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terça-feira, 22 de maio de 2012

É destes que queremos no Benfica

Foi há 3 anos, num fórum económico, que o António desabafou assim:

«A tragédia benfiquista 

21/05/09 00:03 | António Gomes Mota

Sou sócio há mais de 35 anos do Benfica e a minha mulher e as minhas duas filhas desde o dia em que nasceram.

Há, portanto, neste tema uma carga emocional familiar que dificulta o distanciamento e a objectividade. Ainda assim, enquanto professor de gestão, irei tentar olhar o meu clube como um caso que nos possa ensinar alguma coisa.

Creio que a métrica de valor da indústria do futebol é relativamente simples: as receitas directamente derivadas do espectáculo (bilheteira, televisão), as derivadas da marca ("sponsorização", ‘merchandising') e da valorização dos activos (jogadores). Todas elas, em maior ou menor grau dependem da ‘performance' da equipa de futebol e em dois planos: o conjuntural (época em curso), que afecta a bilheteira e a maior ou menor valorização dos activos e o estrutural (conjunto de ‘performances' ao longo dos anos) que afecta os restantes items e que no longo prazo cria as condições para o sucesso empresarial. Retenhamos o segundo plano, já que o da conjuntura dispensa adjectivos e apenas suscita dor e tristeza. Desde que a actual gestão tomou conta do clube o panorama é aterrador. Deserto de títulos e apenas pontuais sinais de se lá chegar (no campo dos resultados e não das intenções).

A gestão do clube, quando iniciou funções, tinha pela frente a mais desafiante das situações empresariais: concretizar um ‘turnaround' a uma "empresa" quase falida, mas com capacidade de ter sucesso na sua indústria. E trabalhou bem: ofereceu credibilidade aos credores e demais ‘stakeholders', negociou passivos, animou e desenvolveu novas canais de receitas, racionalizou custos, profissionalizou mais o negócio. Até foi capaz de construir um novo palco. Isto é, fez tudo que era possível fazer independentemente da melhoria da sua posição competitiva na indústria. Mas para que o ‘turnaround' tenha sucesso, há essa segunda fase, a da ‘performance' no seu negócio, ou seja, ganhar mais vezes. E aí a gestão falhou redondamente. Não houve competência para responder a esta segunda parte do desafio. E quando assim é, nas empresas acontece uma de duas coisas: a gestão dignamente reconhece e dá lugar a outra ou, menos dignamente, apenas os accionistas o reconhece e substituem-na em conformidade. Infelizmente, no Benfica não parece ir acontecer nem uma coisa nem outra. Mas temos uma consolação: está prestes a iniciar-se o campeonato em que já alcançámos o penta, o campeonato de verão: durante 3 meses vamos vencer o número de primeiras páginas, com os inúmeros treinadores e jogadores que estão para vir e que já não vêm. Pena é que essas páginas não sejam a principal fonte de valorização do negócio: se assim fosse já nem precisaríamos de entrar em campo em Agosto.

António Gomes Mota, Professor na ISCTE Business School»

Foi escrito há 3 anos, mas podia ter sido escrito há 3 minutos. Assim, sem mais uma vírgula nem menos um ponto. Até quando?