O aparecimento de Varandas Fernandes - um acérrimo crítico de Vieira nos últimos anos - como Vice-Presidente da Direcção, caso a actual vença as eleições, é (mais) um sinal de como vai o Benfica: os que detêm o poder aglutinam os seus críticos no seu círculo (Moniz também será Vice), evitando vozes discordantes e incómodas - a troco de quê ainda viremos a compreender; os que construíram oposição no passado, defendendo ideias impossíveis de sofreram alterações tão drásticas, vão, a pouco e pouco, caindo nas redes das promessas de tachos e vira-casaquismo elementar.
A incoerência desta gente é tanta que não se importam, uns, de agregar ao seu projecto quem dele disse raios e coriscos e, outros, de aparecerem em listas representadas por pessoas que ferozmente criticaram e a quem acusaram de estar a prejudicar o Benfica. É um circo, uma verdadeira palhaçada ideológica.
Não se sabe, para além da Vice-Presidência, o que foi prometido a Varandas nem sequer é preciso - um homem que vira a 180 graus desta forma está mais do que apresentado. E ele é apenas mais um, neste circo de gente que ou tem o poder e dele abusa ou não tem e quer lá chegar, mesmo que a troco de uma mudança ideológica radical. O clube, esse, fica à espera mais uma vez. À espera de gente honesta e coerente. À espera de gente credível e séria. À espera de gente que ame o Benfica.
Tal como o país, este clube é dominado por gente que não o respeita e prejudica, com o aval sereno e solidário do povo que elege os seus governantes de forma acéfala. Mas há uma diferença: enquanto a larga maioria dos que votaram nestes políticos sabe hoje que foi enganada e começa a rebelar-se contra o engano e desrespeito, no Benfica a larga maioria vive num autismo sem paralelo, defendendo de forma injustificável o que não tem nem explicação nem justificação.
O amor irracional e pouco lúcido pelo Benfica não explica tudo. Há gente que, de facto, mesmo com um machado em frente aos olhos a um segundo de se escarrapachar nas retinas, é capaz de dizer que aquilo serve para ajeitar as pestanas.