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quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Um jogo revelador



O jogo de despedida da UEFA foi revelador, desde logo, da pobreza da prestação europeia do Benfica, ou seja, as segundas linhas mais o bebe Tiago, conseguiram empatar e dominar um jogo frente ao adversário mais forte do grupo, ainda que não tenha apresentado o seu 11 habitual. Por aqui se tem de perceber o quão diferente esta campanha europeia deveria ter sido. Vá lá que Jorge Jesus demonstrou um discurso mais consciente da dimensão do falhanço.

O jogo de ontem foi ainda revelador no que diz respeito ao bom trabalho de sombra que JJ tem feito com Pizzi. O novo projecto de JJ demonstrou ontem pernas para andar com uma exibição de bom nível – sobretudo na primeira parte – dando alguma esperança para aquilo que pode ser a posição 8 depois da saída de Enzo, se esta ocorrer mesmo em Janeiro.

Ontem foi ainda revelado um pouco mais de Cristante. Antes do jogo com os Alemães na primeira volta desta fase de grupos, escrevi que o médio Italiano podia ser uma arma importante num jogo que pediria mutações de flanco e passes em profundidade rápidos e ainda numa primeira fase de construção. Nessa altura, muitos dos que leram pensaram com certeza: “este gajo está maluco ou não percebe nada disto”. Compreendo que assim seja, o facto é que Cristante, nos jogos da taça e no jogo de ontem, tem-se revelado, quanto a mim, no médio com melhor capacidade de passe a média/longa distancia, diria que nem Enzo tem o grau de eficácia de Cristante nesse aspecto do jogo. Na altura salvaguardei a questão defensiva, porque ainda não tinha visto jogar no Benfica e muito menos via os treinos. É também um facto que nesse jogo o Italiano foi desastroso nessa vertente, não obstante não deixa de ser menos verdade que tem melhorado a olhos vistos e o jogo de ontem foi revelador disso mesmo. Forte na antecipação e contundente no choque, aliados a um bom posicionamento. Há ali muito por onde crescer e JJ fará de Cristante o próximo médio defensivo do Benfica, não tenho duvidas.

Ontem também foi revelada a tremenda falta de qualidade de Tiago bebe. Fosse o futebol uma prova de velocidade com condução de um objecto redondo sem obstáculos e Tiago seria um atleta top, mas como o futebol é uma modalidade que compreende mais 10 colegas e 11 adversários, contemplando assim a capacidade de decisão, Tiago não passa de um bebe no meio de gente graúda (ainda gostava de ver uma equipa cujos extremos fossem Capel e Tiago). Porém, não deixa de ser algo revelador o forte empenho de JJ em incentivar e aplaudir o jogador, mesmo que tome a decisão mais absurda do mundo. Mas pode ter sido apenas impressão minha, veremos. E pensar que gastamos dinheiro em Tiago ao mesmo tempo que mandamos embora Bernardo Silva ou Ivan Cavaleiro…

Este jogo revela também muito do que é a formação do Benfica e o seu enquadramento no plantel principal. Nem num jogo com as características do de ontem foi possível ver Nelson Oliveira por mais de 15/20 minutos, mesmo com um Lima absolutamente desastrado em quase tudo o que fez. Porém, nesses mesmos minutos, foi ainda possível perceber o potencial físico e técnico do jogador, mas olhando para o tempo de utilização do plantel, ainda teremos de ver Jara com mais tempo de jogo que o avançado Português por muito e longo tempo, ainda que espere estar engando.

Esses minutos revelaram ainda que a maioria dos adeptos desconhecia Nelson Oliveira, porque o que fez ontem, já antes o havia feito no mundial sub20 ou no empréstimo ao Rennes (que muitos insistem em dizer ter sido mal aproveitado pelo jogador). Por essa net fora já vi muitos pedidos de mais minutos para o jovem e outros tantos escritos de erro de avaliação que haviam feito do avançado. De facto, criticavam quem pedia mais para o Nelson, mas nem sabiam muito bem porquê.

