segunda-feira, 23 de junho de 2014

Uma manta de retalhos



Nenhum factor isolado explicará um fracasso tão grande quanto o de Portugal não ultrapassar a fase de grupos neste mundial, obtendo uma prestação ao nível da obtida em 2002:

- Falta de qualidade: Como já havia escrito no rescaldo do primeiro jogo, reforço, a falta de qualidade intrínseca do painel de recrutamento ao dispor de Paulo Bento. Nada me convence que com jogadores como Adrien, Cederic, Antunes, Quaresma, Bebe ou outro, ou todos estes juntos, o desfecho fosse muito diferente do que se adivinha.

- Incapacidade física: Os treinadores, por norma, não gostam de dissociar a questão física da questão táctica, como por exemplo Jorge Jesus que diz até não existirem equipas mal fisicamente, mas sim equipas mal preparadas tacticamente, sendo esse o factor que provoca a má condição física. Colocando as coisas de forma mais simplista “se corres mal, vais correr mais”. Ainda assim, tem sido desesperante ver a condição física dos nossos atletas. O jogo de ontem foi indiscritível. Não me lembro de um lance ganho em antecipação por parte dos nossos jogadores. Ou seja, os jogadores tentavam a antecipação, mas como falhavam, obrigavam os colegas a proceder em reacção e não em acção, abrindo autenticas crateras no posicionamento defensivo.

- Incapacidade estratégica: A selecção dos Estados Unidos da América era-me completamente desconhecida. Naturalmente conhecia alguns jogadores que fazem parte dos escolhidos para este mundial, mas desconhecia a equipa enquanto colectivo. Por isso, foi com alguma curiosidade que vi o jogo da primeira jornada que os colocou frente ao Gana. Desse jogo ficaram-me duas ideias muito fortes: 1 – Defensivamente eram organizados, mas muito concentrados no corredor central. Quando a bola entrava num dos corredores, a equipa fechava muito e bem esse mesmo corredor, mas uma variação rápida do centro de jogo colocava a nu esse desequilíbrio táctico; 2 – Ofensivamente pareceram-me uma equipa muito circunscrita ao ataque rápido e, na esmagadora maioria das vezes, pelo seu corredor direito, onde a sociedade formada pelo lateral e extremo direitos funcionava às mil maravilhas. Observando o jogo de ontem, podemos verificar que Portugal nunca conseguiu estancar o flanco direito Americano e muito menos conseguiu ter jogo exterior capaz de colocar problemas sérios à defensiva Norte-Americana.

No final da primeira jornada do grupo, e sem embargo dos resultados obtidos pelas 4 equipas, fiquei com a clara noção de que os EUA eram a equipa mais limitada do grupo e que os Ganeses eram um dos conjuntos mais fortes fisicamente deste Mundial. E não foi o jogo de ontem que me fez mudar de opinião.

Nesse sentido fica a questão: Se não fomos capazes de vencer a pior equipa do grupo vamos conseguir golear uma das equipas fisicamente mais fortes deste Mundial? Nem pensar!

1 comentário:

Anónimo disse...

Principalmente porque o Gana esta a pensar o mesmo, golear Portugal e passar.