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terça-feira, 9 de julho de 2013

As laterais



Parece próxima a resolução de um dos problemas do plantel, isto é, a confirmar-se a chegada de Sílvio para o plantel, finalmente teremos um lateral direito de nível, escusando-nos a mais adaptações ou a viver “amarrados” a um lateral direito que de defesa nem o nome tem e que é um dos pontos fracos do nosso plantel.

Há quem diga que Sílvio chegará para, de uma só vez, resolver os dois problemas que temos nas laterais. Se for mesmo essa a ideia, isto é, se a intenção passar por não se contratar nenhum lateral esquerdo digno desse nome, confiando a posição a Melgarejo e Sílvio, eu não posso concordar.

O jovem Paraguaio já deu provas suficientes que dificilmente será uma opção valida para os maiores embates com que o Benfica terá de se defrontar na próxima época, falo naturalmente dos encontros com equipas de nível semelhante e/ou superior ao Benfica. Melgarejo é forte a atacar, com boa capacidade de condução de bola, boa técnica e capacidade de romper pela ala – ou não fosse ele de origem um avançado/extremo – mas deixa muito a desejar no capítulo defensivo, com falhas no alinhamento com os restantes colegas de sector, dificuldades nas dobras e ajudas aos centrais e debilidades no um para um defensivo. Essas mesmas dificuldades são tanto mais evidentes por se enquadrar numa equipa com um pendor muito ofensivo e que, não raras vezes, deixa à sua sorte os elementos do sector mais recuado. Ou seja, Melgarejo será sempre um bom lateral para a maior parte dos jogos internos, onde as obrigações defensivas são muito poucas e onde até é benéfico para a equipa que tenha um lateral com tão boa capacidade ofensiva que ajude na profundidade e largura de jogo ofensivo, mas não chega para os confrontos com os rivais mais directos e para os jogos europeus de Liga dos Campeões.

Com Sílvio a lateral esquerda terá o equilíbrio e solidez que Melgarejo não consegue oferecer, mas perderá capacidade ofensiva, quanto mais não seja, por ser um jogador destro e que por isso tem dificuldades em dar a profundidade e largura – muito menos em velocidade – que Jorge Jesus tanto aprecia nos seus laterais (como foi visível nos primeiros tempos de SC Braga e Selecção), sendo que, quando colocado à direita, embora sem grande capacidade de romper linhas em posse, Sílvio dará sempre maior equilíbrio táctico e emocional que Maxi Pereira.

Sendo assim, com Sílvio e Melgarejo como soluções para a lateral esquerda, não teremos, novamente, um lateral completo que seja capaz de desempenhar as tarefas defensivas e ofensivas com a mesma qualidade. Não obstante, com Sílvio e Maxi para a lateral direita, teremos sempre um jogador equilibrado e capaz para os jogos de nível superior e um lateral muito ofensivo e guerreiro para os jogos mais “bloqueados” e de maior exigência física no vai e vem constante.

Por tudo isto considero que com a chegada de Sílvio ainda nos fica a faltar a contratação de um lateral esquerdo, sendo que o Português nessa posição deverá ser sempre encarado como uma solução de recurso e não habitual.

P.S.1 – Sílvio regressa à casa que o formou, embora nunca tenha jogado na equipa principal.

P.S.2 – A contratação de Sílvio agrada-me, mas deixa-me algo apreensivo essencialmente pela inconstância física que ele revelou nos últimos 2 anos, com sucessivas lesões que não lhe permitiram a afirmação no Atlético de Madrid.

P.S.3 – Com a chegada de Sílvio esgotam-se as poucas esperanças de se ver João Cancelo a aparecer na equipa principal do Benfica, sendo que nesse caso, parece-me de todo conveniente para o Benfica e para o jogador que este seja colocado por empréstimo num clube de primeira liga, onde possa ganhar a “rodagem” que a equipa B do Benfica não pode oferecer e que o seu talento já justifica. Talvez o Vitoria de Guimarães que perdeu Alex e que tem um treinador capaz no desenvolvimento dos jovens.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Vemo-nos em Amesterdão.