Depois há João Teixeira que entrou, lutou e tentou brilhar, mas não conseguiu. O jovem da equipa B entra em campo para os últimos minutos do jogo com a noção de que tem de conquistar este mundo e o outro naqueles minutos se quiser ter alguma hipótese no futuro, ou seja, o jovem da formação sabe que tem de fazer muito mais e em muito menos tempo que os outros se realmente quiser ter oportunidades sérias. Mas esse sentimento tolda-lhe o discernimento e, normalmente, acaba por fazer tudo mal ou, na melhor das hipóteses (tal como aconteceu ontem), faz quase tudo bem menos a parte mais importante: a decisão. Corre, luta, ganha, limpa o adversário e… tenta brilhar ao nível lendário, quando deveria apenas dar sequência ao lance com um passe. O problema da formação do Benfica não é a falta de qualidade, é sim a falta de continuidade.

Do jogo de ontem sobram ainda as revelações de Lima e Derley. O primeiro revela um nível de ansiedade tal que já nem o trabalho de “sapa” lhe sai bem. Se até aqui víamos um Lima que não marcava, mas que dava a marcar, fosse por assistências directas, fosse por movimentações que abriam espaços, ontem nem isso vimos em Lima, talvez uns tempos de banco lhe possam fazer bem, regressando com adversários mais acessíveis. Do ex-Maritimo sobram pormenores de qualidade enquanto 1º avançado, isto é, não será no chamado papel 9.5 em que JJ o utilizou no início de época que Derley se pode revelar útil, pelo contrário, é e será entre os centrais que o Brasileiro poderá dar o melhor de si à equipa, funcionando como um verdadeiro pivô ofensivo. Pode não marcar muito, mas faz passes e combinações simples que abrem muito e bom espaço para os colegas vindos de traz poderem finalizar

terça-feira, 29 de julho de 2014

Análise aos "reforços" (I)

A praticamente dez dias de disputar a sua primeira competição oficial (e logo uma final), o Benfica apresenta no seu plantel principal cerca de trinta e seis jogadores. Entre saídas por empréstimo, vendas, dispensas e contratações, muita água vai correr debaixo da ponte da Luz até 31 de Agosto, como costuma ser hábito. No entanto, já se conseguem tirar apontamentos de alguns jogadores. Eis as primeiras impressões de algumas caras novas que se apresentaram para trabalhar com o plantel principal:

Djavan - Djavan, Djaveio, Djafoi, Djaandou. Nunca contou para Jorge Jesus, como aqui anunciámos ainda antes do seu primeiro treino. Um jogador trazido por Jorge Gomes, é bom relembrar. Que seja feliz em Braga e que o vínculo contratual de quatro anos celebrado com o Benfica passe depressa.

Luís Filipe - Apresentou-se num estado lastimável para um futebolista. Como se não bastasse, não exibiu um resquício sequer de qualidade nos jogos que disputou. Com Maxi, Cancelo, Almeida e, quem sabe, Sílvio, não há motivos para ficar no plantel. Que seja emprestado a um clube português, em vez de ser recambiado para a América do Sul, a ver se aprende alguma coisa.

Loris Benito - Ao contrário do que o Ricardo acha, Benito parece-me um bom jogador. Não é um lateral explosivo mas incorpora-se bem no ataque. Defensivamente para ser tão forte quanto Siqueira, pecando talvez na excessiva procura em "fechar o meio" quando a bola está no sector oposto ao seu. É muito jovem e tem escola. Tenho poucas dúvidas de que vai conseguir impor-se a curto/médio prazo.

Talisca - Positivamente surpreendido. Para quem jogava perto do ponta-de-lança no Brasil, Talisca adaptou-se fácil e rapidamente às exigências e ao conceito que Jorge Jesus quer. Excelente trabalho desenvolvido entre ambos. Um jogador bastante interessante para ser trabalhado com tempo. Independentemente da saída de Enzo Pérez, parece-me que Talisca vai assegurar com alguma facilidade um lugar no meio-campo do Benfica.

Franco Jara - Muita raça, muito lutador, muito trabalhador… mas contas feitas dá quase nada. Jara entra para o quinto ano de contrato com o Benfica (apesar de só ter cumprido uma temporada) com os mesmos vícios do primeiro dia e sem ter evoluído nada. A expulsão com o Marselha e o penalty falhado com o Ajax devem ter sido suficientes para assinar a sua dispensa.

