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quinta-feira, 7 de março de 2013

Face reality, face reality, face reality now.


We gonna chase those crazy baldheads
Chase them crazy
Chase those crazy baldheads out of town

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Na crista da onda até quando quisermos

Enquanto o nosso grande humor continua a sua epopeia circense pelos campos de futebol - e se temos tido iguarias mil a alegrarem os nossos serões invernais: relva pintada para esconder a péssima condição do relvado, uma vitória nos últimos 7 jogos, 11 pontos de diferença, mentiras atrás de mentiras sobre os murais vergonhosos que pintam as paredes do corredor de acesso aos balneários, enfim, todo um Sporting na sua idiossincrasia de clube-palhaço -, o Benfica vai aliando aos resultados volumosos uma crescente qualidade no seu futebol. 
 
Enquanto uns se justificam com lesões e papas estragadas, o nosso clube devora adversários à razão de 4 a 5 golos por jogo - consoante a muita ou muitíssima inspiração -, mesmo quando não utiliza alguns dos seus melhores jogadores: Capdevila, Garay, Javi Garcia, Aimar e mesmo os dois amuados de serviço, Amorim e Enzo Pérez. São só 6, é coisa pouca. Talvez se tivéssemos no nosso plantel um Jeffrén ou um Polga pudéssemos fazer melhor. Infelizmente é o que temos e assim teremos de seguir na nossa caminhada triunfal. O que eu daria por um relvado pintado a vermelho!

A melhoria do jogo do Benfica, embora estejamos longe ainda de atingir todo o potencial que este plantel pode dar, deve-se principalmente a dois factores: um Emerson bem mais escondido do jogo, em que as suas deficiências são menos notórias porque está mais protegido por quem com ele partilha a ala esquerda (Nolito, como fomos dizendo ao longo da época, traz ao jogo colectivo, ofensivo e defensivo, uma dimensão que é impossível de ignorar e que não tem paralelo em todos os outros "alas" do Benfica), e, ironia que não chega a sê-lo, a menor utilização de um dos mais talentosos jogadores do clube: Gaitán, que alia à evidente qualidade a escassa, por vezes nenhuma, noção colectiva do jogo. 

Sem o argentino, todo o processo de construção fica dependente de homens que na decisão são fortíssimos (Bruno César, Witsel, Aimar e Nolito, mesmo Saviola numa fase mais adiantada do terreno), o que cria duas diferenças abismais para o futebol deprimente de há um mês e tal atrás: controlo de riscos - é raro a equipa perder uma bola em zonas potencialmente perigosas - e qualidade maior de passe, que facilita a incursão tanto pelas alas como pelo centro em jogadas rápidas que desmobilizam as defesas adversárias e criam as condições necessárias às oportunidades de golo. 

O futebol é, já se sabe, um desporto colectivo. Por isso mesmo, há que fazer opções que favoreçam a equipa mesmo que se desperdice talento. Gaitán tem muito para dar ao Benfica - ainda ontem mostrou a fenomenal qualidade daquele pé esquerdo - mas terá de ser enquadrado decentemente na dinâmica da equipa e não o contrário. Alguns jogos vindo do banco poderão servir na perfeição para um crescimento e maior concentração na hora de entrar em campo. Pior do que um cepo trabalhador, estilo Emerson, só um enorme jogador pouco humilde. Melhore Gaitán a atitude que tem em jogo e rapidamente voltará a ser um dos onze escolhidos. Ou pelo menos seria esta a melhor forma de conduzir o jogador a outros patamares. Não estamos certos de que Jesus pense da mesma forma.

Há, no entanto, muito ainda para melhorar. Alguns dos problemas antigos e identificados desde o Verão mantêm-se. A saber:

- deficiente abordagem nas bolas paradas, ofensivas e defensivas - defensivamente, a equipa opta por uma marcação zonal, com os bracinhos uns aos outros ligados, numa espécie de visita de estudo de uma classe do jardim infantil. É giro e cria um ambiente solidário e primaveril na nossa área. Em termos práticos, não traz grandes resultados (veja-se, por exemplo, o golo sofrido em Guimarães). A abordagem zonal fará sentido, sim, mas se mesclada com a homem-a-homem. Criar uma zona central bem povoada de jogadores a atacarem o espaço mas também cuidados defensivos individuais aos mais perigosos jogadores adversários. Em termos ofensivos, já é muito bom quando o jogador consegue marcar um livre, lateral ou central, ou um canto e acertar na área. Por alguma razão que não se compreende em jogadores da qualidade de Aimar, Bruno César ou Gaitán, as bolas acabam vezes demais nos pés dos jogadores das outras equipas, sem que se crie perigo e muitas vezes com a nossa equipa apanhada em desequilíbrio. Há trabalho a fazer nesta matéria. Ignorá-lo será abdicar de um dos mais importantes momentos que o futebol actual produz para chegar ao golo.