Pois é, os erros dos laterais às vezes dão merda. Normalmente, passam ao lado do comum dos mortais - até dos experts que não são os "entendidos da internet" -, outras vezes dão golos adversários. Dois laterais medíocres é o que o Benfica tem e teve durante a época toda. Há quem veja isto e quem prefira não ver. O pior é que há quem devia mesmo ver isto. No resto, temos tudo para passar a eliminatória. E, já agora, amanhã vou tratar da minha passagem para Amesterdão.

terça-feira, 26 de março de 2013

7

1. "Pausa para a Selecção" é bem capaz de ser a pior frase que um benfiquista pode ouvir. Duas semanas sem Benfica é doloroso, causa urticária, doem os dentes, caem cabelos, andamos nervosos, ansiosos, modorrentos. Acabem lá com isso em Baku e devolvam-nos o futebol a sério.

2. Sábado recebemos o Rio Ave e, como é evidente, temos de ganhar. Aliás, ajudava que ganhássemos todos os jogos até ao Dragão. Se o fizermos, mesmo perdendo com o Porto, seremos campeões. Apareçam pelo estádio. Aquilo até é giro.

3. Os paraguaios vieram mais cedo por estarem lesionados. Acaba por ser positivo: não se desgastam mais e temos substitutos para eles até voltarem a estar em forma. Por outro lado, viram as famílias e comeram as comidinhas das mamãs. Isto no fundo até correu bem.

4. Na Selecção de Portugal, o nosso único representante vai fazendo uns minutos, uns passes meio disparatados e uma correrias para aparecer em grande nos últimos jogos da época. Vai afinando a mira, Carlos, que ainda vamos precisar de ti daqui a um mês.

5. A apresentação de Jesus na Faculdade foi qualquer coisa de genial. Sabe sempre bem ouvir quem percebe do assunto a dissertar sobre o jogo daquela forma. É pena é que neste país passemos o tempo a falar de todos os assuntos secundários e quase nunca daquilo que interessa. Jesus esteve sublime, mesmo no seu português original. Já o "A BOLA" hoje esteve como tem estado nos últimos largos anos: a enxovalhar o jornalismo. A capa "Peixeirada" é o sinal claro de que aquela gente desistiu de amar o futebol.

6. O Benfica pode vir a ter quase o dobro dos jogos do Porto até final da época. Há quem considere a eliminação dos portistas uma benção para nós por ter baixado a moral das tropas de Vítor Pereira. Eu continuo a achar que, apesar desse claro elemento desestabilizador, a questão física terá importância - é bom não esquecer que, a meio de jogos cruciais, teremos 2 (provavelmente 4) jogos europeus de grande intensidade e importância. Resta-nos esperar que o Porto volte a falhar e, aí sim, só muito dificilmente não seremos campeões. Por outro lado, é bom que tenhamos bem presente que uma escorregadela nossa sem que o Porto volte a perder pontos significa que não podemos ir perder ao Dragão. Um cenário que devemos evitar de todas as formas.

7. A onda benfiquista não chegou. A onda benfiquista começou em Agosto, quando os mesmos de sempre começaram a ir ver jogos à Luz e aos estádios dos adversários. É ela que eleva a equipa às vitórias. A mini-onda benfiquista dos que só vão ver o Benfica quando ele está quase a ganhar alguma coisa só serve para estatísticas e receitas. Desportiva e clubísticamente, vale muito pouco.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Ainda Leverkusen (após uma semana a chicotear-me pelo Jesus ter feito o que ando a escrever há 3 anos e meio)

- Sim, 3 anos e meio depois Jesus compreendeu o que deve fazer nos jogos de dificuldade média/elevada. Pena ter demorado tanto, mas mesmo os benfiquistas menos católicos não terão problemas em ter esperança na conversão do mister. Acreditemos, companheiros, acreditemos. Continua a ler o blogue, Jorginho, que só te (nos) faz bem.

- Matic numa posição mais favorável às suas características. (Ainda mais) luxo.

- Tendo em conta a forma como o Leverkusen sabe jogar, apostar no 442 suicida na Luz será isso mesmo: um convite à nossa própria morte. Manter um avançado apenas, com Gaitán nas suas costas. A peregrina ideia de que jogar com muitos avançados faz ganhar mais jogos e marcar mais golos devia dar pena de prisão. 