Derley - Exibiu algumas qualidades técnicas que não são habituais num jogador com o seu perfil. Confesso que vi pouco deste avançado no ano passado, ao serviço do Marítimo, mas gostei do que vi nestes jogos particulares. Parece-me curto para titular, mas apresenta uma explosividade e presença física interessantes. Esperemos que não seja apenas um Hassan ou um Marcel que se farta de marcar golos em clubes do meio da tabela mas que quando dão o passo em frente desaparecem.

sábado, 19 de julho de 2014

Benfica-Estoril: primeiro raio-X

O primeiro jogo da pré-época nunca pode servir de motivo de depressão ou de euforia. Os jogadores têm apenas 15 dias de preparação, procuram ainda a melhor forma de interpretar a ideia de jogo que o treinador tem e entender os restantes colegas e seu tipo de jogo. É, portanto, apenas e só um gerador de primeiras impressões que necessitarão de mais base que as sustente. Sendo assim, vamos ao primeiro raio-X de 2014/2015:

1) Uma inesperada (pelo parco tempo de preparação) sintonia entre os jogadores e uma boa assimilação da filosofia de Jorge Jesus: sa saída de bola, vimos o médio defensivo baixar para os centrais abrirem; vimos a compensação do extremo na subida do lateral; vimos a procura de alternar entre o jogo interior e a busca pela verticalidade dos extremos; vimos os movimentos de aproximação ao miolo por parte do avançado; tentativa de combinação em triângulos: «extremo, médio, avançado» ou «lateral, médio, extremo», consoante a zona do campo em que procurávamos a construção de jogo; compensação do médio-defensivo à subida dos laterais; procura (ainda difícil) de sintonia entre o médio defensivo e o médio de transição; movimentos de ruptura de um dos avançados, procurando deixar o terreno livre para a entrada ou do extremo em diagonal ou do outro avançado, com espaço aclarado; pressão alta e orientada para os espaços exteriores para logo "sufocar" o portador de bola com dois e três jogadores; trabalho nas bolas paradas. 

Alguns dos pressupostos que orientam a filosofia de Jorge Jesus estiveram bem nítidos neste primeiro jogo. Ainda faltam alguns, os que mais dificilmente são explicáveis a jogadores que chegaram há 3 semanas e começaram a treinar há 2. No entanto, é positivo que tanto trabalho esteja a ser compreendido pelos atletas. É uma das grandes mais-valias do nosso técnico: em termos de treino, é dos melhores do mundo.

2) Luís Felipe entra directamente para a Wall of Cepos. Todos os anos, por alguma estranha razão, o Benfica decide contratar um mau jogador. Não é possível acreditar que Jorge Jesus ou a equipa de prospecção do clube tenham vislumbrado qualidade em Luís Felipe, tão mau é o rapaz; logo, temos duas hipóteses para esta contratação: deu alguma comissão ao treinador, ao Presidente ou a outro gajo qualquer; é importante ter nos treinos uma referência no sentido de o mister poder explicar como não se joga futebol - «olhem para o Luís Felipe, aquilo é tudo aquilo que vocês não podem fazer!». Luís Felipe entra assim na Wall of Cepos, continuando a saga que se iniciou com Emerson e teve continuidade com Cortez. Se o primeiro ficou absurdamente uma época inteira a titular, contribuindo para não ganharmos o título, já o segundo ia ficando não fora termos emendado a mão no último segundo de Agosto. Espera-se que Luís Felipe possa seguir as pisadas de Cortez e ficar já encostado para sair em Janeiro. A diferença é que Cortez veio emprestado e este, se ficar os 5 anos ligado ao clube, custar-nos-á 2 milhões de euros. Só 400.000 a menos do que... Garay.