- gestão no mínimo duvidosa das expectativas de alguns jogadores - Capdevila foi contratado por 3 milhões de euros para se rum suplente de luxo de um jogador medíocre. Quem contratou o espanhol e por que razão há no Benfica quem compre jogadores que não são, desde o princípio, apostas do treinador? É estranho que haja uma bicefalia no futebol do clube, porque gera gastos desnecessários e uma crescente insatisfação de atletas que é nefasta a um balneário que se quer unido e focado no essencial; Amorim treina sozinho em Almada - não sei o que se passou, admito que o jogador terá tido um confronto perigoso com o treinador, mas é fundamental resolver estas quezílias de uma forma digna: ou sai, porque com Jesus não terá possibilidade de jogar, ou fica e é integrado na equipa, se bem orientado a cumprir com as suas obrigações e a abandonar os amuos; Pérez foi contratado por 5,5 milhões de euros para andar a passar férias na Argentina e a dizer disparates. Neste caso o Benfica tem de ter uma acção criteriosa e pedagógica, para que outros casos semelhantes não aconteçam: como o seu passe desvalorizou nestes últimos meses, a opção de vender não é inteligente; emprestá-lo, muito menos. Portanto, das duas uma: ou Pérez é integrado com direito a uma multa exemplar (e seria importante que o fosse, porque faltam opções de qualidade para a posição e o ano ainda trará muita sangria entre lesões, castigos e maus momentos de forma) ou é obrigado a pagar os milhões que resultam do acto de indisciplina que cometeu. São casos a mais num plantel que, se não tivesse estes exemplos de desaproveitamento, tinha tudo para uma época de grande sucesso. Ainda tem, mas importa reflectir e resolver rapidamente os problemas nesta fase positiva. Para depois não apanharmos mais uma depressão crónica, como a do ano passado. 

- demasiado tempo sem dotar o plantel de opções na defesa - Vamos já a meio do mês de Janeiro e o problema identificado em Agosto continua sem estar resolvido. Emerson não serve para titular do Benfica. Mantê-lo em jogo é correr riscos que poderão vir a ser letais aos objectivos para a época. Não se percebe a razão pela qual não chegou já um lateral-esquerdo com a qualidade necessária para jogar nesta equipa. Quanto mais tempo for desperdiçado, mais tempo demorará o jogador contratado a entrar na dinâmica que Jesus quer para o jogo do Benfica. Urge lateral-esquerdo. E urgem, já agora, um central e um lateral-direito. Para ontem.

- a perigosa alienação pelo bom momento desportivo - O que não pode acontecer aos adeptos é o deixarem de analisar as acções dos seus dirigentes, levados na onda de benfiquismo pelo sucesso desportivo. São coisas distintas e importa que nunca se misturem. Por mais jogos que o Benfica ganhe, por mais goleadas ou boas exibições, o adepto tem de se perguntar por que razão Vieira apoiou um candidato à Presidência da Liga que acabou por perder a corrida - sendo que o que a ganhou traz ideias para o futebol que nos são altamente prejudiciais (desde logo, o conceito da divisão colectiva dos ganhos pelas transmissões televisivas) ou a recente mensagem de Domingos Soares Oliveira em que, em meias palavras, admite que muito provavelmente o Benfica assinará novo contrato com a corrupta Olivedesportos dos corruptos irmãos Oliveira. O Benfica sozinho rende mais do que todos os outros 15 juntos e deve saber usar essa força a seu favor. Hipotecar mais 4 ou 5 ou 10 anos de transmissões, ficando preso e amarrado (usando a expressão de António Oliveira) às suas exigências e ao seu facciosismo e aproveitamento vergonhoso, será uma decisão que terá repercussões altamente negativas, não só do ponto de vista financeiro mas também, porque estão ligados, na vertente desportiva. Um Benfica independente da escumalha que manda no futebol português será sempre um Benfica com mais possibilidades de vencer mais vezes e reconquistar a hegemonia que lhe foge há muitos anos. Mesmo que se perca algum dinheiro numa fase inicial, se a opção é entre a Olivedesportos ou a Benfica Tv, parece-me que não há dúvida sobre em qual deve recair a escolha: no nosso canal, os nossos jogos, os nossos adeptos. Não tenho dúvidas de que os benfiquistas saberão agradecer a decisão com uma massiva adesão aos jogos no nosso canal. Com a superior vantagem: não estando ligado por anos a fio a uma outra empresa - e ainda por cima corrupta como esta -, mesmo não tendo no imediato parceiro à altura, no futuro poderá sempre aparecer outra plataforma que connosco negoceie e garanta as transmissões televisivas. Enforcarmo-nos é que não, por favor.

Compreendam o momento da crítica: numa fase em que o Benfica parece querer assumir-se como principal favorito ao título e a uma campanha digna na Europa, importa que não cometamos erros desnecessários e infantis. A exigência tem de estar presente. Nos bons momentos, também ou até principalmente. Para que o sucesso desportivo seja sustentado e não apenas um soluço que logo desaparece - como há dois anos atrás. O Benfica é muito grande. Falta-lhe ser dirigido por gente do mesmo calibre.

É que é tão bom viver o Estádio e o benfiquismo como ontem vivemos. Nunca mais nos tirem isso.