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domingo, 19 de outubro de 2014

Porque gosto de Nélson Oliveira



Sou, desde há muito e como todos sabem, um defensor de uma maior aposta na formação. Mas não defendo essa aposta nos jogadores formados internamente, por serem apenas jogadores da formação, pelo contrário, defendo a formação por achar que há qualidade a explorar, qualidade essa que tem vindo a subir a olhos vistos nos últimos anos. Um dos primeiros jogadores que defendi desta nova geração da formação made in Seixal foi Nélson Oliveira. Como devem imaginar, sempre que defendi a qualidade que considero haver no jogador recebi mensagens de desacordo (como em qualquer post, o que é absolutamente natural) e reprovação por achar que Nélson tem qualidade para o Benfica (coisa que voltarei a receber nos comentários a este post).

E porque gosto eu de Nélson Oliveira? Muito por aquilo que deu para ver naquele lance de ontem, no qual remata à figura do guarda-redes adversário. E porquê? Primeiro há que dize-lo sem qualquer problema, que a solução encontrada pelo jogador naquele lance é a solução errada, num angulo tão apertado e num remate de primeira, as chances de finalização certeira são pouco mais que residuais. E este é o grande defeito do Nelson, isto é, é um avançado que continua a não entender quando pode e deve finalizar ou quando tem que procurar outro tipo de decisão. Não sei se este problema existe pelo facto do jogador poder pensar que tem de brilhar a cada toque na bola para poder ganhar o seu espaço dentro do plantel ou se por deficiente formação, o que sei é que este tipo de erro acontece mais vezes do que seria de supor para um jogador com a sua idade. Não obstante, aquele lance também define muito do que gosto em Nélson Oliveira, isto é, quantos jogadores conseguiriam armar um remate de primeira com o seu pé mais fraco e acertar na baliza naquelas circunstâncias? Isto é, aquilo que não se ensina, ou melhor, aquilo que nasce com o jogador - a qualidade técnica – Nélson tem de sobra, o que lhe falta, e repito que pode ser trabalhado, é uma noção mais colectiva do jogo (perceber que não tem de brilhar em cada lance) e melhorar movimentos de ponta-de-lança como por exemplo a capacidade de antecipação aos centrais.

Esta época pode representar a última oportunidade para Nélson Oliveira se definir como jogador, isto é, se será uma eterna promessa ou se mostrará sinais consistentes de que pode vir a ser algo mais que isso. Pelo que se vai vendo e lendo das acções e entrevistas de JJ, a relação de ambos não parece ser a melhor, mas também foi JJ quem disse ter sido o próprio jogador a pedir para ficar às suas ordens durante a presente temporada, algo que pode indiciar um reiniciar de relações normalizadas entre ambos e que poderá beneficiar em muito o jogador. Que assim seja.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Nélson Oliveira



Vai sendo habitual que ler as “gordas” de uma entrevista nos dê uma visão algo enviesada e desfasada da realidade da própria entrevista. No caso da entrevista que hoje surge nas páginas do jornal “A Bola” a Nélson Oliveira também acontece o mesmo fenómeno.

Numa leitura na diagonal e pouco profunda, ficamos com a sensação que o jovem avançado “descasca” até mais não no Benfica e em quem nele toma as decisões desportivas e não só. Porém, numa leitura completa, podemos constatar que, ainda que seja uma entrevista em tom bastante crítico, a mesma não é assim tão acintosa como os destaques que se produziram dela fazem crer.

Do ponto de vista da instituição, esta entrevista jamais deveria ter acontecido e é algo comprometedor o que nela é dito, sobretudo porque aparecem algumas verdades, mas essencialmente por se tratar de uma crítica interna de um assalariado do clube. Para todos os efeitos, ainda que fisicamente longe e sem “amparo” institucional por parte do Benfica, Nélson Oliveira ainda é um activo dos quadros do clube e em quem, supostamente, se depositariam bastantes esperanças.