3) João Teixeira. Uma surpresa no onze e uma boa surpresa em campo, embora não tenha feito um jogo exemplar. Cometeu alguns erros compreensíveis pela natural ansiedade em mostrar serviço de um puto que tem qualidade: bolas perdidas em zonas cruciais, alguns erros no passe, nem sempre mantendo o equilíbrio posicional aquando das subidas dos laterais. Positivo: muito boa antecipação dos lances, entrando em desarmes que denotam concentração e capacidade para antever o jogo adversário; disponibilidade física; agressividade positiva, disputando cada lance com o espírito competitivo que se exige a um jogador do Benfica; visão de jogo, encontrando boas e inesperadas soluções mesmo quando estava pressionado; a procura pelo jogo vertical interior - quase sempre para Talisca ou Derley - dá bons indícios sobre a forma como interpreta o jogo. 

João Teixeira, juntamente com Rúben Pinto, Bernardo Silva ou outros jovens da formação, não deve nada a putos que chegam vindos do estrangeiro. A única razão para não serem aposta prende-se com uma estratégia errada de modelo de gestão. No Benfica, pensa-se sempre em fazer lucro, mesmo que no saldo entre compras e vendas na era Vieira o prejuízo seja assinalável. Olhem para os putos, dêem-lhes reais oportunidades, que vão ver brotar daquele Seixal muito titular e muito "activo" que poderá ser vendido no futuro, além do contributo desportivo. Agora, é mesmo se apostarem neles e não se lhes derem um ou outro jogo de pré-época para logo serem encostados quando chegarem mais uns estrangeiros tipo... Luís Felipe.

4) Benito e César - ficam para outras núpcias. Tanto mostraram qualidades como defeitos. Prefiro ver o jogo de amanhã para não ter dúvidas sobre se são de facto reforços ou se estaremos perante jogadores medíocres.

5) Ola John. Um talento puro. É um dos meus jogadores preferidos e no qual tenho muita confiança. Espero poder ver este ano o Ola John de sempre com um acrescento em termos motivacionais e de espírito combativo. A qualidade que este miúdo tem merece ter consequência no relvado. E nós merecemos ter um Ola John a brilhar de águia ao peito. Cabe a Jesus burilar este diamante. 

6) Derley deixava água na boca no Marítimo e ontem confirmou todas as expectativas. Sendo titular ou vindo do banco, será uma das figuras da época 2014/2015. Tem golo; tem presença física; sabe deslocar os defesas para a entrada dos colegas; combina muito bem com os extremos, não raramente mudando de posição com eles; de fora para dentro é perigosíssimo, tanto em diagonais dentro da área como aparecendo à entrada da área para finalizar um cruzamento; sabe recuar, tabelar, abrir jogo e rapidamente procurar a bola no espaço; nas recuperações de bola em transição, é óptimo porque sai rápido e decide geralmente bem. Não é um 9 puro, é mais um Rodrigo. O que quer dizer que, se Cardozo sair ou se mantiver lesionado, o Benfica precisa de ir ao mercado para ter uma opção mais "posicional" no ataque.

7) Candeias. Imaginando que Gaitán fica (o que não é, de todo, expectável), para as alas teremos o argentino, Salvio, Ola John, Pizzi e Candeias. Não será injusto dizer que o último será a última opção. Tendo em conta que Maxi pode não ficar ou mesmo ficando tem, como teve sempre, problemas posicionais, que Cancelo não é opção para Jesus e que Luís Felipe é, enfim, mais um feliz contemplado na Wall of Cepos, diria que Candeias poderia dar um bom lateral. Fica a ideia para o nosso mister reflectir.

8) Jara - 5,5 milhões de euros - não é nenhum cepo, mas também não justifica ficar no plantel tendo em conta que temos Lima, Cardozo e Derley (e Nelson?). Vendia o gajo. 2 milhões seria um negócio implacável.

9) Aparecer de 5 em 5 minutos a cara do Presidente é uma coisa asquerosa. Esta lobotomia aos benfiquistas - que tem resultado - é demasiado degradante. Numa campanha de angariação de sócios, a escolha para ter como figura da mesma a cara do Presidente diz tudo de quem temos a desgovernar o nosso clube.

10) Calado se estivesse calado era um bom poeta calado. A Benfica TV tem um principal requisito: ser lambe-botas do Presidente, do treinador e de tudo o que se faz no clube. Mas também não exagerem. Nada justifica tanto melão.