- Muito importante analisar o último lance do jogo por aquilo que ele revela do que deve ser a atitude competitiva de um jogador. Revejam a jogada e observem Melgarejo. Imaginem que o paraguaio tinha ficado parado como vários colegas seus. Fixem a imagem no momento em que entra o cabeceamento/assistência para a desmarcação do jogador do Leverkusen. A antecipação dos lances, a constante concentração competitiva e a crença de que se chegará à bola antes de ela entrar: tudo isto Melgarejo teve no último minuto do jogo. Com isso segurou a vantagem da equipa. Uma lição para apresentar no balneário antes dos jogos.

- Fantástico Artur. A diferença de um medíocre para um bom guarda-redes também está nisto: a resposta a um momento menos feliz. Em Leverkusen, Artur foi O REI. 

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Braga-Benfica (uma semana depois por ter estado a chorar, deprimido, a vitória)

Um dia antes do clássico contra o Porto, escrevi isto:

« (...) É um exercício interessante o de pensar qual a melhor equipa para entrar de início no Domingo - e, claro, quais as ideias que Jesus deverá ter para o 11. Partamos de uma ideia-interrogação: devemos abdicar de um avançado, povoando o miolo contra um expectável meio-campo forte do Porto (com Fernando, Moutinho, Defour e Lucho) ou será mais avisado mantermos o sistema preferido do Jesus, apostando as fichas num jogo de rasgões e pressão forte sobre a saída de bola dos portistas?

Por mim, e sabendo que Rodrigo está lesionado e Lima jogou os 90 minutos na Quarta, faria uma espécie de híbrido entre o 442 e o 433: o 41311. E o que é o 41311? É Gaitán. Colocar o argentino onde me parece que rende mais: não propriamente a 10, mas a segundo avançado que parte de trás - um pouco como João Vieira Pinto jogava. Em construção, Gaitán tanto pode aparecer, móvel, na zona à frente da área portista como pode recuar dando apoios e permitir a subida de Enzo, desequilibrando marcações formatadas. Em transição, é um jogador que garante não só velocidade e transporte a grande nível como, com Ola John e Salvio na alas, pode potenciar situações de 5-4, 4-3, 4-2, 5-3, 3-2, que, com boa decisão, resolvem jogos. 
Gaitán seria assim um apoio precioso a Cardozo ao mesmo tempo que, sem bola, permitiria à equipa equilibrar o meio, juntando-se o argentino a Fernando, possibilitando que o bloco se mantenha alto para afundar o Porto no seu meio-campo e evitar que, nas perdas de bola, os portistas a recuperem em zonas próximas da nossa área (...)»


Duas ideias recorrentes neste blogue de há 3 anos para cá: a necessidade de, em jogos de dificuldade média/elevada, abdicarmos do sistema de dois avançados puros e a noção de que o enorme talento de Gaitán está a ser desvalorizado por Jesus na ala quando devia ser não um 10 mas um híbrido, como segundo avançado.

Para o jogo contra o Porto, Jesus não veio ler o blogue. Pena, naturalmente, porque foi um jogo - até pela ausência de James - totalmente desperdiçado por uma equipa que quer ser campeã. O empate nesse jogo desviou o já alto favoritismo do Porto antes dele para um patamar de enorme favoritismo quando o jogo acabou. Em casa, num campeonato tão equilibrado entre as duas equipas e tão desequilibrado para as restantes, só podia ter dado vitória. Não dando, e tendo persistido no erro táctico que tem sido recorrente em Jesus nos grandes jogos, o Benfica passou a depender não só dos árbitros (quota-parte importante, visto que falamos do campeonato português), mas de uma vitória no Dragão - ou de um empate a 3 ou mais golos, o que não é propriamente um cenário muito plausível. Por culpa nossa, por culpa do nosso treinador, por culpa do nosso presidente. Coisas que passam por entre os pingos da chuva na ilusão de outras vitórias.

