nazi, invadir ou pretender subjugar territorialmente essa mesma Grã-Bretanha.
Manifestar compreensão pelas suas palavras; ele não desgostará do Sporting mais do que aquilo que eu, como exemplo, desgosto do Benfica. Pelo contrário.
Presumir como verdadeiras as afirmações caucionadas ao Sporting de Lourenço Marques, e presumi-las desse modo porque nada têm que ver com o Sporting Clube de Portugal e não me parecem afirmações chocantes ou pouco plausíveis de conterem verdade.
Pequena nota: há dias assistia no "Yesterday" a (um género de "Canal História", mas pior) um programa muito bom que olhou para a problemática Nazi associada ao Desporto. Nele, imagens estranhas (a posteriori) da comitiva Britânica nos Jogos Olímpicos de Berlim, 1936, executando a saudação Nazi a Adolf Hitler e seus camaradas, aquando da cerimónia de abertura. Ilações? Muitas. Nenhuma, seguramente, que sugira descuido da Grã-Bretanha na forma rápida e clara como chamou e perdeu centenas de milhar dos seus (civis e militares), viu dizimadas históricas cidades Inglesas ou, viu Londres endurar o brutal Blitz, quando durante largo tempo manteve-se isolada na guerra que levou a Hitler e ao regime Nazi, por essa Europa fora, quando nem fazia parte dos planos de Hitler, ou do regime Nazi, invadir ou pretender subjugar territorialmente essa mesma Grã-Bretanha.
Pequena nota que serve para dizer algo muito óbvio: porque motivo se sentem os adeptos do Sporting chocados pela declaração de que o Sporting de Lourenço Marques era um clube "da polícia, da elite e dos racistas"?. Alguém prova o Eusébio errado? Gentes de Lourenço Marques e que viveram no tempo de Eusébio podem fazê-lo. Os outros todos, o máximo que podem é adivinhar ou inventar. O Eusébio até poderia ter dito que o Sol não é amarelo e o Céu vive abaixo da terra. E depois? São coisas que só comprometem o Eusébio e, em última análise, o Benfica.
E foi isso que ele fez, de resto. Nada mais.
Ao passo que muita gente olha para esta fotografia e nela vê não sei o quê, eu vejo algo bastante evidente e que cola (talvez) com aquilo que Eusébio afirmou: 3, ou 4, não consigo distinguir muito bem, jogadores de côr. Os restantes, brancos.
Novamente, não li nem irei ler. Também, porque não preciso. Pego antes numa entrevista de 02/02/2002. Uma bem melhor do que aquela dada ao jornal Português, escusando-me assim de fazer mais publicidade a quem não merece. Entrevista onde Eusébio fala novamente (tempo passado, 09 anos), entre outras coisas, do Sporting de Lourenço Marques. Revista "Africa Today" (link), e uma maravilhosa entrevista onde pode ver-se Eusébio, entre outras coisas, afirmar (link):
O hino do meu clube [no telemóvel] (...) eu gosto deste hino, porque há vários. Gosto deste porque ao mesmo tempo faço uma homenagem a um grande homem do Benfica, que está aqui no coração [Luís Piçarra]. Era amigo dele, quando estamos aqui a almoçar, é sempre no balcão, peço para me ligarem de propósito para ouvir o hino, porque tenho aqui os meus amigos sportinguistas.
Jogar à bola não é para qualquer pessoa. Há uns que dão pontapés na bola, há outros que jogam à bola! Falo de mim e dos meus amigos de coração e colegas, Pelé, Bobby Charlton, Cruyff: esses são jogadores da bola! Hoje também há, mas não se pode fazer comparações. Tenho orgulho de estar neste grupo, porque é uma geração que não vai ser esquecida. É bonito recordar isto, porque quando vou com o meu primo e com outros amigos treinar com a minha equipa, os Brasileiros de Mafalala [bairro de Maputo, Moçambique], vamos treinar no Desportivo [Grupo Desportivo de Maputo], filial do Benfica. E não existia muito o Sporting [Sporting Clube de Lourenço Marques], que era de elite [filial do português Sporting Clube de Portugal]. O branco estava ali, o preto não era aceite. “Como eles não te querem ali eu agora vou assinar para tu jogares”, disse a minha mãe. “Mãe não faça isso, mano diga à mãe para não assinar”, respondi. Ela de futebol era zero.
"O branco estava ali, o preto não era aceite"
Não faço ideia de como as palavras de Eusébio foram expostas no jornal Português - o título, esse, é uma vergonha - mas reparem como lidas no contexto de quem ouve o Eusébio ... rigorosamente nada têm de chocante. Foi de resto esta, a primeira sensação que tive quando há dois dias - sem ler nada do que Eusébio havia dito - senti-me profundamente incomodado quando vi adeptos do Sporting em vários sítios diferentes tratar o Eusébio por "preto lampião" e "racista" ou "javardo". Tenho a certeza que mais Sportinguistas se sentiram incomodados. É esse o objectivo deste post, oficializar (passe a expressão) esse incómodo, e deixar claro o nojo que as palavras de alguns adeptos do meu clube escreveram.
