Os
últimos dois jogos trouxeram à comunidade Benfiquista uma agitação inesperada,
sobretudo para quem vem de um tetra campeonato e parte em busca de um penta. Os
sinais de alarme tocam a rebate, não tanto pelos resultados, mas sim pelas
respectivas exibições e o que elas podem indiciar.
O
facto – inegável – é que a qualidade exibicional dos últimos dois jogos foi
incomparavelmente inferior aos resultados obtidos nos mesmos, ainda que os
resultados tenham sido, no mínimo, pífios.
Como
sempre, seja nas vitórias, seja nas derrotas/empates, as explicações surgem de
todos os lados e para todos os gostos, mas seja nas vitórias, seja nas
derrotas, há um traço que me parece imutável: A ideia de jogo de Rui Vitória é
o saco de plástico largado na rua, isto é, vai para onde o vento o levar. A
ideia de jogo de Rui Vitória é o que os jogadores querem que seja – este “querer”
não é no sentido literal, mas sim, no sentido do que as características individuais
de cada um quer.
E
se dúvidas houvesse (vão existir sempre para alguns), estes dois jogos são
absolutamente reveladores. Sem a qualidade individual tida desde a baliza, tudo
o que, para alguns, parecia colectivo e trabalhado, desapareceu como
desapareceu a carruagem de sonho da Cinderela ao passar da meia-noite, ficando
apenas a abóbora tosca, baça e deselegante.
Rui
Vitória, no final do jogo passado, quando instado a explicar a saída de
Lisandro ao intervalo e a adaptação de Samaris ao papel de central, disse
qualquer coisa como isto: “Foi uma decisão técnica, nada de errado se passa com
a condição física de Lisandro, pois entendi quem precisávamos de melhor saída
de bola”. Ou seja, o treinador não substitui o jogador por achar que ele não
está a cumprir com os preceitos colectivos na saída de bola, fá-lo porque
procura melhorar a saída de bola no individual, colocando um outro que, no seu
entender, tem mais capacidade para o fazer no individual.
O
problema é que, chame-se ele Lisandro, Jardel ou Manuel, a qualidade de saída
de bola vai estar sempre dependente única e exclusivamente do que cada um
valer, porque não existem soluções colectivas que ajudem cada um a esconder
defeitos e expor virtudes; O problema é que o Benfica precisa de saída de bola
em TODOS os jogos, não só em alguns e Rui Vitória só agora parece ter percebido
que a actual linha defensiva está longe de ter a qualidade da anterior; O
problema é que, precisando de saída de bola, Kalaica – de longe o nosso melhor
central neste parâmetro – foi o central menos utilizado na pré-época – altura onde
correspondeu e deveria ser testado ao limite - e hoje em dia faz jogos pela B,
isto apesar de NENHUM dos centrais já utilizados ter sequer metade da qualidade
do croata.
Se
à falta de qualidade nos processo colectivos juntarmos inabilidade nas escolhas
individuais, a coisa vai correr mal. Rui Vitória ainda pode entrar na máquina
do tempo e atrasar a chegada da meia-noite, mas o encanto está prestes a
desfazer-se.
5 comentários:
mas o problema de kalaica é que ele pouco evoluiu o ano passado, só treinar e jogar a espaços não chega.
ele o ano passado em vez de estar no plantel principal e fazer alguns jogos na B deveria estar na B e a jogar a maioria dos jogos como aconteceu com o ruben dias.
para piorar as coisas este ano vai no mesmo caminho, a que se vai acrescentar, o svilar, o chirien e o willock.
Fazendo de conta que essa última frase não existe, tudo o que escreves passa-se em todo e qualquer clube do mundo, com todo e qualquer treinador do mundo. Chama-se condição humana, e o futebol praticado estará sempre umbilicalmente ligado à qualidade de quem está dentro das 4 linhas. Se alguns dos melhores estiverem lesionados ou em dia não, podes meter o supra-sumo dos treinadores a gritar junto à linha lateral que pouco ou nada servirá. Não é ele que falha os passes, não é ele que se posiciona mal, não é ele que falha um corte para a mata do liceu, não é ele que falha golos de baliza aberta.
Basicamente, não é ele que manda para as urtigas o que se vai trabalhando ao longo da semana.
«Basicamente, não é ele que manda para as urtigas o que se vai trabalhando ao longo da semana.» Mas se as escolhas dele sistematicamente mandam para as urtigas o que se "trabalha", não tem ele responsabilidade por insistir em malta que sistematicamente manda para as urtigas o trabalho do colectivo?
José, concordas que poderá então estar na altura de pizzi voltar para a direita, Chrien ou Krovinovic assumirem o centro e rafa entrar para ala esquerdo? Parece-me que precisamos ao mesmo tempo de reforçar o meio campo e meter velocidade nas alas.
poderia ponderar tal solução se para a direita não tivessemos um génio como zivkovic. Como temos, acho que a solução passaria sempre por aí.
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