Há uma questão que não me sai da cabeça desde Domingo: "se toda a gente antecipava a hecatombe, antes do jogo, caso David Luiz jogasse na esquerda, como é que Jesus não a viu chegar?". E é neste ponto que me assusto: Jesus, só pode, viu-a chegar. Então levanta-se outra, bem mais grave: "Se a antecipou, por que razão a atraiu?". E aqui parece-me que só Vieira poderá responder.
Quanto a merdas tácticas: ora bem, depois do jogo contra o Lyon, pensei que o Jesus tivesse compreendido que a lição involuntária que resultou da indisposição de Aimar era para ser continuada. Isto é, Aimar e Martins, com um ala pouco culto do outro lado, ao mesmo tempo, não. A transição defensiva não fica assegurada minimamente, sendo que do lado contrário geralmente joga um jogador com poucos hábitos de organização defensiva: Gaitán. A solução, se Jesus quer manter este 4132, tem de passar por imitar o conceito do ano passado: no meio campo, um médio defensivo puro, trinco, mais posicional e em ajuda aos centrais - Javi ou Airton; um dos médios das alas mais culto tacticamente que assegure uma recuperação defensiva, que muitas vezes se junte a Javi e que saiba compensar a lateral do seu lado - Peixoto ou Amorim; um médio, na outra ala, mais vertical, isto é, que procure mais a profundidade e que, apesar de se desejar culto em termos de organização colectiva, possa ter dentro da equipa o espaço para desequilibrar e não estar tão preso à necessidade de recuperação - Salvio, Gaitán e, em certos jogos, Martins; um organizador de jogo puro, que, assegurado pelos médios que tem atrás, possa explorar a sua criatividade para dialogar constantemente com os dois avançados - Aimar, Martins ou Menezes (ainda que este não venha mostrando capacidade competitiva para jogar mais tempo).
A razão pela qual Jesus decidiu ignorar o bom jogo dos alas - Peixoto na esquerda, mais posicional, e Salvio na direita, em profundidade - e o que eles deram ao movimento colectivo da equipa no jogo frente ao Lyon (tal como Di Maria e Ramires no ano passado), é para mim uma incógnita dificilmente resolvida. Mas tenho um coração grande: já o perdoei (até porque, como digo em cima, imagino que haja mais para além da questão puramente táctica) e estou disposto a dar-lhe a oportunidade de redenção já neste jogo frente à Naval. Este jogo não vai poder provar se Jesus aprendeu a lição, visto que Martins não pode jogar, mas dará para tirar algumas conclusões - e não apenas tácticas, também ideológicas e de como Jesus e Vieira estarão por estes dias em termos de sintonia.
Dito isto, faço mais uma vez um pedido a Jesus: não ponha Sálvio e Gaitán nas alas ao mesmo tempo. Como já disse em cima: um médio mais posicional, outro que explore a profundidade. Foi você que inventou esta ideia, meu caro, com Ramires e Di Maria, agora não se perca e não comece a inventar equipas super-ofensivas que geralmente dão equipas super-desorganizadas e super-sofredoras de transições rápidas.
A minha equipa? Facinho, ué:
Roberto
Amorim, Sidnei, D. Luiz, Coentrão
Javi
Sálvio, Aimar, Peixoto
Saviola, Kardec
É para golear (se o Jesus não inventar)!
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