O meu falecido pai, malangino [da província de Malange], não, jogou na selecção e foi transferido para os Caminhos-de-Ferro de Moçambique. Tinha sete, oito anos quando ele morreu, com tétano. Ele e o meu sogro eram amigos e jogaram na mesma equipa, o Ferroviário. Em África, onde há comboios há uma equipa do Ferroviário. Lá trabalhava-se e depois jogava-se, o meu pai era médio (...) Estamos a falar nisso e estou a puxar o princípio da conversa, o facto de o treinador não aceitar ficar com um jogador sem saber [Grupo Desportivo de Maputo, filial do Benfica]. Os colegas diziam que eu era o melhor do bairro… “Quero lá saber”, dizia ele. Arrependeu-se, porque marquei três golos ao meu clube, o Desportivo, e todos os meus colegas sabiam que era do Desportivo. Sempre disse que não sou do Sporting. Pagam [o Benfica] 250 contos, a minha mãe assina uma declaração a dizer que se o seu filho não se adaptasse o dinheiro estava depositado no Banco Nacional Ultramarino e tinha passagem ida e volta e tudo. Acabei por ganhar um prémio de 100 contos, muito dinheiro na altura. O outro treinador é que ficou mal visto, está vivo e somos amigos, vive em Carcavelos [arredores de Lisboa].
Primeira vez que leio tal coisa escrita e explicada. Já o sabia, de resto, a título privado: nunca o Eusébio se comprometeu ou apalavrou com o Sporting Clube de Portugal. Insinuar tal coisa é um disparate, inventar, para mais quando dito como forma de maltratar o carácter do Eusébio. A história como a conheço, e uma que é verdadeira, acrescenta a esta somente um pormenor: os dirigentes do Sporting CP tentaram junto da Mãe de Eusébio que ela assinasse um compromisso com o nosso clube. Porém, os do Benfica levaram na bagagem dinheiro. Os do Sporting, uma letra (título de crédito endossável). Seja como for, o dinheiro (mesmo que não tivesse cheiro ou côr) do Benfica, superava o montante da letra do Sporting. Mas mais, o Eusébio nunca quis jogar ou ser do Sporting. Tal é claro.
... e vou continuar a dizer, com muito respeito que tenho pelo Sporting enquanto clube e pelos grandes jogadores que por lá passaram. O Hilário, que é mais velho que eu três, quatro anos e somos do mesmo bairro, sabia disso (...) e como ele me conhece bem falou comigo para ver se ...
Mas eu disse que não, que não valia a pena. Assinei contrato com a autorização da minha mãe, aliás, ela é que assinou. (...) As equipas de África sempre jogaram como os brasileiros, é festa, o prazer no futebol (risos). Empatámos 2-2. Houve uma equipa que forçou a minha vinda para o Benfica, o Ferroviário de Araraquara. O senhor José Carlos Bauer, o treinador, foi jogador do Béla Guttmann no São Paulo, que na altura treinava o Benfica. Joguei contra eles e perdemos 3-1, mas marquei o golo. Ele é que foi falar com o Guttmann. “Mister está lá um menino espectacular, é contratar já”, disse. O processo acelerou assim. Foi quando o Benfica pagou logo 250 contos, e o Sporting, isso é que é triste, quis que viesse à experiência. Epá, não pode. A minha mãe e o meu irmão não eram malucos ...
O que tem isto de extraordinário? E o que terão as palavras de Eusébio ao "Expresso" de extraordinário? Alguém duvida que o Eusébio respeita o Sporting Clube de Portugal, ou alguém duvida que o Eusébio tem alguns dos seus melhores amigos no Sporting Clube de Portugal? Alguém julga que o Eusébio vê o Sporting Clube de Portugal como um clube da elite ou de racistas? Cuidado, por favor, porque o desrespeito é uma coisa muito feia. Toda a gente sabe, como exemplo, que odeio o Benfica. Odeio-o, ponto final. E sem hipocrisias de nenhuma espécie (ao contrário de outros) assumo o meu natural anti-benfiquismo, um de que me orgulho. Repito, orgulho, porque não reconheço ao Benfica e nos benfiquistas valores que são parte da génese de um clube como o Sporting. Isto, é uma coisa. Enfiará a carapuça quem quiser. Outra ... algo que jamais faria, desrespeitar um símbolo do SLB. Não é o dizermos "o Benfica é isto ou aquilo ou os benfiquistas são isto e acoloutro", antes, insultarmos em concreto o carácter de um pessoa que é um símbolo vivo daquele clube, sem que tenha ela feito qualquer coisa que o mereça. E fazê-lo com socorro a tons racistas, ou tons degradantes que pegam nas capacidades oratórias do Eusébio ou que falam sobre a sua inteligência ... tons que nada têm que ver com o Sporting Clube de Portugal e com aquilo que ele é há 106 anos.
É só isto aquilo que me importa afirmar.
É só isto aquilo que me importa afirmar.
Regresso a José Eugénio Dias Ferreira, e às palavras que numa madrugada escreveu a propósito de uma visita muito especial ... a visita de Eusébio da Silva Ferreira a um núcleo. Núcleo do Sporting Clube de Portugal na terra onde está sediada a filial Sporting de Lourenço Marques, Maputo.
Caros amigos, é assim o fair-play dos Sportinguistas e é assim o Sporting.
Disso não tenham grandes dúvidas, independentemente da força que uma mensagem entre muitas possa conter. No mais pequeno dos cenários, é a minha mensagem, e uma que me vincula a mim.»