Para Braga, Jesus decidiu ler primeiro este blogue. Os resultados foram os que se viram. Fica, porém, uma dúvida: Gaitán foi utilizado ali por opção táctica? Os mais optimistas dirão que sim. Eu vejo na indisponibilidade de Cardozo para esse jogo e na utilização de Gaitán na faixa no último jogo duas razões para acreditar que Jesus ainda não percebeu. Mas eu sou abutre.

Há, no entanto, duas boas notícias: a tentativa que Jesus tem potenciado para a equipa conseguir jogar em posse e o próprio discurso do mister, que tem sido nos últimos tempos de enorme ponderação, clarividência, lucidez, inteligência. Como é óbvio, a equipa ainda não sabe jogar dessa forma - são 3 anos e meio a jogar de forma tresloucada; os processos não se apreendem a meio da época -, mas os sinais são positivos: parece haver (FINALMENTE!), uma ideia de que o Benfica, como grande clube que é, não pode passar anos a fio a jogar estupidamente ao ataque. O futebol não é um jogo de ataque, é um jogo de inteligência. Ataca-se e defende-se sempre com o intuito de fundir esses dois movimentos num modelo uno, sem distanciar um do outro. Podemos atacar na defesa; defender no ataque. É isso que as grandes equipas são e que o Jesus ainda não compreendeu, perdido numa ideia de jogo que dá goleadas aos mais fracos e derrotas e empates com os mais fortes. 

De qualquer forma, pela indisponibilidade de Cardozo (para os mais cépticos) ou por opção táctica (para os mais optimistas), em Braga pudemos ver o Benfica confrontar todas as suas hesitações e fragilidades dos grandes jogos com uma mentalidade diferente: não foi só o sistema (Gaitán híbrido) ou o modelo (segunda parte de tentativa de posse segura e inteligente) que mudaram; mudou o lado mental. Ganhar em Braga foi, se os agentes protagonistas o souberem entender, uma mudança de paradigma. Resta agora mantermo-nos fortes contra os fracos e rezar por um deslize do Porto. Não acontecendo, estaremos dependentes de uma vitória na penúltima jornada. Se possível, sem Jardel e Melgarejo no onze - que, como aqui vem sendo dito, cometem demasiados erros invisíveis aos olhos da generalidade dos adeptos. Só se tornam visíveis quando os erros dão golos, como em Braga.

E agora? Resta acarditar. À falta de planeamento, só a crença. E ela às vezes dá frutos. Veja-se a viagem alucinogénica dos três pastorinhos que, carregados de ácidos e bolota, acabaram por criar em Fátima um dos destinos turísticos de eleição dos pouco dotados de espírito.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Uma esperança, uma confirmação negativa e duas certezas

Garay. A lesão do argentino vem levantar um dos problemas de que temos falado ao longo destes meses: se um dos centrais titulares se lesiona, resta-nos Jardel, um jogador que tem feito exibições de muito pouca qualidade, cometendo erros atrás de erros, mostrando que não tem a capacidade necessária para jogar no Benfica.

No entanto, e por uma questão de justiça, há que dizer que ontem Jardel terá feito a sua melhor exibição desde que está no Benfica: fortíssimo pelo ar, concentrado, sempre em apoio ao lateral, excelente nas vezes em que entrou em antecipação e posicionalmente, apesar do pouco perigo que a Académica gerou, esteve muito bem. Sóbrio, eficaz, seguro, consistente. Eu gostava de ver este Jardel até ao final da época. Infelizmente foi a excepção e não a regra.

Pelo lado negativo, Melgarejo. Mais um jogo horrível do paraguaio. Quem vê nesta adaptação uma ideia de génio não deve ver os jogos ou então tem algum filtro que lhe permite ver um Roberto Carlos sempre que a bola chega à lateral esquerda do Benfica. Eu vejo cada vez mais um Fernandez.

Ola John. O maior elogio que se pode dar a um puto com tanta qualidade é saber que decide como decide não por necessidade física mas porque tem o cérebro para entender o jogo. Ola John pode, porque tem características atléticas e técnicas para isso, ultrapassar um defesa e ir à linha final fazer um cruzamento - como 99 por centos dos extremos acha que deve fazer. Mas Ola John raramente o faz e só o faz quando o jogo vertical e posterior bola para área se justificam. Fá-lo raramente porque compreende que é mais fácil chegar à baliza pelos espaços interiores - em combinações, por jogada individual ou passe a abrir no outro flanco, descongestionando - do que se procurar esticar o jogo para um abismo de profundidade. Com esta idade, a decidir assim, só não será dos melhores do mundo se não quiser.

