sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

Viver 3 anos na ignorância


Foi hoje publicada uma entrevista feita pelo “Conversas à Benfica” ao treinador Rui Vitória. Antes de entrar no conteúdo da mesma, gostaria de elogiar a disponibilidade do treinador do Benfica para este tipo de entrevista/conversa que sai completamente do registo habitual e que, por isso, permite abordar temas diferentes dos habituais e, mais do que isso, aborda-los de forma diferente. Por isso, parabéns a Rui Vitória e ao “Conversas à Benfica”!

A entrevista foi vasta e variada, mas gostaria de me debruçar mais sobre os momentos em que o treinador aborda os aspectos mais concretos do jogo, começando pelo processo de jogo da equipa:

A dada altura é questionado o porquê de o processo de jogo ter sido alterado do 4x4x2 para o 4x3x3. Se é natural que o entrevistador cometa este tipo de lapso, é absolutamente inadmissível que um treinador, seja de que escalão for, não consiga corrigir de imediato a pergunta, porque processo de jogo é uma coisa e sistema tactivo outra, podendo ou não depender um do outro. Por aqui se entende o que pensa Rui Vitória sobre o processo colectivo das equipas que treina. Cada um que retire daqui as suas próprias conclusões;

A conversa vai fluindo e na justificação das escolhas que faz, nomeadamente para as alas, Rui Vitória refere, por exemplo, que “Cervi tem um bom entrosamento com Grimaldo”. Mais uma vez, o treinador do Benfica observa as escolhas partindo do individual, isto é, determinados jogadores desenvolveram naturalmente um bom entrosamento, então as escolhas vão por ali e não porque o treinador tenha uma ideia maior para todo o conjunto, fazendo escolhas em função dessa ideia maior, em função do plano colectivo, não. As escolhas partem do individual somando-se umas às outras;

Há ainda a justificação para o pouco rendimento de Ferreyra: O treinador do Benfica justifica esse menor rendimento (e não falo de golos) com factores emocionais e sociais. Em momento algum é capaz de fazer uma análise futebolística ao jogador e à forma como se enquadra ou não nas ideias colectivas. Ou seja, Rui Vitória faz depender o rendimento do jogador de factores que são absolutamente incontroláveis por si, não sabendo explicar quais os factores que dependem do treinador e que podem ou não ajudar Ferreyra a ter um enquadramento competitivo melhor. Sabemos assim, pela boca do próprio, que se Ferreyra render algo antes de sair (a ideia que fica é que Janeiro será o limite para a estada do Argentino no clube), tal acontecerá por completa aleatoriedade, como quase tudo o que acontece em campo na equipa do Benfica, diga-se;

Por fim (ainda que não tenha sido esta a ordem cronológica da conversa) Jonas. Rui Vitória reduz a participação do melhor jogador do Benfica ao momento/gesto da finalização, Rui Vitória acha que o jogador mais completo do plantel participa apenas no momento mais reduzido do jogo, Rui Vitória ignora por completo a infinidade de coisas que Jonas dá à equipa para lá dos golos que concretiza e/ou assiste, Rui Vitória não vê a quantidade de jogo interior que Jonas produz (e que se esgota nele, percebendo-se aqui o porquê), Rui Vitória nunca percebeu a qualidade de decisão com e sem bola que génio Brasileiro aporta ao jogo colectivo do Benfica. No fundo, Rui Vitória não faz ideia do que é e do que vale o seu melhor jogador, mesmo que trabalhe com ele há mais de 3 épocas desportivas. Se é normal/compreensível que o adepto resuma o jogo de Jonas aos golos/assistências, ver o seu treinador faze-lo é simplesmente absurdo e aterradoramente revelador.

8 comentários:

Islander disse...

A sério que acreditas mesmo no que escreveste?
Mas acreditas mesmo que qualquer treinador da 1 e 2 liga não consiga perceber que o Jonas e um gênio e que no jogo ofensivo beneficia imenso a equipa?
Acreditas mesmo nisso?
Ou brincas com palavras retiradas de uma entrevista em que nem se sabe se foram cortadas ou adaptadas algumas frases? Aproveitando para inferir que o não enunciammento de algo é sinal de que o sujeito não o sabe?
Deixa adivinhar: para os frustrados cheios de ódio ao Rui vitória isto será um post inteligente, cheio de bom senso e que sera mais um por essa NET fora que PROVA que o Rui vitória não presta?

Anónimo disse...

Claro que o Rui Vitória presta ... mas não para o Benfica. Simples quanto isto.
Com certeza há de ter os seus méritos mas, meu amigo, o Benfica não está a jogar a ponta de um C#%#/(&!! e já não é de agora.

JNNG

Benfiquista Primário disse...

Ora bem! É tudo isto, sem tirar nem pôr!

Está no meu top 3 de piores treinadores que vi passar pelo Benfica, juntamente com Artur Jorge e Pal Csernai. E em termos de conhecimento do jogo, se calhar é mesmo o pior de sempre.

José Rama disse...

Um Benfica com ambição precisa de um treinador de top.

Anónimo disse...

Que seja o Ársene Wenger do SLB!
Muitos anos sem ganhar nada!

Fernando Aguiar disse...

De certeza que o Grande Sornas não entra nesse bottom 3?

mnlopes disse...

Sim, sim... Com Manuel José, Autuori, Souness, Jesualdo, Quique Flores, etc, etc, aí sim, jogavamos bem mas bem. Títulos então foram às carradas.

Francisco Rocha disse...

Benfiquista Primário, sem dúvida que o Rui Vitória está no Bottom 3. Aliás, para mim está mesmo no Bottom 1, uma vez que sou demasiado jovem para ter visto quer Artur Jorge, quer Pál Csernai no Benfica.

É "engraçado" ver pessoas como o Islander a tentar defender o indefensável. A verdade é que tudo o que o Rui Vitória disse nesta entrevista, e tudo aquilo que ele deu a entender não perceber (tal como o José Moreira disse e bem), espelha aquilo que a equipa joga - ou melhor, aquilo que a equipa NÃO joga. Tudo aquilo que este Benfica de RV consegue fazer em campo, é fruto da qualidade individual dos jogadores. Esta equipa não tem fio de jogo! E não: ver os centrais a trocar a bola entre si e depois um deles chutar um balão para a frente está longe de poder ser considerado "fio de jogo".