Pela manhã, na
minha habitual visita às edições on-line dos três diários desportivos,
encontrei uma chamada de capa para uma entrevista com Miguel Vítor, coisa que,
como não podia deixar de ser, me impeliu definitivamente para a compra da
edição impressa do jornal “A Bola” de hoje, indo em busca de alguma revelação
nova, algo bombástico com que pudesse “abutrizar” mais um pouco Jorge Jesus e a
gestão do futebol do Benfica. Procurei, procurei e voltei a procurar, mas em
vão. Li e reli de fio a pavio a entrevista do ex-central do Benfica e não
encontrei nada de novo.
Através das
palavras de Miguel Vítor, alguém que viveu o clube por dentro nos últimos 13
anos, podemos ficar a saber que no plantel havia (ou ainda haverá?) quem
pensasse que o ciclo de Jorge Jesus havia terminado no jogo do Jamor. Nada de
relevo, afinal de contas quem fala é um jogador sucessivamente “encostado” por
Jorge Jesus e, com certeza, fala do seu passado recente ressabiado com quem o
tratou assim. Miguel Vítor jamais poderá estar a falar na condição de
benfiquista que foi jogador do seu clube e que, por essa mesma razão, conhecerá
melhor que ninguém o que representa o Benfica e o quão longe se pode encontrar
disso mesmo no presente. Mas atenção, 1 é maior que 0 ainda que 2 seja maior que
1, mas é melhor 1 que 0!
Nesta mesma
entrevista, Miguel Vítor é claro e taxativo: “O que Cardozo fez foi muito
grave, das piores coisas que já vi no futebol” e considera “Cardozo não tem
condições para continuar”. Ou seja, ainda que ressabiado, ainda que frustrado,
ainda que na bancada nesse jogo (como em tantos outros), o internacional sub21
Português não perde a noção do que é a autoridade do treinador.
No que lhe diz
directamente respeito, Miguel Vítor afirma que “Jorge Jesus não foi honesto”
consigo, pois nunca lhe disse frontalmente que não contava com ele. Mas
honestidade é algo que um assalariado, com contrato valido e salários em dia
deve esperar ou possa exigir? Ou deve manter-se quieto e calado, sempre pronto
a responder às solicitações que lhe forem pedidas quando assim for decidido? O
mais engraçado é que em ambas, Miguel Vítor cumpriu. Gostaria que houvesse mais
honestidade, mas ainda assim continuou a ser profissional até ao último dia.
O ex-jogador
encarnado afirma sair com mágoa do seu clube de formação e coração, formulando
o desejo de um dia poder voltar pela porta grande. Não acredito que Miguel Vítor,
depois de 2 anos quase sem competição ao mais alto nível, possa vir a atingir
um patamar que lhe valha nova vaga num futuro plantel do Benfica, mas espero
enganar-me, pois seria com muito agrado que veria um jogador formado no Benfica
chegar a um patamar competitivo internacional, não para “calar” quem discorda
de mim, mas porque seria e será sempre um orgulho ver um Benfiquista brilhar ao
mais alto nível.
A finalizar a
entrevista, Miguel Vítor elogia e enaltece a qualidade da formação do clube,
mas critica a fraca, ou nenhuma, aposta na mesma, argumentando que a direcção
do clube tem optado por uma política de aposta noutros mercados. Talvez, deduzo
eu, esses mercados sejam muito mais rentáveis… para alguém!
Ainda assim, é
justo referir que Miguel Vítor nunca demonstrou ter a atitude competitiva que
abunda em Roderick ou a técnica e inteligência de jogo que sobra a Jardel ou
que Miguel Vítor teve a sua oportunidade na equipa B e não aproveitou.
Em suma, como
já havia dito logo no início do texto, a entrevista não revelou nada de novo,
nada que já não soubéssemos ou deduzíssemos, nem mesmo o facto de sabermos que
com o paradigma vigente no Benfica quando virmos algum Miguel Vítor desta vida
a fazer parte do plantel, poderemos ter a firme certeza que mais não passa de
um jogador para UEFA e adepto romântico, utópico e abutre ver, constitui alguma
novidade.