Lima. Marcou, assistiu para golo e deu a marcar outros que Cardozo não soube aproveitar. A qualidade do brasileiro transcende os golos que marca ou as assistências que faz. A forma como se movimenta, tanto em profundidade como em largura, no ataque do Benfica, criando espaços tanto para o companheiro de ataque como, em permuta, para os extremos que aparecem em diagonais, dá ao Benfica a qualidade da surpresa e do desequilíbrio. É um jogador colectivo. Um grande jogador colectivo. Quando marca, vêm os elogios todo e eles acolhe-os no peito; quando não marca, as luzes não o focam, mas ele está sempre lá.

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

O erro de Descartes

«Reforços em janeiro? Os nosso grandes reforços serão o Aimar, o Luisão e o Carlos Martins, com quando os conseguirmos recuperar. Quando estiverem bem fisicamente, serão eles os reforços do Benfica»




0:23 - Jardel é isto. Nenhuma noção espacial, falta de enquadramento, lentidão, tempo e espaço ao adversário. Passou este princípio de época a cometer erros iguais a este. Como não deu golo na maior parte das vezes, as pessoas acham que Jardel substituiu muito bem Luisão. 


0:32 - André Almeida não é lateral. Deverá ser preciso repetir mil vezes mais para o Jesus compreender isso? O rapaz pode dar um bom médio-defensivo, com treino e método. Lateral nunca, porque não compreende os conceitos básicos da função e porque claramente não se sente bem adaptado à direita, onde tem de funcionar de um modo contrário ao que está habituado quando joga no miolo. Aqui, uma abordagem deficiente a um cruzamento vindo do lado contrário. Um erro que o seu companheiro, titular da posição há anos, também comete em quase todos os jogos.

0:41 - André Almeida, a solução óbvia para Jesus quando Maxi está indisponível, não respeita a linha defensiva, deixando Ghilas em jogo. Golo do Moreirense.

No vídeo não aparecem as dezenas de más decisões que André Almeida, Jardel e sobretudo Melgarejo foram tomando ao longo do jogo. Jogadores que não servem o Benfica, por diferentes motivos: Jardel porque simplesmente não tem qualidade para jogar no clube; André Almeida porque está a ser estragado numa adaptação sem sentido quando podia estar a ser especializado onde realmente pode ser bom e onde o plantel necessita de soluções - a médio defensivo; Melgarejo, porque está a aprender; poderá vir a dar um bom lateral-esquerdo, neste momento é apenas medíocre, expondo a equipa a constantes erros que já se pagaram a preço altíssimo e continuarão a pagar, especialmente nos jogos contra equipa de nível superior ao mediano.

O ano passado, porque estávamos em primeiro, decidimos não reforçar um plantel que necessitava de opções - a de lateral-esquerdo a mais ofensivamente gritante. Enquanto isso, o Porto reforçava-se com um ponta-de-lança e Lucho Gonzalez, cirurgicamente equilibrando o grupo de trabalho e indo buscar experiência e conhecimento do clube. O resultado já todos sabemos qual foi.

Esta gente que anda pelo Benfica - dirigentes, técnicos, lambe-botas estilo Gobern e outros - parece não compreender como aprender com os erros e fazer diferente. O Benfica precisa URGENTEMENTE de um central, de um lateral-direito e de um lateral-esquerdo. Mas precisa, ainda mais, de um médio que faça as posições 6 e 8 com igual qualidade, intensidade e experiência. Com a quantidade de jogos que teremos nos próximos meses, várias competições, lesões e castigos e com um meio-campo composto por 2 adaptados é preciso estar a gozar com esta merda para não perceber que é mesmo preciso ir ao mercado.