Não obstante de concordar com muito do que é dito pelo jovem Português, não posso aceitar que um jogador que ainda se encontra vinculado ao clube possa dizer o que ele diz. Tem razão quando afirma que nunca foi aposta do clube e do actual treinador? Sim, nem podem restar dúvidas sobre isso. Tem razão quando diz que nenhuns dos jovens que têm jogado pelo clube (A. Gomes e Ivan Cavaleiro) ainda não são apostas do clube? Sim, pois tal como aconteceu com o próprio, não é com 1 ou 2 jogos de longe a longe que se sustenta uma aposta em alguém. Porém, por muita razão que tenha, por muita verdade que diga, não é assim que se reclama por mais e melhores oportunidades.

Esta é uma entrevista própria de quem já não se encontra contratualmente ligado ao clube ou, no mínimo, de quem já não se sente emocionalmente ligado ao clube. Estando ainda vinculado com o Benfica e tecendo os comentários que teceu para com quem lhe paga o salário, esta entrevista só lhe pode ter sido aconselhada pelo empresário, tendo em vista a saída do clube assim que isso lhe seja possível (final da época).

Para além disto tudo, há um pormenor que é referido pelo jogador na sua entrevista que não pode passar ao lado de ninguém. A dada altura, e em resposta à pergunta “Sente-se esquecido?”, Nélson diz “… o Benfica nunca me acompanhou em todos os empréstimos por que passei. Não recebi uma única chamada de alguém do Benfica na época passada, quando joguei no Corunha. Este ano a mesma coisa.”.

Considero ser absolutamente inconcebível que isto aconteça com a tal estrutura que Vieira diz ser de referência em toda a Europa, com a tal estrutura que diz Vieira não ter nada a aprender com ninguém que são os demais a querer saber sobre ela. Seja Nélson, Pizzi ou qualquer outro jogador, é importante que o clube demonstre que não esquece quem emprestou, que demonstre que está atento ao desenvolvimento desportivo e humano dos seus jogadores, que faça sentir a sua atenção sobre quem ainda pode dar algo ao clube. Isto, a ser verdade, não é emprestar os jogadores, é emprestar “encostos”.

Resumindo, considero uma entrevista que não serve o bem geral do clube, mas também sou forçado a compreender a frustração de um jovem formado no seu clube de coração, que demonstra qualidades que devidamente trabalhadas o podem levar ao topo desse mesmo clube e ainda mais altos voos, mas que se vê sucessivamente ultrapassado por negócios e gente de valor questionável.

domingo, 8 de setembro de 2013

E que bem jogam os miúdos




O “laboratório” futebolístico do Benfica, leia-se camadas jovens, andou durante muitos anos adormecido, diria mesmo, encerrado. Ainda assim, mesmo durante os tempos mais conturbados do clube, no que a estabilidade directiva e ausência de títulos diz respeito, foi possível extrair da nossa formação jogadores como Moreira, Manuel Fernandes ou João Pereira, que, embora não tenham atingido o futebol top do top, chegaram a patamares competitivos bem aceitáveis e, à excepção de Moreira, capazes de jogarem, se a aposta tivesse sido sustentada, no actual Benfica sem grande celeuma.


Todavia, e há que reconhecer esse mérito, o Benfica tem vindo a reerguer todo o seu edifício futebolístico desde a base, tendo apresentado já alguns resultados, como Miguel Rosa, Miguel Vítor ou Nelson Oliveira, e prepara-se para apresentar daqueles resultados absolutamente inequívocos, falo de André Gomes, Ivan Cavaleiro, João Cancelo e, o mais recente “rebento”, Bernardo Silva.


De facto, ainda que completamente diferentes entre si, estes 4 “produtos” do tal “laboratório” apresentam qualidades que dificilmente não farão deles jogadores de aposta firme e segura num futuro a curto/médio prazo.


Destes jovens apenas um já teve oportunidade de jogar de forma mais ou menos consistente no plantel principal do nosso clube e, curiosamente, talvez seja dos 4 o que menos se enquadra no modelo de jogo do nosso treinador, falo, naturalmente, de André Gomes.


Ainda assim, numa opinião muito pessoal, a aposta em André Gomes deveu-se exclusivamente às necessidades urgentes do plantel, depois das saídas tardias de Witsel e Javi Garcia, e não por Jorge Jesus ser apreciador do estilo de André Gomes ou por achar que as suas características servem de forma ideal o seu modelo de jogo.


