Entusiasmar ou não entusiasmar?

As últimas épocas desportivas, em particular as últimas duas, foram extremamente traumáticas para os benfiquistas. Acumulamos derrotas ora por sobranceria potenciada por sucessos anteriores, ora por facilitismo provocado por um entusiasmo desmedido.

Por via de tantas e tamanhas desilusões e frustrações os adeptos foram tomados por um pudor, quase medo, de festejo e entusiasmo que não me lembro ver em qualquer outro clube. Não falo tanto por mim que, como diz quem melhor me conhece, sou um pessimista por natureza, antes pela realidade que me é próxima.

É uma verdade que também nós adeptos devemos relativizar todo o entusiasmo que tenhamos a tentação de revelar, mas isso não nos deve nem pode inibir de extravasar toda a confiança que nos atravessa a mente e o coração.

Se é verdade que temos provas recentes do quão negativo pode ser o entusiasmo desmesurado, não é menos verdade que refrear esse entusiasmo é distribuir o ónus da derrota por quem não tem essa responsabilidade. Não foi, não é nem será por entusiasmo dos adeptos que uma equipa perde um campeonato, bem pelo contrário, é esse entusiasmo, esse crer, essa fé, esse apoio que pode dar o empurrão decisivo à equipa rumo ao triunfo. O entusiasmo prejudicial não acontece no exterior, mas sim no interior do clube, é aí que tudo tem que ser doseado de forma meticulosa. Cá fora? Cá fora temos de gritar, sonhar, cantar, pular e festejar. Esta é a condição mais básica de qualquer adepto, esse é o papel mais importante da massa humana que sustenta emocionalmente os que lá dentro devem trabalhar para as nossas alegrias.

Por isso, e porque nem Vieira e seus pares serão incompetentes ao ponto de perder 3 vezes seguidas da mesma forma, meus caros, festejemos, extravasemos todo o nosso entusiasmo fundado em 4 pontos de avanço e um plantel melhor. Sejamos adeptos para que ajudemos os jogadores a serem o que devem ser num clube como o nosso: Campeões!

P.S. Entusiasmo não significa convencimento, apenas profunda convicção de que somos melhores e seremos capazes de o demonstrar constantemente até final.

Boletim Meteorológico

O Benfica está em fase descendente, a caminho do precipício que deverá ocorrer já este fim-de-semana no regresso à Madeira. A partir daí, seguir-se-ão pontos perdidos que farão com que, por Fevereiro, a hipótese de revalidar o título seja meramente matemática. Restará a Champions que - se o sorteio não for à moda lusitana, em que o Benfica tem quase sempre os mais difíceis desafios - poderá servir de última paragem para as alegrias dos benfiquistas. Claro que será sol de pouca dura. Aos quartos-de-final é possível chegar; mais que isso, não. Talvez chegue então - embora o grupo seja, surpresa!, o mais difícil - mais uma Taça da Liga - a quarta consecutiva. Talvez. E, nesse caso, a Direcção tomará as medidas certas para alegrar o povo: camisola pensada propositadamente para o feito extraordinário e a frase panfletária: "Já são 4!".

Quem é Emerson e o que faz no Benfica? Como é que um mero curioso como eu percebe em Agosto que faltam laterais e central ao Benfica e a estrutura dirigente não? Em que parte do guião está escrito que é possível vencer o que quer que seja com um cepo como titular indiscutível? Sonho, ilusão, esperança? É mais demência, alucinação, estupidez. 

Mas Jesus está bem e recomenda-se. Próximo objectivo: ir à final da Champions com o Barcelona. E, quase de certeza, golear.