Se as nossas hipóteses de sermos campeões já são altamente reduzidas, se ainda acrescentarmos a cagança típica vieirista-jesusiana dos últimos anos e acharmos que podemos ganhar alguma coisa sem reforçar seriamente o plantel, então, meus amigos, encomendem as faixas. E no fim nem será mau para todos: dentro da estrutura do Benfica há vários sócios do Porto que agradecerão a ausência de actividade cerebral.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Oremos ao Senhor

Uma análise a um jogo em que uma das equipas fica a jogar em superioridade numérica desde os 7 minutos é quase sempre uma análise falaciosa, porque lhe faltará o elemento fundamental: o equilíbrio numérico. Não é fácil retirar conclusões óbvias dos aspectos positivos - porque facilitados; mas é possível retirar ideias sobre o que essa equipa não fez e devia ter feito. Nesse sentido, o jogo de ontem permitiu-nos, além da ilusão dos golos e de algumas jogadas de grande qualidade individual e, a espaços, colectiva, compreender que o Benfica é neste momento um conjunto de belíssimos jogadores. Mas não é uma equipa.

Desde logo, a forma como o Benfica reagiu à superioridade numérica e consequente, minutos depois, primeiro golo de vantagem. A ganhar por 1-0 e depois 2-0, a equipa não moderou a forma de jogar, controlando e trocando a bola de forma inteligente. Persistiu, como quase sempre desde que Jesus chegou ao clube, numa sôfrega e mal organizada busca pelo golo, permitindo - e este é que é o perigo real que iremos ter durante toda a época - várias jogadas em contra-ataque por parte dos setubalenses. Basta que haja uma perda de bola, e elas existem em número muito superior ao conveniente (ainda por cima em superioridade numérica), para que vejamos uma correria desenfreada dos jogadores adversários, 3, 4 ou 5 contra o mesmo número de jogadores da nossa equipa. Depois definem-se as jogadas pela qualidade de decisão da outra equipa - com o Vitória não corremos perigo; com outra mais organizada, correremos. 

Ao estar a ganhar por 1-0 e depois por 2-0, e tendo um jogador a mais, pede-se aos jogadores que saibam trocar a bola de forma inteligente e que avancem no terreno em apoios, mantendo sempre uma solução para a perda de bola. O que ocorre é o contrário: sobem os laterais, os centrais abrem nas linhas, os alas entram em espaços interiores, os avançados percorrem o espaço à frente da grande-área adversária, e fica Javi com a bola no espaço «6» (sozinho num raio de muitos metros) e Witsel - e somente Witsel - à procura de um passe vertical. Basta um passe errado, que não é raro em Garcia, para que de repente nos vejamos em situação de igualdade ou desvantagem numérica já no nosso meio-campo, sem que os restantes jogadores possam recuperar a tempo. Depois a decisão do perigo dependerá da qualidade do oponente. Ontem, e com menos um jogador, foi muito fraca. Mas contra outras equipas, como será? Melhor: como foi ao longo destes anos? Lembrem-se do golo do Porto na Luz, do 2-2. Ou lembrem-se de outros, vários, golos que sofremos. Os exemplos são vários e estão aí à disposição no youtube.

O resultado é muito bom e pode trazer o que muitas vezes falta: confiança. Mas não pode servir para grandes elogios e crenças num "rolo compressor" quando os erros são exactamente os mesmos do passado - que ninguém, pelos vistos, pretende resolver nesta época. Esta equipa está talhada para golear muitas vezes - basta que o adversário seja de fraca qualidade. Mas também está talhada para perder muitos pontos - basta que o técnico adversário não se chame José Mota ou outro nome da mesma incapacidade técnica. O Benfica goleará algumas vezes, esta época, principalmente em casa. Criará jogadas de sonho e rasgos individuais espectaculares que deixarão os adeptos orgulhosos e cheios de fé numa ida ao Marquês. Mas se Jesus não mudar a forma como a equipa encara o ataque posicional e saída de bola, se não mudar o lateral-esquerdo (já lá vamos), se não começar a encarar os jogos num sistema mais equilibrado, podem ter a certeza: não seremos campeões. Mesmo que do outro lado esteja um incompetente Vítor Pereira - esse mesmo, um burro que, além de outros factores, foi campeão à custa destes mesmos erros que se perpetuam.