 Sou e serei sempre um entusiasta de André Gomes, no entanto sou forçado a admitir que o jovem atleta está longe de apresentar as características ideais para um médio-centro (vulgo 8, se preferirem) deste modelo de jogo que JJ implementou no Benfica. Na realidade, num meio-campo ocupado apenas por 2 jogadores, pede-se a estes que sejam muito rotativos e competentes não só no aspecto ofensivo mas também, e sobretudo, no aspecto defensivo. Por tudo isto, não vejo que o “menino” possa vingar facilmente nesta proposta competitiva. Sim, vejo em André Gomes um jogador que respira classe por todos os poros do corpo, que tem uma qualidade de passe e visão de jogo muito acima da média, que tem uma capacidade de remate com os dois pés muito assinalável, no entanto, é um jogador que tem dificuldade em jogar no espaço, prefere sempre a bola no pé, tem dificuldade em apresentar rapidez de processos, não raramente é desarmado por isso mesmo, e parece um jogador que joga sem emoção, sem nervo, coisa que para o tal 8 no estilo de Jorge Jesus é fulcral que se tenha, o André é um jogador muito, talvez demasiado, cerebral. Não é por acaso que Enzo Pérez lhe ganhou facilmente a corrida pela titularidade neste Benfica, apesar de ser uma adaptação. Vejo no André um jogador mais de 4-3-3, em que tenha com quem repartir melhor o trabalho defensivo e as marcações adversárias, do que de um 4-4-2.


Bem diferentes são os restantes 3 casos. Se acho que André Gomes, apesar da qualidade intrínseca que tem, não se enquadra na ideia de jogo e sistema táctico de Jorge Jesus, também considero que todos os outros servem na perfeição esse modelo e sistema.


Vejo em João Cancelo um lateral que encaixa na perfeição nas ideias do treinador, ou seja, um lateral rápido, de excelente qualidade técnica, boa capacidade de progressão com bola e boa qualidade de cruzamento com os dois pés, podendo até ser adaptado ao flanco esquerdo quando necessário, ainda que seja, de longe, no flanco direito onde rende mais. De facto, até nos defeitos João Cancelo encaixa no perfil de laterais que Jorge Jesus tem escolhido para o Benfica, ou seja, a sua capacidade e posicionamento defensivos (que melhorará com a competição a alto nível, estou certo) e o excessivo descontrolo emocional que, necessariamente, terá de aprender a mascarar. Por isso, numa altura em que Maxi aparece numa forma horrível e em que Sílvio se encontra lesionado, porque não ir dando uma oportunidade ou outra ao nosso jovem? Obviamente em jogos de coeficiente de dificuldade reduzido e, idealmente, em jogos em casa, onde as suas capacidades ofensivas serão muito solicitadas e uteis, mas porque não?


Em Ivan Cavaleiro também vejo um extremo capaz de render a bom nível com as ideias de Jorge Jesus, é rápido, gosta de diagonais interiores, tem boa técnica individual e, bem ao estilo de Jorge Jesus, é um extremo que tem golo nos pés. Precisa, necessariamente e como qualquer outro, de ser mais e melhor trabalhado, mas numa altura em que, infelizmente, Sálvio se lesionou com a gravidade que conhecemos, Gaitan se encontra também lesionado, Sulejmani também aparece tocado, Ola John aparece “pesado” e completamente sem ritmo competitivo, porque não ir dando minutos ao jovem?


Ligeiramente diferente aparece o “caso” de Bernardo Silva, jovem talentoso que se encontra no seu primeiro ano no patamar profissional e a quem, estou certo, fará muito bem este ano que passará a enfrentar defesas mais duros e matreiros. Ainda assim, numa perspectiva a um ano, gostava de o ver chegar ao nosso plantel principal. É um miúdo com um drible estonteante, e um pé esquerdo prodigioso. No sistema de Jorge Jesus parece-me que pode ser enquadrado na posição 10/2º avançado e que, depois de apreender os momentos certos em que deve partir para a jogada individual e/ou combinações ou parar e, eventualmente, “congelar” o jogo com um passe conservador, pode tornar-se um jogador de nível imprevisível. Mas para isso é preciso que lhe seja dada a oportunidade, a ele e aos restantes, de demonstrar o que pode e sabe fazer com e contra os melhores.





segunda-feira, 30 de julho de 2012

Uma medida certa. Falta saber se pelas certas motivações.

