A silly season é um momento doloroso para mim. Não só por não haver futebol de alta competição mas também pelas notícias que dia sim, dia sim saem acerca de possíveis reforços, jogadores desviados, contratações falhadas, dispensas questionáveis e vendas inesperadas. São três penosos meses com a agravante de este período de transferências se alargar injustificadamente até 31 de Agosto (ou Setembro, para a Rússia e um ou outro país) quando a meu ver o mercado deveria estar encerrado o mais tardar a 10 ou 15 de Agosto, altura em que praticamente todos os campeonatos europeus já começaram.
E como se tudo isto não bastasse, acresce um neo-fenómeno a que assistimos nos últimos anos com programas “especiais” sobre o período de transferências. A TVI 24, com uma direcção de informação e uma equipa de desporto experientes e conhecedoras do mercado televisivo, lembrou-se de uma forma fácil mas pouco digna de conseguir audiências: um programa sobre nada. O Mais Transferências, transmitido diariamente, consegue ser, mais que um programa sobre nada, um mau serviço ao futebol. Para quem não conhece o formato, um conjunto de jornalistas “da casa” (Pedro Sousa, Rui Pedro Brás, José Manuel Freitas) dissertam com acérrima certeza sobre assuntos que manifestamente não dominam, emitindo juízos definitivos acerca de rumores e de informação sustentada por fontes muito duvidosas para não dizer, em alguns casos, inexistentes. A forma como se manipulam rumores transformando-os em verdades que dias depois são desmentidas é de uma ausência de vergonha inqualificável e um autêntico ataque ao código deontológico do jornalista, onde se fala na necessidade da comprovação dos factos e no combate ao sensacionalismo. O Mais Transferências é pouco mais que um programa de boataria e de desinformação.
Há sete anos, quando nas palavras do próprio renunciou ao jornalismo cansado de andar a correr atrás das ideias dos outros para construir o seu património ideológico, José Marinho estaria longe de imaginar (ou não) que por esta hora estaria novamente a correr atrás das ideias de outrem. E o mesmo mau serviço que o Mais Transferências presta na televisão, José Marinho copia nas redes sociais. Uma vez mais, informação com fontes pouco fidedignas, grau de falibilidade máximo, narcisismo insuperável, necessidade extrema de chamar a atenção e agora, para tentar desculpar-se das sucessivas mentiras com que presenteia os seus seguidores, dedicou-se à modalidade de atirar areia para os olhos dos seus seguidores referindo-se a um presumível post do Ontem em que alguém afirmou (será que afirmou mesmo?) que Jesus iria renovar pelo Benfica. Enquanto procuramos tal post, aguardamos que Bynia atinja o talento de craque da Liga Portuguesa, profetizado por Marinho, que defenda os interesses do Benfica em vez de tentar justificar os injustificáveis erros do seu ex-agenciado Artur Moraes, que reexplique o negócio de Garay, uma vez que a sua tese foi desmentida pelo presidente Luís Filipe Vieira ou que Maxi Pereira renove o contrato. É que um homem de tantas certezas não pode reger-se sob a velha máxima de Pimenta Machado, que dizia que “no futebol, o que hoje é verdade, amanhã pode ser mentira”. Está no direito de se enganar, é certo. Não está é no direito de tomar os seus leitores por parvos e de tentar camuflar as suas fraquezas com o nosso trabalho, que na verdade, e ao contrário dele, de trabalho tem pouco e não é mais que um passatempo. Sobre Marinho, a sua maneira de estar no futebol e o seu carácter não me pronunciarei mais até porque não é guerra minha, mas resta-me dizer que não é por se entregar a carteira de jornalista que se deixa de praticar mau jornalismo. E se voltar a lançar suspeitas de que uma força estranha lhe apaga posts no Facebook, nós refrescamos-lhe a memória. Não vá tratar-se de um caso de sonambolismo, temos guardados os posts que o próprio escreve e posteriormente apaga com as ordinarices que escreve acerca de nós.
Passem bem. E de preferência sem estas personagens.