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domingo, 15 de abril de 2012

Mas agora uma Taça cheia de cerveja é má, é?

A Taça da Liga é uma competição de merda. Pelo menos é assim que pensam (ou fingem pensar) os adeptos do Sporting, do Porto e - numa demonstração de grande benfiquismo - grande parte dos adeptos do Benfica.

Para os sportinguistas, é a Taça Lucílio. Isto porque numa das finais o Sporting perdeu o troféu para o Benfica. Chamam-lhe assim, carinhosamente, de "Lucílio", porque se consideram muito prejudicados por um penálti mal marcado a nosso favor. É, de facto, verdade: aconteceu história nesse jogo - marcou-se um penálti a favor do Benfica que não existiu. Como punição tivemos desde esse fatídico dia nenhum penálti mal marcado a nosso favor e 341 penáltis evidentes que não foram marcados a nosso favor. O Lucílio custou-nos caro. Mas esquecem (ou fingem esquecer) os adeptos sportinguistas que, nessa mesma final, o penálti mal marcado a favor do Benfica deu direito a ir a penáltis, não à Taça. E esquecem (ou querem mesmo esquecer) que o golo do Sporting nessa final foi marcado numa jogada precedida de falta. Esquecem porque o ódio é mesmo assim: não interessa a verdade, só subsiste a frustração e a pobreza de espírito. E, no final, a Taça da Liga não mora no museu do Sporting.

Para os portistas, é a Taça da Cerveja. Preferencialmente do "fino" e não da imperial, embora haja relatos obscuros de portistas que, mortos de sede, acabaram por beber Tagus (e não Dourus) numa noite que será seguramente para esquecer. Afinal, o Porto nesta competição tem um historial interessante: ou nem sequer chega às meias-finais ou chega e perde com o Benfica. Na única vez em que chegou à final, levou um banho de bola e 3 batatas - de quem? do Benfica. É, assim, da mais ingénua naturalidade que esta Taça seja a Taça da Cerveja para tão ilustres competidores. Só bebendo aos litros do líquido podem esquecer o facto de terem perdido duas delas para o seu ódio de estimação. E, no final, a Taça da Liga não mora no museu do Porto.

Para grande parte dos benfiquistas, é a Taça que não salva a época. Verdade, não salva nem tem de salvar. As Taças não servem para salvar coisa nenhuma, são competições oficiais que têm de ser ganhas - pelo menos para mim, que sou mau benfiquista. Há nisto algo de pouca cultura desportiva e alguma arrogância: a Taça da Liga é uma boa ideia, sempre foi, dá um bom dinheiro (mais do que a Taça de Portugal, por exemplo) e permite que outros clubes, mesmo de menores dimensões, compitam e possam alargar o seu palmarés ou a sua história. Mesmo não ganhando, como foi o caso do Gil Vicente que pela primeira vez atingiu uma final de uma competição maior no futebol português. Grande parte dos benfiquistas não quer saber disto para coisa nenhuma - prefere defender as ideias rústicas que a comunicação social e os outros adeptos defendem. Não se interessam verdadeiramente pelo futebol e nem sequer se questionam sobre estes assuntos. Que a Taça da Liga seja uma boa ideia ou que sirva o futebol português são coisas de somenos. E, portanto, para a maioria dos benfiquistas, esta é uma taça que pouco vale. Mesmo que, no final, tenhamos, em 5 anos, 4 troféus e dado ao museu do clube (que anda tão sedento) mais 4 razões para manter o Benfica como o mais titulado clube nacional. 

Para mim, esta Taça da Liga vale o que tem de valer. Defendo-a desde o início, mesmo antes de a ter ganho. Porque faz sentido - aceito que organizada noutros moldes - e porque compõe uma ideia que é ancestral no futebol europeu - na chamada pátria do pontapé na bola, ela é, há muito, uma competição desejada por todos. Aqui, neste nosso cantinho, preferimos dizer mal. Não espanta: também Pessoa foi considerado um alucinado dos astros ou Jorge de Sena recambiado para os Estados Unidos. É um país que ama o ódio. Felizmente ainda há quem odeie não amar.