A opção por emprestar Nélson Oliveira ao Corunha, ao contrário do que possa parecer, é uma excelente medida por parte do Benfica. É certo que dói ver sistematicamente os jogadores portugueses formados no clube emprestados ou dispensados, sem terem verdadeiras oportunidades na equipa principal, mas esse é um problema estrutural e ideológico; no entanto, no caso específico de Oliveira, acaba por ser uma opção acertada.

O jogador, apesar da evolução positiva que teve o ano passado, ainda não está desenvolvido para ser o avançado titular do Benfica. Com a concorrência forte que teria, acabaria relegado para a Taça da Liga e a uns minutos, em fim de jogo, no Campeonato Nacional, o que seria manifestamente pouco, tendo em conta a necessidade que tem de evoluir e atingir o patamar mais elevado do seu potencial. 

Na Corunha, acredito que Oliveira possa atingi-lo, jogando consecutivamente. Bem enquadrado num projecto de Primeira Liga Espanhola e numa equipa com vários portugueses, o caminho de sucesso só dependerá dele. E daqui a um ano poderá regressar mais jogador e com mais hábitos colectivos, o que - convenhamos - ainda não é nem tem.

Com esta saída, abre-se uma porta para o avançado mais talentoso do Benfica, depois de Saviola: Rodrigo Mora. Espera-se que esta época não se atire ouro para o lixo, mais uma vez.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Mas que grande cagada (mais valia ter visto o titi-kaka)

Informação fundamental ao leitor abnegado que aqui vem: decidi ver o jogo do Benfica em vez do clássico espanhol. Parece lógico e é, embora desconfie de que muito benfiquista hoje decidiu deixar a Taça da Liga para segundo plano. À minha maneira, fi-lo também: não fui ao estádio. Mas, no conforto do lar, não pude abandonar o coração. Nada me move contra os que preferiram ver o jogo de Madrid. Só vos peço um favor: consegui até agora, num esforço tremendo, não saber quanto ficou o Real-Barça. Não me estraguem a coisa, que daqui a meia-hora vai repetir.

Sobre o jogo, uma grande caca. Mau, mauzinho, frouxo, pouco, muito pouco, quase nada. O Gaitán continua a sua saga de desrespeito não só pelo próprio talento que tem mas principalmente pelos adeptos - aquilo que ele faz em campo, aquela constante displicência, dormência, falta de vontade devia dar jogos a fio sentado no banco de suplentes. Aliás, após mais uma magistral lição do Professor Nolito (que joga e ensina a jogar), será interessante verificar se os favoritismos de Jesus vão continuar ou se teremos definitivamente os melhores em campo. Por falar nisso, Capdevila lá jogou. Mesmo sem ritmo nenhum de jogo, desprezado a um nível absurdo, mostrou por que razão vale bem mais do que quem joga no seu lugar. A mim mostrou, pelo menos. Admito que haja quem continue a saga da defesa de Emerson até ao fim. Tão absurdo, tudo isto.

O jovem Almeida parece ter algum potencial mas ainda está muito aquém do exigido. Se perdemos Amorim por este ficámos claramente a perder. Uma ida ao mercado contratar Salino seria uma jogada de mestre. Um jogador perfeito para o que o plantel precisa: polivalência, constância e qualidade inegável. Depois só faltaria o lateral-esquerdo. Sim, ainda acredito.

Os avançados estiveram bem. Tanto Saviola quanto Oliveira em bom plano. O primeiro excelente a procurar espaços (menos bem na disputa física, onde nunca foi forte mas que actualmente assusta de tão frágil), o segundo na recepção pelo ar, fazer jogar, aparecer. Primeiro golo do Nélson pelo Benfica. Parabéns, puto.

Agora venha a Liga e o estádio cheio, que este jogo deprimiu-me um bocadinho. O Gaitán devia ir a casa do Nolito ouvi-lo contar-lhe histórias sobre quando andou nas obras e a sua vida até chegar ao Barcelona. Podia ser que ganhasse um coração e mais dignidade.