É curioso passar os olhos pela blogosfera benfiquista e ver as reacções sobre a exibição de Melgarejo. Os defensores Jesuítas (e de outros eirismos), tecendo loas ao que o paraguaio fez ontem e procurando atacar quem diz que esta solução é errada, não compreendem que estão precisamente a fazer o contrário: o que há a elogiar na exibição de Melgarejo no jogo de ontem é exactamente o que faz da opção de Jesus uma anormalidade. No fundo, sem notarem, estão a criticar Jesus.

Melgarejo é um puto com muita qualidade e tem características pouco usuais, porque junta à velocidade uma boa técnica, rasgo, capacidade de entender a movimentação dos colegas e as possibilidades de criar desequilíbrio na altura certas. Melgarejo tem faro pelo movimento de ruptura e entende perfeitamente quando deve criar profundidade ou entrar pelo espaço interior em combinações com os colegas. Melgarejo é, de forma simples, um excelente extremo que Jesus está a queimar a lateral-esquerdo. Melgarejo é o que Ola John ainda não é nem se sabe se algum dia será. No entanto, gastámos 9 milhões num jogador quando tínhamos no plantel outro que é melhor do que ele. Vierices e Jesusices que nunca mais acabam.

Melgarejo não sabe defender. Nem técnica nem tacticamente. Isto porque defender não é um acto isolado, não se distinguem gestos para justificar o injustificável. Claro que o auto-golo e o mau passe que originaram os dois golos do Braga são gestos técnicos, o problema é que a técnica não se coloca num boião e a táctica noutro - elas fundem-se e é, juntamente com outros factores, dessa mistura que sai um jogador. Se o jogador não tem as noções básicas do que fazer num cruzamento alto vindo do outro lado ou se não tem a capacidade de entender o que deve ser a decisão em zonas mais recuadas do terreno, esse jogador estará sempre em dificuldades. Pode ter técnica - que tem -, pode conhecer os princípios básicos de como defender - que não conhece -, mas o todo é que conta. E o todo, no caso de Melgarejo, é um todo que não permite que o rapaz seja colocado naquela posição. 

Erra Jesus também noutro pensamento: é que tacticamente Melgarejo está longe de estar apto a ser lateral-esquerdo. Ontem, como é óbvio, quase não errou porque não teve um adversário que lhe desse problemas. Mas a movimentação é errada, tanto na forma como se enquadra no equilíbrio defensivo aquando de um lance do lado contrário (procura muito a antecipação e menos a qualidade posicional) como na deficiente interpretação do espaço a ocupar quando a bola é metida no seu espaço - mais uma vez, ou procura a antecipação ou fica demasiado recuado (por medo de falhar?), deixando o opositor com tempo e espaço para pensar e decidir. 

Optar por colocar um jogador sem rotinas (é o próprio Jesus que o diz, quando justifica o injustificável com as apenas "8 semanas") numa posição que necessita de estar estabilizada, com a competição a decorrer, já não é só um erro absurdo que podia ser um acidente - com Jesus, que pelo histórico conhecemos o seu modo de actuar, é uma imbecil teimosia que mais uma vez custará pontos ao Benfica e de forma recorrente. 

Olharmos para a qualidade destes jogadores, imaginarmos o que podia ser este plantel se não tivesse erros básicos na sua composição (parece que temos de ter sempre uma posição que serve de brinde aos adversários; talvez queiramos deixar os jogos mais interessantes e espectaculares), sonharmos com um técnico que, em vez de teimar no injustificável, soubesse potenciar ao máximo a qualidade que tem ao dispor, dói muito. Acima de tudo porque bastaria um treinador medíocre e uma Direcção minimamente competente para fazer destes jogadores campeões consecutivos anos a fio. Assim, estaremos sempre dependentes de sortes e azares dos nossos, decisões acertadas ou erradas dos adversários, lances mal ou bem assinalados pelos árbitros. E muito entregues à fé.


segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Melgarejo e outros queijos

À sondagem que fizemos sobre Melgarejo a lateral-esquerdo, a resposta dos leitores foi contundente: acham um disparate. A resposta que mais votos teve (27 por cento) - "Os paraguaios só são bons lá na frente" - é até bastante curiosa porque é um 2 em 1: reforça a ideia de que Melgarejo a lateral é uma ideia errada e ainda consegue piscar o olho a Cardozo e pedir-lhe que ele fique por muitos e bons anos. Por aqui, concordamos. Com a necessidade de encontrar outro lateral e de manter Tacuara esta época.

E acrescentamos: mantenham Witsel. E Nolito. E Maxi e Javi e Luisão e Artur e Garay e Aimar e Mora e Saviola. E vendam Gaitán e Jardel.

E ainda não percebi os 9 milhões gastos em Ola John - que só por si já foram um autêntico disparate - se acabámos por ir dar mais 11 (foram mesmo 11? ninguém no Benfica confirmou o valor desta contratação porquê?) noutro extremo, bastante mais jogador.

E expliquem também como é que um clube que se diz sem dinheiro consegue contratar dois jogadores por 20 milhões de euros para posições em que estava bem servido e não consegue gastar 4 ou 5 em jogadores que venham equilibrar este plantel mais uma vez desequilibrado a uma semana e pouco de jogar o primeiro jogo oficial.

E aproveitem e expliquem a razão pela qual andaram em negociações com vários treinadores para acabarem vergados às imposições financeiras de Jesus. Se um clube como o Benfica é obrigado por um técnico a ficar refém de uma pessoa desta forma, condicionado a estratégia para a época, então talvez estejamos a falar de outro clube ou de outra gente de outro clube qualquer.

E, já que estão com a mão na massa, expliquem o que anda a fazer Rui Costa nesta administração, porque eu ainda não percebi. Para além de futeboladas e de receber 20 e tal mil euros por mês. Mas os maus benfiquistas somos nós, naturalmente.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Sondagem - Melgarejo

Na sequência da aposta feita com o PB sobre a adaptação de Melgarejo à lateral-esquerda, julgamos ser tempo de uma sondagem sobre o assunto. Não se fala noutra coisa: Melgarejo é extraordinário a lateral, Melgarejo não vale nada, é assim-assim, tem um cabelo fraco, os paraguaios só são bons lá na frente, está aqui um Coentrão em versão melhorada, é claramente um novo Escalona, Melgarejo tem dois pés esquerdos, Melgarejo daqui a um ano estará no Manchester. Escolhe a tua sobre o novo lateral-esquerdo. Ali no lado direito.

domingo, 22 de julho de 2012

Aposta sobre Melgarejo

Há uns dias o PB, do Lateral-esquerdo, veio aqui comentar a opção de Jesus por Melgarejo na mesma posição que dá nome ao seu blogue. Disse-nos o nosso amigo que estaremos perante um talento de qualidade mundial, que se continuar a ser adaptado a lateral dentro de pouco tempo estará na elite dos melhores jogadores do planeta. Mais: PB garante-nos que, se Melgarejo for o lateral-esquerdo esta época, para o ano sairá para o Manchester - ou outro clube da mesma dimensão mediática.

Ora, como respondi ao PB há uns dias atrás: precisava de ver mais jogos; dois seguidos, de preferência. Hoje não foi o caso, só vi os últimos 20 minutos. E portanto não tenho uma opinião que possa ser fundamentada sobre esta novidade de Jesus. Mas arrisco, até pelo gozo da aposta e pela qualidade analítica que reconheço ao PB: da hora de jogo que lhe vi nesta pré-época, vejo-lhe deficiências claras a nível defensivo que não julgo poderem ser melhoradas em definitivo num espaço tão curto.

É por isso que temos aposta, eu e o PB, caso - e isto é fundamental - o paraguaio seja aposta clara ao longo da época (pelo menos 20 jogos a titular em todas as competições; o PB diz que bastam as primeiras 4 jornadas a titular para nunca mais largar o lugar). Se o Melgarejo se tornar uma referência mundial, um grande jogador e uma adaptação feliz de Jesus, pagar-lhe-ei, todo contente, uma grade de minis. Se se ficar pela mediocridade, PB pagar-me-á, tristonho, 24 fresquinhas.

E tu, companheiro leitor? Estás com o PB - crente numa nova versão de Coentrão - ou antes algo céptico, quase resignado a um falhanço - como aquele que te escreve? Aceitam-se apostas. E teorias.